Gonçalo Ramos | Jogador influente ou elo mais fraco do SL Benfica?


"Nas últimas épocas, o SL Benfica vinha a tornar-se num autêntico cemitério de avançados/pontas-de-lança. Nos últimos anos, vimos avançados como Luka Jovic, Nicolas Castillo, Facundo Ferreyra, Raul de Tomás e Luca Waldschmidt a chegaram ao Benfica rotulados de craques. Mas por uma ou por outra razão, estes jogadores estiveram longe de corresponder às expectativas.
Em 2020, o Sport Lisboa e Benfica viria a pagar 24 milhões de euros pela contratação de Darwin Nuñez. O internacional uruguaio marcou 48 golos em duas épocas de águia ao peito. No entanto, devido às suas limitações a nível técnico e da tomada de decisão, também nunca foi um jogador consensual no seio dos adeptos encarnados.
Já com Gonçalo Ramos, a história foi um pouco diferente. A época passada seria a primeira época em que jogou com regularidade na equipa principal, marcando oito golos em todas as competições. Números que deixaram alguns adeptos encarnados com dúvidas acerca do seu potencial.
Nesta época, Gonçalo Ramos tem sido um dos indiscutíveis nas opções de Roger Schmidt, participando em 20 dos 22 jogos já disputados pelo Benfica na época, todos como titular. Neste momento, leva 12 golos e cinco assistências, números que ainda não fazem dele um jogador consensual entre os adeptos benfiquistas.
Há benfiquistas que acham (e com razão) que o seu rendimento não deve ser avaliado apenas em função dos números, mas também em fundão daquilo que acrescenta à equipa. Na formação, Gonçalo Ramos era um médio que gostava de aparecer em zonas de finalização, apresentando bons números para a posição. Ao transitar para os Júniores/equipa B, Gonçalo Ramos viria a começar a ser aposta no ataque, começando a mostrar que podia vir a fazer uma carreira de sucesso na posição.
Neste momento, Gonçalo Ramos é um ponta-de-lança que, para além da sua qualidade na finalização, destaca-se pelas soluções colectivas que oferece sem bola, quer seja na pressão na saída de bola da equipa adversária, quer seja a jogar em apoio, a atacar a profundidade, ou a criar espaços na defesa adversárias para os seus colegas aproveitarem. É um avançado que corresponde ao perfil que Roger Schmidt privilegia na posição para as suas equipas.
Porém, o avançado algarvio ainda revela algumas lacunas no seu jogo que o impedem de ter um desempenho mais consistente, nomeadamente a nível da recepção de bola e da definição do timing de finalização. No entanto, Gonçalo Ramos trata-se de um jogador de 21 anos, que tem margem de progressão, sendo que estas lacunas não são nada que não se resolva com mais experiência a um nível competitivo e com trabalho específico em treino que aprimore esses aspectos do seu jogo.
Por outro lado, existem também alguns adeptos que dizem que os números que apresenta nesta época ainda são insuficientes para um avançado que esteja realmente a altura da dimensão do Benfica. Neste artigo, irei fazer aqui uma análise ao desempenho dos avançados das equipas que Roger Schmidt treinou profissionalmente, bem como de outras equipas europeias que se têm destacado nesta época pela sua produtividade ofensiva.
Passando aos números, o Benfica tem neste momento 58 golos marcados em 22 jogos, o que dá uma média de 2,64 golos por jogo. Gonçalo Ramos é o melhor marcador da equipa encarnada, tendo facturado por 12 vezes em 20 jogos. Sendo assim, tem média de 0,6 golos por jogo, marcando 20,7% dos golos marcados pelo Benfica.
Agora, vamos analisar o rendimento dos avançados titulares de outras equipas com grande produtividade ofensiva:
- SSC Napoli (50 golos marcados em 18 jogos; média de 2,8 golos por jogo)
- Victor Osimhen => 8 golos em 11 jogos; média de 0,73 golos por jogo; 16% dos golos da equipa

- FC Bayern Munique (71 golos marcados em 21 jogos; média de 3,4 golos por jogo)
- Sadio Mané => 11 golos em 21 jogos; média de 0,53 golos por jogo; 15,5 % dos golos da equipa

