terça-feira, 11 de outubro de 2022

O Rallye Mistério


"O êxito desta prova levou mais alto os valores do ecletismo benfiquista aos desportos motorizados

Até aos anos 1950, o panorama dos desportos motorizados em Portugal era muito reduzido, quando comparado com o praticado noutros países. Levantadas as restrições de abastecimento em matéria de combustíveis, impostas pela II Guerra Mundial, instituições e clubes como o ACP, o Benfica, Arte e Sport ou o 100 à Hora pugnaram pela divulgação e pela expansão desta modalidade.
No início da década de 1950, Aquiles Vieira, responsável pelo motorismo benfiquista, ansiava pelo desenvolvimento da modalidade, bem como do papel que o Benfica poderia e deveria ter. Segundo ele, 'só é possível contar com um maior desenvolvimento das secções de motorismo dos clubes, atraindo novos praticantes com um maior número de provas que lhes desperte o entusiasmo'.
Foi precisamente dentro deste espírito que o Clube organizou, em Fevereiro de 1951, a Prova Mistério Regularidade, com participação aberta a todos os amantes dos desportos motorizados, incluindo motos. O funcionamento do rallye assentava numa estrutura muito simples: na partida, todos os participantes receberiam bilhetes com a indicação do percurso e a velocidade média a efetuar, e, na chegada dos postos de controlo seguintes, seriam entregues novos bilhetes contendo o novo itinerário e médias a percorrer. A originalidade da prova, aliada ao secretismo do trajeto, despertou interesse e excitação nos 65 concorrentes que, na manhã chuvosa de dia 18, compareceram no Campo Grande.
Com uma extensão máxima de 51 Km, tendo como pano de fundo os arredores da capital, a Prova Mistério passou por localidades como Bucelas, Loures, Caneças, serra de Montemor, Amadora, Calçada de Carriche e Queluz, terminado em Carcavelos. Por entre chuva, lama e algumas curvas mais perigosas, os concorrentes, com o auxílio inexcedível dos membros da organização, iam dando mostras da sua destreza a cada nova etapa do percurso.
Junto ao local da meta, encontrava-se um sinaleiro que tinha por obrigação anunciar o final da prova. Porém, este não foi a tempo de o fazer para Manuel Fernandes, que, infelizmente, por ter ido até Cascais, foi muito penalizado, levando a organização a pedir-lhe desculpas.
O grande vencedor da prova foi o benfiquista Soares Franco, na categoria de automóveis. Nas motos, a vitória coube aos irmãos Dinis e José Salgado, representes do Sporting de Alenquer. A imprensa foi unânime em afirmar que a prova constituiu um verdadeiro êxito, dando o seu contributo para o estímulo dos desportos motorizados em terras lusitanas.
Para saber mais sobre esta e outras histórias da modalidade, visite a área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ricardo Ferreira, in O Benfica

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