quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Paris Saint-Germain encomendou criação de exército de contas falsas no Twitter para defender o clube e atacar detratores


"O jornal francês “Mediapart” teve acesso a relatório em que a agência Digital Big Brother traça a estratégia online do clube, através da criação de contas falsas que se dedicaram, por exemplo, a descredibilizar uma mulher que acusou Neymar de abuso sexual. Nasser al-Khelaifi, presidente do PSG, era elogiado e jornalistas e vários meios de comunicação atacados por estes perfis, que terão sido pedidos por um antigo diretor de comunicação dos parisienses

O Paris Saint-Germain terá encomendado a uma consultora externa a criação de um exército de contas falsas no Twitter com o objetivo defender o clube e atacar os seus detratores, revelou esta quarta-feira o jornal francês “Mediapart”, dedicado a temas de investigação e que foi ele próprio vítima deste grupo de contas pagas pelo emblema parisiense.
O “Mediapart” teve acesso a um relatório realizado pela agência Digital Big Brother (DBB) que descrevia o plano que passou por criar inúmeras contas falsas, com a conivência do então diretor de comunicação do clube, Jean-Martial Ribes. Uma estratégia seguida também pelo Barcelona na presidência de Josep Maria Bartomeu, que atingiu, principalmente, os próprios jogadores do clube catalão.
O exército de contas falsas de Twitter era dirigido por pessoas que se faziam passar por adeptos do Paris Saint-Germain. Muitas tinham informações exclusivas sobre mercado, dando-lhes reputação e, consequentemente, muitos seguidores. Tudo para depois fazer passar uma certa agenda que interessava ao clube.
O “Mediapart” dá o exemplo da página Paname Squad, um suposto coletivo de adeptos do PSG, com uma série de outras contas afiliadas, que se dedicaram, por exemplo, à descredibilização de uma mulher que acusou o brasileiro Neymar de abuso sexual. As mesmas contas publicaram informações pessoais sobre um adepto do Rennes a quem Neymar deu uma bofetada após um jogo com a equipa. O adepto foi descrito como um delinquente.
Por outro lado, jogadores que davam problemas ao clube eram atacados, como Adrien Rabiot ou Kylian Mbappé, quando o avançado francês decidiu não renovar com o PSG. As contas criadas pela DBB dedicavam-se também à defesa de Nasser al-Khelaifi, o catari que é presidente do clube parisiense. Elogiavam as suas opções estratégicas, nomeadamente a batalha contra o fair play financeiro.
O exército criticava também jornais e meios de comunicação, nomeadamente o próprio “Mediapart” e o “L’Équipe”, atacando pessoalmente jornalistas destas publicações.
O PSG negou que tenha contratado a DBB para a criação deste grupo de páginas falsas, mas o “Mediapart” garante que os pagamentos à agência foram feitos pelo clube. Já a DBB confirmou ao jornal que trabalhou com o campeão francês entre 2018 e 2020, mas que tudo foi feito “a mando de Jean-Martial Ribes”, que já não se encontra no PSG."

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