segunda-feira, 6 de junho de 2022

Os 5 melhores reforços encarnados que já jogavam em Portugal


"Acrescentarias Alguém à Lista?

Deixou de ser um mercado preferencial para o SL Benfica. Rafa foi o último grande achado na Liga Portuguesa, já por valores proibitivos e que não justificam diferenças para outros mercados, menos observados e mais em conta para a carteira.
Ricardo Horta deve seguir o mesmo caminho – espera-se que com o mesmo sucesso – mas o clube encarnado tem, desde meados dos anos 80, olhado para outras latitudes do planeta de forma a descobrir os craques que no Portugal pré-25 de Abril vinham maioritariamente das colónias ultramarinas.
Os brasileiros primeiro – como Jorge Gomes, o estreante estrangeiro – os suecos depois, o um dó li tá geográfico dos anos 90 e 00, os sérvios no inicio da última década – as tendências têm-se alterado consoante as circunstâncias financeiras do clube se vão alterando e os objetivos desportivos se regulam de acordo com o contexto da equipa.
A velha certeza de um mercado nacional a rebentar de talentos convictos, a preço de saldo, deixou de existir, como veremos em cinco exemplos que seriam muito difíceis replicar aos dias de hoje. Três vindos do Boavista, dois (ou quatro) vindos do SC Braga.

1. Lima
Quatro milhões de euros que provocaram muitas dúvidas na altura, apesar das boas indicações do avançado brasileiro ao serviço do Braga. No play-off da Liga dos Campeões, hattrick no Sanchez Pizjuan frente ao Sevilha, na lendária vitória arsenalista por 3-4 – isto estávamos em 2010, nessa época Lima faz 14 golos em 50 jogos, ajudando a equipa a chegar à final da Liga Europa (perdida para o FC Porto).
Ano seguinte, sobe para 26 a contagem de golos, desce a de jogos – 44. A taxa cada vez mais promissora de acerto entusiasma os grandes portugueses, o Benfica é quem faz o maior forcing para a contratação nos últimos dias de Agosto de 2012, numa transferência já fora de horas: além dos quatro milhões de euros, seguiu Michel – outra promissora estrela dos relvados portugueses, desvendada pelo Paços de Ferreira – para a capital do Minho, Lima para Lisboa.
Se a dupla tinha sido Aimar-Cardozo até ai, ás vezes Rodrigo, a partir dai Lima passa a fazer com Óscar outra com enorme poder de fogo: só nessa primeira epoca juntos fazem 63 (o brasileiro 30, o paraguaio 33).
Ano seguinte, Lima faz 21 – dois no jogo do título, versus Olhanense – e depois, na última época, 19, quando se sagra pela segunda vez campeão português. Ao todo, 70 golos em 144 jogos, dois campeonatos, uma Taça, duas Taças da Liga e uma Supertaça, além de duas finais europeias.

2. Tiago, Armando Sá e Ricardo Rocha
José Veiga era por essa fase um dos mais influentes empresários portugueses. Estávamos na passagem de 2001 para 2002, em 2004 seria dele a responsabilidade de construir o plantel que Trapattoni faria campeão em 2005 – mas nesse Janeiro, quando o Benfica ainda estava a meter ligaduras nas feridas abertas por Vale e Azevedo, um pacote do mercado português deu um jeitaço.
A ideia foi de Veiga: três das peças mais em destaque daquele SC Braga 2001-02 (treinado pelo saudoso Manuel Cajuda, acabaria no 9º lugar) seriam reforços do Benfica, pericilitante na luta pelo pódio. Três milhões de euros seria o preço, com Mawete e Ricardo Esteves a seguirem no caminho inverso.
Preço demasiado aceitável tendo em conta que, por esses tempos, Rui Costa chegava a Milão por 41 milhões, Verón trocava Roma por Manchester a troco de 42 e Mendieta saía de Valencia por… 48. Armando, Ricardo Rocha e Tiago, não sendo estrelas planetárias, seriam também peças importantes na reconstrução do Benfica interpretada uns tempos depois por José Antonio Camacho, sendo os três vencedores da Taça em 2004 ( só Ricardo chegaria a campeão, em 2005).
Armando tinha seguido no verão para Villareal (jogou tambem no Espanyol e no Leeds) e Tiago era levado debaixo da asa de Mourinho para o Chelsea. Rocha seria o parceiro de Luisão no título de 2005 e ficaria até 2007 – seguiram-se Tottenham, Standard Liége e Portsmouth, numa altura em que os Pompey tinham equipas entusiasmantes na Premier.

