terça-feira, 16 de agosto de 2022

O Grande Genial


"Tinha 6 anos quando ouvi falar de Chalana pela primeira vez. Estávamos em 1976, e o meu Pai dizia-me que o Benfica tinha mais um grande jogador. Não soube de imediato pronunciar o nome. Para mim era Chalanga, talvez por encontrar uma sonoridade mais pitoresca nessa inocente adaptação.
A primeira temporada que segui foi exactamente a da afirmação de Fernando Chalana, aos 17 anos, como figura cimeira do futebol português. Tricampeonato com John Mortimore, e várias vitórias por 1-0 assinadas pelo 'Pequeno Genial' - uma delas no Estádio das Antas.
Não era preciso mais nada: Chalana tornou-se o meu ídolo de infância. Até hoje. Até sempre.
Para quem já não chegou a tempo de ver jogar Eusébio - como é o meu caso -, Chalana foi aquele que mais se aproximou. Foi certamente o melhor jogador que vi com a camisola do Benfica. Foi ele, pois, o 'meu' Eusébio.
Muitos anos mais tarde tive o privilégio de o conhecer pessoalmente.
Recordo em particular um almoço, que durou até às seis da tarde, e em que Fernando Chalana foi deliciando os presentes com histórias da sua carreira - a maior parte delas com ligações bem vivas à minha infância, e aos tempos em que, nos jogos da escola e da rua, eu queria ser ele. Um regalo.
Confesso que gostava de ter escrito a sua biografia. Cheguei a abordá-lo nesse sentido. Já alguém o tinha feito antes de mim. Em boa hora, pois o resultado foi muito melhor do que o que eu teria conseguido.
Infelizmente, fui também percebendo que o meu ídolo já não estava bem.
E não posso escrever mais nada. Chalana não cabe nesta coluna. Não cabe neste jornal.
Descansa em paz, ídolo!"

Luís Fialho, in O Benfica

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