terça-feira, 4 de outubro de 2022

Em nome de quê?


"O calendário do futebol de selecções, é uma aberração. As competições de clubes são cada vez mais exigentes, os investimentos, cada vez mais avultados, e não faz sentido, de dois em dois meses, interromper tudo e fazer os atletas voar para outras latitudes e continentes, sujeitos a metodologias de trabalho diferenciadas objetivamente os clubes que lhes pagam os salários.
É algo que não interessa aos jogadores, muito menos aos treinadores, e menos ainda aos adeptos - que no longo de temporada são confrontados com estes desagradáveis momentos de anticlimax. Também não vejo que benefício possam tirar televisões e patrocinadores.
Se tal era verdade em épocas anteriores, mais difícil se torna entender esta paragem, com um Campeonato do Mundo a disputar-se dentro de dois meses. Faria todo o sentido agregar os jogos da Liga das Nações à antecâmara do Mundial, realizando apenas uma pausa, antecipando-a uma semana. As partidas ganhavam interesse (e utilidade). Os clubes não saíam (tão) prejudicados. Os seleccionadores tinham mais tempo de trabalho continuado. As audiências seriam maiores.
Afinal, a quem interessam estas pausas? Confesso que não percebo.
No caso do Benfica, preocupa-me sobretudo a condição de Otamendi e Enzo, dois titulares absolutos, que irão chegar com enorme desgaste, e em cima do jogo de Guimarães - que por sua vez antecede semana de Liga dos Campeões.
Não admira que os benfiquistas saúdem em massa a decisão de Rafa. Além de convocatórias obtusas, além de otávios, estes calendários tornam o futebol de selecções cada vez mais antipático."

Luís Fialho, in O Benfica

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"2
Depois da Supertaça, a Taça Vítor Hugo, a 2ª do historial benfiquista no basquetebol (feminino);

7
Supertaças de futsal (feminino), a 6ª consecutiva, conquistadas pelo Benfica nas 7 vezes que disputou o troféu;

10
Subiu para 9 o número de troféus ganhos pelo Benfica em 2022/23 (futebol e modalidades de pavilhão, equipas seniores). Acresce a intercontinental sub20 de futebol;

16
O Benfica está, pelo segundo ano seguido, entre os 16 melhores da Europa na vertente feminina de futebol;

39
O Benfica está na fase de grupos da Basketball Champions League, uma prova criada em 2016 e a 3ª na hierarquia do basquetebol europeu. Longe vão os tempos do Benfica entre os melhores da Europa, num contexto competitivo europeu e regras de utilização de jogadores estrangeiros diferentes e muito mais exigentes a nível financeiro. Hoje, chegar a esta fase desta competição é um feito, tanto que é a primeira vez que um clube português o consegue. No jogo derradeiro da fase de qualificação, Ivan Almeida marcou 39 pontos (9/14 triplos) e fez lembrar as exibições memoráveis de Carlos Lisboa, das quais a mais referida agora foi aquela frente ao Partizan, em 1995, em que somou 45 pontos com 10 lançamentos de 3 pontos convertidos;

73000
A atividade do Sport Lisboa e Benfica gerou um lucro de cerca de 73 mil euros em 2021/22, sendo que o prejuízo verificado se deveu, aplicando-se o método de equivalência patrimonial, à influência das contas da Benfica SAD (direta e via Benfica SGPS). Assim, expurgando-se a influência das participadas, o clube regista lucro pelo 13º ano consecutivo;

16997000
O Sport Lisboa e Benfica teve, em 2021/22, perto de 17 milhões de receitas de quotização, o segundo montante mais alto de sempre, 182 mil euros abaixo do registado em 2019/20, mas 6% acima de 2020/21."

João Tomaz, in O Benfica

Editorial


"1. Rafa Silva decidiu renunciar à seleção. É um direito que lhe assiste e com fundamentadas razões: ais tempo para a família e uma total dedicação ao Benfica. Nenhum drama, nenhum problema: trata-se e uma opção pessoal que a todos cumpre respeitar, o que torna lamentáveis os comentários feitos ao longo dos últimos dias que visaram o carácter e o profissionalismo do jogador. Rafa Silva está bem e recomenda-se! Comprometido e empenhado com os objectivos da equipa, já amanhã em Guimarães, onde pretendemos, apesar das imensas dificuldades que nos esperam, alargar a extraordinária série de vitórias já alcançadas. e tem o total apoio do Sport Lisboa e Benfica, agora e sempre. Juntos enfrentaremos os desafios que se avizinham.