- Real Madrid (46 golos marcados em 19 jogos; média de 2,4 golos por jogo)
- Karim Benzema => 6 golos em 12 jogos; média de 0,5 golos por jogo; 13% dos golos da equipa

- Paris SG (56 golos marcados em 20 jogos; média de 2,8 golos por jogo)
- Kylian Mbappé => 18 golos em 18 jogos; média de 1 golos por jogo; 32% dos golos da equipa

- Manchester City (52 golos marcados em 19 jogos; média de 2,74 golos por jogo)
- Erling Haaland => 22 golos em 16 jogos; média de 1,34 golos por jogo; 42% dos golos da equipa

- Arsenal FC (38 golos marcados em 18 jogos; média de 2,11 golos por jogo)
- Gabriel Jesus => 5 golos em 17 jogos; média de 0,29 golos por jogo; 13% dos golos marcados da equipa

- Ajax (52 golos marcados em 18 jogos; média de 2,89 golos por jogo)
- Steven Bergwijn => 10 golos em 18 jogos; média de 0,56 golos por jogo; 19% dos golos da equipa

Como se pode verificar, a maioria dos avançados titulares destas equipas possui uma percentagem dos golos da equipa inferior à que Gonçalo Ramos tem no Benfica, com excepção de Mbappé e Haland. No entanto, comparar os desempenhos de avançados de diferentes equipas também tem um lado falacioso, visto que independentemente da sua produtividade ofensiva, as equipas possuem ideias e estilos de jogo diferentes e com isso, os papéis dos avançados nas respectivas equipas também podem diferir.
Por exemplo, equipas como o Bayern Munique, o PSG e o Ajax têm jogado com um ataque móvel, com constantes trocas posicionais entre os atacantes e sem uma referência fixa na posição mais adiantada. Para além disso, com o decorrer da temporada, estes os números destes jogadores alteram de jogo para jogo.
Como tal, creio que a forma mais justa de avaliar os números de Gonçalo Ramos, é comparando-os com os números dos pontas-de-lança das equipas de Roger Schmidt ao longo da sua carreira.

- SC Paderborn 07 11/12 (61 golos em 36 jogos; média de 1,69 golos por jogo)
- Nick Proschwitz => 19 golos em 35 jogos; média de 0,54 golos por jogo; 31% dos golos da equipa

- Red Bull Salzburg 12/13 (107 golos em 43 jogos; média de 2,49 golos por jogo)
- Jonathan Soriano => 29 golos em 38 jogos; média de 0,76 golos por jogo; 27% dos golos da equipa

- Red Bull Salzburg 13/14 (175 golos em 56 jogos; média de 3,13 golos por jogo)
- Jonathan Soriano => 48 golos em 43 jogos; média 1,12 golos por jogo; 27% dos golos da equipa

- Bayer Leverkusen 14/15 (87 golos em 48 jogos; média de 1,81 golos por jogo) 
- Stefan Kiessling => 19 golos em 48 jogos; média de 0,4 golos por jogo; 22% dos golos da equipa

- Bayer Leverkusen 15/16 (89 golos em 50 jogos; média de 1,78 golos por jogo)
- Javier Hernández => 26 golos em 40 jogos; média de 0,65 golos por jogo; 29% dos golos da equipa

- Bayer Leverkusen 16/17 (67 golos em 44 jogos; média de 1,52 golos por jogo)
- Javier Hernández => 13 golos em 36 jogos; média de 0,36 golos por jogo; 19% dos golos da equipa

- Beijing Guoan 2018 (80 golos em 38 jogos; média de 2,05 golos por jogo)
- Cédric Bakambu => 23 golos em 28 jogos; média de 0,82 golos por jogo; 29% dos golos da equipa

- Beijing Guoan 2019 (71 golos em 40 jogos; média de 1,78 golos por jogo)
- Cédric Bakambu => 14 golos em 24 jogos; média de 0,58 golos por jogo; 20% dos golos da equipa

- PSV 20/21 (102 golos em 47 jogos; média de 2,17 golos por jogo)
- Donyell Malen => 27 golos em 45 jogos; média de 0,6 golos por jogo; 27% dos golos da equipa

