quinta-feira, 28 de julho de 2022
E Pluribus Unum mais do que nunca
"Temo que muitos dos meus consócios não tenham ainda percebido a particular importância do período que agora vivemos na história do Sport Lisboa e Benfica. Ao fim de três anos sem nada ganhar, o clube tenta com uma direcção há relativamente pouco tempo eleita reentrar no caminho dos títulos.
Vivemos a primeira época em que a presente direcção arranca já sem a incómoda e inconveniente herança de Luís Filipe Vieira que era Jorge Jesus, e, pela primeira vez em muito tempo, o Benfica volta a ter um treinador cuja contratação assenta numa lógica de estratégia e conhecimento desportivo e não se prende com relações de amizade do presidente. Rui Costa teve tempo de montar a sua equipa e implementar a sua visão para o clube. O plantel regista já algumas entradas de jogadores que se espera que acrescentem valor e a expectativa é razoavelmente elevada entre os adeptos, expectativa essa também justificada pela qualidade exibida nos jogos de pré temporada já realizados.
Infelizmente permanece na sombra o "fantasma" da anterior direcção que parece não ter percebido que o seu tempo acabou. Ver o mais fiel vassalo de Luís Filipe Vieira criticar na CMTV a gestão que está a ser feita pela direcção de Rui Costa devia só por si ser suficiente para alertar todos os Benfiquistas da vontade que na cabeça do anterior presidente permanece de retomar o lugar que ocupou durante quase 20 anos.
A forma peremptória como Luís Filipe Vieira numa entrevista recente rejeitou a possibilidade de voltar a presidir o Benfica não deve tranquilizar ninguém pois estamos a falar de alguém que se habituou a enganar os Benfiquistas da mesma maneira que respira.
Democracia interna obsoleta, negócios pouco claros e transparentes, oposição silenciada, agressões a sócios em plena AG do clube, desrespeito por opiniões contrárias no canal de TV que deve ser de todos os Benfiquistas, compadrio com inimigos assumidos do Benfica e flagrantes lapsos de gestão desportiva e estratégia competitiva fazem parte de um passado muito negro que a todos os Benfiquistas cabe impedir que volte a ser presente.
A memória do Rui Costa jogador para sempre lamentará que o Rui Costa dirigente não tenha sido capaz de ver aquilo que saltava á vista de qualquer adepto informado e agido em conformidade. Porém, no momento em que escrevo, o que se exige é um olhar para o futuro e reconhecer os sinais positivos que, a meu ver, nos tem sido dados.
Compete-nos garantir a esta direcção presidida por Rui Costa as condições de estabilidade para levar a cabo o seu mandato e, sem prejuízo da cultura de exigência que nunca poderá faltar num clube habituado a ganhar, assumir que a eventualidade de a bola bater no ferro e não entrar não nos poderá levar a criar uma onda de instabilidade em torno da equipa que volte a dar força e voz àqueles que apenas querem voltar a servir-se do clube de todos nós. Repito, eles estão atentos.
Estejamos nós também.
E Pluribus Unum"
Messi e Ronaldo no ocaso
"Messi e Ronaldo durante mais de uma década tiveram uma bela rivalidade, em que cada um puxava pelo outro para níveis de excelência. Porém, desde que saíram respectivamente do Barcelona e do Real Madrid as suas vidas futebolísticas não têm sido fáceis. Ronaldo foi o primeiro a sair para a Juventus, ainda deu um ar da sua graça, de seguida rumou a Manchester, mas as coisas complicaram-se ao não se apurar para a Champions. Messi sucumbiu ao seu eterno rival em Espanha, o Real Madrid para a Champions. O avanço da idade dos dois; Messi(35), Ronaldo (37), também gera algumas limitações naturais que se repercutem no seu rendimento. Tenho pena de não os poder ver a jogar na mesma equipa.
Messi
Messi refugiou-se em Paris, mas tem sido uma sombra do que foi em Barcelona. Saiu a custo zero, o que não deixa de ser inacreditável pela péssima gestão do Barcelona. Toda a gente sabe que o Barcelona continua a comprar jogadores, mas deve dinheiro a um jogador como De Jong. Não deveria ser permitido a um clube gastar fortunas em novos jogadores sabe-se lá de onde vem o dinheiro, sem pagar aos que ainda têm contrato. Acho imoral e deveria ser sancionado.
