sábado, 22 de janeiro de 2022

A quem interessa a devassa do Benfica?


"Temos assistido, ao longo das últimas semanas, à intromissão intolerável na esfera privada de diversas pessoas com responsabilidades no Sport Lisboa e Benfica.
A revelação, selectiva e a conta-gotas, de escutas de conversas privadas cujo conteúdo não tem qualquer relevância criminal trata-se, em última instância, de um ataque ao Benfica.
Ainda não há muito tempo o Clube foi vítima de um roubo de e-mails, sofrendo consequências irreparáveis em função da inqualificável divulgação ao público, para mais de forma truncada e deturpada, de conteúdos estritamente internos e que afetaram a sua reputação.
Desta feita estamos perante uma situação em que um instrumento de investigação das autoridades competentes - as escutas - é colocado, numa clara violação do segredo de justiça, à disposição de quem não tem pejo em escancarar a privacidade de outrem.
Qual a relevância criminal do conteúdo das conversas privadas vindas a público?
A quem interessa esta devassa do universo Benfica?
A quem beneficia a fragilização, a erosão e a destruição do Sport Lisboa e Benfica?
Haverá alguma organização (ou individuo) capaz de passar incólume perante a exposição pública de conversas privadas, incluindo desabafos de ocasião, frustrações do momento ou pensamentos em voz alta?
Onde estão os limites?
O Estado de Direito exime-se de responsabilidades? Não há mesmo nenhuma autoridade disponível para colocar um travão nesta violação grave de direitos fundamentais?"

Pedro Pinto, in O Benfica

De volta ao topo


"Numa altura em que o voleibol benfiquista atravessava um mau momento, foi no seio familiar que voltou à elite nacional

A beleza do desporto encontra-se na incerteza do resultado. Por mais forte que seja uma equipa, não se pode afirmar com total certeza que sairá vencedora. Há vários fatores que a podem levar ao sucesso ou ao seu contrário. O talento dos seus jogadores poderá ser insuficiente, pois, tal como se diz, 'individualidades ganham jogos, mas é como equipa que se conquistam títulos'.
Em 1987, o voleibol do Benfica vivia tempos conturbados, longe da glória dos títulos. Fazia quatro anos que não ganhava nenhum troféu, e, para agudizar a situação, a equipa encontrava-se a disputar o segundo escalão nacional. Havia pouco Benfica nesse Benfica!
Por forma a tentar ultrapassar essa situação, os dirigentes benfiquistas apostaram na contratação de Luís Sardinha, recrutando-o do ISEF, no início da temporada 1987/88. O treinador aceitou o desafio, apesar de ingressar num clube que estava na divisão inferior à do seu anterior. Para aumentar a qualidade da equipa, trouxe do ISEF alguns jogadores, entre os quais João e António Silva. Os dois irmãos, para além de melhorarem o conjunto em termos qualitativos, tinham ligação ao passado e presente dos encarnados. Filhos de António Augusto, que vestiu de águia ao peito entre 1957 e 1964, tinham, ainda dois irmãos no plantel: José e Miguel.
A partir do núcleo familiar Silva, Luís Sardinha conseguiu criar uma equipa unida, superando os objectivos definidos no início da temporada. Os benfiquistas realizaram uma temporada quase perfeita, falhando apenas a conquista da Taça de Portugal. O Clube teve uma prestação excecional, conseguindo o apuramento para a Taça das Taças, o que mereceu rasgados elogios por parte da imprensa. 'O Benfica realizou, de facto, um feito extraordinário, pois acaba de subir à divisão de honra e simultaneamente atinge, a Europa (inédito no desporto português)'.
A base desta equipa conseguiria, no final da década de 1980, vencer a Taça de Portugal e, no começo da seguinte, conquistar o Campeonato Nacional, restabelecendo o Benfica ao patamar de excelência a que pertence.
Saiba mais sobre este brilhante conjunto na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Precisamos de falar