- PSV 21/22 (134 golos em 58 jogos; média de 2,31 golos por jogo)
- Eran Zahavi => 20 golos em 46 jogos; média de 0,45 golos por jogo; 15% dos golos da equipa

O que se pode ver através desta comparação é que, apesar de alguns dos avançados mencionados terem médias de golos superiores à que Gonçalo Ramos tem actualmente, a percentagem de golos não diferem tanto entre si, com apenas um jogador a ter mais de 30% dos golos da sua equipa.
No entanto, as percentagens de golos relativamente baixas dos avançados das suas equipas demonstram duas coisas: primeiro, que Roger Schmidt sempre privilegiou equipas com um coletivo forte e um ponta-de-lança que trabalhe para a equipa em detrimento de um ponta-de-lança que seja um goleador nato, mas que tenha pouco sentido de jogo colectivo.
Segundo, ver um ponta-de-lança com uma baixa percentagem de golos numa equipa com uma elevada produtividade ofensiva indica que a equipa tem vários jogadores com boa capacidade de finalização em vez desse papel de resumir ao ponta-de-lança. E pessoalmente, eu prefiro que seja assim.
O meu veredicto é que Gonçalo Ramos está longe de ser o elo mais fraco, mas também ainda é um ponta-de-lança em desenvolvimento. Gonçalo Ramos corresponde aos padrões que Roger Schmidt exige para a posição, que tem tido um bom rendimento, mas com a sua juventude e alguns aspectos a aprimorar, tem tudo para crescer e se tornar num jogador bastante referenciado no futebol mundial."

Golos!


"Você sabiam que esta época, se incluirmos os jogos de pré-época, o SL Benfica de Roger Schimdt já marcou 80 golos!?
Sim, leram bem! 80 golos. E ainda só vamos no início de Novembro!! São 28 jogos, 24 vitórias, 4 empates. Com expressivos 80 (!!) golos marcados e 21 sofridos há por aí muito boa gente que ainda está à espera de um teste a sério.
'Cheira-nos' que mesmo vencendo a Champions League esse teste não apareça, afinal de contas já há quem diga que é a pior edição de sempre...
Isto de andar preso por arames...😏
Carrega Benfica 🔴⚪🦅"

Dois anos de prisão!


"➡️Vozes da cartilha: "ah e tal ninguém pode dizer que ele agrediu! Não há imagens".
➡️Realidade: Dois anos de prisão por agressão a jornalista.
Pena suspensa que é como quem diz, não se passa nada.
#oportofazmalaofutebol"

A cobiça inesperada


"Numa equipa que acabara de se sagrar campeã europeia, nem o staff escapou ao interesse dos clubes estrangeiros

No início da década de 1960, o Benfica ganhou maior visibilidade e reputação internacional, como resultado da conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Os jogadores encarnados brilharam nos palcos europeus, ganhando admiradores pelo estrangeiro. Ao longo da campanha, desde a baliza ao ataque, os atletas foram bastante elogiados, motivando o interesse por parte da emblemas renomados.
Em Outubro de 1961, o campeão europeu recebeu num jogo particular o Eintracht Frankfurt, finalista derrotado pelo Real Madrid na Taça dos Clubes Campeões Europeus 1959/60. Pouco mais de um ano depois da final, o conjunto germânico mantinha a maior parte do onze, alterando apenas um jogador na defesa e dois no ataque. Na primeira vez que benfiquistas e águias negras se defrontaram, o massagista José Ramos foi destacado para prestar auxílio aos germânicos. Tanto atletas como dirigentes 'mostraram-se satisfeitos com a sua prestação', ao ponto da equacionarem a sua contratação. Contudo, a proposta não chegou a ser formalizada.
Em Outubro de 1965, o Eintracht deslocou-se a Portugal e solicitou novamente ao Benfica os serviços de José Ramos. A colaboração aguçou o interesse, e os alemães efetivaram uma proposta bastante interessante: 'um ordenado mensal de mil duzentos e cinquenta marcos, correspondente a quase nova mil escudos, viagem paga de ida e volta em avião, alojamento. Além disso, refere-se a um período de férias no defeso. O contrato teria a validade de um ano e seria rescindido logo que uma das partes o entendesse'.
Perante condições aliciantes, José Ramos pediu a opinião dos seus amigos, os quais 'noventa e nove por cento aconselharam a partir imediatamente'. No entanto, o receio de perder a posição no Benfica após o regresso e, principalmente, a ligação emocional aos encarnados - 'foi no Benfica que me iniciei e tenho feito carreira, ganhei muitas amizades e grande amor ao Clube' - foram motivos preponderantes para recusar a oferta. Manteve-se de águia ao peito e teve uma longa carreira nos serviços médicos do Clube, até no final dos anos 90.
No ano em que se assinalam os 60 anos da segunda conquista na Taça dos Clubes Campeões Europeus, recorde a percurso dos encarnados na área 12 - Honrar o País do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Eles merecem, e nós também


