segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Vamos ser sensatos: não peçam a quem gere os árbitros para falar semanalmente de entradas impetuosas ou possíveis penáltis


"Era previsível que, após o comunicado do Conselho de Arbitragem a reconhecer erro tecnológico na avaliação do golo de Paulinho (Casa Pia-Sporting), não demorassem as reações a exigir idêntico tratamento relativamente a outros jogos, em que alegadamente também terá havido erros relevantes dos árbitros.
Não era preciso ser bruxo para perceber que isso iria acontecer: a única questão seria saber quando e pela voz de quem.
Quero deixar claro que respeito o posicionamento dos clubes na defesa dos seus interesses e percebo que sintam, de verdade, alguma sensação de injustiça perante opções que parecem colidir com as suas.
Sei que a arbitragem é a variável mais sensível no futebol e que tem impacto tremendo no sucesso desportivo e financeiro das equipas. Mas é importante que se veja para lá da espuma e confie em quem está mandatado para liderar um setor historicamente muito difícil de gerir.
A publicação daquele comunicado foi oportuna sim e, à exceção da condenação à fogueira dos então visados - que condenei e condeno veemente -, teve como base um princípio de honestidade e coragem pouco habitual nas estruturas que dirigem árbitros em Portugal.
É preciso que se perceba que o erro cometido em Rio Maior não foi tecnicamente igual a tantos outros que infelizmente ocorrem em muitos jogos, todas as semanas.
Não estamos a falar de uma interpretação errada numa possível mão na área ou numa má avaliação de uma entrada mais dura. Não estamos a falar da intensidade duvidosa de uma carga nem do critério usado na amostragem de cartões. 
Estamos a falar de um erro factual e inequívoco, por haver tecnologia capaz de o evitar de forma cabal: uma equipa de vídeo arbitragem cometeu erro grave na colocação do ponto que devia determinar a parte mais adiantada do corpo de um defesa. Em vez de o colocar no pé, colocou no ombro e ao fazê-lo, permitiu que a linha de fora de jogo, que depois é automaticamente calibrada, determinasse como legal um golo que tecnologicamente foi irregular. Que comprovadamente não podia ter acontecido.
É isto e só isto que está em causa.
Um erro assim, totalmente evitável, não é igual a uma má análise de um penálti ou um equívoco na exibição de um vermelho.
Claro que, na prática, todos terão a mesma consequência e todos podem até determinar resultados finais desvirtuados, mas foi a natureza da falha que fez ali a diferença: a má interpretação da regra é uma coisa, a sua aplicação errada é outra: ter meios 100% capazes de evitar um erro é diferente de cometê-lo com base numa leitura enganada.
O que nós não podemos esperar - e eu sei que os clubes sabem disso - é que a estrutura emita comunicados em catadupa, todas as jornadas, de cada vez que ocorram (alegadas) más decisões. Isso sim, seria um erro estratégico de dimensões dantescas.
Penso que o Conselho de Arbitragem deve manter a coerência e intervir apenas em situações como aquela ou noutras em que a falha seja factual e interfira direta ou indiretamente na verdade do resultado.
A ver se consigo explicar-me melhor com exemplos práticos:
- Um árbitro assinala um fora de jogo, levantando o braço para indicar que o respetivo recomeço é através de um pontapé-livre indireto. Se da sua execução acontecer um golo direto na baliza adversária e o árbitro validá-lo, estaríamos na presença de um erro colossal (de direito até). Naturalmente que nesse caso seria fundamental que a estrutura o assumisse e explicasse, até para evitar polémica durante semanas a fio. Não importa quem foi a equipa beneficiada ou prejudicada nem se a falha daria direito a protesto e eventual repetição de jogo. O que importaria ali era esclarecer que aquilo que aconteceu resultou de má aplicação da lei, não de avaliação distorcida.
Conseguem perceber o que está aqui em causa?
Imaginem agora que um jogador corta claramente a bola com a mão na sua área. O árbitro estava perto, viu, interrompeu o jogo mas em vez de assinalar pontapé de penalti, puniu a equipa com pontapé-livre indireto. Seria uma loucura sim mas, a acontecer, "obrigaria" a estrutura a dar à cara e assumir a situação.
São lances destes (ou similares) que exigem a tal intervenção pública, o esclarecimento, a explicação técnica. Não são todos os outros.
Nenhum Conselho de Arbitragem de nenhuma liga profissional fala publicamente sobre lances, a cada jornada que passa. Isso seria insano, demonstraria falta de estratégia, atitude totalmente reativa e daria tiro fatal na credibilidade da classe.
Vamos ser sensatos e contribuir para a solução e não para o problema. Não peçam a quem gere os árbitros para falar semanalmente de entradas impetuosas ou de alegados penáltis.
Exijam apenas que continuem a ter meios e condições para se preparem cada vez mais e melhor.
É o trabalho que faz o sucesso, não a garganta."

3 comentários:

  1. "É absolutamente urgente afinar critérios e garantir a transparência. É preciso que de uma forma clara e objetiva se apresentem as razões para 17 minutos de descontos no jogo FC Porto-Arouca. E que se explique, igualmente, que mais justificações existem para deixar o jogo prosseguir até aos 22 minutos de tempo extra para lá dos 90!
    O golo do empate não só surge para lá dos descontos atribuídos, como não são dissipadas as dúvidas quanto à posição do avançado que o marca. Qual a razão? Qual o motivo para que a transmissão da Sport TV não tenha mostrado essas imagens?
    Já na jornada passada assistimos a critérios distintos na aplicação de amarelos e vermelhos aquando da partida Rio Ave-FC Porto, com um perdão inexplicável – toda a crítica foi unânime – da expulsão do jogador Eustáquio, ainda a partida não tinha atingido os 10 minutos. Não esquecemos a expulsão de Musa, no Bessa, em que foram aplicadas as regras do Conselho de Arbitragem, na defesa da integridade física dos jogadores, mas pergunta-se: o rigor não tem de ser extensível a todos? É importante que, de uma vez por todas, se afinem os critérios e haja total equidade e transparência".

    O Benfica precisa de um Departamento de Comunicação a sério. Isto é zero. Se é para escrever esta trampa, mais vale ficarem calados.

    Demitam toda essa escumalha de Croquetes Marinhos e afins e convidem as pessoas certas para o cargo: eu e mais dois gloriosos benfiquistas à minha escolha. Vamos definitivamente fazer da Comunicação do Benfica um lugar de Verdade, Defesa dos direitos e dos princípios do Clube, Inteligência, Humor, Amor e Napalm aos adversários corruptos. Vivó Benfica!

    ResponderEliminar
  2. Este (Du)artista diz que é o trabalho que faz o sucesso mas no final de contas ele é que é só garganta.

    ResponderEliminar
  3. É só hipocrisia!!!!! Este doutor do apito bem sabe os motivos para haver estes erros escandalosos!!! Os motivos são a coação e a corrupção!!!!! Não adianta esta conversa da treta para tentar adormecer!!!!

    ResponderEliminar

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!