3. Nuno Gomes
Nuno Ribeiro era a coqueluche dos escalões de formação boavisteiros. Nuno ‘Gomes’ já era quando foi campeão nacional de juniores, campeão europeu sub-18 em Espanha ou terceiro lugar no Mundial sub20 do Catar, em 1995, já depois de se ter estreado pelos AAs do Boavista pela mão de Manuel José – o apelido vinha do Bibota, o craque portista que fora o original no penteado e nos golos.
Ribeiro aprendeu depressa, no Bessa começa interessante dinâmica com as balizas, ganha uma Taça de Portugal, estreia-se nas provas da UEFA – e ao Benfica chega em 1997, por 600 mil contos (3 milhões de euros). Na Luz marca 76 vezes até 2000, quando a prestação no Euro do Benelux chama a atenção da Fiorentina, que acabara de perder Batistuta para a Roma mas ainda tinha Rui Costa.
Fatih Terim desembolsa 19 milhões por Nuno e faz dele o seu ‘9’ titular, Roberto Mancini depois, em inicio de carreira, já não – e o português só não sai mais cedo de Itália por um golo decisivo na final da Taça. Apesar do troféu, em Florença haviam problemas financeiros e muitas dívidas, que provocaram a queda para os escalões inferiores: e o plantel inteiro de passe na mão, autorizados a procurar novo clube.
Como Nuno tinha sido feliz em Lisboa, para lá fez questão de voltar. Estávamos em 2002. Só voltaria a mudar de ares em 2011, 90 golos depois (166 no total).

4. João Vieira Pinto
Campeão mundial em Riade em ’89, com menos dois anos que os outros, e já figura de proa no título de 91, JVP foi desde cedo habituado a grandes pressões, a que os holofotes sobre si ficassem colocados. Deu tanto nas vistas como adolescente que o Atlético de Paulo Futre foi buscá-lo à Invicta e integrou-o na equipa secundária, como forma de preparação para fazer dupla com o astro português.
A inveja dos colegas levou a que não fosse recebido da melhor forma, a experiência foi tão negativa que JVP voltou assim que pode ao país de origem e daqui nunca mais saiu, ao contrário de todos os seus colegas da Geração de Ouro.
Voltou ao Bessa, fez nova grande época, levando a equipa às costas até na caminhada europeia – e o SL Benfica de Jorge de Brito não descansou enquanto não o pôs na Luz, depois de muito guerrear com o Sporting pelo concurso da pérola.
O “Menino de Ouro” ficaria de águia ao peito até 1999, sendo figura essencial no título 1993-94 e um capitão muitas vezes desacompanhado na fase que se seguiu, a pior desportivamente que o clube já atravessou.

5. Isaías
O Profeta começou por baixo. Não veio do Flamengo ou do Vasco, chegou a Portugal vindo do Cabofriense. Ao contrário da maioria dos brasileiros que chegavam aos grandes na época, não era internacional brasileiro.
Desembarcou em Vila do Conde primeiro – depois de já ter estado á experiência no Belenenses, sem sucesso – e findo um ano, chega ao Bessa.
O espírito voluntarioso e a força que demonstrava em cada lance fizeram dele dor de cabeça para as defesas nacionais, o pontapé canhão foi outro cartão de visita que fizeram o Benfica apostar nele em 1990, na ressaca da final perdida em Viena para o Milão.
Na Luz esteve até 1995, cinco anos de muitas memórias criadas á custa desses predicados como jogador que o afastavam do protótipo craque brasileiro – geralmente elegante e cuidadoso, como Valdo – e o aproximavam do ideal do Terceiro Anel de jogador à Benfica, mais abnegado na obtenção das vitórias, que foram muitas – se calhar poucas para tanta vontade.
Em dez remates para as nuvens, um acabava no fundo das redes de forma inesquecível – como em Highbury, por exemplo. Ou nas cinco vezes que marcou ao Porto, ou as cinco que marcou ao Sporting. Ou como no golo em carrinho no temporal do Bessa."

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