Por não haver dinheiro em Barcelona é que Messi saiu, porém realizou uma época muito fraca. Mbappé é a estrela e quem lidera no PSG, Neymar está em auto-destruição.
Tenho a ideia que Messi gostaria de voltar ao Barcelona, cidade que não esquece e que prova que não é jogador de se adaptar muito bem, noutras equipas para lá do Barcelona, que sempre lhe criou as condições para ele brilhar. O problema é a presença de Joan Laporte na presidência do Barcelona. Pode ser que um dia volte a custo zero, mas já tem 35 anos. O seu ocaso está perto.
Ronaldo
Ronaldo não tem necessidade de se andar a oferecer a tantos clubes , só porque quer jogar a Champions. O seu futebol, a sua categoria e o seu passado não permitem tal situação. O seu palmarés é digno de ser admirado, todas estas movimentações não são boas para a sua imagem. A presença de Ronaldo gera muito dinheiro, sendo dos atletas que melhor o consegue fazer.
Ronaldo abandonou o Real Madrid e fez bem, pois, Florentino Pérez só vê dinheiro e gente em quem possa mandar. Porém o tempo passa para todos e é conveniente Ronaldo sair pela porta grande. Os recordes são seus e ninguém lhos tira. Deve procurar fazer um bom Mundial e pensar que é a sua última grande exposição mundial e depois desfrutar do futebol noutra dimensão e perfil.
Se Ronaldo for para o Atlético de Madrid, o madridismo ficará incrédulo perante o ícone que foi no Real Madrid, do lado do Atlético de Madrid há algum receio e expectativa. Simeone sempre foi um treinador exigente e de equipa, com um esquema solidário e próprio de verdadeiros soldados-guerreiros por cima de generais. Poderia haver alguma dificuldade de interpretar a sua filosofia, porém a presença de João Félix pode dar uma ajuda muito importante.
Se, Ronaldo passar para o rival será giro vê-lo a defrontar a sua antiga equipa ( Real Madrid).
Se, ficar por Manchester, numa atitude redentora, vamos ver a reacção dos adeptos."
Fredrik Aursnes | O 8 que falta ao meio-campo de Schmidt?
Notas de 45 minutos a ver Fredrik Aursnes, possível reforço do Benfica:
— O Fura-Redes (@OFuraRedes) July 24, 2022
- Todo o jogo do Feyenoord passa pelos seus pés e cabeça.
- Médio de altíssima rotação. Cobre o campo todo e nunca desliga. Cansa só de ver o que corre. A sua disponibilidade é a sua melhor característica. pic.twitter.com/2Mn1CWvDBw
"Roger Schmidt joga em 4-3-3, com os donos do meio-campo a serem Enzo Fernández, Florentino Luís e João Mário. Como vimos nos jogos de pré-epoca, muitas vezes Rafa e João Mário aparecem como números 10 por momentos, e se Rafa não tem de todo perfil para pensador, já o médio português ex-FC Inter, consegue desempenhar bem essas funções.
Esta ‘nuance’ tática pode querer mostrar que Schmidt precisa de um número 10 e talvez até já tenha informado a direção encarnada, quem quer que ocupe esse lugar. Mas para já, um possível alvo para reforçar o meio-campo encarnado, é Fredrik Aursnes. Médio norueguês de 26 anos, atualmente a jogar pelos holandeses do Feyenoord de Roterdão.
Apesar de oficialmente o Benfica ainda não ter avançado com qualquer proposta oficial, há rumores de que o jogador interessa ao clube português para assim colmatar as possíveis saídas de Julian Weigl e Soualiho Meitê. Duas peças que claramente já não contam na luz.
Aursnes está há uma temporada no futebol holandês, vindo do Molde FK da Noruega. No Feyenoord, a atuar como médio defensivo, apontou um golo e fez quatro assistências em quase 2 500 minutos. A comparação, e já agora, a vantagem, em relação a Weigl e Meitê, é a maior capacidade de combatividade e agressividade no meio-campo, algo que Meitê nunca mostrou e Weigl, mostrava amiúde.
O norueguês tem também outra característica que lhe dá vantagem comparativamente a outros médios no SL Benfica. A facilidade com que avança com bola e distribui jogo. Tem uma anormal capacidade de drible para um médio defensivo, aliando a isso uma boa velocidade e agilidade no momento do desarme e na tomada de decisão quando tem de libertar a bola para um elemento do ataque.
