Grimaldo e Conceição: duas breves notas sobre falta de respeito

"Sérgio Conceição pode ter muitas qualidades como treinador e como ser humano, mas nenhuma delas lhe dá o direito de se comportar como comporta enquanto profissional nos jogos do FC Porto. Tão pouco a adrenalina e as emoções do futebol podem servir de desculpa para o permanente confronto e a frequente falta de respeito para com árbitros e adversários. Se todos já percebemos que o treinador do FC Porto não tem emenda e que o seu clube fomenta e apoia esse tipo de comportamento, certamente por nele se rever (a começar pelo permanente estado de histerismo de Luís Gonçalves), pergunta-se até quando as instâncias responsáveis do futebol português vão permitir esta vergonha ou resolvê-la com castigozinhos de algibeira, com base em regulamentos de torneios da escola primária, feitos pelos próprios clubes (pois claro). Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado, sim, mas tudo isto não pode continuar impune como se fosse ‘normal’ só porque Sérgio Conceição ‘é assim’. Alguém que meta mão nisto.

Tem Grimaldo o direito de escolher o que bem entende para a sua vida profissional, em termos salariais e desportivos, devendo também referir-se que Grimaldo não tem deixado uma gota de suor por cair com a camisola do Benfica vestida, mas isso não lhe dá o direito de escolher de forma tremendamente desrespeitosa o ‘timing’ para anunciar o novo ciclo, com o Benfica em plena luta pelo título e a dias de um dérbi decisivo. Não podia Grimaldo (e o Leverkusen) esperar uma semana ou duas, deixar terminar a época? Não faria diferença para si, mas faria diferença para a nação encarnada, a começar pelos adeptos. Diz Grimaldo que o Benfica é o clube da sua vida. Não, não é. É o clube da vida de todos aqueles milhões que desrespeitou esta segunda-feira. E qualquer um deles lhe pode explicar porquê. Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado, sim, mas tudo isto não tinha de ser tão pouco digno."

Gonçalo Guimarães, in A Bola