"O Nuno Picado e o Sérgio Engrácia decidiram perguntar-se se vale a pena, numa conversa com tanto de inesperada como de inevitável. E estragaram-me mais uma noite de sono. Decidi ouvi-los logo, atentamente, e viraram do avesso a discussão interior que mantenho, durante grande parte do dia, todos os dias: vale a pena? Sou um bom Benfiquista? As minhas acções, por insignificantes que sejam, fazem bem ou mal ao Benfica? Quando é que é tempo de falar? Quando é que devo esperar e ver o que acontece? Vale mesmo a pena?
Nunca encontrei respostas certas. Não existem. Mas sei, hoje, o suficiente para fazer mea culpa e assumir, perante mim próprio, que nem sempre fui o melhor Benfiquista que poderia ser a cada momento, nem sempre me contive, nem sempre pensei antes de falar. Mas, é isso mesmo o amor. Este amor eterno e incondicional. Pelo que voltarei a pecar, certamente.
Lembram-se de quando os convidados do BenficaFM tinham de abrir a dizer que é que significava para eles o Benfica? Já há muito não me perguntava isso. É o primo que se afastou mas continua a gostar de nós? É o pai de olhar distante que anda a lutar contra os seus próprios fantasmas? Somos nós quem se afastou? Serei eu? É o tio que nos levou a sítios onde nunca iríamos, às cavalitas do seu carisma e espírito de aventura? É esse tio que agora namora e deixou de querer saber de nós? Serei, afinal, eu?
Todos gostamos de ver as nossas opiniões validadas, mas dá ainda mais sossego sentir as nossas emoções partilhadas. Tenho-me sentido atormentado por uma certa frieza que me é estranha, nova. No último mês fui a todos os jogos da equipa de futebol e dei um saltinho ao pavilhão. Cada jogo, pela distância, exige planeamento: a compra dos bilhetes, quando é fora; as alterações de agenda no trabalho; as viagens sempre contra o tempo; a coordenação cá em casa por maximizar a eficiência e conciliar horas; aquele formigueiro durante toda a semana; a esperança ingénua na vitória mesmo quando partimos de trás. E, chegado ao meu lugar, só quero vir embora. “Por que é que eu vim?”. E assim volto sempre, assim fui duas vezes rua acima em procissão até ao Dragão, certo de que a pica que aquele sítio me dá iria reverter essa sensação. “Que é que eu estou aqui a fazer?”, outra vez. Pensei que era um problema meu, comentei, até, com alguns consócios o que estava a sentir e se seria de estar a crescer, como pessoa, de alguma forma, de ter mudado sem me aperceber. Assumi que era só eu. Que só a mim causavam estranheza a vibração, o tom, o ambiente, a falta de empatia e reciprocidade na bancada e da bancada. É assustador saber que não é só de mim. Porque eu sou insignificante. Dois, pelo menos, já são demasiados.
Nunca votei em Luís Filipe Vieira. E não o digo senão para contextualizar. Apesar de ter sido sempre crítico da postura, estilo de liderança e falta de transparência do anterior presidente, com ou sem oposição formal, nunca isso me impediu de sentir cada lance, cada jogo. Não era apoiante de LFV no Marquês em 2010, como não o era também num sem número de momentos de êxtase desde então. Até bem recentemente, mesmo. Portanto, não é a política associativa e a disputa democrática e seus resultados que me afastam ou esmorecem no apoio às equipas e no fervor do jogo.
Escrevo para organizar as ideias num exercício de terapia autónoma; partilho-o pela solidariedade com os que se sentem sozinhos nesta maneira, afinal comum, de sentir.
Não tenho, na verdade, diagnóstico algum a apresentar ou uma solução milagrosa a saltar da manga. Não mais do que a certeza de que precisamos de falar. Precisamos muito de falar. E não tenho parado de falar comigo desde que ouvi o Nuno e o Sérgio.
Comecei a escrever em jeito de Rescaldo, mas se me descuidar sei que vai sair um Brinco. Salvaguardando a diferença de que já não estou sequer certo acerca de onde parti, em que ponto mudei ou mudámos, muito menos de para onde vou. Sozinho ou acompanhado.
O resultado mais evidente desta reflexão passa, sobretudo, pela certeza de que não é um problema só meu. Antes fosse. O que representa, hoje, o Benfica na vida de cada um de nós? Na minha, será sempre o espaço consagrado de comunhão inocente e pueril, o porto de abrigo feito em águas revoltas, os amigos, as cervejas, os cânticos da bancada em loop na cabeça, todo o dia, todos os dias. O amor incondicional e apaixonado. Mas para amar não basta o amor, é precisa reciprocidade, de algum modo. E, arrisco dizer, é isso que tem faltado. É esse o factor x desta equação. E já nem ganhar, quando se ganha, ajuda a curar a ferida. Já nem o golo, a vitória e a remontada apaziguam a revolta, o desespero e a frustração. É a isto que chamam, se bem entendo, uma relação tóxica.
Sei que a partir de hoje, na vida, nas redes, nos grupos de Whatsapp, serei mais cuidadoso. Tentarei salvaguardar mais o amor pelo clube em detrimento da vontade de gritar bem alto contra quem o está a roubar de nós. De mim. Já não falta tudo.
E quem o está a roubar de nós não é tão fácil de identificar como pode parecer. Assumo que quando o meu partido governa mal me custa muito mais do que quando são outros; que me apoquenta muito mais uma má acção de um companheiro do que um crime de um desconhecido; que me deixam doente os pecados e omissões dos “nossos”, de tal forma que já nem ligo a erros de arbitragem, orquestrações mediáticas e bocas dos rivais. Mas deveria. Deveríamos todos. Porque é quando os gigantes tropeçam que as hienas se alimentam. E o Benfica continua a ser um gigante. O que me leva a perguntar-me: não seria preferível almejar ser o melhor do que ser, só, o maior? Ganhará mais o Benfica estimulando a participação associativa activa dos seus sócios ou a venda de kits de passividade e descontos? Será um mal só do Benfica ou é transversal à sociedade? É da sociedade, claro. Mas será que o nosso desencanto se prende com a tal ideia vã e inocente de que no Benfica seria diferente? Terá o nosso subconsciente visto no Benfica um falso bastião de uma sociedade que já não existe? Será que isto é efectivamente isto?
Queria poder pôr o Benfica em pausa durante umas semanas, meses ou anos. Parar, assim, decididamente. Mas mal posso esperar pelo próximo jogo."

