terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Não preciso de um Kompensam, preciso de ganhar nos Açores


"Hoje é sexta-feira, e ainda não fiz a digestão do resultado de domingo. Este sabor a empate deixa uma permanente sensação de azia no estômago que nem de facto de termos recuperado de duas desvantagens é capaz de aliviar. Cada um dos golos do Gonçalo Ramos foi um sinal de que a vitória estava ali ao virar da esquina, mas ela acabou por não chegar - tal como a digestão.
Os 8 pontos de vantagem para o 2.º classificado antes do Mundial são agora 4, o que faz lembrar o estilo de jogo do Sporting na 2.ª parte: é aborrecido. Porém, mais aborrecido seria se por esta altura tivéssemos recuperado 4 ou 5 pontos e algum adversário e ainda assim continuássemos afastados a esta distância. Estamos e um jogo de completar a 1.ª volta e, seja qual for o resultado, vamos terminá-la melhor do que a começámos. E isto vale-nos de quê, pergunta e bem o leitor? De nada, pois claro. Deve apenas ajudar-nos a compreender que o caminho até Maio ainda é longo e que, para conseguirmos os nossos objectivos, devemos seguir o mesmo trilho que percorremos até aqui.
Não só não estamos sozinhos como ficámos ainda mais bem acompanhados. Se o Schjelderup e o Tengstedt forem tão difíceis de travar com a bola como é para nós travar com a bola como é para nós travar a língua para gritarmos o nome deles, então temos aí dois valentes reforços. Não é uma invenção minha, foi o que o Aursnes nos demonstrou. O mister Schmidt tem sido generoso com os benfiquistas, mas muito pouco simpático com os jornalistas. Dizem que há uma primeira vez para tudo: neste caso, é a primeira vez nos últimos anos que será o treinador principal do Benfica a rir-se da pronúncia da comunicação social, e não o contrário."

Pedro Soares, in O Benfica

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