"Benfica fecha a pré-época com uma vitória na Eusébio Cup, por 3-2, contra o Newcastle. Gonçalo Ramos, Grimaldo e Henrique Araújo fizeram os golos. Acabaram-se os testes: na próxima terça-feira, os lisboetas recebem o Midtjylland, na Luz, para a 3.ª eliminatória da Liga dos Campeões
Está com ar de que vai ser divertido. Roger Schmidt juntou uma banda interessante que não resiste em olhar para a frente, restando saber se essa vertigem em doses poderosas não se transformará numa armadilha em alguns jogos. Mas uma coisa é certa: adepto (e quem gosta de ver futebol) aprecia quem ousa colar a mirada no horizonte distante, nos ferros que gemem alegria. E foi isso que tivemos durante 45 minutos, pelo menos de forma bem jogada.
O Benfica, recém descobridor que terá pela frente o Midtjylland na 3.ª eliminatória da Liga dos Campeões, entrou para o derradeiro teste de pré-época com Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Morato, Grimaldo, Florentino, Enzo Fernández, João Mário, Neres, Rafa e Gonçalo Ramos. Há pedalada, há fineza técnica, há juventude, há gente batida, há aparentemente uma ideia de jogo apreendida. E assim se ganhou a Eusébio Cup esta noite contra o competitivo Newcastle, por 3-2, com golos de Gonçalo Ramos, Grimaldo e, aos 89’, Henrique Araújo. Os dois primeiros golos, de canto e livre direto, foram os sexto e sétimo de bola parada em 17 golos na pré-época. Que seja uma causalidade parece pouco provável.
O 11 do Benfica, ao contrário do adversário, esteve mais tempo em campo, era tempo de afinar timings e olhares, conexões e coragens. Talvez o ataque represente pouca preocupação, pois a proposta é realmente cativante: Enzo e Florentino seguram o meio-campo e dão rotas à bola, Neres ainda está à espera de se encontrar com o seu famoso 1x1, enquanto João Mário, com mais tempo para pensar e olhar, parte da esquerda para ser mais um médio. Rafa, que parece encontrar buracos negros em todo o lado, joga atrás do avançado, o comprometido Gonçalo Ramos.
A maior preocupação talvez esteja no momento em que se perde a bola. É natural, já que a equipa cola os dois laterais perto da área rival, deixando alguns buracos no momento em que dá esticões ou sufoca a outra equipa. Os dois golos dos ingleses, que sabem tocar a bola, nasceram pela direita. Descobriu-se sempre Kieran Trippier junto à linha. O lateral teve muito, muito tempo, entrou pela área e cruzou atrasado para Almirón fazer o primeiro da noite. O segundo golo foi semelhante: bola em Tripper, desta vez com João Mário mais perto de Grimaldo, mas um movimento de Almirón enganou o médio e o paraguaio ficou com a bola dentro da área, escolhendo depois, com categoria, o poste mais longe. O bloco de notas dos senhores do Midtjylland deve ter sido fechado esta noite com muitas linhas vermelhas rabiscadas naquele corredor.
Do outro lado havia gente boa como Bruno Guimarães e Saint-Maximin também, ainda que pouco influentes. O jogo tornou-se rasgadinho, as entradas durinhas sucederam-se, nem parecia um jogo a feijões. Bom, nunca é quando os jogadores lutam por um lugar na equipa.
Os primeiros 45 minutos do Benfica, ofensivamente, foram realmente interessantes, sendo que Gilberto é sempre um ponto de interrogação do ponto de vista técnico. Mas há triângulos que prometem bom futebol: Grimaldo-Enzo-João Mário, Florentino-Enzo-Rafa, Neres-Rafa-Florentino, faltando ainda fechar a conversa com o disponível Ramos. Morato parece estar a convencer Schmidt e Otamendi, com a braçadeira, deixa poucas dúvidas sobre a qualidade.
A segunda parte foi desinteressante. O Benfica, aliás, se as contas não falham por aqui, só rematou aos 89’: foi o golo da vitória de Henrique Araújo, depois de uma boa combinação entre Bah e Roman Yaremchuk. O Newcastle mudou 10 jogadores no descanso, com destaque para as entradas Joelinton (seria expulso), Fabian Schar e Jonjo Shelvey. O resistente foi Jacob Murphy, que ia sacudindo a equipa da casa, apoiada por cerca de 50 mil adeptos, com alguns ilustres no lote como a família de Eusébio, mas também Fabio Cannavaro, entalado entre Nuno Gomes e Paulo Madeira, com Simão Sabrosa e Mantorras por perto.
Schmidt, que gostou de alguns momentos da primeira parte, foi fazendo o que se faz nestes jogos e foi mexendo, quebrando ainda mais o quebrado jogo. Primeiro, Weigl, Chiquinho e Yaremchuk. Quem não se veria no Estádio da Luz seria André Almeida, por opção, e Ristic, João Victor e Lucas Veríssimo, todos por lesão. Pizzi estará em vias de assinar pelo Al-Wahda, enquanto Gabriel e Taarabt não contam para o treinador alemão, estando até já a treinar à parte.
Depois, seguindo o protocolo, entraram Diego Moreira, Bah e Henrique Araújo, que resolveria a história da noite. “Sabemos a importância da Eusébio Cup para o clube, pela figura que Eusébio foi e é”, desabafou no final o jovem avançado. “Ganhar é sempre muito importante para culminar esta pré-época.”
Segue-se o Midtjylland, na próxima terça-feira, no Estádio da Luz (20h). Segue-se a corrida pela música mais especial para qualquer futebolista, a tal que se quer ter debaixo da garganta a ulular.
“Ce sont les meilleures équipes…”"
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