sábado, 19 de março de 2022
À Vmocada II
"O Sporting adquiriu as VMOC no BCP, não pelo valor unitário inflacionado (1€), nem sequer pelo valor com 70% de desconto renegociado em 2019, mas por 16,8 cêntimos, ou seja, com um colossal desconto de 83,2%.
Tudo legal, mas é aviltante ouvir dirigentes do Sporting congratularem-se pela operação. E é sobretudo insultuoso para quem cumpre escrupulosamente as suas obrigações.
Colocaram os bancos entre a espada e a parede, livrando-se de uma dívida monstruosa enquanto continuaram a gastar acima das possibilidades (a Sporting, SAD voltou à situação de falência técnica em 2018). E ainda têm o desplante de se regozijarem publicamente.
Não pagaram, não sabiam como poderiam pagar, foram salvos por bancos, à data das operações, intervencionados pelo Estado, e nem sequer se cumpriu o inicialmente planeado. Em 2016, ano em que as VMOC de 2011 deveriam ter sido compradas, o prazo foi prorrogado para 2026, o mesmo das VMOC de 2014. E, em 2019, acordaram um desconto de 70%, mas o BCP nem sequer quis arriscar esperar e acedeu a baixar mais a fasquia.
Agora o BCP justifica-se publicamente com o risco de o banco ter de ficar com cerca de 40% de capital da Sporting SAD. E seria de facto um enorme risco, reconheça-se, tal é o histórico de prejuízos atrás de prejuízos da Sporting, SAD.
Mas mais do que os 127 milhões de euros de dívida da Sporting, SAD ao BCP e Novo Banco reduzidos e uma parcela reduzidíssima, o que realmente incomoda é a ideia, porventura próxima da verdade, da premeditação.
Ninguém me convence de que os dirigentes do Sporting, de 2011, 2014, 2016, 2019 ou os actuais, alguma vez tenham receado que estes bancos sequer pensassem em assumir uma participação significativa no capital da SAD ou que vendessem as participações a terceiros à revelia do Sporting. E suponho que nunca tenha sido essa, em qualquer circunstância, a intenção desta dois bancos. A pressão da massa adepta sportinguista seira insuportável. E é por isso que, embora formalmente não se trate de um perdão de dívida, na prática este aconteceu mesmo, foi enorme e, se calhar, planeado.
E em vários momentos: a benesse começou ao valorizar-se a dívida muito acima da cotação das acções (quase o dobro), prosseguiu com reavaliações dos montantes em dívida e a diminuição acentuada do serviço de dívida (juros) e termina com o retorno do capital a preço, não de 'saldo', mas de 'liquidação total', enquanto, é bom não esquecer, os gastos continuaram acima das possibilidades. É indecorosos!"
João Tomaz, in O Benfica
Nós e os outros
"Os dois pesos e duas medidas continuam a ser a prática mais comum no futebol português - e em grande parte das principais modalidades. E não estou a falar apenas de arbitragens, aí já há muito percebemos que as más práticas se tornaram coisa corriqueira.
Lances similares com jogadores do SL Benfica e com futebolístas dos rivais mais diretos têm quase sempre tratamentos diferentes. Veja-se o que se passou com Taarabt e o que aconteceu no relvado do Dragão. Mesma entrada, uma é expulsão, a outra não.
Jogadas que vão ao VAR (ou melhor, que dependem da análise subjetiva e clubística de quem opera a tecnologia), têm quase sempre resultados diferenciados conforme o jogador prejudicado vista de vermelho, de azul ou listado de branco e verde. Talvez o daltonismo seja uma explicação. Ou então, é aquele fenómeno que faz que os cores mais quentes sejam alvo fácil de fúria. Veja-se o que se passa com os touros de lide.
Duas medidas e dois pesos também temos nas operações financeiras que envolvem o Glorioso e os restantes clubes ou sociedades desportistas. Cada relatório e contas nosso é esmiuçado e criticado, os dos rivais sempre passam entre os pingos da chuva. Perdões de dívida então, é melhor nem falar, tal a pouca vergonha que permite que clubes falidos continuem a contratar atletas quando, em termos de orçamento, nem dinheiro têm para economato.
É o mesmo que dizer: um caso menor no Benfica equivale a capa de jornal e especial de várias horas na televisão. Uma escandaleira nos rivais é uma nota de rodapé ou uma breve para comentar en passant. Não podemos deixar que a mentira ganhe."
Ricardo Santos, in O Benfica
Carrega Benfica!
