terça-feira, 25 de outubro de 2022

O peso de uma notícia


"Trabalho há mais de 20 anos em jornalismo. Já escrevi sobre a maior parte dos temas e para as várias secções de jornais e revistas em Portugal. Felizmente, nos últimos anos, tenho dedicado o meu espaço profissional ao tema das viagens e do turismo. E ainda bem, porque há áreas para as quais não teria estômago para escrever. Politica seria uma delas, porque implica um relacionamento próximo com algumas pessoas que não admiro; Economia seria outra, porque sei muito pouco sobre o assunto e, sinceramente, não tenho grande interesse no tema; Deporto seria uma possibilidade - e até já o fiz no passado -, mas já não o faço. Prefiro manter bem vivo o amor pelo meu clube nas páginas deste prestigiado jornal, e agradeço-vos.
Apesar de todas estas considerações, não perdi nunca a capacidade de perceber o que é uma boa história, o que é notícia e aquilo que tem relevância informativa. Tenho pena de que em jornais como O Jogo ou o Jornal de Noticias isso se tenha perdido. A forma como (não) está a ser acompanhado o 'Caso dos E-mails' é lamentável e um sinal muito grave daquilo de que já se desconfiava há décadas - não se pode morder a mão do dono. Se houver uns míseros depoimentos que possam pôr em causa o Sport Lisboa e Benfica, muito bem, há notícias e destaques nesses meios de comunicação. Se, como tem sido normal quase todos os dias, o caso importunar a estrutura do FC Porto e seus companheiros de estrada, até se ouvem os grulos numa tarde de verão. Já nem incluo aqui o Porto Canal, de tão óbvia - e já demonstrada em tribunal - a influência da direcção do clube nessa estação de televisão que mais parece um apeadeiro onde se beija a mão do padrinho.
É sinal dos tempos. Hoje, a maioria da comunicação social perdeu a capacidade de informar, tendo alguns meios de transformado em agências de comunicação ao serviço de clientes específicos."

Ricardo Santos, in O Benfica

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