Estes atributos fazem com que Aursnes possa ser uma peça importante na ideia de jogo que Roger Schmidt está a implementar no Benfica, e mesmo que não venha para ser titular de caras, dado que o plantel do Benfica já está recheado de jogadores tecnicamente muito evoluídos, vem de certeza acrescentar valor e dar ao alemão muito mais opções de qualidade para as várias provas que se avizinham."
Olhar para a frente é divertido (pelo menos durante 45 minutos)
"Benfica fecha a pré-época com uma vitória na Eusébio Cup, por 3-2, contra o Newcastle. Gonçalo Ramos, Grimaldo e Henrique Araújo fizeram os golos. Acabaram-se os testes: na próxima terça-feira, os lisboetas recebem o Midtjylland, na Luz, para a 3.ª eliminatória da Liga dos Campeões
Está com ar de que vai ser divertido. Roger Schmidt juntou uma banda interessante que não resiste em olhar para a frente, restando saber se essa vertigem em doses poderosas não se transformará numa armadilha em alguns jogos. Mas uma coisa é certa: adepto (e quem gosta de ver futebol) aprecia quem ousa colar a mirada no horizonte distante, nos ferros que gemem alegria. E foi isso que tivemos durante 45 minutos, pelo menos de forma bem jogada.
O Benfica, recém descobridor que terá pela frente o Midtjylland na 3.ª eliminatória da Liga dos Campeões, entrou para o derradeiro teste de pré-época com Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Morato, Grimaldo, Florentino, Enzo Fernández, João Mário, Neres, Rafa e Gonçalo Ramos. Há pedalada, há fineza técnica, há juventude, há gente batida, há aparentemente uma ideia de jogo apreendida. E assim se ganhou a Eusébio Cup esta noite contra o competitivo Newcastle, por 3-2, com golos de Gonçalo Ramos, Grimaldo e, aos 89’, Henrique Araújo. Os dois primeiros golos, de canto e livre direto, foram os sexto e sétimo de bola parada em 17 golos na pré-época. Que seja uma causalidade parece pouco provável.
O 11 do Benfica, ao contrário do adversário, esteve mais tempo em campo, era tempo de afinar timings e olhares, conexões e coragens. Talvez o ataque represente pouca preocupação, pois a proposta é realmente cativante: Enzo e Florentino seguram o meio-campo e dão rotas à bola, Neres ainda está à espera de se encontrar com o seu famoso 1x1, enquanto João Mário, com mais tempo para pensar e olhar, parte da esquerda para ser mais um médio. Rafa, que parece encontrar buracos negros em todo o lado, joga atrás do avançado, o comprometido Gonçalo Ramos.
A maior preocupação talvez esteja no momento em que se perde a bola. É natural, já que a equipa cola os dois laterais perto da área rival, deixando alguns buracos no momento em que dá esticões ou sufoca a outra equipa. Os dois golos dos ingleses, que sabem tocar a bola, nasceram pela direita. Descobriu-se sempre Kieran Trippier junto à linha. O lateral teve muito, muito tempo, entrou pela área e cruzou atrasado para Almirón fazer o primeiro da noite. O segundo golo foi semelhante: bola em Tripper, desta vez com João Mário mais perto de Grimaldo, mas um movimento de Almirón enganou o médio e o paraguaio ficou com a bola dentro da área, escolhendo depois, com categoria, o poste mais longe. O bloco de notas dos senhores do Midtjylland deve ter sido fechado esta noite com muitas linhas vermelhas rabiscadas naquele corredor.
Do outro lado havia gente boa como Bruno Guimarães e Saint-Maximin também, ainda que pouco influentes. O jogo tornou-se rasgadinho, as entradas durinhas sucederam-se, nem parecia um jogo a feijões. Bom, nunca é quando os jogadores lutam por um lugar na equipa.
Os primeiros 45 minutos do Benfica, ofensivamente, foram realmente interessantes, sendo que Gilberto é sempre um ponto de interrogação do ponto de vista técnico. Mas há triângulos que prometem bom futebol: Grimaldo-Enzo-João Mário, Florentino-Enzo-Rafa, Neres-Rafa-Florentino, faltando ainda fechar a conversa com o disponível Ramos. Morato parece estar a convencer Schmidt e Otamendi, com a braçadeira, deixa poucas dúvidas sobre a qualidade.
