terça-feira, 6 de dezembro de 2022
A competição dentro da competição
"José Augusto geriu a disputa entre duas marcas de forma a valorizar os futebolistas
Quando se fala em competição, automaticamente pensamos em vencedores e vencidos, pois o principal objetivo passa por suplantar em valor ou qualidade o opositor. Mas do ato de competir advém também a evolução dos envolvidos. Tanto quem ganha como quem perde sai da competição melhor do que quando iniciou.
No Campeonato do Mundo de 1966, enquanto as selecções lutavam pelo título de melhor do planeta, os irmãos Dassler, donos da Adidas e da Puma, tratavam uma acérrima disputa por quem coletava mais atletas. A intervenção de ambos contribuiu para o desenvolvimento exponencial das sapatilhas de atletismo e das chuteiras de futebol. Após terem apostado em Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de 1936, encaravam o Mundial como uma oportunidade de expansão da sua marca em detrimento da do seu familiar. 'Oferecem boas e dinheiro para assim convencer mais facilmente os jogadores a utilizar o seu material... E cada qual dá mais. Já vai em cem dólares por cabeça'.
Mas havia atletas que se destacavam mais que outros e faziam com que os patrocinadores aumentassem o incentivo. 'Há jogadores que já têm seis e sete pares de botas, principalmente o José Augusto e o Alexandre Baptista, que já foram nomeados representantes respectivamente da Puma e da Adidas'. No caso do extremo benfiquista, o assédio era claro, ao receber a indicação para que não 'revalidasse o seu contrato com determinada firma sem que a firma rival diga de sua justiça'. Na negociação, José Augusto revelou características semelhantes às que apresenta dentro das quatro linhas: astuto e perspicaz, sabia antecipar as oportunidades e tirar o máximo proveito.
Numa competição que entusiasmo adeptos de todo o mundo pela qualidade do futebol apresentado pelas selecções, às habituais inovações técnicas trazidas a cada edição do Campeonato do Mundo acrescentou-se a valorização do jogador enquanto promotor de marcas. E a este facto em muito contribuiu a postura de José Augusto, ao tentar potenciar ao máximo os valores recebidos pelos atletas, e a doar as chuteiras recebidas a clubes como o Barreirense e o Belenenses.
Saiba mais sobre a carreira internacional deste fantástico jogador na área 20 - Águias-Mores do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
O complexo Eusébio
"1. O primeiro número deste jornal saiu para a rua no dia 28 de Novembro de 1942. E que tempos terríveis para a Europa eram essas que viram nascer, há 80 anos, o primeiro jornal de um clube desportivo português. O Benfica tem uma história linda de resistência e de coragem. O seu primeiro diretor foi José Magalhães Godinho, um homem notável, um democrata de todos os combates. Do Benfica para todos os benfiquistas, que O Benfica continue a ser um orgulho.
2. Decorre o Mundial do Catar, e não há Mundial que não ofereça à vasta plateia global o seu folclore, os seus fenómenos e as suas mistificações. Presentemente, há um caso que é tudo isso ao mesmo tempo. Este Mundial, não fugindo à regra e exagerando até mais não na nota folclórica, tem-nos contemplado com a materialidade daquilo a que se pode diagnosticar clinicamente como 'o complexo Eusébio'.
3. Referindo-nos à obsessão do capitão da selecção nacional e da imprensa devota em suplantar o legado de Eusébio da Silva Ferreira, o melhor jogador português de todos os tempos, através de uma mistificação institucionalizada.
4. Não deixa, no fundo de constituir uma extraordinária homenagem a Eusébio, e a tudo o que Eusébio significa na história e no imaginário do futebol português e mundial, esta operação de mistificação em curso a propósito do suposto 'recorde de golos de Eusébio' na sua única presença num Campeonato do Mundo.
5. Foram 9 golos em 6 jogos, eis a marca de Eusébio em 1966. Um feito notável, uma proeza sem par entre os futebolistas portugueses de todas as gerações. Mas não se trata de nenhum recorde. Em termos de goleadores em 22 edições de Mundiais, se há um recorde a bater, é o do alemão Miroslav Klose, o maior marcador de sempre da história da competição, com 16 golos em 4 presenças na fase final. Mas esta é uma cifra que Cristiano Ronaldo, que já vai no seu 5.º Mundial, jamais igualará a menos que marque 8 golos nos restantes desafios de Portugal no Catar.
6. Sem capacidade de se aproximar de Miroslav Klose, o capitão da selecção portuguesa entendeu designar Eusébio como figura a ultrapassar na sua vitrina de prémios da boa vontade e da imaginação. Nunca o conseguirá.
7. Em primeiro lugar, porque não existe nenhum recorde de Eusébio. Em segundo lugar, porque jamais seria uma mancha na História de Eusébio que a maior máquina goleadora do futebol recente apresente um número decepcionante de golos apontados nos 5 Mundiais em que esteve presente. O resto são 'fake news', que é como hoje se designa a aldrabice."
Leonor Pinhão, in O Benfica
Fazer de conta
"No Campeonato do Mundo de futebol que está a decorrer no Catar, o treinador da seleção sul-coreana foi expulso no final do jogo entre a sua equipa e o Gana. O português Paulo Bento sentiu-se 'injustiçado', segundo o adjunto Sérgio Costa, em declarações no final da partida. A alegada injustiça vem de o árbitro Anthony Taylor não ter permitido que fosse cobrado um canto no fim dos 10 minutos de compensação do encontro que terminou com a vitória dos africanos (3-2). O antigo seleccionador nacional português é visto nas imagens a dirigir-se de forma agressiva ao árbitro, insultando-o do mais lusitano dos vernáculos. Claramente fora de si e sua afamada tranquilidade.