Futebol baço


"Exibição pobre do Benfica em Arouca, que ainda assim valeu um tímido regresso às vitórias (2-0). Marcaram Darwin e Gonçalo Ramos, com a equipa da casa a falhar uma grande penalidade ainda na 1.ª parte que poderia ter dado ao jogo uma história diferente

Mal o apito final soa em Arouca, a câmara aproxima-se de Vertonghen e o belga está de mãos na ilharga, olhar vazio, virado para o horizonte, respiração rápida sem ser ofegante. Nem parecia que o Benfica tinha voltado às vitórias, que o resultado até havia sido de 2-0, conjunto de números e travessões que, quem olha sem ter dado um olhinho ao jogo, vê como um “cumpriu”.
Taxativamente, o Benfica cumpriu em Arouca. Venceu e na pior das hipóteses ficará à mesma distância de FC Porto e Sporting no final da jornada. Artisticamente falando, esta noite de sexta-feira não poderia ter sido mais soporífera. A equipa de Nélson Veríssimo é, por estes dias, um conjunto descaracterizado, de cabeça baixa, que talvez tenha muito a agradecer ao brasileiro Basso, rapaz com sobrenome de ciclista italiano, que cometeu uma grande penalidade tonta na sua área e depois ainda mais tontamente falhou o empate num castigo máximo do outro lado, não fosse o karma ainda não o ter avisado que há dias em que mais vale de facto um homem não sair de casa.
Isto ainda na 1.ª parte, da qual não há muito mais para contar. Perigo nas áreas? Nulo. Futebol bem jogado? Mais nulo ainda, com o Benfica sem criatividade para dar a volta a uma equipa com inúmeras fragilidades, tentando as soluções do costume (cruzamentos, arrancadas de Darwin) e com velocidade e destreza pouco coincidentes com a qualidade individual do plantel encarnado. Se a figura do jogo era João Basso, o futebol de ambas as equipas também o era: baço, triste, vazio.
A entrada de Everton após o intervalo para substituir um desaparecido em combate Yaremchuk talvez procurasse dar mais rasgo ao jogo do Benfica, mas o brasileiro tão-pouco sobressaiu. Aos 55’, uma boa abertura de João Mário para Rafa quase dava golo, mas Victor Braga defendeu com uma estirada tão vistosa quanto eficaz. Daí para a frente, o Benfica praticamente desapareceu e os assobios que começaram a chegar das bancadas eram a prova sonora e impaciente disso mesmo.
Houve então mais bola para o Arouca, que tentou pressionar mais não só a saída de Vlachodimos como o próprio carrossel de trocas carregadinho de inconsequência que o Benfica ia experimentando a meio-campo, sem nunca descortinar espaços para algo mais. Foi precisamente numa perdida a meio-campo que Bukia ficou perto do empate, bailando em frente a Vertonghen antes de desferir um remate cruzado que passou perto do poste da baliza do Benfica. Aos 80’, foi a vez de Antony aparecer em boa posição na lateral, com Vlachodimos bem a fechar o ângulo.
E seria já nos descontos que surgiria o 2-0 para o Benfica, um golo enganador se olharmos para a produção pífia que se viu em campo e à tremedeira dos encarnados nos últimos 20 minutos, frente a uma equipa que mal se preparou devido a um surto de covid-19. Ainda assim, que fique pelo menos a bela execução do livre lateral por parte de Grimaldo e o toque subtil, cheio de classe e intenção, de Gonçalo Ramos – haja um momento de beleza rara num jogo que mais não fez do que nos ferir os olhos.
Vertonghen, que anda há anos e anos nisto, saberá muito bem o que é um jogo pobre de futebol. Talvez daí toda aquela desolação na cara de um homem no final do encontro, com o ar gélido da Serra da Freita a esgueirar-se-lhe pelos ossos, a lembrar-lhe que há vitórias e vitórias e esta valeu três pontos mas nada mais além disso."