"1. Com a robusta vitória obtida frente ao Desportivo de Chaves, no último sábado, conseguiu este Benfica de 2022/2023 igualar a série do Benfica de Eriksson na já muito distante temporada de 1982/1983. Vinte e um jogos consecutivos sem conhecer uma derrota. Foi, sem dúvida, obra na empolgante era do treinador sueco que veio revolucionar o futebol português na década de 80 do século passado, e é obra nesta era de hoje, a era de Roger Schmidt, o treinador alemão que veio revolucionar o futebol do Benfica.

2. Mas que dificilmente revolucionará o futebol português como fez Eriksson há quatro décadas porque, como todos sabemos, o futebol português vive felicíssimo nos seus lamaçais perenes e não se deixa revolucionar. É pena. Não sabem o que perdem. Refiro-me aos lamaçais, obviamente.

3. Não mudando de assunto, não há como não constatar que prossegue o peditório patriótico para a 'reconciliação' do nosso jogador Rafa Silva com os ditames da seleção nacional de Fernando Santos e de Fernando Gomes. Para a FPF, Rafa é um jogador de utilidade extrema.

4. Não para jogar, obviamente, porque a sua velocidade de ponta seria um embaraço para o pequeno futebol da seleção, mas como distração. A campanha do 'feitio complicado' e da 'falta de compromisso' serviu como distração depois de um mau resultado com a Sérvia, e agora, depois das recentes notícias sobre fiscalidade e contratos na FPF, volta Rafa a servir de distração para não se falar de semelhantes assuntos.

5. 'Desde o dia em que cheguei aqui ao Benfica fizeram-me sentir como se fosse o meu primeiro clube. Estou agradecido por isso, estou agradecido às pessoas do clube, aos funcionários do clube e aos adeptos'. Estas são palavras de Nicolas Otamendi, o capitão do Benfica. Um pequeno tratado de reconhecimento. São, sem dúvida, palavras que enobrecem o internacional argentino que chegou à nossa casa no mercado de Verão de 2020 e que enobrecem o clube que hoje representa, o nosso.

6. Na quarta-feira, com a vitória ainda mais robusta sobre os campeões de Israel, conseguiu o Benfica qualificar-se em 1.º lugar no seu grupo de qualificação para os oitavos de final da Liga dos Campeões. E, ao mesmo tempo, igualar a série de 22 jogos invictos do Benfica de Jorge Jesus na temporada da 2011/2012. Ainda há umas quantas séries por igualar. Confiemos. Elas merecem. E nós também.

7. O Benfica estará na segunda-feira no sorteio de Nyon na posição de cabeça de série. É brilhante o que foi conseguido e como foi conseguido. O final do jogo de Israel fica para a História."