Não foi por anular um golo, perdoar uma expulsão ou deixar de assinalar um penálti. Nada disso. Foi por causa de um canto, mas isso até é o que menos importa. Num desporto saudável, este tipo de comportamento não pode existir, mas o caso passou sem grandes criticas, e Paulo Bento já pediu desculpa pelo sucedido.
Como se fosse normal recorrer à falta de educação, à gritaria, ao gesticular e aos insultos de baixo nível a árbitros e treinadores adversários. A menos que há estejamos tão habituados, que nem ligamos. Afinal, quanto a expulsões de treinadores, somos líderes europeus. Só Sérgio Conceição tem 21 no currículo, repartidas pelos 5 clubes que orientou nos últimos 10 anos, sendo que 11 cartões vermelhos foram vistos ao serviço do atual patrão.
Não sei qual será a multa aplicada pela FIFA a Paulo Bento, mas, se fosse por cá, o caso iria arrastar-se até à próxima época. E iria resultar em dias de suspensão durante as férias e umas míseras centenas de euros para fazer de conta."
Ricardo Santos, in O Benfica
Bancadolândia
"Taça da Liga: um troféu à medida
No Estádio da Luz, as primeiras vénias da noite futebolística de 26 de Novembro foram merecidamente tributadas aos mais de 43 mil adeptos que disseram 'presente' no apoio à equipa do Benfica, na 2.ª jornada da Taça da Liga. Mas que grande golo! Um registo sensacional nesta frente competitiva e que estabeleceu mesmo um novo recorde de assistência na Catedral em jogos da fase de grupos de uma prova que, na temporada em curso, gera circunstâncias que casam particularmente bem com o lastro do grupo comandado por Roger Schmidt. Com apenas um jogo por disputar no grupo C, e tendo menos um golo marcado (cinco) do que o Moreirense (seis), o derradeiro adversário a encarar nesta fase, os encarnados sabem de antemão que necessitam de vencer em Moreira de Cónegos, no dia 17 de Dezembro, para confirmarem a passagem aos quartos de final da competição. Haverá, pois, desafio mais estimulante e motivador do que este, para quem, como sucede com a equipa do Benfica, navega num mar de invencibilidade do tamanho de 27 jogos? Talvez nem por encomenda.
Enzo: um mais um ainda são dois
Somos meros treinadores de bancada, mas há situações que, em virtude do acompanhamento permanente e cuidado que fazemos dos jogos do Benfica, nos dão bases sólidas para argumentar em prol da titularidade ou do alargamento do tempo de utilização de um jogador na sua seleção nacional. Vem esta convicção a propósito de Enzo e do arranque da Argentina no Campeonato do Mundo no Catar. A selecção alviceleste tombou como estrondo na 1.ª jornada do certame diante da Arábia Saudita, o meio-campo clamava por uma unidade com mais andamento e capaz de ver mais longe, mas, no primeiro tudo ou nada na competição, o seleccionar conservou inicialmente Enzo entre os suplentes. Com o tempo de jogo a fugir e o 0-0 diante do México a perdurar, entrou então em capo o jovem médio benfiquista. E o que fez o 24 da seleção argentina? Muito do tanto que lhe vemos tecer de águia ao peito, atuando como se fosse um dos mais veteranos e experimentados jogadores da equipa, porque é um futebolista de eleição, daqueles que nos esgotam os elogios e nos juram que as contas de somar são mesmo as mais simples. Enzo envolveu-se no lance em que Messi rematou para o 1-0 e marcou ele próprio o sentenciador 2-0, numa formidável execução que cruzou técnica, força e precisão. Um momento que vale um milhão de adjectivos (e de notícias de 'clubes atentos' ao argentino), que nos faz gostar cada vez mais de futebol e de intérpretes de classe mundial como este diamante do Benfica."
João Sanches, in O Benfica
O mundo que vemos
"O Campeonato do Mundo do Catar vai prosseguindo dentro do campo, mas a polémica fora dele permanece.
É difícil ver os jogos, admirar aqueles estádios belos e sumptuosos, e não nos lembrarmos de que foram construídos a preço de sangue. È difícil ver os jogos, e esquecermos que o Campeonato decorre nesta altura e naquele local porque alguém enriqueceu com isso. É difícil ver os jogos e ignorar o que é, e como funciona a FIFA.
Dir-me-ão que já houve outras competições atribuídas a países de ética duvidosa sem o mesmo clamor. E que a FIFA, desde 1974, desde Havelange, se tornou uma multinacional obscura, que utiliza o futebol como fonte de receita para si própria, e muitas vezes para os seus dirigentes.
Acontecer que o mundo hoje está mais desporto do que há uns anos. As gerações mais novas já não se acomodam tão facilmente a injustiças, iniquidades e tiranias. Veja-se o que se passa no Irão. Veja-se o que se passa na China.
Estão soube a mesa temas que outrora eram mais ou menos ignorados, mais ou menos tolerados, como as questões ambientais ou os direitos das minorias. Hoje somos diferentes, vemos o mundo com outros olhos, e quem pensar o contrário não está alinhado com o futuro.
Já não é aceitável, pois, que se atribua um Mundial daquele modo, a um país cuja única coisa que tem para oferecer é dinheiro fácil. Também já não é aceitável que as mais altas figuras do Estado se desloquem em fila para presenciar os jogos, enquanto milhares de portugueses trabalham, e nem sequer os podem ver na TV.
Infelizmente há coisas que permanecem iguais. Felizmente temos consciência para as condenar."