Seja bem vindo seu 4x3x3


"Depois de um primeiro tempo menos conseguido em termos de criação ofensiva – O Benfica saiu a vencer para o intervalo beneficiando de um erro do jogador do Arouca que ao cometer penalty sobre Darwin num lance aparentemente controlado, e da defesa de Odysseas num novo pontapé de grande penalidade, desta feita a penalizar o Benfica – subiu ao relvado um novo Benfica no segundo período.
Weigl assumiu-se como único médio defensivo, e como interior à direita posicionou-se Paulo Bernardo, enquanto João Mário ocupou o “half space” à esquerda.

Com João Mário e Paulo Bernardo entre linhas – Nas costas dos médios do Arouca – ao redor de Darwin Nuñez, e Everton e Rafa Silva bem abertos, Grimaldo juntou-se em espaço interior na zona de criação – Entre Linhas. Vertonghen, o melhor central encarnado (pós lesão de Lucas) a alimentar a zona entrelinhas, pela qualidade e tensão do seu passe, passou a ter Grimaldo em apoio frontal, Everton fora e João Mário dentro, formando um losango de opções para entrar em zonas altas.


Depois de uma entrada que prometeu mais do que o que cumpriu e até mais do que o “cinzento” primeiro tempo, o Arouca sedento de pontos tomou conta do jogo e o Benfica não foi eficiente, nem eficaz. Desapareceu por completo do jogo e nem os contra ataques conseguiu ligar.
Mas, poderá o 4x3x3 estar para ficar? Quais as vantagens e desvantagens?
- Os três médios aumentam as ligações interiores;
- Possibilidades de triangulações nos corredores laterais – Associação Lateral – Interior – Extremo; Mais um homem a fechar o espaço de entrada da bola na zona de frente para a defesa – Maior segurança em Organização Defensiva;
- No plantel encarnado jogar com apenas um avançado, significa ter Seferovic – Ramos – Yaremchuk praticamente sem minutos, enquanto as opções para o meio campo são bem diminutas – Taarabt é a única opção ao presumível trio titular – Bernardo, Weigl, João Mário;
- Rafa volta a afastar-se do espaço onde mais decide – Por dentro – e as opções também não abundam – Diogo Gonçalves passa a ser uma opção forte para a posição de extremo – Ele que na dimensão Benfica tem muito mais condições para ser lateral."

