quarta-feira, 14 de setembro de 2022

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"Outrora, quando a tecnologia ainda não chegara ao futebol e os árbitros já cometiam erros grosseiros, alegava-se, não sem fundo de razão, a dificuldade de decidir lances na pressão do momento. E isso servia para justificar - muitas vezes encobrir - benefícios de uns e prejuízo de outros. Nos tristemente célebres anos noventa, o FC Porto foi embalado para vitórias, e para títulos, à conta de inúmeras arbitragens indecorosas, que à luz da opinião pública se escudavam nessa argumentação.
Com a implementação do VAR, tal deixou de fazer sentido.
Aos 91 minutos do Benfica - Vizela houve um lance cuja análise, em campo, já era óbvia. Gonçalo Ramos foi claramente impedido de jogar, por ação ostensiva e intencional de um defesa minhoto. Era grande penalidade evidente. Se o árbitro ainda pode clamar não ter visto, quem estava tranquilamente sentado em frente de um ecrã, com todas as repetições televisivas à disposição, tinha obrigação de ver. Se não chamou a atenção do juiz de campo foi porque não quis. O trabalho de um árbitro no relvado é reconhecidamente difícil. Ao VAR, basta saber as regras.
O recurso às imagens, não tendo resolvido o problema da arbitragem em Portugal, tem também este condão: torna os erros indesculpáveis. Aliás, um erro que pode ser corrigido, e não é, começa a chamar-se outra coisa.
Na temporada passada aconteceram demasiados episódios semelhantes, que culminaram no famoso fora-de-jogo de três centímetros. Pelos vistos, nada mudou: longe do campo, continuam a querer parar o Benfica.
E, ou jogamos muito melhor do que os adversários, ou vão mesmo acabar por nos travar."

Luís Fialho, in O Benfica

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