sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Chove e não molha


"O que começou como mera busca por proteção tornou-se algo estupidamente recorrente. Tão natural como a luz do dia. Hoje, toda e qualquer crítica quase sempre surge de mãos dadas com um elogio. Um morde e assopra muitas vezes inútil e desnecessário.
O receio (ou medo?) constante de ser perseguido ou até coagido, especialmente com a anarquia desenfreada das redes sociais, nos obrigou, mesmo no jornalismo esportivo, a assumir um papel de equilibrista, quando, na verdade, a nossa função é ser analista.
É raro estarmos completamente desprendidos no momento de uma simples e construtiva opinião. No futebol português, a preocupação é ainda maior, visto a rivalidade ser reduzida entre três grandes clubes. Na véspera de um clássico, então, a inquietação é ensurdecedora.
Antes de condenarmos uma atitude disciplinar de Sérgio Conceição, destacamos prontamente, por exemplo, sua autenticidade e personalidade forte. Uma clara simulação de Taremi é dividida com suspiros sobre seu caráter e qualidade técnica.
Quando discutimos uma contratação falhada do Benfica, fazemos primeiro todo um balanço positivo do mercado no geral. Se António Silva e Trubin têm um erro gritante, automaticamente reforçamos que são jovens e estão em crescimento.
Se Ruben Amorim eventualmente escorrega no discurso, vem logo à tona todo aquele histórico praticamente perfeito do plano de vista comunicacional. As várias quedas forçadas de Paulinho são ofuscadas pela sua entrega tática no ataque. 
Ninguém é totalmente imparcial, tampouco unânime. É preciso, sim, ser sempre independente e honesto. Mais do que isso, ser coerente para não ter a obrigação constante de juntar crítica e elogio no mesmo comentário. A tarefa não é nada simples. É ingrata. E eu falo por mim."

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