2. Após mais uma decisão de contornos inauditos por parte do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, Henrique Araújo encontra-se impedido de dar o seu contributo à equipa principal neste embate que queremos vencer amanhã na Cidade-Berço. O que fez o jogador? Num jogo em que a equipa B foi claramente prejudicada, exigiu respeito pelo Benfica. No mesmo jogo, um colega de equipa foi vítima de insultos racistas. O que fez este CD? Penalizou em 890 euros o Rio Ave, cujo adepto cometeu um ato racista, enquanto o Benfica, além de ter o jogador suspenso por 1 jogo, é multado em cerca de 64 mil euros pelas declarações proferidas face a erros de arbitragem que sucessivamente prejudicaram o Clube e onde, em nenhum momento se colocou em causa a honra ou honorabilidade de quem os arbitrou. Na verdade, apenas se exigiu respeito e competência face ao acumular de erros, falhas que incluíram sucessivas distrações do próprio VAR!
Está à vista de todos, vários têm sido os episódios de iniquidade, desproporcionalidade e perseguição ao Benfica, que este Conselho de Disciplina desprestigia e descredibiliza o futebol português. Urge à Federação Portuguesa de Futebol extingui-lo por total ausência de respeitabilidade. E repensar o modelo de penalizações, para que sirva realmente o futebol português.

3. O Benfica está de novo apurado para a Champions feminina. Pelo segundo ano consecutivo, as Inspiradoras fazem história. Brilhante qualificação, com talento e sacrifício. Também à Benfica, a mesma proeza foi alcançada pelos nossos campeões nacionais de basquetebol, num orgulho para a modalidade, em mais um reafirmar da expressão europeia do Benfica.

4. Feitos de dimensão internacional que relevam, a par dos troféus já conquistados neste início de época, a decisão acertada de reforçar a aposta nas modalidades, numa trajetória expansionista mas realista. Sem o método de equivalência patromonial, que reflete os resultados da SAD, o Clube apresenta um resultado líquido positivo de 73 mil euros na diferença entre receitas e despesas."

Pedro Pinto, in O Benfica

Uma ruptura com o passado recente | SL Benfica


"A contratação de Roger Schmidt como novo treinador do Sport Lisboa e Benfica ditou uma nova mudança de paragidma no clube. Ditou uma ruptura com o passado recente do clube encarnado em vários aspectos, sendo que algumas dessas mudanças não caíram bem nalguns adeptos encarnados.
Logo no primeiro dia em que o técnico alemão foi associado ao Benfica, vi alguns adeptos encarnados nas redes sociais a questionar a necessidade de contratar um treinador estrangeiro, quando o futebol português possui uma das escolas de treinadores mais cotadas e reputadas no futebol mundial, havendo vários treinadores portugueses a deixar a sua marca em diversas regiões do planeta.
Quem conhece a história do Benfica, deverá saber que por muito tempo, o clube teve uma política desportiva nacionalista. Durante grande parte da sua história, o Benfica contratava exclusivamente jogadores portugueses ou oriundos das antigas colónias ultramarinas, quer no futebol, quer nas modalidades.
Esta situação mudaria apenas no ano de 1979, quando numa célebre Assembleia Geral, os sócios do Benfica aprovaram a contratação de jogadores estrangeiros, ditando assim uma mudança de paradigma que viria a alterar para sempre a identidade do Sport Lisboa e Benfica.
Porém, no que toca a treinadores, a história foi bem diferente. Se por um lado o Benfica apostava sempre em jogadores de nacionalidade portuguesa; por outro lado, apostou quase sempre em treinadores estrangeiros, de outra escola, que implementassem ideias diferentes das do futebol português.
Entre os treinadores mais emblemáticos da história do Glorioso, estão nomes como Lippo Hertzka, Janos Biri, Ted Smith, Otto Glória, Bella Guttmann, Fernando Riera, Jimmy Hagan, Lajos Baroti ou Sven Goran Eriksson.
Teríamos de esperar até à temporada de 1988/89 para vermos o Benfica a sagrar-se campeão nacional com um treinador português. Toni, depois de ter feita carreira no clube como jogador e depois de ter sido adjunto de quatro treinadores diferentes, levaria o Benfica a conquistar o 28.º campeonato da sua história.
Daí para a frente, a tendência viria a inverter-se ao poucos, com o Benfica a vir a apostar cada vez mais em treinadores portugueses, muito também em virtude da ascensão que estes viriam a ter no futebol europeu.
Roger Schmidt tornou-se no primeiro treinador estrangeiro do Benfica em 13 anos, depois de Jorge Jesus ter sucedido a Quique Flores em 2009. Com Jorge Jesus e posteriormente, com Rui Vitória no comando técnico do Benfica, o clube viria a recuperar temporariamente o domínio do futebol nacional.
Observando o exemplo dos clubes rivais, verificamos que no mesmo período, o FC Porto teve apenas um treinador estrangeiro (Julen Lopetegui) e o Sporting teve dois (Franky Vercauteren e Marcel Keizer), sendo que nenhum deles não durou mais de um ano e meio no clube.
Mas no final, fazendo as contas, apenas oito dos 37 campeonatos que o Benfica tem no seu palmarés foram conquistados sob a orientação técnica de treinadores portugueses. Ou seja, quase 80% dos campeonatos conquistados pelo clube da Luz ao longo da sua história foram comandados por treinadores estrangeiros, o último dos quais na época 2004/05 com o italiano Giovanni Trapattoni.
Apesar de os treinadores portugueses serem bastante reputados e respeitados, defendia que um treinador estrangeiro com escola poderia trazer frescura ao futebol do Benfica. Traria ideias novas, uma proposta de jogo diferente e moderna e não vinha infectado com os “vícios” e dogmas do futebol português. Nesse aspecto, diria que o clube acertou em cheio.
Apesar do bom arranque de época, ainda é muito cedo para se dizer se esta mudança do Benfica irá dar um rumo diferente ao do passado recente do clube. De momento, o que se pode dizer desta aposta, é que esta demonstra que há vontade em romper com o passado e seguir com um caminho diferente e capaz de levar o futebol do Benfica a um bom ponto.
O resto, terá de ser demonstrado por todos dentro do Benfica, dentro e fora das quatro linhas."

