quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Esperança morta


"Desde que a centralização dos direitos televisivos se tornou tema (em 2015), tenho vindo a opor-me frontalmente à ideia. Ponho em causa os supostos benefícios, não acredito na estimativa de receitas. E ainda identifico o risco de perda de competitividade europeia (no ranking de clubes, Portugal tem variado entre a 6.ª e 7.ª posições - todos os países abaixo, alguns deles mais populosos e com maior poder de compra, centralizam os direitos).
A medida foi, entretanto, imposta pelo governo, o que me levou a pensar que só voltaria ao assunto quando fosse iniciada a discussão sobre o modelo a adotar. Equivoquei-me.
Em maio último, as declarações de Luís Mendes, vice-presidente do SL Benfica, questionando as projeções de receitas com a exploração centralizada dos direitos televisivos, motivaram a minha crónica "A incógnita dos 300 milhões". Agora é o revés quanto à atratividade do futebol português.
Segundo notícias veiculadas esta semana pela comunicação social, o futebol português deixará de ter espaço nas grelhas televisivas de França, Inglaterra e Brasil. A confirmar-se, e se não surgirem novos interessados nesses países, é trágico. Nem sequer em dois países com fortes ligações a Portugal, França e Brasil, presumivelmente onde haveria mais interesse pelo futebol cá do burgo, entende-se que se justifica o investimento na transmissão dos jogos.
E eu, contrariamente ao que os meus escritos poderão indiciar, uma vez que o processo se afigura irreversível, desejo que tudo corra bem, o que, do meu ponto de vista, pressupõe o cumprimento da promessa de Pedro Proença quanto aos clubes que mais recebem não serem prejudicados.
Gostaria até de me sentir como a fadista que canta "tenho vivido na esperança de voltar a ser criança para em tudo acreditar", mas não consigo. Eu, como aliás essa mesma fadista, sei que esta é uma esperança morta e por isso acompanho-a quando, mais à frente, canta que "morreu a fé e a esperança, eu não voltei a ser criança". Precisa-se de uma liga adulta."

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