sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Uma homenagem solidária


"A solidariedade falou mais alto, unindo benfiquistas e simpatizantes em torno do raguebista Joaquim Pedro Brás

Joaquim Brás foi um valoroso internacional de râguebi que envergou a camisola rubra entre 1934/35 e 1946/47. Nesses 12 épocas, disputou 62 jogos oficiais e conquistou quatro vezes o Campeonato de Lisboa. Ao serviço da seleção, o seu primeiro encontro foi um Lisboa-Madrid, seguindo-se depois desafios contra equipas francesas e inglesas. Porém, no derradeiro desafio da sua carreira teve a fatalidade de contrair uma lesão que o invalidou para o resto da vida. Tudo aconteceu em 27 de Abril de 1947, num jogo frente à Selecção Espanhola Universitária. Nos momentos finais da partida, o jogador, ao estancar uma perigosa ofensiva adversária, lesionou-se com gravidade, fraturando a perna na região da rótula.
O Clube prestou de imediato ao atleta toda a assistência económica e médica. Porém, os prognósticos confirmaram o pior cenário: a invalidez. Logo se questionou como iria agora o atleta sustentar mulher e três filhos, visto estar incapacitado de exercer a sua profissão de serralheiro. Mais uma vez, o amparo do clube encarnado foi fulcral a Joaquim Brás, que o empregou como seu colaborador na secretaria.
Em 1949, foi criada uma comissão composta por sócios e antigos companheiros de forma a promover uma festa de homenagem, na qual o dinheiro angariado reverteria em favor do atleta. A data escolhida foi o dia 25 de Outubro e, nas bancadas do Campo do Campo Grande, encontravam-se não apenas sócios do Benfica, mas também público anónimo que ali quis comparecer, unidos pela solidariedade e sensíveis ao drama de Joaquim Brás.
A tarde desportiva iniciou-se com um animado desafio de futebol entre as equipas de cadetes do Benfica e do Sporting. Da pena do jornalista do Benfica saíram algumas palavras quase proféticas: 'alguns são elementos que num futuro próximo lhes havemos de fixar os nomes'. Seria precisamente o caso de Palmeiro, a figura do jogo, autor do único tento da partida que derrotou os leões por 1-0. Seguiu-se um desafio de râguebi entre os campeões de 1938 e de 1948. Apesar dos companheiros de Brás terem dominado toda a primeira parte, a frescura e a jovialidade da turma de 1948 vieram ao de cima na segunda parte, tendo vencido o desafio por 6-0. O festival culminou com uma disputada partida de futebol entre as reservas do Benfica e do Atlético, que verdadeiramente entusiasmou todo o público. A turma encarnada venceu os alcantarenses por 4-1 e no final do desafio recebeu das mãos do homenageado a taça comemorativa.
Para saber mais sobre outras históricas do râguebi benfiquista visite a área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ricardo Ferreira, in O Benfica

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