"Tá tranquilo, tá favorável!"


"A primeira perda de pontos nesta época levou a exageros de análise, de comentários e de críticas à prestação da equipa que só são explicáveis pelo profundo desejo, reprimido, dos nossos adversários e de um conjunto vasto de comentadores e comentadoras que disfarçam mal o seu anti-benfiquismo militante, de ver o Benfica perder os seus primeiros pontos.

De um momento para o outro, parece que a crise se tinha instalado, choveram críticas e li expressões, para caraterizar o momento do Benfica, como: "acabou", "apagão" ou até "descalabro". Tudo porque, ao final de 13 jogos só com vitórias, incluindo uma memorável sobre a Juventus, em Turim, o Benfica cedeu um empate num campo tradicionalmente exigente contra um Vitória com mérito, numa noite menos feliz das águias.
Como explicação para o que aconteceu em Guimarães, diria que o Benfica parece ter acusado a paragem e alguns jogadores, com destaque para Enzo Fernandez, algum desgaste, o que contribuiu para uma menor inspiração coletiva.
E se alguns destes críticos suspiram já com um "descalabro" no jogo europeu frente ao PSG, na verdade, suceda o que suceder nos dois jogos com os franceses, em que o Benfica pode fazer pontos, a qualificação estará sempre em aberto. Enquanto, na Liga, os encarnados continuam na liderança com três pontos de vantagem. Por isso, é a altura de recordar o velho rap brasileiro, de há uns anos, porque, na verdade, "Isto tá tranquilo, tá favorável!

A subir
Fernando Pimenta com mais um título mundial, Miguel Oliveira a vencer na Tailândia.

A descer
A tragédia e o horror na Indonésia, na sequência de um jogo de futebol."

O choradinho dos penáltis de Taremi e a “pior erro da história da videoarbitragem em Portugal”


PS: Tão fácil confrontar esta gente: bastava recordar ao senhor ex-árbitro, o comentário que ele fez sobre o lance entre o Ericson e o David Carmo (ou se calhar não fez nenhum!!!), na área dos Corruptos, na jornada anterior na Amoreira!

