quinta-feira, 20 de abril de 2023

Até à última gota... ninguém nos pode roubar a esperança... mas não esqueça: «As equipas felizes ganham mais vezes»


"Dado que chega a hora para que se faça constar de forma absolutamente angustiante para alguns e resplandecente para outros, irei voltar à reflexão crítica de alguns (dois ou três) temas abordados neste perfil de publicação, naturalmente com os ajustamentos de atualização necessários.
Por muito que a tática funcione como “identidade” coletiva de uma equipa e contribua para que os jogadores atuem de acordo com princípios e subprincípios de jogo sistematizados com o treino, muitos são os fatores incontroláveis que impõem uma imprevisibilidade num resultado.
Nos dias de hoje, torna-se possível através da análise estatística e dos avanços tecnológicos, identificar e quantificar diferentes parâmetros da equipa e dos adversários e construir estratégias para tirar partido das suas debilidades.
Mas, nem sempre quem mais remata, ganha … nem sempre quem mais tempo de posse de bola usufrui, domina o jogo… nem sempre quem mais converte o esforço em mais distância percorrida, sai vencedor, etc., etc... Vejamos o que aconteceu no último mundial e que por mim já foi referido no último artigo publicado e que resultou numa abordagem da última aula aberta no Museu do F.C. Porto.
Fatores como a autoconfiança, a motivação, o espírito da equipa, a atenção e concentração, as emoções, a ansiedade e stress, etc., assumem um significado especial para que a imprevisibilidade do resultado possa ser mais ou menos limitada e o rendimento do jogador possa ser justificadamente mais ou menos otimizado. De acordo com Goswami (2008), a “Consciência é a base de toda a existência”, facto que implica necessariamente o absoluto primado dessa mesma consciência sobre os demais elementos na construção da forma desportiva (física, técnica, atlética, funcional…). Isto é, um corpo fisicamente em forma, mas descrente nos objetivos de conquista, não é de modo algum suficiente para garantir o sucesso no seu desempenho.
Como temos vindo a referir, o estado de crença no rendimento para a conquista de objetivos, terá de estar arreigado a uma condição de uma sólida consciência competitiva, medida pelo eco libertador de um estado de felicidade. E o sucesso desportivo jamais poderá assumir-se como um desígnio absoluto, pois ele inscreve-se inelutavelmente na dinâmica polar da experiência humana (Sousa, A. 2014).
Tudo isto assenta na tese da intencionalidade operante (Sérgio, M. 2008), que nos garante que é a partir do tónus mental e emocional que cada sujeito cria a própria realidade. Deste modo, bem podemos explicar o contributo inestimável de um estado de consciência ancorada num estado de felicidade, que permite um estatuto pleno do ganhador.
De facto, a felicidade enquanto “estado de satisfação agradável da mente” (Oxford English, ap. Uugh Prather, 2002), permite admitir uma condição essencial e necessária de um qualquer sucesso, que o seja realmente. As equipas felizes ganham mais vezes e com a inestimável e decisiva vantagem de, mesmo perdendo poderem continuar felizes, pois ficam mais disponíveis para em seguida ganhar. Porque efetivamente aquilo que melhor pode explicar a capacidade reativa de um desaire, não é pelo facto de cair (falhar), mas pela prontidão com que se levanta, passando a ganhar. E porque se passou por uma posição de sofrimento experienciado da derrota, essa sabedoria do vivido irá fazer detonar uma dose indutora de libertação de endorfinas e dopaminas, o “químico da motivação” no cérebro e por compensação, um espasmo de serotonina, o chamado “químico da felicidade”, restabelecendo o equilíbrio consciente da vitória anunciada.
Equipas felizes transportam no seu seio uma energia autenticada pela segurança no que querem fazer, ocultando o que têm de evitar e são capazes de produzir relações de elevada estabilidade, autenticadas pelo sucesso alcançado. Os elementos que delas fazem parte estabelecem um clima de relações mais estável e porque possuem um sistema imunitário mais resistente e duradouro, fazem das causas participativas, no viver e no treinar, os melhores instrumentos para atingir resultados de sucesso.
Sabemos que a capacidade humana para se adaptar a novas circunstâncias é especialmente admirável. Somos instrumentos facilitadores do reencontro com as coisas da vida. Por isso se constata, e tenho-o repetidamente referido, para estas equipas, muitas vezes os níveis de dificuldade nas respostas às exigências da competição, se transformam em força mobilizadora e aglutinadora que, por sua vez, se traduz num enorme empenhamento coletivo onde se vê despertar o sucesso, porque foi vivenciada a felicidade adquirida, e ao se sentir bem com a própria vida e o sucesso conseguido, porventura advindo de múltiplos desafios colocados, porque se tornam mais desafiadores, geralmente perduram mais no tempo.
E, aproveitando o facto do meu admirável e distinto PROFESSOR Manuel Sérgio que nesta 5ª Feira, dia 20 completa o seu 90º aniversário, quanta emoção me move por o citar (irei fazê-lo enquanto Deus me der vida): “ quanto mais se conhece o homem, mais conhecemos os homens que jogam, porque na prática do belo jogo sempre aparece o indivíduo e seu aporte físico, biológico, social, político, cultural onde a ciência e a consciência não se limita à degradação dos gastos energéticos e neuromusculares e ainda porque, em cada gota de suor, terá sempre de conter um grão de pensamento”. E continua “o ser humano, é corpo, mente, desejo, natureza e sociedade. Esse corpo em ato onde emerge a carne, o sangue, o prazer, a paixão, a rebeldia, as emoções e os sentimentos, tudo isto, visando a transcendência ou a superação”.
Neste domínio do consciente, da vida para o treino, do treino para o rendimento, do rendimento para o resultado, do resultado para o sucesso … um longo caminho que importa percorrer com humanismo, ciência e razão!...
Isso remeto-nos para uma nova visão global do treino desportivo, tantas vezes explorado nas minhas reflexões. No que concerne a este âmbito, não tem sido fácil, porque constato que por vezes qualquer metodologia nova ainda se torna inconsequente, fundamentalmente para aqueles que julgam que no Futebol tudo já está inventado."

1 comentário:

  1. Este José Neto sempre foi 1 MAFIOSO da pior espécie, unha c/ carne c/ o treinador mais BARRASCO da POCILGA 1 tal de PEDROTO...

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