quarta-feira, 19 de abril de 2023

Milhões de chamas bem acesas


"O meu carinho pelo leitor é imenso, mas não posso negar: nesta semana tenho tanta vontade de lhe escrever como de raspar os joelhos em pedras da calçada. Com preferência pela segunda opção, até. Por mais voltas que dê, sinto-me como o Benfica no clássico de sexta-feira: sem ideias. À falta delas, vou deixando o texto avançar em piloto automático sem o desviar do seu desenrolar, um pouco como o nosso querido Roger Schmidt com o Inter. O mister deixou bem claro que não quis fazer substituições, nem eu me atrevo a questionar as opções de quem tem feito uma trajetória como a do Benfica nesta temporada. Por mim, o plantel até podia ter apenas 11 jogadores e serem todos vegetarianos. Aquilo que podemos exigir, isso, sim, é uma substituição imediata no rendimento individual e coletivo, de quem subir ao relvado. Essa é a troca que não pode esperar pelo período de compensação. Tem de ser feita quando o árbitro apitar para o inicio do jogo em Chaves.
É verdade que seria maravilhoso depararmo-nos todos os anos com momentos negativos dentro de um contexto de liderança isolada com 7 pontos de avanço a 7 jogos do fim do campeonato e uma desvantagem na 1.ª mão da luta pelo acesso às meias-finais da Liga dos Campeões. Se o contrato for esse, eu até compro uma caneta banhada a ouro para o assinar. Porém, é impossível esconder a desilusão dos últimos dois resultados e respetivas exibições. Após a equipa ter agarrado os benfiquistas, desanimados pelo decorrer das últimas épocas, chegou a hora de serem os benfiquistas a agarrarem a equipa. Eu farei a minha parte: já enchi o depósito do carro para ir a Chaves e já tenho voo marcado para fazer a minha parte em Milão."

Pedro Soares, in O Benfica

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