Falta coragem na Federação Portuguesa de Futebol


"Aqui em Portugal foi-se perentório na análise ao jogo com Espanha: foi azar. Lá fora, as crónicas não têm dúvidas em apontar o dedo a Fernando Santos como principal responsável pela miséria do futebol

Muito se tem dito e escrito sobre a derrota da Seleção Portuguesa com a Espanha, que impediu Portugal de chegar à fase final da Liga das Nações. Nas redes sociais e em grupos de Whatsapp, constatei que Cristiano Ronaldo e Fernando Santos foram os mais visados pela crítica. Na minha opinião, o problema é mais profundo do que o melhor jogador Português de todos os tempos ou o treinador que mais troféus conquistou pela nossa Seleção, assim como o problema é maior do que uma derrota e (mais) uma fraca exibição.
Uma segunda parte cinzenta e amorfa foi o prelúdio da queda, que seria confirmada com o golo de Morata ao cair do pano. No final do jogo, as televisões focaram Cristiano Ronaldo e Fernando Santos, como espelho do desalento que assolou toda a equipa. Corrijo, não foi apenas toda a equipa, mas todos os Portugueses, incluindo os milhares que se encontravam nas bancadas do estádio.
A desesperante exibição de ontem foi apenas mais uma da era Fernando Santos, numa sequência de futebol pobre e sem ideias que há 4 ou 5 anos caracteriza a Seleção Portuguesa. O principal culpado deste deserto que Portugal atravessa não é Cristiano Ronaldo nem Fernando Santos, como tantos afirmam. O principal responsável por esta travessia do deserto é a própria Federação Portuguesa de Futebol.
Não me interpretem mal. Fernando Santos deu-me, até hoje, a maior alegria de sempre em termos futebolísticos, com a conquista do Euro 2016. Mas, neste momento, só dá tristeza e embaraço pela forma como está a desperdiçar uma geração extremamente talentosa. O seu ciclo já terminou há muito e na Federação não há quem tenha a coragem de o fechar de vez.
Assim como não há coragem para fechar esse ciclo, também não há coragem de Fernando Santos para gerir o lugar de Cristiano na Seleção. O Selecionador já devia ter-se sentado com o jogador e explicar-lhe que, apesar de tudo o que deu a Portugal e do atleta extraordinário que é, nesta fase há outros jogadores que conseguem acrescentar mais ao jogo da Seleção do que ele. Mas, que continua a contar com ele como uma alternativa válida dentro de campo e como líder fora dele.
Não me interpretem mal aqui também. Cristiano é um jogador fabuloso, para mim o melhor de sempre, e tem sido fantástico ao serviço de Portugal. Poderia estar aqui a tecer elogios a Cristiano, mas isso daria, só por si, para escrever outro texto. Contou-me quem com ele priva (e treina/joga) que é de uma dedicação e profissionalismo ímpar, colocando a fasquia muito mais acima do que os outros à sua volta. Mas, já se encontra na fase descendente da carreira e já não tem condições para ser um titular indiscutível, mais ainda olhando para as restantes alternativas que a Seleção tem.
Em Portugal, e penso que no futebol principalmente, continua-se a não saber fechar os ciclos. Prolonga-se a ligação das pessoas a um clube ou instituição por “gratidão” pelos serviços prestados até então. Li por todo o lado, em resposta a críticas ao selecionador nacional ou ao nosso capitão, que se estava a demonstrar ingratidão pelo que eles já tinham feito por Portugal. É uma aberração que se justifique a manutenção do status quo com “dívidas de gratidão”, relegando o mérito e a capacidade atual para segundo plano. Acho até patético que se defenda a titularidade de Cristiano simplesmente por “gratidão”, como se se tratasse de uma esmola a um pobre coitado que já nos deu tanto mas que agora já não está em condições de oferecer o mesmo.
