"... e talento para jogar futebol, se fosse profissional da equipa principal de futebol do SL Benfica, pouco mais poderia desejar na vida. Felizmente, todos temos sonhos diferentes e formas distintas de ver o mundo, por isso vamos continuar a fazer de conta que este simples adepto seria um predestinado a nível mundial. E que, de repente, um clube qualquer pagaria a cláusula de rescisão do meu contrato, multiplicava por dois dígitos o meu salário e teria de fazer as malas para um campeonato mais competitivo do que a miséria, semana após semana, que é a liga portuguesa, qualquer que seja o patrocinador escolhido. A escolha parece fácil: sair.
Mas será uma decisão assim tão óbvia? Pelo exemplo de João Félix, foi óbvio, foi fácil, mas não resultou como todos gostaríamos, em especial o próprio.
As escolhas de carreira não são fáceis para ninguém. Um professor aceitar a proposta de um colégio mais endinheirado, um mecânico de ser empregado e passar a patrão, trocar o certo pelo incerto, passa-nos a todos. E quanto maior o passo, maior o risco de alguma coisa não correr bem. E também maior a possibilidade de se acertar em cheio.
Nesta roleta russa, há muitos prós e contras e ponderar, como a futura equipa, o seu projeto, estilo de jogo e treinador que vamos ter pela frente. Claro que podem ocorrer lesões ou a concorrência por um lugar ser tão feroz, que, nos primeiros tempos, quase nem se calçam as chuteiras. Tudo faz parte do processo, mas aquilo que se tem aprendido é que, na imensa maioria dos casos, o dinheiro não deveria ter sido tudo. Chamem-me inocente à vontade (ou pouco ambicioso num tempo que só se pensa em likes e cifrões), mas eu, se tivesse 20 anos e talento para ser jogador profissional do SL Benfica, dificilmente sairia. E, se saísse, teriam de estar reunidas todas as condições financeiras e desportivas. Não se sair por 'dá cá aquela palha'. E mais dois ou três anos de crescimento fazem a diferença. Com o nível já atingido pelo Glorioso, uma carreira apenas de vermelho ao peito até é possível. Já sei, sou um romântico."
Ricardo Santos, in O Benfica
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