Luís Fialho, in O Benfica
Pensar o futebol
"É preciso pensar todas as coisas, descobrir como podem minorar os problemas do planeta e das pessoas, mas também como podem potenciar a evolução e o progresso de todos nós. Por isso pensar o futebol em todas as suas dimensões e potencialidades é uma óptima ideia num tempo tão desafiante como o que vivemos. É certo que na história todos os tempos foram desafiantes à sua maneira para que os viveu, mas a verdade é que na escala planetária e a globalização colocam desta vez problemas e desafios de uma magnitude nunca antes vista. Felizmente não é menos verdade que a ciência e a tecnologia evoluíram a tal ponto, que se podem tornar uma vez mais os nossos melhores aliados desde que saibamos corrigir o seu mau uso. Há, no entanto, um velho desafio, também global, que resiste ao devir dos tempos e que parece eternizar-se: é o desafio da pobreza, da injustiça e da exclusão. É o desafio social, aquele em que teimam em persistir as desigualdades no acesso aos recursos e às oportunidades. Aquele que as sociedades quase ignoram, mas de onde eclodem continuadamente conflitos, guerras e perturbações da paz social. Em tudo isto o futebol pode e tem uma palavra a dizer como grande jogo das paixões que é. Mas também como indústria global, capaz de arrastar multidões, de gerar riqueza e de proporcionar aos povos ambientes competitivos saudáveis, reforçando a sua identidade e convivência pacífica, construindo paz. É que em tempo de guerra não se limpam armas, e o futebol social é, de facto, uma arma poderosíssima!"
Jorge Miranda, in O Benfica
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"3
A equipa feminina de judo do Benfica alcançou o bronze na Liga dos Campeões Europeus;
4
Nova presença benfiquista na final four da UEFA Futsal Champions League. Anderlecht, Palma e Sporting são os adversários;
11
O Benfica prossegue invicto no campeonato de basquetebol ao fim de 11 jornadas, já tendo vencido nas visitas ao FC Porto e ao Sporting;
24
Títulos nacionais de Corta-Mato do Benfica, o último conquistado no passado domingo;
27
“Jogos oficiais” invencível desde o início da temporada. É a 3ª vez, considerando todas as competições oficiais, que o Benfica não perde nos primeiros 27 jogos (anteriormente conseguiu-o em 1971/72 e 1977/78). Sem regionais, o Benfica encontra-se na 2ª melhor série de sempre, estando apenas por alcançar a conseguida em 1959/60 (31);
57
Gilberto e Neres estrearam-se a marcar na Taça da Liga e subiu para 57 o número de goleadores do Benfica na competição (excluindo 2 autogolos). Jonas, com 10, é o recordista;
133
Rafa passou a ser, a par de Nuno Gomes, o 8º futebolista com mais jogos pelo Benfica no atual estádio da Luz. E passou a ser o 10º que mais vezes esteve em campo de águia ao peito na Taça da Liga (15 jogos, ex-aequo com Gaitán e Jonas);
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Extraordinária assistência no estádio da Luz para o jogo com o Penafiel da Taça da Liga. Foi a melhor assistência de sempre na fase de grupos desta competição, o segundo jogo com mais público de sempre, só superado pela meia-final com o Sporting, em 2010/11. Nesta temporada, só jogos do Benfica na Luz e dois do FC Porto (Benfica e Atlético Madrid) tiveram mais espectadores, refletindo o entusiasmo dos benfiquistas pelos resultados e exibições dos comandados por Roger Schmidt ao longo da época."
João Tomaz, in O Benfica
Editorial
"1. Parabéns ao jornal O Benfica, que comemora nesta semana 80 anos. São décadas de benfiquismo num título que nasceu em plena 2.ª Guerra Mundial e, desde então, cruzou diferentes tempos políticos e acompanhou a par e passo a gloriosa história do Sport Lisboa e Benfica. É com orgulho que aqui trabalhamos todos os dias para os servir a si enquanto leitor, honrando todos o que fizeram a história deste marco do jornalismo e do desporto em Portugal.
2. Destaque de capa nesta edição para o futebol feminino e umas inspiradoras que cimentam o estatuto de melhor equipa portuguesa. Lideram o campeonato, após mais uma exibição personalizada e de carácter frente ao SC Braga, e olham para a Europa com um sentimento de que há ainda contas por ajustar. Passar a fase de grupos afigura-se desafiante, mas todos acreditamos que, apesar do amargo cruel sofrido no jogo aqui com o Bayern, ainda há uma palavra a dizer. E temos qualidade para isso.
3. Os balanços fazem-se no fim, mas há um padrão que importa relevar nesta altura das competições, sem triunfalismos ou euforias: no futebol e nas 5 principais modalidades de pavilhão, masculino e feminino, o Benfica lidera em 8 das 12 competições. Ecletismo, ambição e competência. Vamos, Benfica!"
Pedro Pinto, in O Benfica
Amo o Benfica. E a seleção?
"A minha primeira memória da seleção é de estar embasbacado a ver pela televisão 120 mil portugueses no antigo Estádio da Luz a apoiar a equipa de todos nós rumo à conquista do Campeonato do Mundo. Foram agonizantes 120 minutos até aos penáltis e a euforia com o golo de Rui Costa. Para um miúdo de sete anos, como eu era, pouco me interessava se aquilo era juniores ou sub-20. Na minha cabeça, Portugal era campeão do mundo. E logo contra o Brasil! Aliás, bicampeão, pois dois anos antes já aquela seleção tinha feito semelhante feito, embora disso nada me lembrasse.
Depois há vagas memórias do apuramento falhado para o Mundial 94 e a primeira tristeza com o chapéu do Poborsky no Euro 96. Mas o auge foi aquele maravilhoso Euro 2000. Portugal a jogar um futebol delicioso e com tantos jogos épicos. O 3-2 à Inglaterra depois de estarmos a perder 0-2 logo no início. O golo no último minuto do Costinha à Roménia. O hat-trick do Sérgio Conceição à Alemanha, mesmo estando nós a rodar jogadores. O convincente 2-0 à Turquia nos 1/4 e aquela mão trágica do Abel Xavier nas 1/2 finais com a França.
O Euro 2004 ainda foi especial. Jogado no nosso país, como não vibrar com aquele jogo épico com a Inglaterra ou emocionar-me com o percurso do autocarro de Portugal de Alcochete até ao Estádio da Luz na final. E claro, aquela tragédia grega...