O grande problema aqui é as pessoas não conseguirem entender o óbvio: o facto de uma pessoa ter sido muito importante na história da instituição, não lhe deve permitir ter um lugar vitalício na mesma, pois isso significa colocar o indivíduo acima da própria instituição, num ato de pura soberba. Recordo, por exemplo, que a gratidão não impediu que Éder ficasse de fora da fase final do Mundial 2018. Não se pode viver da gratidão eterna, sob pena de o nosso triste fado ser recordar o passado feliz que já não volta.
Não defendo a exclusão de Cristiano da Seleção nesta fase da sua carreira, porque acredito que ainda tem algo a dar à equipa, mas é notório que já não tem condições para ser um titular indiscutível. Principalmente quando olhamos para o que está a ser esta época, ausente da pré-temporada e tendo feito apenas 378 minutos em 8 jogos (média de 47 minutos/jogo), é surreal que, para estes dois jogos, Fernando Santos o tenha colocado a titular e a fazer os dois jogos até ao fim.
Nas condições atuais, parece-me quase desrespeitar jogadores como Diogo Jota, Rafael Leão ou João Félix preteri-los do 11 inicial em detrimento de um jogador que quase não jogou esta época. Mais, a insistência contínua num modelo de jogo que canaliza toda a equipa para servir Cristiano, tem colocado em sub-rendimento e muitas vezes fora de posição jogadores que, neste momento, têm muito mais para acrescentar à equipa do que CR7, casos de Bernardo Silva e Bruno Fernandes logo à cabeça.
Com isto, não é por isso de estranhar a decisão de Rafa de abdicar de representar Portugal. Penso até que, neste momento, qualquer Português se sente pouco representado por esta equipa sem chama, sem alma e sem identidade.
Dias antes do jogo com a Espanha, Fernando Santos dizia que o melhor ainda estava por vir. No final deste jogo, o selecionador nacional disse que Portugal tinha de manter o seu padrão de jogo, independentemente do adversário. Quero muito acreditar na primeira premissa, mas se mantivermos a segunda, dificilmente o melhor estará por vir. Dizer que Portugal tem um padrão de jogo é um eufemismo, pois mais não temos do que uns rasgos de individualidade que, num dia bom, podem trazer a vitória para o nosso lado. O melhor poderá estar para vir, mas dificilmente será com Fernando Santos ao leme. Oxalá esteja enganado.
Termino com uma referência aos meios de comunicação e ao pacto de não-agressão estabelecido entre estes e a Federação há já vários anos, que transforma o escrutínio em mera desculpabilização. Aqui em Portugal, os meios de comunicação foram perentórios na análise ao jogo com a Espanha: foi azar. Lá fora, os meios de comunicação não têm dúvidas em apontar o dedo a Fernando Santos como principal responsável pela miséria do futebol apresentado pela Seleção. Também por aqui se foi baixando a fasquia cada vez mais, pois em vez de se procurar a raiz do problema, procura-se justificar o insucesso com fatores alheios ao nosso controlo e que pouco dizem do pouco que se joga."

