"Arrancou a época 2022/23. Depois de (mais) um ano de insucesso, o Benfica parte para uma nova temporada querendo acreditar que será o ano do regresso aos títulos, depois de três anos a seco. Uma barbaridade de tempo, quando falamos do clube mais popular e mais rico do país. Bom, mas entusiasmo não falta e apoio também não, como se viu nos 23.000 Benfiquistas que foram ao Estádio da Luz a semana passada para assistir a um simples treino. Consequência de um novo treinador e uma nova esperança na família benfiquista (e revelador da fome de títulos e das saudades de um Glorioso forte e pujante).
Já passaram entretanto as semanas de futebol parado, em que as capas de jornais se dividem entre entrevistas sobre o passado e furos sobre as futuras centenas de reforços de cada clube (do qual depois se confirmam 5 ou 6) e já temos de novo a bola a rolar. Com esforço, pois os índices físicos levam sempre um reset e há ainda muito por esclarecer no plantel Benfiquista. Ao ponto de terem ido 38 (!) jogadores para o estágio em Inglaterra. Com uma pitada de humor, se poderá dizer que é em homenagem à celebração que se pretende do 38º campeonato do clube em 22/23, mas com um análise mais séria torna-se uma decisão difícil de entender, quando o próprio Schmidt anunciou ao chegar que é impossível trabalhar com 40 jogadores e se pensarmos que o primeiro jogo oficial é já daqui a 3 semanas (e que jogo! Sabemos o quanto é primordial financeiramente para qualquer equipa jogar a Liga dos Campeões).
Mesmo sabendo que as peças poderão mudar nos próximos tempos, já existe, contudo, um esboço do novo plantel e será interessante fazer um exercício de análise por posição:
Guarda-redes: Aparentemente Vlachodimos continuará a ser o dono da baliza. É um guarda-redes com as qualidades e defeitos já conhecidos: fortíssimo entre os postes, mas com fragilidades nas saídas e bolas altas. Tendo em conta que se diz que Schmidt gosta de jogar com a defesa avançada no terreno, talvez exista aqui um problema. Hélton Leite é um competente nº 2 e a posição será fechada com os jovens redes da equipa B.
Laterais: Na esquerda sobra a dúvida se Grimaldo fica ou sai. Estando no último ano de contrato, não será de estranhar que o Benfica esteja disposto a ouvir propostas. Caso fique, lutará pela posição com o novo reforço Ristic. Se sair, será necessário ir ao mercado. Na direita a posição parece bem entregue a Bah (de quem se espera que assuma a titularidade) e ao esforçado Gilberto. André Almeida, um jogador já com óbvias limitações físicas (para além das técnicas que sempre teve) parece ser carta fora do baralho.
Centrais: Aqui há muito por onde escolher! Os centrais titulares no ano passado foram Vertonghen e Otamendi, jogadores com idade e estatuto. Aceitarão o banco de bom grado? É possível que não. Mas também não parecem ser os jogadores indicados para uma defesa subida (principalmente o belga). É a pensar nisso que Schmidt terá indicado a contratação do veloz João Victor e é bom recordar que Lucas Veríssimo também voltará da longa lesão (e a acreditar nas redes sociais da sua esposa isso está para breve). Há ainda Morato e o promissor Tomás Araújo. Muitas e boas opções, pelo que não espanta que haja aqui alguma saída.
Extremos: David Neres e Rafa parecem ser os titulares óbvios para as laterais do meio-campo. O problema está nas alternativas. Chiquinho, Gil Dias e Diogo Gonçalves serão sempre opções duvidosas de recurso e Pizzi, tal como André Almeida, parece ter esgotado o seu ciclo no clube. Ou o clube contrata mais alguém, ou se aposta nos jovens da equipa B ou parece-me haver aqui uma décalage muito grande entre os titulares e os suplentes. É uma pena Jota ter sido vendido (e por um valor tão baixo).
Médios centro: A sensação que dá é que desde Fejsa tem faltado ao Benfica um n° 6 varredor, o vulgo trinco. Poderá ser Florentino esse jogador? Tem essas características, mas falta perceber se explode ou será uma eterna promessa. Depois há Weigl (fica?), Taraabt (fica?), João Mário e Enzo Fernandez. Meité e Gabriel devem ser dispensados, Paulo Bernardo talvez emprestado. Não é seguro que o Benfica já esteja totalmente bem servido nestas posições...
Avançados: É possível que Schmidt jogue com um avançado mais recuado (ou até mesmo um 10 à antiga) e um mais fixo. Fala-se em João Mário a poder fazer de 10, mas é provável que o Benfica ainda vá ao mercado (falou-se em Reinier, mas pelos vistos caiu). Quanto a pontas-de-lança há várias opções (demasiadas talvez, é possível que alguém saia. E esse alguém seja suíço): Yaremchuck, Seferovic, Musa, Gonçalo Ramos e Henrique Araújo (Pinho não deverá ter grande espaço). Mas será que algum deles explodirá esta época e fará esquecer Darwin? O tempo o dirá. Acredito que o Benfica esteja a apostar no crescimento de Ramos (se não o vender entretanto) e Araújo, mas mais uma vez estamos a falar de esperanças e expetativas e não de certezas.
Em relação ao ano passado, este é um Benfica que perde o seu melhor jogador, o Darwin, mas que já ganhou aparentemente três titulares valiosos: Bah, Enzo e Neres. É possível que cheguem ainda mais dois ou três reforços, dos quais Ricardo Horta, mas talvez Rui Costa vá aguardar pelo desfecho do objectivo Champions antes de direcionar mais investimento para a equipa principal.
Estão reunidos os argumentos e condimentos para um Benfica campeão em 2022/23? Não sei. O clube passou por um planalto entre 2013 e 2019 em que só por azar (2013) e desinvestimento (2018) não foi naturalmente campeão, mas essa fase já passou. Já não existe a estabilidade nem a qualidade que existia no plantel e quase que se está a começar do zero. E nem sempre há equipas campeãs quando começam do zero. Os projetos vencedores na maioria das vezes são os projetos de continuidade. Mas uma coisa terá que acontecer (até porque é difícil fazer pior do que tem sido feito): o Benfica tem que voltar a lutar pelo título até às últimas jornadas. Tem que voltar a ganhar troféus, nem que seja nas taças. Tem todas as condições para isso e olhando para os plantéis de Porto e Sporting, não há desculpas para que assim não aconteça.
Por isso...é tempo de trabalho, é tempo de competência, é tempo de agressividade comunicacional, é tempo de união, é tempo de Benfica!"
Continuamos a não querer o horta, ossana ossana.
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