terça-feira, 13 de junho de 2023

O Benfica pagou um recorde de €25 milhões por Kökçü, o novo médio a quem vai entregar a bola


"A contratação ficará para a história: o Benfica confirmou que rebentou com o recorde de transferências em Portugal para contratar o internacional turco, de 22 anos, recém-campeão dos Países Baixos com o Feyenoord. Pagar tanto por Orkun Kökçü é uma demonstração de ambição - e vontade em (voltar a) ter um médio para assumir todo o jogo na equipa de Roger Schmidt

Nasceu nos Países Baixos quando ainda eram chamados de Holanda, veio ao mundo em Haarlem, as escolas do Groningen acolheram-no e a formação do Feyenoord pescou-o para o limar até ao futebolista adulto que é hoje: do tipo que se aprimorou na arte de bater com o pé na bola parada ou a rolar, Orkun Kökçü é um médio de passe, risco e provocação aos adversários que atrai a si a responsabilidade de ditar a posse de bola de uma equipa. É um resumo possível do jogador em quem o Benfica viu motivos suficientes para gastar um valor recorde na sua contratação.
Os inauditos €25 milhões para clubes portugueses (poderão ser mais €5 milhões se certos objetivos forem cumpridos) são uma soma que demonstra saúde financeira e vontade do clube em arriscar nos euros para a mira dos objetivos desportivos não estarem só postos cá dentro. O futebolista em causa justificá-lo-á. Capitão do Feyenoord, Kökçü é um médio que participa no início das jogadas, mostrando-se na saída de bola, nos seus interlúdios a associar-se e a tabelar com gente no meio-campo e, depois, também é capaz de rasgar passes para deixar companheiros com hipótese de remate à baliza. Esta época, marcou 12 golos, deu cinco assistências e foi campeão neerlandês.
Com bola, mesmo sem a rapidez ou a explosão de movimentos como apanágio, o turco assumiu muito a condução de bola no Feyenoord - colando-a ao pé direito e dando pequenos toques, atraía adversários para os tirar da frente e depois soltar. Parece lento, mas nota-se que pensa rápido. E fossem livres ou penáltis, era Kökçü quem mais os batia na equipa neerlandesa, aptidão que terá pesado também na deliberação do Benfica para a sua compra, ao coincidir com a saída de Alejandro Grimaldo e do seu pé esquerdo no qual todas as bolas paradas eram depositadas.
O turco de 22 anos passar a ser a contratação mais cara do futebol português justifica-se pelo que já joga e o que pode vir a jogar. Escreveu Tomás da Cunha, analista e comentador da Tribuna Expresso, que Kökçü “tem tudo para replicar o impacto de Enzo Fernández na liga portuguesa”. O perfil de jogador denota-o, como a carência vista no Benfica desde a saída do argentino - após o Mundial, confiou-se sobretudo a Chiquinho aquele papel reservado a um médio construtor de jogo que descaía um pouco para a esquerda na fase de matutar o início das jogadas. O turco vindo do Feyenoord oferecerá coisas que o português não tem no seu jogo.
Condignamente, vestia o número 10 no Feyenoord nesta temporada que finda e na anterior, quando foi com a equipa até à final da Liga Conferência e perdeu frente à AS Roma de José Mourinho. Pela primeira vez na carreira, o médio turco terá agora de jogar com o peso das expectativas que a etiquetagem de preço deposita em qualquer jogador face ao contexto onde chega - €30 milhões para Portugal é astronómico e de Kökçü vai esperar-se tudo e admitir-se menos quando jogar abaixo do que se esperará dele.
O quiçá maior desafio da vida futebolística do turco também o será para o Benfica sob a presidência de Rui Costa, que à aposta em Roger Schmidt faz então suceder um salto de fé de milhões num jogador que o treinador conhece das duas épocas que passou (entre 2020 e 2022) no PSV Eindhoven. Isso ajudará sempre, falta averiguar como Orkun Kökçü lidará com um futebol sem a mesma fixação em atacar a baliza a toda a hora, além das equipas adversárias a defenderem-se nos blocos baixos e prudentes que não existem com tanta abundância na Eredivisie dos Países Baixos.
Dos gabinetes altos da Luz é dado mais um sinal de investimento que acresce aos vistos nas últimas épocas: os €20 milhões pagos por Julian Weigl e Raúl de Tomás em 2019, além de Everton Cebolinha em 2020, só ficavam a dever aos €22 milhões gastos em Raúl Jiménez em 2016, e aos €24 milhões até agora recordistas canalizados para Darwin Núñez, há três épocas. Destes anteriores depósitos de investimento, só o uruguaio esteve próximo de se assumir desportivamente e sem espinhas. O Benfica terá esperanças que Kökçü o faça e deu-lhe um contrato até 2028, rotulando-o com uma cláusula de rescisão de €150 milhões."

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