Não, não é normal, nem nunca poderá ser


"Para não andarmos às turras como modo de vida, porque toda a pessoa tem punhos cerráveis, pernas pontapeáveis e liberdade para se render à batatada, é elementar lembrar como, há muito, nos regemos por uma imensidão de pactos sociais que tacitamente aceitamos para não sermos mais uma espécie na natureza onde a lei do mais forte prevaleça, em que a força física ou a astúcia no conflito sejam distintivos-mor entre pessoas como o são entre os animais dos quais orgulhosamente nos distinguimos. Um desses contratos para amigável e graciosamente vivermos em sociedade são as posições hierarquicamente superiores.
Mas, depois, por não sermos humanóides nem seres ligados à corrente a operarem entre zeros e uns, há pessoas cujas lunetas da interpretação do cargo que ocupam estão embaciadas e, como tal, são falíveis na confusão que fazem com uma função de maior responsabilidade: ocupá-la não é sinónimo de ser merecedor automático de respeito, de agir como lhe apetecer, de poder falar da forma que pretender, de dizer o que quiser. De se acharem no direito de pedirem, exigindo, ou de sugerirem na brincadeira, falando a sério. O problema-berço de umas pessoas mandarem noutras em qualquer organização é de o cargo de responsabilidade não ser um apagador de defeitos.
Miguel Afonso, de 40 anos, é o treinador suspenso de funções no Famalicão, alvo de processo disciplinar da parte da Federação Portuguesa de Futebol e tem o nome em denúncias que chegaram à Polícia Judiciária porque, quando ainda era o técnico do Rio Ave, trocou mensagens com jogadoras a pedir-lhes fotografias que comprovassem a sua forma física “em segredo”, por ter “mais piada”, a sondá-las pela opinião que tinham da sua voz “sem tabus nem vergonhas” e a dizer que a voz de uma delas “tem qualquer coisa, juntamente à forma como” o tratava. No final da semana passada, várias dessas futebolistas, que têm entre 18 e 20 anos, uniram-se para vocalizar uma queixa de assédio sexual contra ele.
Treinar uma equipa de futebol implica desenhar treinos, preparar ciclos de trabalho, planear épocas, gerir motivações e demais tarefas que redundam nas táticas e no escolher quem joga, tarefas que são as mais visíveis para quem assiste de fora. Das funções não faz parte, de todo, pedir a uma jogadora para “mostrar que não tem vergonha” e dar “um elogio direto” com a salvaguarda de “o que falamos fica entre nós”. No futebol ainda imperam os homens, no jogado por mulheres existem muitos e as abordagens do dito técnico lidas em várias mensagens divulgadas em público exemplificam alguém a usufruir da hierarquia que o tem no mais superior dos cargos numa equipa.
Desde as primeiras horas em que se viram os excertos de mensagens, logo saíram da caverna outras vozes, mais australopitecas, a questionarem o porquê de as jogadoras em causa responderem, de serem um interlocutor para quem parte do privilégio de estar mais acima da escadaria do poder para ter com elas conversas que, fossem eles desconhecidos, provavelmente o deixariam a teclar para um vazio. Estas são futebolistas atrás de uma carreira, do praticar o que gostam, de jogarem, e isso condiciona quando do outro lado está a pessoa a quem compete tomar decisões que ditam se elas o podem fazer.
E não, não é normal, seja no futebol ou fora dele, qualquer pessoa num cargo de chefia promover conversas deste cariz ao ponto de levar várias futebolistas a acusarem-no de assédio sexual. Nem deveriam ser reais as notícias de o presidente e diretor técnico do Famalicão terem sido informados das denúncias - que reportam à época 2020/21, quando Miguel Afonso estava no Rio Ave - no dia da apresentação do treinador, no início de setembro, e, no final do mês, o clube alegar que “não tem conhecimento de nenhuma acusação”, nem tinha “no momento da contratação do técnico”.
Quem ordena o clube suspendeu de funções o treinador apenas quando as jogadoras recorreram à plataforma de denúncia da Federação Portuguesa de Futebol e, automaticamente, o Conselho de Disciplina da entidade instaurou um processo a Miguel Afonso, enviando as denúncias para as autoridades. O mesmo fez com Samuel Costa, o diretor-desportivo, peça seguinte do dominó que parece estar a ruir. Outros pedaços se terão de seguir agora. “Jamais podemos ficar caladas. Se não nos pronunciarmos sobre este assunto, sabendo e tendo conhecimento dos factos, também estamos a fazer parte desta triste história”, escreveu Jéssica Silva, no Twitter.
Haver uma das jogadoras de destaque do Benfica e da seleção nacional e, talvez, a mais renomeada no estrangeiro, a tomar uma posição acerca do tema, dá-lhe tração onde qualquer queixa, causa, movimento, o que seja, precisa ter eco para essas ondas forçarem a mão de quem mora nos cargos com poder para tal - na perceção pública. E nos jornais, noticiários televisivos e secções de desporto lidas e vistas, sobretudo, por cabeças masculinas, essas vozes são ainda mais necessárias. “Peço, acima de tudo, que não estraguem o nosso sonho. Estes casos são absolutamente reprováveis. Vergonhosos. Coragem para todas as que viveram algo assim. E não se esqueçam: não estão sozinhas”, acrescentou a futebolista com 92 jogos feitos pela seleção.
O facto de, clicando numa das mensagens deixadas por Jéssica Silva na rede social que pouco filtra e nada protege contra desvantajados mentais, ter aparecido um cavernoso ser que escreveu “as mulheres é na cozinha ou na cama, deixem o futebol para quem sabe”, só prova ainda mais a vulnerabilidade das mulheres a que no desporto, e na vida, surjam estas mentes em cargos hierarquicamente superiores a elas. Mas que, mentalmente, nem se apercebem o quão inferiores são."

Abusadores e vítimas de abuso: uma história (sempre) mal contada


"Na passada semana foi tornado público mais um caso com fortes indícios de assédio sexual no desporto – num espaço de horas, a imprensa retratou uma realidade pouco desejável (mas, infelizmente, mais presente no nosso quotidiano do que desejaríamos), onde um treinador de futebol foi acusado por um grupo de atletas que não só fez a denúncia como partilhou um conjunto de mensagens de conteúdo, no mínimo, duvidoso e nada recomendável por parte de quem ocuparia uma posição hierarquicamente superior na organização.
O tema do assédio e do abuso sexual foram já alvo de reflexão nesta coluna (aqui e aqui) e, possivelmente, poder-se-ia escrever um sem número de outros artigos com tantas outras perspetivas.