Depois... a ligação foi-se desvanecendo. Até ficamos em quarto lugar no Campeonato do Mundo de 2006, mas lembro-me de pensar que já não sentia o mesmo. E nos restantes 15 anos há um pico com o golo do Éder no Euro 2016. Se vibrei? Claro que vibrei! Fui mesmo à loucura, era ver Portugal Campeão da Europa e logo daquele modo dramático. Mas a importância que dei ao jogo foi tanta que estava a trabalhar nesse momento. Nem pedi para trocar o turno e oh se eu chateio os meus colegas para trocar turnos por causa dos jogos do meu clube!
Eu tenho orgulho em ser Português. Consciente que o local onde nasci é um acaso e desconfiado de nacionalismos exagerados, mas que razões existem para não gostar do meu país? Costumo dizer que temos tudo, só não temos é dinheiro. E a seleção representa o meu povo, as minhas cores e a minha língua. Mas amo a seleção? Não, não amo. Tenho que ser honesto. Tenho por ela um sentimento racional, doseado e momentâneo. Todo o oposto que sinto pelo meu clube, o Benfica.
Teria dificuldade em explicar a um alien o que sinto pelo meu clube de futebol. Amo-o perdidamente, sofro horrores quando perde e sinto-me um apaixonado quando ganha. Mexe com todos os poros do meu ser e não há nada em que pense mais do que no Benfica. Durante muito tempo até tinha vergonha de assumir tudo o que sinto, pois ainda me achavam doente ou fanático e me internavam num hospital psiquiátrico. Mas é o que sou e quase a fazer 40 anos já não o vou esconder.
Vivo a minha bela doença da forma mais feliz possível: aberta e apaixonadamente. E sinto-me um privilegiado, porque tantas alegrias me dá. Momentos, pessoas, vivências. Ser adepto de um clube dá todas as cores possíveis à vida de uma pessoa.
Com Portugal saí da caixa. Vejo-o do lado de fora. Há uma parte de mim que vê Ronaldo & cia e pensa «calma, são só 22 homens a correr atrás de uma bola». E quando se entra nesse mindset, o futebol perde muita magia. Mesmo a paixão que tinha pela seleção quando era jovem, às vezes penso se não teve a ver com o facto do Benfica não ser campeão nesses anos e eu ter ido em busca de alegrias futebolísticas a outro lado.
Lembram-se de ter dito que o Mundial 2006 já não me bateu igual? O Benfica foi campeão em 2005.
Se quero que Portugal seja campeão do mundo? Claro que quero! Se iria festejar imenso? Claro que sim! Mas vou fazer uma confissão: quando estou com os meus companheiros de roulotes nos prés e pós jogos do Benfica, muitas vezes já com umas cervejas bebidas, há um debate filosófico que temos e as respostas poderiam surpreender quem está fora deste nicho de fanáticos por um clube: «Preferias Portugal campeão do mundo ou o Benfica a vencer a Taça da Liga?»
Por decoro, não vou dizer qual é a minha resposta. Mas a verdade é que não ganhamos a Taça da Liga desde 2016..."
Decisões!
"«Mudam pequenos detalhes, todos nós somos muito bons à sua maneira. Acima de tudo, o entrosamento que temos entre todos… Foi a primeira vez do António aqui, mas também devido à sua qualidade, a integração tem sido rápida. Todos nós estamos preparados e disponíveis para corresponder, mas a decisão não cabe a mim. Cabe-me estar preparado para dar o melhor, esteja quem estiver ao meu lado»
- Rúben Dias."
Catarses 2️⃣1️⃣ “Annus Horribilis", ou talvez não
"Sofres irreparável perda familiar, és processado por agressão a uma criança, cais fora da Champions League porque os grandes clubes desconfiam do teu compromisso, és multado por insubordinação no clube, suspenso por falhas profissionais graves e finalmente despedido por quebra pública de confiança da entidade e da hierarquia. Mudas para a seleção e enfrentas a desconfiança de falta de solidariedade com os colegas e acabas a invectivar gratuitamente o seleccionador nacional.
Se o patrão da FEMACOSA, com o seu proverbial estilo de Rainha de Inglaterra, tivesse de sintetizar este seu ano, até ao dia de hoje, como observador privilegiado de todos os problemas protagonizados pelo seu príncipe Cristiano Ronaldo, servir-lhe-ia um histórico discurso de Isabel II, há precisamente 30 anos:
“2022 não é um ano que possa ser lembrado com grande prazer. Descambou num autêntico “Annus Horribilis”.
A sucessão de tragédias, escândalos familiares, traições amorosas, divórcios, desastres e castelos a arder que atormentaram a Família Real britânica em 1992, foi potenciada pela fama da Princesa Diana, o maior fenómeno de popularidade mediática à escala mundial, recorde que o jogador português luta denodadamente para superar com a ajuda das redes digitais, sem acautelar os danos colaterais de repulsa por desvios de comportamento, indesculpáveis à luz do socialmente correcto.
Graças a um assessor privado muito competente, a Rainha citava uma expressão usada um século antes pela Igreja Anglicana para descrever o ano de 1870, quando foi declarada a “infalibilidade do dogma papal” - o que, em linguagem laica, significava que quando o Papa fala ninguém pode duvidar, mesmo que ele peque, erre ou minta, notória e descaradamente.
Ela assumiu com coragem e frontalidade o que os assessores da FPF tentaram esconder, de forma canhestra, pondo em causa a autoridade e a seriedade do seu treinador em regime de prestação de serviços, por razões insondáveis e perigosíssimas para a coesão da seleção.