A segunda parte foi desinteressante. O Benfica, aliás, se as contas não falham por aqui, só rematou aos 89’: foi o golo da vitória de Henrique Araújo, depois de uma boa combinação entre Bah e Roman Yaremchuk. O Newcastle mudou 10 jogadores no descanso, com destaque para as entradas Joelinton (seria expulso), Fabian Schar e Jonjo Shelvey. O resistente foi Jacob Murphy, que ia sacudindo a equipa da casa, apoiada por cerca de 50 mil adeptos, com alguns ilustres no lote como a família de Eusébio, mas também Fabio Cannavaro, entalado entre Nuno Gomes e Paulo Madeira, com Simão Sabrosa e Mantorras por perto.
Schmidt, que gostou de alguns momentos da primeira parte, foi fazendo o que se faz nestes jogos e foi mexendo, quebrando ainda mais o quebrado jogo. Primeiro, Weigl, Chiquinho e Yaremchuk. Quem não se veria no Estádio da Luz seria André Almeida, por opção, e Ristic, João Victor e Lucas Veríssimo, todos por lesão. Pizzi estará em vias de assinar pelo Al-Wahda, enquanto Gabriel e Taarabt não contam para o treinador alemão, estando até já a treinar à parte.
Depois, seguindo o protocolo, entraram Diego Moreira, Bah e Henrique Araújo, que resolveria a história da noite. “Sabemos a importância da Eusébio Cup para o clube, pela figura que Eusébio foi e é”, desabafou no final o jovem avançado. “Ganhar é sempre muito importante para culminar esta pré-época.”
Segue-se o Midtjylland, na próxima terça-feira, no Estádio da Luz (20h). Segue-se a corrida pela música mais especial para qualquer futebolista, a tal que se quer ter debaixo da garganta a ulular.
“Ce sont les meilleures équipes…”"
A época vai começar como acabou. Numa autêntica podridão!!
"Manuel Mota atingiu o limite de idade no final desta época. No entanto, Manuel Mota é o árbitro do FC Porto-Tondela.
Hugo Miguel terminou a carreira de juiz principal, mas continua como VAR. E para completar o ramalhete foi escolhido Fábio Veríssimo e Pedro Martins como trio de vídeo-árbitros.
A época vai ser longa, está visto."
Traficantes?!
""Se o que encontraram nos quartos não foi para tomarem, uma vez que todos os testes deram negativo, então é para venderem!! Andaram a traficar!!" - Diamantino Miranda"
O erro que Ronaldo (ainda) pode evitar
"A ausência de pretendentes de primeiro nível pode ter evitado a Cristiano Ronaldo o segundo erro crasso na gestão da carreira, depois do absurdo irremediável que foi a saída prematura e impensada do Real Madrid. Se lá tem ficado, teria provavelmente uma Liga dos Campeões adicional no palmarés – eventualmente mais, com os golos decisivos que ainda é capaz de garantir – e encerraria a carreira, no mínimo, com um estatuto merengue ao nível de Di Stéfano. E até arrisco que com mais uma ou duas Bolas de Ouro, como a que Benzema levantará em breve, o que lhe permitiria colocar-se ao nível de Messi, algo que, como todos sabemos, mobiliza particularmente o astro português. Ronaldo escolheu, então, um clube que não levanta um troféu da Champions desde 1996 (há 26 anos, apesar das várias finais perdidas, entretanto), deixando um que, desde esse mesmo ano, venceu a Liga dos Campeões por 7 vezes!
Mesmo os melhores jogadores, aqueles que ganham jogos sozinhos, parecem esquecer que o jogo é coletivo e que ninguém vence uma prova, sobretudo a nível de topo europeu, sem uma equipa de qualidade indiscutível e forte em todos os setores. Veja-se o PSG, que juntou Neymar e Mbappé, e depois Messi, tudo no ataque, mas corre ainda atrás do título continental. No Real, Cristiano era acompanhado de Ramos, Marcelo, Modric, Kroos, Bale e Benzema, para citar apenas a nata. Na Juventus havia muito pouco desse nível e também no futebol é impossível ser feliz sozinho. Menos ainda quando a idade avança. No caso de Ronaldo, está na hora de reconhecer que o fim está mais próximo e não autoriza novos passos em falso.