O Contexto
De facto, quando se aborda este tema à primeira vista parece que este tipo de episódios acontece numa espécie de “folha branca” ou experiência laboratorial onde os únicos “atores” são o abusador (homem ou mulher) e a vítima – não é verdade. Para além de abusador e abusado há uma enorme “plateia” de observadores que ao longo do tempo escolhem, intencionalmente ou negligentemente (porque “era só a brincar”) ser conivente com o abuso pontual ou continuo que, muitas vezes, observam ou suspeitam.
O analfabetismo emocional que nos caracteriza, a falta de empatia e anestesia emocional que escolhemos (consciente ou inconscientemente) viver, leva-nos a passar aceleradamente por todas as situações que possam transportar-nos para uma dimensão de desconforto ou confronto com o outro – e a “tribo dos abusadores” agradece este comportamento tipo “rebanho” que vamos tendo, pois permite-lhes experienciar uma espécie de manto magico de omnipotência que faz com que nem sequer se preocupem em “esconder o seu rasto”, dando-se ao luxo de até deixar bem visíveis parte dos seus instrumentos de abuso e assédio (no caso, as mensagens).

Sentido De Comunidade
Não temos – o que é uma pena. Por curiosidade:
· Quantas atletas de futebol feminino se associaram à consternação que surgiu por dois dias ou apoiaram a coragem das suas colegas em tornar público um comportamento de que elas próprias poderão vir a ser alvo no futuro?
· Melhor ainda, quantos colegas de profissão (homens – que têm irmãs, filhas, esposas que podem, de igual forma, vir a ser vítimas no futuro), com muito maior impacto na sociedade e desporto em geral, se associaram voluntariamente a este tipo de manifestação dando visibilidade ao seu apoio às vítimas?
E porque não?
Poderíamos avançar muitas teorias, mas a resposta mais óbvia e provavelmente mais real é que, pura e simplesmente, não nos importamos assim tanto com o que se passa à nossa volta… até que bata à nossa porta (como sempre…).

Criminalizar A Conivência? Responsabilizar Pelos Danos Psicoemocionais?
Estas sim, seriam medidas que fariam disparar os níveis de empatia no nosso país - provavelmente, ouviríamos muito menos vezes o argumento de que “é um brincalhão” ou “foi sem intenção”.
Apurar a responsabilidade de quem, sabendo ou suspeitando, banalizou ou normalizou comportamentos que indiciem possibilidade de abuso, perpetuando a condição da vítima e o seu isolamento seria certamente uma das medidas mais eficazes.
Responsabilizar, abusadores e quem com eles foi conivente, por todo o tipo de trabalho terapêutico que a vítima possa necessitar (muitas vezes, anos de tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico), bem como definir um valor que pudesse compensar de alguma forma as consequências que advêm de ter sido vítima de abuso, poderia de alguma forma ser um dissuasor forte deste tipo de comportamentos.
Na realidade, enquanto permanecermos desprovidos de empatia e sentido de comunidade, enquanto for permitido aos “predadores” passear o seu “manto mágico” de intocabilidade isolando vítimas sem qualquer tipo de consequência, seremos sempre tão culpados(as) como eles.
Agora, agora… e como tão bem nos tem caracterizado… com a ajuda da vitória do Miguel Oliveira na Tailândia (que está, naturalmente, de parabéns… não por este resultado pontual, mas pela perseverança e determinação que transporta no seu DNA) e das eleições no Brasil… o mais provável é mesmo que novamente tudo caia em esquecimento até que novo escândalo surja.
Já mudávamos qualquer coisinha…"

Tempo útil...


"O tempo útil de jogo é um dos temas que mais se tem falado, ultimamente, em Portugal e na sua Liga.
Talvez até tenha relação direta com o número de vezes que Taremi cai e se levanta do relvado (e com o tempo que aí se perde), mas o facto, por si só, merece ser realçado: os jogos do FC Porto esta época estão a ter um tempo útil muito inferior ao que “reclama” a campanha da Liga Portugal – denominado #NãoPára – Tempo Útil.
Na jornada em curso, a 8.ª, o FC Porto-Sp. Braga é, até ao momento, o duelo em que se jogaram menos minutos: 50’23. Ou seja, não chegou aos 52% de aproveitamento. Curiosamente, ou talvez não, o Sp. Braga terminou o desafio do Dragão com posse de bola superior ao FC Porto (48/52).
«Gosto de ver o Diogo Costa a perder tempo contra nós…» - talvez agora se perceba melhor o alcance das palavras de André Horta no final do jogo.
O prato forte da jornada era, sem dúvida, o FC Porto-Sp. Braga. Infelizmente, para quem paga o bilhete (ou a assinatura da Sport TV…) o aliciante embate só teve 50 minutos e 23 segundos.
Para se ter uma ideia mais concreta do que “faltou jogar” no Dragão, vejamos o que aconteceu, por exemplo, no Sporting-Gil Vicente: 63 minutos exatos de jogo, que equivaleram a 65,4% de tempo útil.
Curiosamente, na 1.ª jornada do campeonato, o FC Porto-Marítimo, que terminou 5-1, também já tivera escassos 50 minutos e 37 segundos de jogo.
No mínimo é estranho, quando vemos Sérgio Conceição queixar-se do tempo útil dos jogos, em Portugal.
#CancellaSportTV #LigadaFarsa"

