terça-feira, 12 de setembro de 2023

O Casino dos Descontos


"Na fase de grupos do último Mundial, a FIFA decidiu brincar aos tempos de compensação, passando-os dos tradicionais 3 ou 4 minutos (mais ou menos simbólicos e raramente contestados) para 8 ou 10. Ter-se-á arrependido, e na fase a eliminar tudo voltou ao normal.
Dir-se-á que ficou a meio da ponte, pois, se em vez de compensar algumas paragens se pretende transpor para depois dos 90 minutos, segundo a segundo, todo o tempos que não se jogou antes, mais vale cronometrar as partidas como no futsal, reduzindo cada parte dos históricos 45 minutos corridos para os 30 precisos.
A verdade é que desde então se abriu uma caixa de Pandora, que rapidamente deu lugar à arbitrariedade, em todos os sentidos da palavra. E no futebol português, quando se fala da arbitrariedade em todos os sentidos da palavra, já sabemos quem ganha com ela. Em apenas 4 jornadas, o FC Porto beneficiou de um total de 78 (!!) minutos de tempo de compensação. E digo que beneficiou porque só numa dessas partidas chegara ao 90.º minuto em vantagem. Nas restantes, obteve 4 golos nos descontos, que lhe valeram 6 pontos na classificação. Acrescente-se, de passagem, que a única derrota do Benfica se deveu a um golo sofrido ao minuto 90+13', e que também o Sporting já venceu o seu joguinho aos 90+8´.
Em todos estes casos, o tempo extra facultado pelos árbitros terá sido excessivo, mas no último FC Porto-Arouca passou das marcas.
A menos que aconteça algo como a Christian Eriksen, uma invasão de campo, ou uma bárbara intempérie, nada justifica 23 minutos de descontos apenas numa 2.ª parte - que, recordemos tem 45 minutos. O que aconteceu foi um autêntico 'prolongamento', que parecia ir terminar apenas quando o FC Porto marcasse. Não fosse o penálti falhado, e eram mais 2 pontos naquilo que se está a tornar um casino viciado."

Luís Fialho, in O Benfica

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