Leonor Pinhão, in O Benfica

Pensamento nas vitórias


"Escrevo a horas do jogo em Haifa, inabalavelmente convicto de que venceremos, não obstante estar bem ciente de que esta partida se reveste de dificuldade significativa e os chamados imponderáveis estão sempre à espreita. Não se trata de triunfalismo ou optimismo desmesurado, tão somente de uma constatação irrefutável: a nossa equipa joga bem e fá-lo de forma consistente. Acaso não ganhemos, logo se verá e o apuramento está garantido, mas escrevo o que penso e, agora e até prova em contrário, é só na vitória que penso.
O desempenho da equipa, desde o início da temporada, é o mote para este estado de espírito. Nesta página, assumi as minhas legítimas expectativas de um bom resultado na deslocação a Paris. A anteceder o jogo com o Porto, declarei que ganharíamos. Porém, não menosprezemos a inevitável dose de crença; afinal, por vezes, até o ateu mais empedernido se deixa enredar em algo do domínio da fé.
É claro que, após uma semana em que “banquete de futebol” foi a expressão mais usada para caracterizar as exibições do Benfica ante Juventus e Chaves – adequada embora redutora, faltando-lhe acrescentar “pantagruélico” – nada mais é natural do que um reforçado optimismo.
Até porque as ditas exibições surgiram na sequência de uma importante vitória frente ao Porto, logo seguidas de tentativas de minimização da “qualidade” do triunfo tão confrangedoras quanto esperadas. O título do livro, acaso existisse, seria “Propaganda para totós à moda do Porto”.
Toda aquela conversa bafienta sobre o suposto mérito do vencido por oposição ao, deixem-me rir, demérito do vencedor, por acaso logo abafada pelo embate violentíssimo com a realidade na jornada seguinte, lembrou-me uma ideia de John Milton, acérrimo defensor da liberdade de expressão no século XVII, que me arrisco a adaptar.
Os dislates do Conceição após o jogo e a reprodução acrítica dos mesmos por certa comunicação social são como se fechassem os portões do parque natural da excelência futebolística para que as águias não o sobrevoassem. Em suma, inútil. Porque não nos afecta e, sobretudo, nem eles terão acreditado no que disseram. E a caravana passa…"

João Tomaz, in O Benfica

Que bonito é


"Sempre gostei de filmes, séries e documentários sobre desporto, sobre grandes feitos, histórias de superação e vitórias épicas. Hoje, as plataformas de streaming permitem aceder a centenas de títulos relacionados com o tema, mas, há quase 40 anos, a coisa não era assim. Tirando a Fuga para a Vitória, de 1981, com Pelé, Stallone e um naipe recheado de estrelas, ou o Momentos de Glória, também do mesmo ano, com o atletismo e a superação individual a dominar o enredo, a pouco mais se tinha acesso num país acabado de sair de uma triste ditadura. Por isso, foi uma grande regozijo que, em 1986 (ano de Mundial no México), a RTP começou a transmitir, à hora de almoço, uma telenovela que me ficou na memória - Vereda Tropical. Não tinha a melhor das histórias, mas, entre outros temas, tratava de futebol e de um clube de bairro onde brilhava um atacante temível. Luca, do Cantareira Esporte Clube, interpretado por Mário Gomes. Tinha algumas das atrizes mais populares da época, como Lucélia Santos, Maria Zilda ou Marieta Severo, mas a mim o que me interessava, aos 11 anos, era esperar por cada episódio para ver as cenas do futebol, os golos do Luca, a loucura dos adeptos nas bancadas daquele bairro de São Paulo. Era futebol em estado puro.
Voltei à Vereda Tropical quase 40 depois, com as exibições deste SL Benfica orientado por Roger Schmidt e a sua equipa técnica. As jogadas, os golos, as vitórias e a alegria lembram a beleza do futebol puro, para a frente, como espectáculo que é. Ou, como diz a letra da música que é genérico da novela, Na Cadência do Samba, de Luís Bandeira:
'Que bonito é
Ver um samba no terreiro,
Assistir a um batuqueiro
Numa roda improvisar'.
Que bonito é este Benfica que me faz ansiar por cada jogo."