"Nunca esperei algum dia vir a dizer isto, mas o Benfica empatou 1-1 na Luz com o Vizela e quando o jogo terminou senti-me entusiasmado. Falta de exigência? Sim, talvez. Porque, como um célebre sábio disse um dia, valores mais altos se levantam. E levantaram. Havendo ainda ambições classificativas no campeonato, talvez estes dois pontos perdidos tenham sido compensados com aquilo que de mais importante estava a faltar ao Benfica: Benfica. A comunhão entre adeptos e jogadores, as emoções à flor da pele nas bancadas e no relvado, o esquecer da razão para jogar com o coração por momentos, estava a fazer muita falta. Sou fã da serenidade do Weigl, mas por vezes é necessária a raiva do Petit. O futebol vive de resultados, mas o Benfica vive de uma mística que já não se fazia sentir assim há algum tempo. Foi o mote necessário para que o resto da temporada, tenha ela o seguimento que tiver, possa ter também mais Benfica. E essa será sempre a melhor forma de reentrarmos no campeonato que queremos.
A poucas horas de começar a rolar a bola em Amesterdão, tenho a certeza absoluta de que, esta noite, Benfica não vai faltar de certeza. O Benfica europeu tem uma história muito bonita, registada não só no Museu Cosme Damião, mas também nas bancadas de tantos estádios por toda a Europa. Os mais de 3 mil benfiquistas na Holanda são um certificado absoluto de que estão reunidas as condições necessárias para que a nossa águia voe bem alto no Johan Cruijff Arena. Tenho imensa pena de ainda não saber o resultado para partilhar as minhas emoções com o leitor. No entanto, seja lá qual for o desfecho, foi para jogos deste calibre e dimensão que nasceu o Benfica."
Pedro Soares, in O Benfica
Bancadolândia
"Quando ouço a miudagem queixar-se de uma ou outra mordidela dos sintéticos de futebol... invejo-lhes a sorte! Noutro tempo, na idade deles, a nossa pele ficava nos pelados e nos empedrados, e, 'em troca', a carne das pernas e dos braços colecionava detritos que, depois, um pequeno arsenal composto por um bom banho, pedra-pomes, álcool, mercurocromo e algodão tinha potencial para reparar ou confortar.
Ainda hoje, nos melhores relvados para a prática do desporto, continuo a acreditar que um carrinho vigoroso, contundente, neutralidade e eficaz põe qualquer bancada a chamejar. É galvanizador, tivaliza com aquelas fintas que, quando favoráveis, fazem ebulir o vulcão que vive em nós. Melhor... talvez só mesmo o prazer do adorável instante em que a bola beija as redes adversárias. O golo, sim, e é esse momento mágico que estimula esta reflexão sobre alguns dos diamantes com selo do Benfica Campus!
'O talento de goleador é tão particular como o de guarda-redes', argumenta Jorge Valdano, um dos filósofos do futebol que, enquanto jogador, fez carreira a desenhar pinturas nas balizas contrárias. Ele sabe sobre o que escreve, mas cada vez acredito mais que o sucesso das grandes equipas depende sobretudo dos homens-golo, ou dos futebolistas que finalizam com naturalidade e regularidade, até porque há outra tendência que as estratégias, as táticas, a análise de vídeo e a preparação global acentuam: a 'facilidade' de destruição dos ataques.
Quem tem golo tem tudo o que se quer para fazer a diferença, enquanto lá atrás uma boa defesa/organização defensiva e um bom guarda-redes resguardam e seguram as pontas! Este talento, no Benfica, é tinta, aliás, tem de ser tinta para estimada escritura no presente e no futuro! Gonçalo Ramos(20 anos) e Henrique Araújo(20 anos) já jogam pela equipa A e, claro, porque lhes está no sangue, marcam golos nesse patamar. Apostar (a sério) ou não apostar, eis a discussão!
Mas há mais: João Resende(18 anos), Luís Semedo(18 anos) e Franculino Djú(17 anos), diferentes nos estilos, na morfologia, nos níveis de desenvolvimento, maturidade e até nos pés dominantes, já estão na estrada que os pode aproximar e/ou conduzir à concretização do maior dos sonhos que lhes alumiam os passos. A riqueza está em casa e, havendo oportunidades consistentes e um aproveitamento sustentado do talento emergente, a sua expressão vai gerar substância (e golos) para muita literatura."
João Sanches, in O Benfica
A mais no futebol
"O futebol português tem dois problemas graves, que se vêm arrastando ao longo de décadas, e que o condicionam enquanto liga profissional num contexto europeu.
O jogo entre Benfica e Vizela evidenciou ambos, deixando bem claro o que é preciso mudar e a urgência dessa mudança.
A implementação do VAR tinha como objectivo facultar às arbitragens meios suficientes para eliminar erros grosseiros e assegurar a verdade desportiva. Porém, como se tem visto, e como se viu particularmente nesta última jornada, nem com imagens cristalinas os árbitros acertam nas suas decisões.
Não quero acreditar que se trate de corrupção. Sem provas nem fundamentos não devemos avançar por aí. Acho, sim, que os árbitros portugueses estão cada vez mais incompetentes, e são, como sempre foram, permeáveis às ondas de pressão e condicionamento promovidas desde fora.
