terça-feira, 15 de novembro de 2022

O transformador e a sua obra


"Nas asas das letras e tendo a memória como motor, regresso à noite de 2 de Novembro, em Haifa, onde, sob a forma de goleada, a equipa do Benfica serviu uma rica dose (de confirmação) do bom e impositivo futebol que lhe restituiu a destreza de encarar qualquer adversário sem temor, vincando um insanciável apetite pelo sucesso. Admirável como o resultado e a consequência (1.º lugar do grupo da Liga dos Campeões, à frente do PSG e eliminando a Juventus) foi poder comprovar, num momento de decisão, os frutos da capacidade transformadora do trabalho com assinatura de Roger Schmidt. Sem Enzo (castigado) no arranque da partida em solo israelita, o coletivo encarnado perdeu dois elementos, Gonçalo Ramos e Aursnes, ambos por limitações físicas, por volta de meia hora de jogo, mas, reconfigurado com duas unidades (Chiquinho e Musa) que na época passada evoluíram noutras latitudes, manteve o nível da carburação, com o impacto e o desfecho que se conhecem. Relevante foi também constatar que, sem favores, com a maior das naturalidades, foram utilizados cinco jogadores 'Made in Benfica', três como titulares (António Silva, Florentino e Gonçalo Ramos) e dois saídos do banco de suplentes (Diogo Gonçalves e Henrique Araújo), todos eles com rendimento muito positivo. 'Qualidade não tem idade' é convicção que vinga quando há coragem e competência para a criação de um contexto favorável.
Champions League: o sonho é já ali. Pensando nos euros e nos reiterados volumosos investimentos que dão toneladas de peso aos clubes da elite, temos de reconhecer que o sorteio dos oitavos de final da Liga dos Campeões foi teoricamente generoso em simpatia para com o Benfica. Todavia, não é menos verdade que a equipa conduzida por Roger Schmidt, ao ter realizado uma fase de grupos soberba, merecia, no mínimo, a fortuna de evitar um dos denominados colossos das grandes ligas europeias. O vencedor do grupo H teve o justo prémio, vai defrontar o Club Brugge, campeão da Bélgica, daqui por... três/quatro meses, a eliminar, nos dias 15 de Fevereiro e 7 de Março do novo ano. Um hiato mais do que suficiente, claro, para insuflar o respeito, neutralizar a tentação dos levitações e não dar nada como adquirido, mas também importante para, com ou sem abono do mercado de inverno, fortalecer um processo e um estilo de jogo do melhor Benfica, com uma dimensão física e tática de alto nível, tudo isto plasmado num quadro de virtudes que faz acreditar e permite sonhar mais além."

João Sanches, in O Benfica

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