Ricardo Santos, in O Benfica

Um Benfica muito desagradável


"Convidar uma velha senhora a vir tomar um chá em nossa casa para depois a atirar ao chão e humilhar? Isto não é o Benfica. Os idosos merecem mais respeito. Durante 90 minutos, o comportamento da equipa do mister Roger Schmidt diante da Juventus foi muito desagradável. O miúdo António Silva, agora com 19 anos, joga que se farta, marca golos e festeja-os inspirando-se em jogos de PlayStation. E pergunto eu: onde fica a escola no meio de tudo isto? É com este exemplo que Portugal vai ter jovens com melhor formação académica, António? Ou a malta se balda às aulas para ir ao Estádio da Luz ajudar a vencer o clube que mais vezes conquistou o campeonato italiano, ou a malta se inscreve em explicações de Cálculo II para não deixar outra vez a cadeira para trás. E o Otamendi, que já tem idade para ter mais juízo, ali ao lado ainda aplaude?
Regra geral, todos queremos uma sociedade unida por um forte sentido de partilha. No entanto, quando olhamos para o relvado, vemos o João Mário e o Aursnes a passarem a bola apenas e só aos amiguinhos deles. Se os amiguinhos ficam sem a bola, o Florentino e o Enzo tratam logo de a recuperar novamente para lhes devolver. Depois, todos os outros colegas alimentam esta teia de egoísmo, e o pior de todos, estimado leitor... o pior de todos, bem, o que dizer sobre ele? Rafael Alexandre Fernandes Ferreira da Silva e um criminoso à solta. As multas de excesso de velocidade, os sinais de trânsito que ele ignora, os túneis que cava a meio de qualquer estrada. Bem queria Fernando Santos ser polícia para poder apanhá-lo. Sei que ainda falta quase um mês, mas já estou ansioso que chegue o Mundial... para que o Rafa possa descansar."

Pedro Soares, in O Benfica

O discurso como método


"Escrevo antes de a equipa de futebol profissional do Benfica subir ao relvado do estádio do Maccabi Haifa para batalhar na jornada de encerramento das contas do grupo H da Liga dos Campeões. Prioritária era a qualificação para os oitavos de final da Champions League, e essa foi conseguida e confirmada a tempo e horas, na 5.ª ronda, antes de qualquer eventual bónus, em mais uma estupenda noite no Estádio da Luz, onde a Juventus foi dobrada pelo poderoso vigor de uma ideia de jogo (brilhantemente interpretada pelos jogadores) e do discurso do treinador benfiquista.
Não consigo afirmar que, até ao fim de semana de 30 de Outubro, Roger Schmidt começou a ganhar os jogos nas conferências de imprensa, mas a verdade é que, em todas as ocasiões em que ele saiu desses momentos de perguntas e respostas, senti-o sempre mais perto do sucesso, mais próximo de vencer o desafio seguinte e/ou de alcançar os objectivos anunciados. O técnico não enrola as explicações sobre o que é (genuinamente) assunto no futebol e que, por isso mesmo, merece uma reflexão, uma opinião, um parecer ou um comentário; não mastiga as justificações sobre as tomadas de decisão; não mascara a realidade nem os factos do jogo, dos mais complexos aos mais elementares e óbvios, todos os que qualquer adepto consegue identificar e puxar para a análise e para a discussão no calor dos acontecimentos.
De tão simples, até parece fácil? Sem rodeios nem evasivas, mas num registo equilibrado que o centra na rota-chave, Roger Schmidt tem feito da clareza, da frontalidade e da lucidez analítica importantes pilares das mensagens veiculadas antes e depois dos jogos. As palavras não lhe queimam. Bem pelo contrário, são essenciais na sua estratégia de comando. Uma liderança que, sem pejo, valoriza publicamente o todo e o individual, moralizando da baliza ao ataque, e vice-versa.
'Claro que são as minhas decisões, mas, no fim, são os jogadores que decidem por si mesmos se jogam, ou não. A minha responsabilidade é assegurar que em campo entra a equipa com maior probabilidade de vencer jogos. Esse é o meu objectivo' - estas é apenas uma entre diversas afirmações de Roger Schmidt que dizem muito sobre o perfil do treinador e sobre as prestações da equipa do Benfica nos primeiros meses da temporada 2022/23."