FC Arouca 0-2 SL Benfica: O caminho ficou menos «Basso»


"A Crónica: Basso Ajudou a Desembraçar Prestação Encarnada

O SL Benfica deslocou-se até Arouca e venceu por 0-2, num jogo onde as águias permanecem com dificuldades em controlar o jogo, porém, com a mudança estrutural para 4-3-3, a equipa parece encontrar o caminho certo para regressar aos bons resultados.
Relativamente ao jogo, foi um início de partida (muito) morno em Arouca, a fazer jus ao frio que se sentia nas bancadas, não obstante com ambas as equipas a demonstrarem cedo para o que vinham. Por um lado, o SL Benfica procurou assumir as rédeas e desbloquear o jogo através das movimentações entrelinhas de Rafa e dos rasgos potentes de Darwin na profundidade.
Do outro lado, a equipa da casa teve uma abordagem muito meticulosa. Uma linha de cinco – na maioria da primeira parte – a defender e a controlar os movimentos dos avançados encarnados, e depois um meio campo preenchido e recheado de qualidade no momento com bola – David Simão e Leandro Silva exímios nesse momento.
Duas equipas a urgir de pontos e a ressalvar duas estratégias opostas. E não havendo grande espetáculo e grandes oportunidades em jogo corrido, foi mesmo na bola parada onde surgiu as principais oportunidade da primeira parte. Duas grandes penalidades: uma convertida, outra falhada…Pormaiores que fazem a diferença…Darwin converteu, João Basso vacilou, e o SL Benfica seguiu para os balneários em vantagem por 0-1.
A segunda metade do jogo trouxe um SL Benfica mais cauteloso, porém muito pouco enérgico. Do outro lado, os homens da casa rejuvenesceram, e ofereceram constantes alarmes à defensiva encarnada. Incrível a prestação do FC Arouca que conseguiu encostar ‘n’ vezes o SL Benfica às cordas, sendo que, caso Vlachodimos não tivesse inspirado as coisas podiam ter sido muito diferentes…
Com isto, todavia a superioridade arouquense, a eficácia do SL Benfica veio à tona, e Ramos fez o segundo e último golo da partida após assistência sublime de Grimaldo. Com este resultado, o FC Arouca permanece com 14 pontos na tabela, enquanto o SL Benfica soma 44.

A Figura
Odysseas Vlachodimos Prestação absolutamente fantástica do grego. Defendeu a grande penalidade de João Basso e segurou o jogo quando foi mais preciso.

O Fora de Jogo
João Basso É ingrato, mas falhar uma grande penalidade num jogo desta dimensão é quase a «morte coletiva» e Basso, apesar de toda a confiança, vacilou num dos momentos mais importantes da partida.

Análise Tática – FC Arouca
A equipa comandada por Armando Evangelista alinhou em 4-3-3, do ponto de vista estrutural, não obstante a equipa arouquense apresentasse abordagens divergentes consoante o momento com/sem bola. Sem bola a linha de 4 transformava-se numa linha de 5, e no momento com bola essa linha de 4 permanecia intacta, com a tentativa de ter sempre um extremo em largura e outro mais vagabundo (Arsénio).
Do ponto de vista do jogo posicional ofensivo, a turma do Arouca procurou explorar a linha adiantada dos encarnados, com vista a encontrar espaços na zona entre o central e o lateral.

11 Inicial e Pontuações
Victor Braga (6)
Thales (6)
Abdoulaye Ba (6)
João Basso (4)
Mateus Quaresma (6)
Eboué (6)
Leandro Silva (6)
David Simão (6)
André Bukia (5)
Arsénio (6)
Adílio Santos (5)
Subs Utilizados
Antony Alves (6)
Pedro Moreira (6)
Pité (5)
Eugeni (6)

Análise Tática – SL Benfica
A turma orientada por Nélson Veríssimo realizou duas alterações em relação ao último jogo perante o Moreirense: saiu Gilberto e Seferovic, entraram Lázaro e Roman Yaremchuk. Do ponto de vista estratégico, Veríssimo não efetuou grande mudanças, faça excepção o posicionamento de Paulo Bernardo. O jovem acabou por atuar de forma permanente na zona central do terreno, até no momento defensivo, ao passo que Rafa (e mais tarde Diogo Gonçalves) tiveram a missão de proteger a largura e o lado direito do terreno.