O ruido instalado em redor do Benfica nos últimos anos fomentou em alguns árbitros uma espécie de necessidade vital de prejudicar o Clube. Ou o fazem, ou estão sujeitos a entrar no carrossel de mistificações lançado, alimentado e mantido pela comunicação do FC Porto. André Narciso é um dos exemplos paradigmáticos desta forma de estar, que nos transporta a memória para os negros anos noventa.
Outro dos problemas reside na falta de qualidade das equipas pequenas, cujo antijogo reiterado é o único meio para a conquista de pontos.
Reservo a solidariedade com os mais frágeis para as situações humanas. Não para com clubes de futebol-fantasma, cujo lugar óbvio e natural seria na segunda divisão. Já aqui trouxe o tema várias vezes, o prometo voltar a ele."
Luís Fialho, in O Benfica
Família Benfica!
"Chegaram os primeiros alunos das Escolas Benfica de Kiev e Kharkiv e estão bem, nas mostram-se tristes e cansados. Não é para menos! A vida destas crianças mudou radicalmente: casa, quarto, brinquedos, amigos e namoricos, tudo estranhamente fresco na memória, mas varrido da realidade. O que ainda era há duas semanas deixou de ser e não voltará. Os empregos foram-se. Os pais ficaram, mas as mães vieram. A escola segue à distância, dir-se-ia que regressaram aos confinamentos, mas não: o silêncio da pandemia deu lugar ao troar dos canhões e aos estalidos das balas. Os aviões, como os mísseis, esses não se lhes ouve um ruído até ao momento final das explosões traiçoeiras e brutais, sobre casas, escolas, jardins, hospitais ou campos de futebol. Tudo o que represente a pacatez do dia a dia desde povo digno, a quem querem diminuir, mas que estranhamente se agiganta.
Os pequenos semblantes mostram perplexidade, num misto de receio e de esperança que nos desconcerta. Mas logo dizemos Benfica, subimos juntos no elevador do museu, partilhamos no estádio o voo de uma águia rasante e gritamos juntos pelo golo que se anuncia. Logo entramos na sala nobre da SAD, e o presidente do Benfica distribui prendas, ajudas e abraços de jogador para jogador, de menino Benfica para menino Benfica, e alguma coisa partida parece começar a colar-se.
As caras acendem sorrisos, e o brilho da esperança volta aos olhos das mães, ainda que por momentos, quando as crianças soltam a alegria nas bolas, vestidas de vermelho dos pés à cabeça, num regresso à segurança e numa promessa de normalidade nas suas vidas bruscamente interrompidas.
Saber que numa terra tão distante se encontraram entre os seus é reconfortante para mães e filhos e ajuda a suportar o duro fardo que carregam. Nós sabemos, por isso o fazemos, porque no Benfica, quando dizemos que somos família, sentimos e agimos como tal!"
Jorge Miranda, in A Bola
Núm3r0s d4 S3m4n4
"1
Henrique Araújo, actual segundo melhor marcador da II Liga ao serviço da equipa B, estreou-se a marcar pela equipa de honra do Benfica.
Os juvenis terminaram a fase da zona sul na 1.ª posição;
2
A nossa equipa feminina de voleibol terminou a fase regular do Campeonato na 2.ª posição, uma melhoria em relação à época passada. Tem a vantagem casa na meia-final e, seguindo em frente, terá a oportunidade de lutar pelo regresso ao título (o último foi em 1975);
8
O Benfica está nos derradeiros 8 participantes na Liga dos Campeões. É um regresso a esta fase da prova, a última presença havia sido em 2016. Perante uma grande equipa, a nossa fez o jogo que precisava, procurou ser feliz e conseguiu;
9
O lance de mão na área vizelense frente ao Benfica na Luz foi tão evidente, que não há justificação possível para que a equipa de arbitragem, nomeadamente o VAR, não tenha assinalado a devida grande penalidade. E só em erros de arbitragem clamorosos, facilmente evitáveis pelo VAR, perdemos pelo menos 9 pontos neste Campeonato. E esta constatação torna-se ainda mais frustrante ao se repetirem, jornada após jornada, as intervenções aos mínimos detalhes em favor de Sporting e, principalmente, FC Porto;
40
Darwin chegou aos 40 golos de águia ao peito em competições oficiais e logo num grande palco. Tem 4 golos em 8 jogos na Liga dos Campeões;
50
Gonçalo Ramos chegou à meia centena de 'jogos oficiais' pela primeira equipa do Benfica (22 a titular). Leva 12 golos; Vertonghen cumpriu o 50.º jogo de águia ao peito no Campeonato Nacional;
3002
João 'Betinho' Gomes tornou-se no 24.º basquetebolista a superar a barreira dos 3000 pontos pela equipa de honra do Benfica. Foi apenas o 5.º a fazê-lo neste século, o 2.º se se considerar somente os pontos marcados desde o ano 2000."
João Tomaz, in O Benfica
Cadomblé do Vata
"Excelente sorteio de Champions League para o Benfica, que para nós, isto de eliminar adversários que esta época ganharam por 5-1 em casa de rivais nossos, é só mais uma quarta feira no escritório."