João Sanches, in O Benfica

Mérito


"Líder isolado do Campeonato, apurado para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões, em frente na Taça de Portugal, a duas semanas do início da Taça da Liga, o Benfica tem tudo para realizar uma grande temporada.
Depois de a comunicação social lhe exigir testes e mais testes - primeiro era o Bessa, depois era Turim, mais tarde Paris, no Dragão é que era -, creio que já se poderá afirmar com segurança que Roger Schmidt foi uma aposta acertadíssima.
Tiro o meu chapéu a quem o escolheu, pois na altura a opção não parecia assim tão óbvia. Tratava-se de um técnico com poucos títulos, que não conhecia as especificidades do futebol português. Porém, o alemão encaixou como uma luva no contexto do Benfica. Demonstrou ser o homem certo para a mudança que se pretendia. Hoje é absolutamente consensual entre os adeptos, e admirado até pelos rivais.
O seu discurso é sereno e inteligente: com grande elevação, nunca deixa nada por dizer. Dá gosto ouvi-lo falar.
Em campo, cedo mostrou sabedoria, definindo rapidamente um onze-base, o que possibilitou criar desde logo rotinas de jogo que agora se notam e enaltecem. Recuperou Florentino, teve a coragem de lançar António Silva, soube extrair o melhor de jogadores como Grimaldo, João Mário e, sobretudo, Rafa.
É verdade que os reforços também ajudaram: Bah, Enzo, Aursnes e Neres são inegáveis incrementos de qualidade face ao plantel anterior. O mercado foi muito bom, mas em Janeiro pode ainda melhorar, designadamente quanto às segundas-linhas - que em algumas posições não estarão à altura das primeiras.
Temos treinador e temos Benfica. Venham títulos!"

Luís Fialho, in O Benfica

Parceria pela vida!


"A solidariedade entre os povos encontra muitos caminhos, procura afinidades e atravessa pontes. É o que se tem visto na Ucrânia, que, debaixo de ataque cerrado, encontra no chamado mundo ocidental importantes ajudas para o seu povo, que tanto tem sofrido.
Por direito próprio, o futebol é parte integrante das afinidades que ligam a Ucrânia ao mundo, arrastando para as multidões dos estádios a urgência de se multiplicarem acções solidárias. O Benfica, clube humanista, de valores e matriz popular, foi o primeiro clube europeu a mobilizar o país através da Fundação e fez chegar abundante ajuda humanitária bem dentro da área de conflito, junto das vítimas de guerra a quem quase nada chegava nos primeiros dias de confusão e caos generalizado. Para isso deu as mãos com as autoridades ucranianas e com o Shakhtar Donestsk, fazendo uma verdadeira ponte solidária com ajuda, em Portugal, da SIC Esperança, que fez ecoar a voz deste Benfica solidário em todos os recantos.
Hoje, com o mesmo espírito, ainda sem fim à vista para esta guerra injusta, mantemos e aprofundamos a parceria com o Shakhtar e fazemos dela, renovadamente, uma parceria pela vida!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"1
Com a ausência de Enzo em Haifa, ficou reduzido a 1 o número de jogadores utilizados por Roger Schmidt em todos os jogos oficiais, Florentino. Com 21 participações há Enzo, Grimaldo, João Mário e Odysseas;

1’51’’
Pertence agora a Neres o golo do Benfica mais madrugador da temporada. Dos 52 golos apontados, apenas cinco ocorreram nos primeiros 15 minutos de jogo (dois dos quais frente ao Chaves);

11
É a 5ª vez que o Benfica está invicto nos primeiros 11 jogos do Campeonato com, no máximo, um empate. Em 1972/73 e 1982/83 venceu todos os jogos. Na presente época, em 1960/61 e 1983/84 venceu 10 vezes e cedeu 1 empate. 29 golos marcados é um registo superado apenas uma vez desde 1990/91, inclusive. Melhor desempenho defensivo do que os 5 golos sofridos em 2022/23 só aconteceu uma vez desde 1991/92, inclusive. E os 8 jogos sem qualquer golo permitido a adversários só foi suplantado duas vezes em toda a história (1980/81 e 1990/91);

14
Está estabelecido o novo recorde benfiquista de pontos na fase de grupos da Liga dos Campeões e o 1º lugar foi alcançado na última jornada, na qual marcou 6 golos, também recorde nesta fase da competição;

16
João Mário lidera o ranking “golos + assistências”, com 16 (8+8). Seguem-se Gonçalo Ramos (12+3), Rafa (11+4) e Neres (6+7);

22
“Jogos oficiais” invencível desde o início da temporada. É a 5ª vez, considerando todas as competições oficiais (regionais, nacionais e internacionais) que o Benfica não perde nos primeiros 22 jogos (anteriormente conseguiu-o em 1964/65, 1971/72, 1977/78 e 2011/12);

100
Com o Chaves, Otamendi atingiu a marca redonda dos 100 jogos em competições oficiais pelo Benfica."

João Tomaz, in O Benfica