Da saga o Benfica manda nisto tudo:


""𝙏𝙚𝙣𝙨 𝙙𝙚 𝙢𝙚 𝙖𝙘𝙤𝙢𝙥𝙖𝙣𝙝𝙖𝙧 à 𝙥𝙧𝙚𝙨𝙞𝙙ê𝙣𝙘𝙞𝙖 𝙙𝙖 𝙁𝙋𝙁, 𝙦𝙪𝙖𝙣𝙩𝙤 𝙢𝙖𝙞𝙨 𝙣ã𝙤 𝙨𝙚𝙟𝙖 𝙥𝙚𝙡𝙤 𝙖𝙢𝙤𝙧 𝙘𝙤𝙢𝙪𝙢 𝙖𝙤 𝙖𝙯𝙪𝙡 𝙚 𝙗𝙧𝙖𝙣𝙘𝙤". - Fernando Gomes para Tiago Craveiro.
#Benfiquistão #41anosdisto #polvo"

13...


"Treze vitórias depois, um empate. E foi o que bastou para se instalar uma depressão coletiva nos adeptos benfiquistas, que se apressaram a ir para as redes sociais fazer terapia de grupo.
Nem quero imaginar o que se diria se o Benfica tivesse levado 2 batatas do Super Chaves, 3 balázios do Rio Ave ou 4 bolachas Belgas do colosso Club Brugges...
Continuamos em primeiro lugar do campeonato, invictos e com mais 3 pontos que o segundo classificado.
Venha o PSG - Paris Saint-Germain!"

Ruído...


"A "artilharia" da comunicação social estava pronta desde o início do campeonato. Ao primeiro empate, como loucos desesperados, começam a disparar em todas as direções. Não foi uma derrota, foi um empate! O suficiente para que os "pasquins" e todos os seus atrelados fizessem do empate em Guimarães um cenário Dantesco.
A MDCSQT - como diria o famoso Guachos Vermelhos - , andava já desesperada e com as frases feitas guardadas na gaveta, à espera da melhor oportunidade para as lançar na blogosfera. Uns tristes que mais não são do que pontas de lança do clube que mais choraminga, por estes dias. Nada se pode dizer dos meninos que logo vêm os amigos dos jornais lançar as suas "bombas nucleares".
É realmente a "merda da comunicação social que temos", em Portugal.
Aos Benfiquistas o que se pede é serenidade. Um empate ao cabo de 14 jogos oficiais é perfeitamente natural. Contam-se pelos dedos de uma mão a quantidade de equipas que o fizeram até hoje. Bem sabemos que os próximos compromissos são de grau de exigência máximo, mas é aqui que entramos nós. Somos nós, os adeptos que vamos "carregar" a equipa ao colo, dando-lhe motivação e apoio para a fase que se avizinha.
Percebe-se bem qual o objetivo desta tentativa de campanha de diminuição dos feitos do SL Benfica. Tem por objetivo criar ruído e dividir os adeptos. Nada que não tenha sido feito anteriormente.
Os rivais mais diretos já contam com derrotas no seu percurso e não foram vistas notícias como estas. É o que temos de uma comunicação social a soldo dos mesmos de sempre.
Apoia incondicionalmente o Benfica. Nos bons e mais momentos. Não dês ouvidos ao que falam aqueles que estão em pior situação que nós.
O SL Benfica precisa da tua voz. O Benfica precisa de ti. Confiança e coragem são as palavras que devemos transmitir aos nossos. Isto não importa como começa mas sim como acaba.
Carrega Benfica 🔴⚪🦅
Unidos seremos sempre mais fortes.
#Benfica #slbenfica #slb #benficasempre"

Hipócritas!


"O clube que passa os jogos a cantar «nós só queremos Lisboa a arder» e «filhos da p*ta SLB» vem agora dar uma de amigos da alegria...
Hipócritas!"