terça-feira, 13 de setembro de 2022

O futebol que queremos ou o que merecemos?


"O caso da camisola no Famalicão-Benfica tem motivado, e muito bem, indignação geral e várias tomadas de posição públicas:
✔️ O Governo exige explicações;
✔️ O presidente da Liga irá reunir-se com diretores de segurança;
✔️ O secretário de Estado da Juventude e do Desporto aponta o dedo às entidades envolvidas.
Uma criança ser obrigada a despir a camisola do seu emblema pelo simples facto de estar numa bancada onde a maioria dos adeptos torce por outro clube vai muito para além do desporto. É um tema de dignidade e princípios básicos de bom senso. E quem promove estes lamentáveis incidentes, que infelizmente não são inéditos, é quem faz regulamentos às avessas. Se quisessem prevenir problemas, atuavam com rigor sobre quem os cria.
Se quisessem que o futebol português realmente evoluísse e que fosse uma festa para as famílias, erradicavam todas as formas de violência e promoviam um ambiente mais inclusivo e acolhedor para todos. Mas, na verdade, não querem. A única mudança permitida é aquela sugerida pelo príncipe de Falconeri: «Algo deve mudar para que tudo continue como está».
A cultura vem de longe, e sabemos quem a iniciou. Hoje, a violência no desporto está generalizada, mas em Portugal a sua génese tem um nome. Todos sabem qual é.
Há cerca de um mês, a mulher do Fernando Madureira (líder dos Super Dragões), intimidou e obrigou uma adepta do Sporting que se encontrava nas imediações do Estádio do Dragão, palco do clássico entre FC Porto e Sporting, a esconder a camisola do clube leonino. Todo o aparato acorreu perante o olhar inoperante e subserviente da polícia presente no local.
A adepta do Sporting também estava em zona exclusiva de sócios e adeptos do FC Porto?
Previsivelmente, do presidente da Liga e do secretário de Estado da Juventude e do Desporto não ouvimos uma palavra de repúdio em relação a este vergonhoso e inaceitável incidente. As razões do silêncio todos nós conhecemos. O futebol português vive tempos de uma hipocrisia sem fim. Acompanhada por uma cobardia em doses industriais.
É este o futebol que queremos?
Se for, temos o futebol que merecemos."

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