11 Inicial e Pontuações
Odysseas Vlachodimos (9)
Lázaro (6)
Otamendi (7)
Vertoghen (6)
Grimaldo (6)
Julian Weigl (5)
João Mário (6)
Paulo Bernardo (7)
Rafa (5)
Roman Yaremchuk (5)
Darwin (7)
Subs Utilizados
Diogo Gonçalves (5)
Taraabt (5)
Gonçalo Ramos (7)
Everton (5)

BnR na Conferência de Imprensa
FC Arouca
BnR: Boa noite mister, gostaria de lhe perguntar sobre a forma como a equipa se comportou no momento com bola. Sentiu que a equipa cumpriu de forma rigorosa o que foi proposto, e se este jogo, principalmente a segunda parte, oferece sinais positivos para o que aí vem.
Armando Evangelista: Sim, porque quem está atento e segue o FC Arouca sabe que o FC Arouca tem feito mais jogos destes mais vezes, e o FC Arouca quando se capacita e quando se sente confiante, e valoriza a bola: consegue criar, criar incómodo ao adversário. O FC Arouca, nesse período que se está a referir, não deixou de ser o FC Arouca, foi o FC Arouca que tem sido algumas das vezes no campeonato e é o FC Arouca que eu quero. Um FC Arouca que valoriza a posse de bola, que tenha a capacidade de compreender onde estão os espaços, capacidade de aceleração, gente em zonas de finalização.

SL Benfica
BnR: Boa noite mister, a equipa hoje acaba por se apresentar num 4-3-3 mais fixo, Paulo Bernardo acaba o jogo com uma das taxas de acerto no passe mais elevadas, João Mário também registou imensas ações defensivas. Com isto pergunto-lhe, sai com a sensação que é no 4-3-3 que é o caminho do SL Benfica?
Nélson Veríssimo: Na segunda parte alteramos, porque sentimos que a equipa não estava a ter o controlo desejado no jogo, sabíamos dos jogadores que tínhamos dentro de campo e a possibilidade de fazermos essas alterações. Não queria estar a fechar num sistema, eu acho que esta equipa tem soluções, os jogadores têm características e capacidade para nos dar soluções naquilo que são os diferentes posicionamentos. Temos jogado num 4-4-2, esta segunda parte jogamos num 4-3-3, agora é avaliar, refletir…e obviamente daqui para a frente, tendo em conta a estratégia a adotar para os jogos seguintes, analisar e decidir qual é que é a melhor de colocar a equipa a jogar, partindo do princípio que temos de ter sempre a equipa equilibrada."

Bem vinda, Jéssica Silva! | SL Benfica


"Irá a portuguesa brilhar na Luz?

Contratação sonante da mais projetada futebolista nacional que dotará o plantel encarnado de valiosa contribuição nas conquistas esperadas em 2022. Jéssica Silva, 27 anos, que rescindiu com o Sporting Kansas City, joga preferencialmente pelas extremas atacantes.
Em Portugal, de onde saiu em 2016, vestiu as cores do Clube de Albergaria e Sporting de Braga: do Minho rumou ao Sul de Espanha, para representar o Levante, onde cumpriu duas excelentes épocas e desenvolveu capacidades ao ponto de chamar a atenção do tetracampeão europeu à altura, o Lyon.
Um dos colossos do futebol feminino (eram campeãs da D1, equivalente à Ligue 1, ininterruptamente desde… 2006-07, série que só terminou com o título do PSG em 2020-21), e foi em França que conquistou a Liga dos Campeões – apesar de não ter participado na final por lesão – tornando-se assim a primeira jogador portuguesa a levantar o troféu.
Tem 81 internacionalizações pela seleção nacional. Além dos méritos desportivos, Jéssica Silva destaca-se pela disponibilidade em abraçar e dar a cara a causas sociais importantes – é, por exemplo, embaixadora do projeto TACBIS – Tackling Colour Blindness In Sport, uma ação promovida pela Rede do Futebol Europeu para o Desenvolvimento (EFDN), da qual também faz parte a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que confronta os problemas impostos pelo daltonismo no desporto.
A apresentação da atleta, inicialmente marcada para as 16h desta quinta-feira (dia 20), foi adiada para o dia seguinte, hoje, após quatro horas de atraso – às 20h saíam notícias que justificavam o insólito, que ocorreu «devido a atrasos nos exames médicos e questões burocráticas», motivos veiculados pela maioria dos órgãos de comunicação social."