Nesta medida, também deve ser “horribilis” a sensação de Cristiano Ronaldo mais uma vez desautorizado e despojado da infalibilidade futebolística e pessoal que lhe fora reconhecida durante anos a fio, alcandorando-o a um estatuto ‘ex-cathedra’ que, por mais notórios que sejam os seus erros, ninguém tem tido coragem de discutir ou pôr em causa. Sentindo-se e vivendo como um Papa da bola, inquestionável por escritura e tradição.
Até ontem, pois todas as histórias de super-heróis, na essência da sua humildade e dádiva às causas superiores, merecem um final feliz.
O jogo de hoje entre Portugal e a Suíça, com uma atitude majestática de Cristiano, ainda pode desencadear a purga que transforme o horrendo 2022, in-extremis, em memorável “Annus Mirabilis”, como os tempos miraculosos da “Era da Razão” que iluminaram a mente humana e libertaram os espíritos das trevas da Idade Média.
Dir-se-á que, à razão de um próximo contrato de 500 milhões de euros, a era de Cristiano Ronaldo seguirá infalível e certa, sempre cheia de razão, como um daqueles relógios da sua coleção de luxo, CR7 Epic, com 26 diamantes, o mesmo número das pedras preciosas da seleção, lançada este ano por uma marca suíça.
Mas, no final de um reinado tão duradoiro como o da monarca recentemente falecida, Cristiano Ronaldo deve ter aprendido que o amor dos súbditos se conquista pela acção corajosa, liderante e aglutinadora, porque, como dizem os ricos e famosos, “o dinheiro não é tudo”.
A começar pelo discurso de compromisso e responsabilidade que pode proclamar hoje no balneário, projectando a voz para todos ouvirem bem e citando a maior “influencer” inglesa :
“Declaro diante de todos vocês que todo o meu jogo com a Suíça, seja longo como eu gosto ou curto por decisão do treinador, será dedicado ao vosso serviço e ao serviço do nosso grande país”."
O futuro do SL Benfica na Champions League: Sonho ou Realidade?
"A glória europeia, que há muito foge do caminho da Luz, faz parte da história das águias, e embora já tenha sorrido há algumas gerações atrás, continua a elevar o nome do clube pelo velho continente, e pelo mundo fora. Com duas finais da maior prova de clubes europeia ganhas e cinco perdidas, o Benfica apresenta-se como a sétima equipa com mais finais disputadas e a segunda com mais finais perdidas. Um facto que embora em certa parte infeliz, enaltece a assiduidade dos encarnados em fases finais da prova e a sua honra entre tantos outros grandes europeus.
O Benfica entrou para a época de 2022/2023 com sede de títulos e sobretudo uma grande ambição europeia depois de várias eliminações precoces em anos anteriores, e uma eliminação nos quartos de finais na temporada passada, frente ao Liverpool, que soube a pouco.
A verdade é que 27 jogos consecutivos sem perder e exibições de classe na Liga dos Campeões, onde o Benfica conseguiu assegurar o primeiro lugar à frente de Paris Saint-Germain FC e Juventus FC, fazem qualquer um sonhar com o tão desejado sonho europeu, a conquista. A renovação de magnificência europeia é um sentimento presente, urgente e que faz falta aos adeptos benfiquistas sem sombra de dúvida. Mas será que é apenas um sonho?
De facto, os encarnados tiveram a fortuna do seu lado no sorteio dos oitavos de final, ao verem o Club Brugge KV como o primeiro adversário a defrontar, aquela que seria a equipa teoricamente mais acessível entre todas as possíveis. Sem desprezar os belgas, de forma alguma, o Benfica contempla-se com uma viagem mais facilitada rumo ao seu destino, a Turquia. Olhando para o resto do sorteio, é possível perceber que logo após a primeira ronda a eliminar dois grandes candidatos ao título vão se retirar tendo em conta que Liverpool FC, Real Madrid CF, PSG e FC Bayern Munique vão jogar entre si (Liverpool vs Real Madrid/ PSG vs Bayern Munique), tornando dessa forma o objetivo subjetivamente mais fácil de concretizar.
Os encarnados na presente temporada têm vindo a provar que são um grande europeu e não têm pavor de enfrentar quem se opõe adiante. A personalidade, a classe, a qualidade e a raça perduram incansavelmente, independentemente do adversário, das circunstâncias ou da ocasião.
Graças ao histórico arranque de época que as águias estão a realizar e ao caminho traçado para a Liga dos Campeões, a reconquista do velho continente torna-se cada vez mais algo possível de realizar. O retorno da glória europeia é, este ano, sem dúvida algo a considerar e enquanto o sonho for possível, a luz ao fundo do túnel vai-se permanecer sempre acesa."
5 melhores momentos na Taça da Liga
"Em pausa nacional para peripécias mundialistas, entretêm-se os artistas portugueses com futebóis secundários de Taça da Liga – que, remetida para segundo plano no calendário nacional, perde alguma da já mísera credibilidade que ganhara a muito custo na última década. O SL Benfica passa período de seca em relação a conquistas da prova, na qual é recordista, e com Roger Schmidt promete-se retoma competitiva e novo ciclo positivo de conquistas, para deixar os rivais ainda mais atrás na tabela.
O Bola na Rede decidiu então reunir os cinco momentos mais marcantes dos encarnados na prova, em jeito de revisão histórica e como prognóstico de novos sucessos que, como desejam os benfiquistas, cheguem já em 2023 – a matéria-prima disponível obriga a sonhar pelo menos com o pleno nacional de troféus. Vai bem lançada a equipa no campeonato e na Taça, à data da redacção do artigo o Benfica vai na frente do grupo da terceira prova com duas vitórias – e, daí, que este reavivar de memória sirva de inspiração para continuar o bom caminho.
1.
