sábado, 15 de julho de 2023

Turismo e desporto: uma emergência e uma conquista


"Como objeto de reflexão teórico-científica, o turismo é um campo de análise recente em Portugal. As razões são várias, mas prende-se, sobretudo, com a institucionalização tardia da sociologia nas universidades portuguesas. As dificuldades que se colocam aos investigadores neste domínio são acrescidas e os recursos financeiros afetos à pesquisa são escassos.
No contexto internacional, na segunda metade do século XX assistiu-se ao florescimento de bibliografia relacionada com o assunto. Creio que a sociologia encontra no fenómeno turístico um campo com extremo potencial, podendo testar as suas teorias. Como refere Santos (2007), “o turismo não se dissocia da emergência e desenvolvimento de uma conquista e manutenção de territórios sociosimbólicos e políticos, de poder e prestígio implícitos por parte do mundo moderno ocidental, e a sua história não cabe na periodização historiográfica clássica do positivismo, feita de épocas, séculos e décadas, numa neutralidade divorciada da espacialidade da vida social” (p. 24).
O turismo desportivo consiste em deslocar-se a um ou mais locais, fora do local de residência habitual, para se divertir. A dimensão “desportiva” advém do facto de o objetivo destas viagens ser parcial ou totalmente desportivo: por exemplo, visitar um local relacionado com o desporto (museu, estádio, etc.) ou participar numa atividade desportiva mais ou menos intensa. É frequentemente associado à deslocação de pessoas ao estrangeiro para assistirem aos jogos dos seus clubes favoritos. Mas o turismo desportivo é muito mais do que isso.
Grosso modo, podemos dividir o turismo desportivo em “turismo duro” e “turismo suave”. O turismo desportivo duro é aquele em que a viagem tem apenas fins desportivos. O turismo “suave” é aquele em que o turista aproveita as suas férias para participar numa atividade desportiva, mas não faz dela o único objetivo da sua viagem. Outrora marginal, a popularidade do turismo desportivo aumentou nos últimos anos, incentivada, sobretudo, pela redução das passagens de avião iniciada pelas companhias aéreas de “baixo custo”. Atualmente, é possível percorrer vários milhares de quilómetros para assistir a um único evento!"

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