'O livro dos cinco anéis' - A arte da guerra


"O livro dos cinco anéis», escrito em 1643, é o livro mais conhecido do samurai Miyamoto Musashi (1584-1645). De um modo geral, simboliza os procedimentos de luta e de domínio sobre um ou mais adversário(s), mas, extrapolações feitas, pode ser aplicado em outros domínios da vida. Daí o seu sucesso e atualidade. Com alguma crueldade na sintaxe, o texto foi escrito de forma bastante simples. Revelou a sua arte marcial neste livro. Para o fazer, subiu ao monte Iwato, em Hiho, província de Kyushu, e pôs-se a escrever.
Os samurais, casta guerreira, eram assistentes da classe nobre. Do verbo japonês “saburau”, significa “servir como ajudante”. Nesta época, era da sua competência a defesa das vastas propriedades dos senhores. Em termos históricos, Miyamoto viveu no período inicial do terceiro Governo de Campanha, conhecido por Bakufu (paragoverno militar dos xoguns). O primeiro Governo de Campanha foi estabelecido perto do final do século XII. É conhecida por Era Kamakura. O segundo Governo de Campanha suplantou o primeiro em 1338. É conhecida por Era Muromachi. Só em 1868, com a Restauração Meiji, é que houve a preocupação de se unir o país.
A obra de Miyamoto é relativa à arte da guerra. Este duelista autodidata procura nela censurar a exibição sem sentido e a comercialização das artes marciais. Foca a sua atenção nos aspetos psicológicos e na parte física dos ataques letais, procurando a vitória na batalha. Como não existem muitos documentos da época, a vida de Miyamoto é fruto de lendas. Sabe-se que matou pela primeira vez com a idade de 13 anos (o adversário chamava-se Arima Kihei) e a última aos 29 anos. Terá depois abdicado de usar a espada verdadeira. Ainda assim, não se reformou da arte da guerra e continuou a infligir ferimentos nos seus adversários. Musashi aprimorou a sua arte de combate e criou a sua escola, chamando-lhe de “Escola Individual dos Dois Céus” (ou das duas Espadas).
Sem mestre algum, treinou de dia e de noite. Viajou de província em província e conheceu vários praticantes de artes marciais. Para este incansável guerreiro, “as artes marciais são a forma de vida do guerreiro”. Exorta a todos os comandantes e soldados a praticar. “Mesmo que não revelem destreza nesse campo, os guerreiros devem aprimorar individualmente as suas próprias artes marciais tanto quanto lhes for possível, atendendo às circunstâncias de cada um (Musashi, 2021, p. 27). O essencial era superar tudo e todos. Musashi é muito crítico relativamente ao ensino das artes marciais. Considera que elas foram transformadas em produtos comerciais, havendo pouco de substancial. Na sua perspetiva, era importante a utilização de duas espadas: tachi e katana (espada grande e espada).
Independentemente de saberem usá-las, era comum para os guerreiros trazê-las nos dois flancos. Não havia uma situação apropriada para cada uma. Tudo dependia do campo de batalha e do ritmo. “De acordo com a ciência militar, a forma de ganhar uma batalha passa por conhecer os ritmos dos adversários específicos e também por nos servirmos de ritmos de que os adversários não estão à espera, produzindo ritmos informes a partir de ritmos de sabedoria” (Musashi, 2021, p. 43). O domínio da sua ciência militar não se faz ao acaso. É preciso ter em atenção vários aspetos: identificar o que é correto e verdadeiro, praticar e familiarizar-se com as artes, conhecer os princípios dos ofícios, compreender o malefício e o benefício das coisas, ver as situações com precisão, tomar consciência do que não é óbvio, ser cuidadoso, não fazer coisas inúteis, ver o que é imediato num contexto mais vasto. Se os guerreiros aplicarem os princípios elencados, não conhecerão a derrota, independentemente do número de adversários. Esta aprendizagem aplica-se em qualquer campo de atividade. É preciso, na sua opinião, saber como evitar a derrota perante os outros, ajudarmo-nos a nós próprios e fazer valer a nossa honra.
O domínio do manejamento da espada não é fácil. Os movimentos dos pés, o olhar, a postura, os tipos de guarda, as aplicações das técnicas convencionais, os ritmos de batalha, os ataques e defesas, conhecer os movimentos e técnicas dos adversários, etc., devem ser tidos em conta. Isto requer anos de prática, milhares de horas de treino. O aperfeiçoamento é a razão de ser. É a Via."