3-0 na Final – 2009-10
Era a fase cor-de-rosa entre Jesus e clube. Para quem não tinha apanhado a equipa 1993-94, de Toni, aquele onze era o mais aproximado que podíamos atestar das conversas de pais e avôs sobre o Grande Benfica que ia às finais europeias. A equipa estava exemplarmente bem montada, o futebol era achocolatado e os craques entendiam-se perfeitamente – tudo era harmonia, um conto de fadas que teria um fim bem mais abrupto do que se imaginava. Mas naquele final de noite, o zénite da comunhão entre o Benfica 2009-10 e a massa adepta foi alcançado. Sobre o rival mais a sério, para saber ainda melhor. Mas não só.
Para compôr o ramalhete, tinha havido noite europeia memorável três dias antes (na 5.ª feira, a final da Taça da Liga foi somingo): aquela vitória em Marselha assinada por Alan Kardec já perto do fim – o que significava que as melhores peças estavam todas desgastadas. Jesus não vai de modas e deixa Javi Garcia, Ramires, Saviola e Cardozo no banco de suplentes. Airton, Amorim, Carlos Martins e o herói de França saltavam para a titularidade, Aimar subia para segundo-avançado. Aos que tinham dúvidas quanto à capacidade daquele conjunto em ganhar o troféu, respondeu o actual treinador do Sporting com um remate do meio da rua logo nos minutos iniciais – que Nuno Espírito Santo deixou entrar para junto das redes enquanto cacarejava…
O jogo foi um festim de frustração portista contra a confiança imensurável dos benfiquistas. Foi também à lei da bomba que Carlos Martins fez o segundo antes do intervalo e o 3-0 chegou novamente por intermédio de Amorim, que assistiu Cardozo depois duma tabelinha em ritmo de treino. Era efectivamente um grande futebol.
Seis dias depois, jogo do título na Luz. Recebia-se o SC Braga de Domingos, sempre chato a morder os calcanhares na tabela classificativa. Luisão assumiu o papel ‘clutch’ de homem para grandes momentos e deu a machadada do 1-0. O resto é história…
2.
Luisão e a Festa Contrariada – 2010-11
Desastrada foi a segunda época de Jesus, com um percurso repleto de hecatombes futebolísticas e traumas que acentuaram complexos de inferioridade com o FC Porto. Aos 5-0 do inicio de Novembro, o Benfica juntou o 1-2 para o campeonato a 3 de Abril – o clutch do título, o tal jogo em que a Luz ficou sem luz… – e o 1-3 da Taça, a 20 de Abril, no tal jogo que o Benfica trazia dois de avanço do Dragão: portanto, derrota a toda a linha contra Villas Boas. Estado anímico no charco, depois de quase ter sido recuperado minimamente naquela fase das 16 vitórias seguidas – batendo-se um recorde que vinha de Jimmy Hagan -, quando Salvio começou a carburar e a fazer esquecer Ramires, finalmente. Mas nessa época, esses três meses (entre Dezembro e Março, vá) foram a única luz numa escuridão imensa de teimosias e atestados de incompetência.
Três dias depois (a 23 de Abril) dessa definitiva prova que o Benfica de 2009-10 não era ainda garantia duma qualquer retoma competitiva do gigante, o Benfica ia a Coimbra disputar com o Paços de Ferreira (de Rui Vitória) o troféu da Taça da Liga. Já não havia Salvio, Gaitán tinha também dado o berro, e as alas foram compostas por Carlos Martins e… Franco Jara, o autor do primeiro golo. Javi Garcia faz o segundo perto do intervalo, Luisão faz o golo pacense no início da segunda metade – e o resto do jogo foi mais um martírio para o comum adepto e o torturado benfiquista. A festa, claro está, fez-se a meio gás e sem grandes euforias, que na bancada do Cidade de Coimbra os adeptos cobravam mais que respondiam aos falhados festejos encarnados, quase que adivinhando o novo desastre que aí vinha: cinco dias depois, o Benfica ainda conseguia ultrapassar o Braga de Domingos na 1.ª mão das Meias da Liga Europa (2-1) mas a 5 de Maio havia derrota na Pedreira, que deitava ao chão os encarnados – muitos deles aliviados por evitarem novo confronto com portistas em Dublin, com a Europa toda a ver…
3.
Oblak no Dragão – 2013-14
A 16 de Abril de 2014, acontece o 3-1 de André Gomes, a tal segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal em que o Benfica joga 64 minutos com menos um e consegue virar a eliminatória em grande estilo – e nada poderia engrandecer ainda mais a humilhação portista se 11 dias depois a coisa se repetisse… em pleno Dragão.
As águias jogavam aquela meia-final da Taça da Liga três dias depois de terem afrontado a Juventus de Conte, Pirlo e Pogba na Luz (2-1) e portanto a prioridade de Jorge Jesus foi rodar a equipa – só sobraram Oblak, Siqueira e Lima do onze titular daquela época. Steven Vitória tinha jogado tão pouco até aí que sente a falta de ritmo e tem dificuldades em lidar com Jackson Martínez. Aos 32 derruba o portentoso colombiano e é expulso, ordem de Marco Ferreira, árbitro madeirense. O Benfica ficava novamente em inferioridade númerica e não tinha as motas – Markovic, Rodrigo e Gaitán – para acelerar jogo na frente. «Alguns jogadores, como Steven Vitória, Ivan Cavaleiro, Sulejmani, Rúben Amorim, que há um mês não jogava, e até Cardozo, não são tão rápidos para jogar em contra-ataque, mas o Benfica esteve melhor a defender com 10 que com 11» explicou depois o técnico encarnado a abordagem no resto do jogo: contenção, um jogo de espera e organização defensiva (sem qualquer interesse pelo golo) que tornou aquele Porto, já de si limitado, atrozmente inofensivo – apesar de ter Danilo, Alex Sandro, Jackson, Quaresma ou Juan Quintero em campo.
Na chegada às penalidades, Oblak mostrou porque poderia ser o que se tornou – um keeper geracional – gelando o Dragão com uma frieza que há muito não se via na Luz e desde aí só lampejos semelhantes em Ederson. Oblak nessa época sofreu, nos 26 jogos que efectuou… seis golos. SEIS GOLOS.