O argumento de ausência da Liga dos Campeões é compreensível, mas este é o ano em que a prova pode ter menos peso na consagração de um futebolista. Desde logo porque há Mundial e, pela primeira vez, um Mundial de Inverno, a interromper a época. Chegar ao Qatar no melhor nível, sem o desgaste de um final de época que penaliza necessariamente e em particular os futebolistas mais velhos, pode significar o teste de algodão de toda uma época. Não jogar a Liga dos Campeões, preparar-se apenas para um jogo por semana numa prova com a visibilidade da Premier, podendo apresentar-se em forma em todos eles, é bem capaz de ser uma bênção, num ano assim e para quem já vai nos 37 anos e meio.
Acresce que, depois de uma época desastrosa do Man United, primeiro com Solskjaer, que já se sabia não funcionar, e depois com Rangnick, que não se via como funcionasse, Old Trafford volta a ter um treinador a sério. Erik Ten Hag mostrou toda a competência no Ajax, vai acrescentar coerência ao jogo do United e está não só a limpar a casa, como a contratar cirurgicamente e bem: Lisandro Martínez, Malacia, Eriksen. Se for possível chegar a Antony, arrisco prever que vá até conseguir dar luta a Man City e Liverpool. Cristiano só poderá beneficiar de fazer parte deste novo filme numa casa que também o idolatra e de onde deveria fazer tudo por sair pela porta grande. Ficar em Manchester é bem mais avisado do que em meter-se em aventuras num Chelsea instável, num Bayern onde a herança de Lewandowski seria muito pesada e principalmente num Atlético de Madrid que não faz sentido para ele por razão nenhuma, nem histórica, nem tática, nem física. Que o consiga aconselhar a isso quem não foi capaz de o convencer a evitar o erro de ter faltado aos treinos nas últimas semanas. Erro apesar de tudo menos grave e mais fácil de emendar do que seria um novo passo em falso nesta fase da carreira."
Olha a hora!...
"Ao arrancar mais uma época e após um tempo propício para uma melhor inserção de novos membros, capazes de construir um elo de proximidade mais coeso, associando a validação de competências psicológicas, sociais, técnicas, táticas, biológicas e, especialmente uma agregação de traços de identidade perante o símbolo do clube, portador de valores éticos e deontológicas muito próprios, importa refletir numa ideia com base numa previsibilidade funcional das equipas em prova.
Após as avaliações de vária ordem, muito em especial ao nível das capacidades antropológicas, biológicas, cárdeo funcionais, motoras, etc…, geralmente todas as equipas optam por realizar estágios na pré-época, procurando associar à planificação das cargas específicas de treino a realização de alguns jogos, competindo com equipas de maior ou menor dificuldade de exigência.
Algumas equipas nesta fase procuram realizar competições de dificuldade crescente, na tentativa de obter resultados positivos, e com isso ver valorizado os seus índices de confiança, vendo nisso um apelo para a otimização do sucesso no futuro imediato.
Outras equipas provenientes de clubes com uma maior dimensão estrutural e candidatos a patamares de excelência competitiva, retirando daí muitas vantagens económicas, procuram associar ao estágio, competições em torneios de nível internacional e que pela mais-valia do adversário, se dispõem a correr riscos de acusar um rendimento e resultado em desconformidade com expectativas à priori criadas.
A pergunta que se pode fazer neste momento é a seguinte: qual a importância que se pode imputar a equipas cujos rendimentos e resultados foram negativos? Equipas cujos rendimentos foram negativos e resultados positivos? Equipas cujos rendimentos foram positivos e resultados negativos? E tudo isto condicionado por um conjunto de jogadores disponíveis para a competição; a inserção de novos jogadores; jogadores que advêm de competições próximas ao nível das seleções ou de possíveis estados do reaparecimento após lesão, etc…
Não tenho dúvida que qualquer derrota nesta fase, mesmo que seja desvalorizada pelo seu líder, pode ser objeto de preocupação, inquietação, dúvida e geralmente perturbadora, caso se veja repetida. Poderá, no entanto, acontecer que a adversidade perante resultados menos bons nesta fase, a equipa possa reagir para um novo estímulo renovador, pelo despertar coletivo de novas matrizes de competência, transferindo dificuldades em oportunidades, vendo imprimida uma nova cultura de exigência.
