Direito a brincar

"Nos tempos que hoje vivemos por todo o mundo e entre nós, bem perto do coração da Europa, parece não haver lugar à infância. Ou então havê-lo pequeno, contido e tíbio, numa espécie de inocência perdida e de crescimento forçado pela violência das notícias e dos acontecimentos que, cada vez mais, presenciam e de que são até vítimas. Verdadeiros homens e mulheres de palmo e meio, fogem da violência, sofrem de fome, de frio e de medo, choram o abandono ou a perda dos seus, que lhes davam proteção, carinho e colo ainda há tão pouco tempo, que o vazio parece mentira ou sonho mau de que se acordará em breve. Mas não, não é mentira ou pesadelo: é só ganância, estupidez e brutalidade infindáveis e sem limites. È o mundo que é mentiroso e engana as crianças, prometendo sempre melhorar, proteger o planeta, as pessoas e as crianças a quem proclamou direitos especiais: da segurança à educação, da saúde à alimentação, da família ao tempo para brincar. Tudo lhes prometeu, mas não aprende, e passam-se anos, décadas, séculos a fio em que não se controla e deixa vir ao cimo o pior da humanidade. Enfim, neste dia que é mundial, por aqui e por enquanto, é possível brincar. Brinquem, crianças! É o desejo profundo de todos os benfiquistas."

Jorge Miranda, in O Benfica