"Socorro-me da adaptação de uma ideia de Machado de Assis. A imbecilidade é o braço esquerdo dos adeptos de futebol; o braço direito é a paixão. E concluo: muitos adeptos são canhotos.
Nos estádios, a possibilidade de ocorrência de comportamentos inaceitáveis noutros palcos é real. Os episódios da criança obrigada a despir-se para ver um jogo e do pai e da criança que se tiveram de afastar foram uma iniquidade sem nome.
Há muito que se promove a separação, por bancadas (ou setores), dos adeptos em cada jogo. Em Portugal, a habitual míngua de espetadores facilita a operacionalização dos guetos, mas nem sempre é possível. E alguns clubes, ávidos de receitas, recorrem a uma artificialidade, proibindo adereços dos adversários.
Ministra e secretário de Estado reagiram bem, mas logo anunciaram um projeto de legislação, o que me suscita a seguinte apreciação: não faltam leis.
Os estádios de futebol são considerados espaços de exceção, onde os adeptos, num ambiente propício às emoções, libertam frustrações, como se a massa adepta fosse composta ainda, na sua maioria, por classes operárias oprimidas em sociedades industriais.
Com tolerância eivada de paternalismo, aceita-se comportamentos que há muito deveriam ter sido expurgados dos espetáculos desportivos. O problema não são as leis, mas a não aplicação das mesmas, fomentando-se um clima de impunidade.
Medidas de prevenção e atuação das autoridades atuais não mais são do que a proteção de imbecis, os quais, em vez de penalizados, ainda se regozijam por verem limitada a liberdade de quem (adversário) se move apenas pela paixão clubista.
Termino citando um excerto do claro e conciso código de conduta dos adeptos da NBA: "Quem escolher não aderir (......) será sujeito (......) a expulsão sem reembolso, revogação do bilhete de época e/ou impedimento de assistir a jogos no futuro (......) resultando em possível detenção e posterior acusação do Ministério Público". Não se trata de palavras vãs; são intransigentes no cumprimento destas regras."
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