Importa ainda anotar uma referência ao nível da liderança comunicacional do líder/ treinador. Sabemos que qualquer mensagem para que atinja um objetivo assertivo, deverá estar revestida de clareza, exposta de forma otimista e positiva e sem duplo significado, cuja expressão verbal e não verbal demonstre coerência, devendo separar os factos das opiniões e bem sintonizadas com objetivos positivos de conquista.
Por vezes verificamos que a credibilidade do treinador fica afetada quando uma resposta se vê emocionalmente traída por um desespero indesejado e por isso inoportuno.
É claro que tudo isto faz parte da identidade do treinador como comunicador e líder e como expressa o tipo de comportamento da liderança no seu desempenho, quer por via da instrução e treino, quer por via democrática, recompensadora, de apoio social, explorando a preceito com inteligência, empatia, motivação intrínseca, flexibilidade, ambição, autoconfiança e otimismo os seus atributos.
Está na hora!... Vamos iniciar mais uma época desportiva. Espero e desejo que se possa mobilizar num permanente e incessante compromisso entre:
Jogadores – os fiéis interpretes da dinâmica que o desenvolvimento do jogo promove a todo o instante. Aqueles que colocados no estádio, as suas esperanças e medos são expostos em frente de milhares de espectadores e convertem a vontade de vencer numa questão de treino e a maneira de vencer numa questão de honra!... e são tantas as vezes que os jogadores carregam uma cruz duma vida virtualmente fácil, abnegada e talvez incompreendida!...
Treinadores – que estejam sempre disponíveis para medir a autocrítica de forma séria e descomprometida e também capazes de motivar para o triunfo e aceitar o fracasso, e sempre disponíveis para administrar os valores da honestidade e a firmeza das convicções. Procurar ser também bons conselheiros com um modelo de comportamento exemplar, segundo o qual permita corrigir sem ofender e orientar sem humilhar.
Árbitros – Todos sabemos que emitir juízos com a máxima brevidade de tempo e confirmar o caráter irreversível da decisão tomada, não é tarefa fácil, nem facilmente compreendida. É evidente que a crítica ao árbitro é necessária e indispensável. Mas as disponibilidades técnicas do esclarecimento deveriam salvaguardar a sua credibilidade no contexto agonístico do jogo, evitando a todo o custo que a sua figura seja praticamente anulada pelo primado exclusivo da tecnologia.
O estado do comportamento humano do árbitro, a sua personalidade, os seus valores, os seus critérios, deverão prevalecer, porque antes do árbitro está a pessoa. E é por isso que o árbitro deverá ter no jogo uma capacidade de estima e não abuso do poder, que por vezes desorienta quem joga e estimula negativamente quem ao jogo assiste.
Dirigentes – quantos são aqueles que arrancam do seu labor ocasião e forma de protagonizar para o seu clube o tesouro dos maiores entre os grandes?!... Porventura alguns percorrem de forma intempestiva os corredores do poder, vendo no Futebol um exercício compensatório de personalidades frustradas no campo pessoal e profissional, desprezando as regras adjacentes ao bom senso e razão!... Reclama-se um longo caminho a percorrer que o empreendimento desportivo exige no que respeita à competência e profissionalismo dos seus agentes.
Adeptos – que gritam e vibram com o peso da sua bandeira, numa profunda relação de afetos no apoio participativo. Contudo verifica-se de forma frequente situações conflituosas, confirmando ou contrariando expectativas do resultado e de imediato o lugar à cólera e euforia perante as fases mais relevantes: marcação ou não dum penalty, golo falhado, falta inexistente e o estádio transforma-se por vezes numa labareda de opiniões, com efeitos por vezes dramáticos.
Orçamentos estabelecidos, objetivos formulados, rentabilização de competências e partida para uma nova época, onde se apuram comportamentos, se invocam convicções, se ajustam desejos e todos partem para mais uma viagem de sonho.
Deixemo-nos levar pela imagem dum belo jogo de Futebol. Se repararmos bem, a potencial dinâmica do jogo dispõe de facto de uma magia inigualável … durante 90 minutos é possível condensar muitas histórias e reproduzir muitas graças que a vida nos oferece. Daí um dos seus principais encantos!...
BOA ÉPOCA!..."