4.
As Lágrimas de Nico – 2015-16
A última Taça da Liga conquistada pelo Benfica foi conseguida com uma espectacular vitória por 6-2, com uma demonstração do melhor futebol que aquele Benfica 15/16 de Rui Vitória produziu (na segunda volta, sim), quando Pizzi-Jonas-Renato-Nico se entretiam em malabarismos antes de servir Mitroglou. A noite mágica de futebol serviu para honrar e distrair o ilusionista principal, triste pela despedida já mais que anunciada rumo a Madrid numa transferência inevitável, por todas as maravilhosas coisas que Nico criou por cá.
Mas o choro desalmado no momento em que é substituido deixou desde logo á vista parte do seu sofrimento, enternecendo ainda mais os benfiquistas – que encheram o Cidade de Coimbra principalmente para lhe desejar boa sorte. Toda aquela melancolia deixava antever, se quiseremos imputar ao drama do momento um certo tom premonitório, um fracasso anunciado: Nico nunca foi feliz naquele futebol de encontrões e acabou definitivamente para o futebol de elite. Sabendo o que sabe hoje, talvez tivesse voltado atrás na decisão, mas à altura o Atleti, no auge da era Simeone, era realmente portentoso, com uma capacidade diferente de atrair que em 2022.
Antes de Félix, já alguém havia comprometido a carreira ao mudar-se para o Calderón/Metropolitano. Mas Nico também justificou inteiramente a oportunidade numa Liga de topo. Ainda mais que o prodígio português…
5.
O Fim do Reinado – 2016-17
Nove anos e três meses depois, 42 jogos cumpridos, o Benfica que ganhara sete Taças da Liga de rajada e se comprometia com um instinto ditatorial sobre a competição, perde finalmente – e, depois de estar a ganhar ao intervalo, fraqueja 3-1 com aquele Moreirense FC de Augusto Inácio, que espantou tudo e todos naquela final four (contornou o Braga de Jorge Simão na final, 1-0, conquistando troféu inédito na sua história). Para benfiquistas, seria o inicio da caminhada no deserto que dura até hoje.
O Moreirense já tinha ganho o grupo ao FC Porto de Nuno Espírito Santo e ia jogar contra o Benfica nas meias-finais, o que se adivinhava como passadeira vermelha e show para inglês ver – que o Benfica confirmaria facilmente o estatuto de super-favorito. Mas havia Geraldes a querer aparecer, Podence e Dramé, três leõezinhos emprestados em Moreira de Cónegos que naquela noite esfrangalharam a águia e expuseram todas as fragilidades dum já decadente sistema de Rui Vitória – que falhou a toda a linha quando a dificuldade apertou (Nápoles de Sarri, Dortmund de Tuchel) e agora, á distância de meia dúzia de anos, é fácil entender que a humilhante 2017-18 não foi só obra de azar ou mau planeamento – o sistema já tinha estagnado e estava em acelerada regressão competitiva para níveis da década anterior.
Isto foi a 26 de Janeiro. A 30, em visita ao Bonfim, o Benfica perde novamente com o Vitória sadino (1-0). Foi uma semana complicada numa época que acabaria em dobradinha, que ajudaria a camuflar muitas más ideias quanto ao futebol do Benfica."
Sem margem para o deslumbramento
"O Presidente Rui Costa, numa curta intervenção, transmitiu mensagens importantes por ocasião do Torneio Mundial de Sueca das Casas do Benfica, evento que contou com elevada participação. Nesta edição da News Benfica relevamos ainda a entrevista a Gonçalo Ramos e a atividade benfiquista, que inclui três triunfos em dérbis.
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Após um interregno devido à pandemia, o Torneio Internacional de Sueca das Casas do Benfica regressou em boa forma. 43 Casas do Benfica e cerca de 900 participantes abrilhantaram esta iniciativa, na qual predominou o benfiquismo.
Rui Costa fez questão de comparecer no evento e de dirigir um breve discurso aos Benfiquistas presentes: "Muito obrigado a todas as Casas do Benfica que continuam a ser um pilar muito importante na história e na vida do nosso Clube. Estamos espalhados por todo o Mundo e esse é um dos nossos maiores orgulhos."
O Presidente enalteceu o bom momento vivido pelo Clube e deixou um alerta: "Trabalhamos afincadamente, procurando que os anos sejam e acabem como está a correr este a nível desportivo. Não só no futebol, nas modalidades também, está a ser, até aqui, um ano positivo, mas falta muito até às conquistas e este foco não pode ser perdido e nem podemos estar com um deslumbramento por as coisas estarem a correr bem", disse.
Veja a reportagem da BTV.
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Gonçalo Ramos concedeu uma entrevista exclusiva ao BPlay, disponível nessa plataforma e nos restantes meios do Benfica. O jovem avançado faz um balanço dos primeiros meses da temporada e reforça o primado do coletivo: "Estamos a fazer um dos melhores arranques da história do Clube e depois, claro, isso vai-se refletir em números individuais, tanto para mim, como para os meus colegas."
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Domingo de dérbis com o Sporting, sinónimo de pleno de vitórias encarnadas. No Pavilhão João Rocha, ganhámos, por 1-3, em voleibol. Em futsal feminino, 1-4 foi o resultado do encontro com as leoas. E, no râguebi feminino, 5-8 para a nossa equipa.
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Estamos de volta à liderança do Campeonato Nacional de hóquei em patins, numa jornada em que vencemos a Juventude de Viana por 8-1. A equipa feminina bateu o GC Odivelas por 10-2. No basquetebol, a nossa equipa bateu o GDESSA por 63-58 e apurou-se para os quartos de final da Taça de Portugal. E conseguimos ainda um triunfo esclarecedor, por 22-34, na 1.ª mão da 3.ª ronda da EHF European Cup ante o ZRK Borac, da Bósnia.
Consulte a agenda para conhecer todos os resultados da última semana e na qual constam ligações para reportagens e resumos de todas as partidas do Benfica no futebol e modalidades de pavilhão.
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Amanhã é dia de compromissos europeus na Luz. Às 18h00, a nossa equipa de basquetebol recebe o VEF Riga em jogo a contar para a 5.ª jornada da fase de grupos da Basketball Champions League. Às 19h45 é a vez do andebol, em que defrontamos o Montpellier em partida da fase de grupos da EHF European League. Antes, em Mafra, há jogo dos Sub-23 na Liga Revelação (13h00)."
Bastidores...
"O Sporting CP foi campeão, fruto do enorme trabalho de bastidores de Antero Henriques, onde é mestre e se sabe movimentar.
Pinto da Costa não o quis de volta na SAD portista.
Agora será ele a conseguir fazer do SC Braga campeão em breve, mostrando ao presidente portista que estava enganado e o deve ir buscar de novo para a SAD dos azuis. Esperemos para ver..."
Catarses 2️⃣0️⃣ O último “record” de Eusébio
"Se pensarmos em Eusébio como um disco (“record”, no inglês) e em Cristiano Ronaldo como um cd, chegamos à metáfora de Neil Young sobre o choque entre gerações: “Steve Jobs foi o pioneiro da música digital, mas quando chegava a casa punha um disco de vinil”.
Kylian Mbappé, o fenómeno a quem ouvi ontem chamar de novo “pantera negra”, misto de Eusébio e Pelé, a tornar-se no melhor jogador da era digital, quebrou frente à Polónia o “último” recorde mundial do maior jogador português do século do vinil: por 198 dias, recebeu do moçambicano o testemunho de jogador mais jovem a marcar 9 golos num campeonato da FIFA, na interminável estafeta de procurar fazer melhor do que o percurso anterior.
Pronto, não há mais recordes de Eusébio para bater, concentremo-nos no trabalho de ganhar à Suíça, nem que seja com golos de André Silva ou de Seferovic na própria baliza.
“Terça-feira nem pensar, tenho jogo”, diria o próprio Eusébio, se estivesse entre nós, com 80 anos, e lhe quiséssemos agendar uma entrevista para debater este momentoso assunto, que pudesse desviar, por minutos que fosse, a atenção focada no transcendental confronto de Doha. Além de logo ter matado a polémica, desejando que Cristiano Ronaldo marcasse os golos que faltam para chegar ao título que ele e todos os portugueses acham merecer desde 1966.
Ao futebol, desporto canibal que seca o mediatismo a todas as modalidades desportivas, só faltava esta febre dos recordes que acomete alguns solistas excêntricos que procuram distanciar-se dos artistas comuns que lhes carregam o piano em cada espetáculo.
O “Guiness Book of Records” descobriu o filão há alguns anos e desenvolveu uma categoria autónoma sobre futebol, em parte ancorada na figura de Cristiano Ronaldo, um papa-recordes insaciável, que já forrou uma parede com os diplomas encaixilhados das suas proezas e que tem suficiente tracção mediática, à escala mundial, para concentrar atenções nesta marginalidade, abrindo-lhe mais uma frente de negócio.
Do máximo de golos numa época de Champions à personalidade com mais seguidores nas redes sociais, passando pelos ‘hat tricks’ na Liga espanhola e acabando nos golos em partidas de seleções e em Europeus, Cristiano Ronaldo já detém o recorde dos recordes reconhecidos pelo “Guiness”, que o condecorou até pelo “rating” mais alto (99%) no jogo eletrónico FIFA 18.
Ele é o “serial killer” dos recordes do futebol.
A par do incremento das estatísticas minuciosas, da cultura dos jogos electrónicos, do apetite voraz por novos “conteúdos” de media social e da diversidade e pressão dos patrocinadores, desenvolveu-se esta indústria efémera do recorde, por pouco e por nada, ridícula e vazia de romantismo como um iPod.
Os americanos chamam-lhe “hype”, abreviatura de “hyperbole”: expressão exagerada de forma dramática para potenciar campanhas publicitárias ou ações de marketing impactantes. É isto a pirexia do recorde que tem arrastado Cristiano Ronaldo para situações ridículas a cada jogo que passa, em contraste com o registo imorredouro do desportivismo romanesco que Eusébio deu ao mundo em 1966.
Recorde, o anglicismo que deriva de “record” (registo), evoluiu na linguagem universal para “façanha desportiva registada oficialmente, que consiste na ultrapassagem de tudo quanto se fez no género”, um conceito factual sem margem para discussões que, todavia, não apaga nem diminui o valor dos pioneiros. Émile Berliner também foi o inventor dos “records” de 78 rotações, mas é a Thomas Edison que devemos o fonógrafo.
Ora, o sensacional registo de 9 golos de Eusébio em apenas um Mundial (1966) é um recorde nacional que nunca será batido. Tal como acontece a nível mundial com os 13 golos de Juste Fontaine em 1958 - apesar de Miroslav Klose e Ronaldo “Fenómeno”, o outro Ronaldo simples e bonacheirão brasileiro, terem superado esse número em vários campeonatos posteriores.
Meti-me nesta embrulhada de estabelecer o recorde do artigo com mais “recorde” escritos, porque uma das palavras da minha vida é “Record”, nome de jornal de futebol criado por gente do Atletismo, a modalidade dos recordistas eternos, como Jesse Owens, Carl Lewis ou Serguey Bubka, cujo lema foi sempre procurar ser melhor do que a concorrência.
Afinal, também detenho o recorde do “Record”, com seis entradas (e saídas), ao longo de 35 anos, de aprendiz a diretor. Acho que nem o Cristiano Ronaldo consegue bater isso."