domingo, 22 de maio de 2022

Guilherme Arana | O substituto ideal de Grimaldo?


"Será Guilherme Arana a Melhor Opção Para Os Encarnados?

Fim de linha para o espanhol Grimaldo, em choque frontal com a direção encarnada e com a blaugrana – que tanto o namorou e, subitamente, mudou o interesse para outros alvos. Nascido na La Masia, ofendeu-lhe sobremaneira o afastamento.
Está em último ano de contrato, tem 26 anos e o futuro, cada vez mais escasso, relembra-lhe a urgência de triunfar nos maiores palcos e em especial no país natal, única via razoável para atingir o zénite: a titularidade da Roja.
Ao Benfica, perante este cenário e as consumadas (falhadas) tentativas de renovação, cabe a procura de algum retorno financeiro. Saída a custo zero, a partir do próximo Janeiro, é hipótese possível mas vista como último dos recursos.
A ideia é fazer a troca já este Verão, vendendo o ativo e recrutando outro – mais novo, com igual ou maior margem de projeção, por valor simbólico que permita lucro significativo mais á frente. Sandro Cruz sobe na hierarquia e é, por agora, pensado para suplente. Alguém terá de viajar até Lisboa pronto a assumir.
Um dos nomes já habituado aos rodapés das televisões é o de Guilherme Arana, namoro antigo dos encarnados. O verão passado surgia como pedido expresso de Jesus – que já o tinha tentado para o seu Flamengo, estava Arana em Bérgamo a ser visto por Gasperini como… terceira opção.
Mas as pretensões portuguesas esbarraram nos valores pedidos pelo Atlético Mineiro, o mais confortável clube do Brasileirão quando falamos em banca. 15 milhões foi o valor veiculado pela imprensa, divergiram os clubes no método de pagamento – e a história ficou por ali, com Arana a ficar para ser um dos grandes destaques no título brasileiro do Galo.
Junto a Hulk – a dupla Marvel, já que Guilherme é visto como… Homem ‘Arana’ – e Diego Costa, superiorizaram-se a todos os outros concorrentes de forma autoritária. Na tabela final, mais 13 pontos que o segundo lugar Mengão e 18 que o campeão continental Palmeiras, o Verdão de Abel Ferreira.
Arana, que já tinha sido eleito o melhor ala esquerdo do Brasileirão 2020, prémio que juntou á Bola de Prata e Craque do Ano, acumulou mais 49 jogos, com cinco golos e sete assistências – o que lhe valeu a chamada à Canarinha de forma mais convincente, estando presente em cinco jogos da seleção entre setembro e outubro, de qualificação para o Mundial.
Voou pela esquerda e vai mantendo o ritmo em 2022, já que acumulou minutos nos últimos dois jogos: noventa contra o Chile e seis contra a Bolívia, jogados em Março.
Mas para chegar a este nível muito penou Guilherme. Ainda que tenha começado de vento em popa, no paulista Corinthians, onde se formou – aos 16 anos sobe aos AA’s pela mão de Mano Menezes, treinava com eles e jogava pelos sub20, mostrando que o nível era realmente de profissional: o seu rendimento foi tão incontestável na Copinha São Paulo 2015 que foi imediatamente inscrito no campeonato Paulista.
Sairia por empréstimo para o Athletico Paranaense, por estar tapado por Uendel e Fábio Santos. Durou pouco. Fábio saiu e a diretoria paulista não teve dúvidas: seria Arana a segunda opção a partir dali. No primeiro jogo que faz, foi do inferno ao céu.
Um erro seu dá golo adversário mas o apoio dos colegas e a sua própria coragem viraram o destino já fatalista ao contrário, com uma grande exibição a partir dessa falha e preponderante envolvência nos golo crucial da equipa. Estava lançado e Tite, o atual selecionador brasileiro e seu técnico á época, dava o mote.
Jogo contra o Sport, na Arena. Eu com 17 anos. O time brigando pela liderança do Brasileiro. No intervalo, o Uendel, que tinha sentido uma lesão, chega em mim e diz: “Se prepara que eu não vou aguentar até o final.”
Então, vem tudo de novo…
Friozinho na barriga.
Nervoso, muito nervoso.
Estava 3 a 1 pra gente, jogo tranquilo. Mas, logo depois de entrar em campo, eu falho num lance e o Sport diminui. Passa mais um pouco, eles empatam com uma jogada pelo meu lado.
Acontece tudo que eu mais temia: errei na frente dos caras, na frente da nossa torcida, no meu jogo de estreia.É louco como um lance ou uma infelicidade pode simplesmente destruir o nosso sonho. Mas aqueles caras que me deixavam nervoso só de olhar pra eles nos treinamentos fizeram com que eu me sentisse a pessoa mais calma do mundo no momento de maior pressão da minha vida.
Na saída de bola, o Renato Augusto já dá em mim, como quem diz: “Vai, fica à vontade. Errar faz parte”. O grupo inteiro me deu moral e não deixou que eu me abalasse pela falha.
Já no fim do jogo, eu arrisco um drible na lateral e faço a jogada do pênalti que o Jadson cobrou para garantir a vitória. Ufa, eu consegui dar a volta por cima bem rápido.
Lembro até hoje das palavras que o professor Tite me disse após a partida: “Tu tem futuro, moleque, porque tu é corajoso”. Abri meu Instagram, e tinha muito mais mensagens que naquela vez que estreei na Copinha. A maioria me dando os parabéns por ter me recuperado durante o jogo.
Realizei meu sonho de pivete. Fui bicampeão brasileiro pelo Corinthians. E mesmo com pouca idade, eu já me sentia pronto para subir mais um degrau na carreira: jogar na Europa.
Era o Sevilha quem batia à porta. Já no pós Monchi, num plantel ainda assim bem recheado de nomes: Kjaer, Lenglet, Navas, Banega, Nzonzi, Sarabia, Ben Yedder ou Muriel. Arana chega em Dezembro para concorrer com Escudero e Carole, ex-benfiquista. As coisas não saíram bem, a adaptação não foi a mais fácil e seis meses resultaram em… três jogos.
Nesse Verão, emprestado seria á Atalanta. Preparava-se a equipa de Gasperini para atingir os Quartos da Liga dos Campeões, onde seria eliminada pelo PSG no Estádio da Luz, numa época onde se afirmaram como uma das equipas da moda do Continente.
Foi a época de Ilicic, Muriel e Papu Gómez como porta estandartes dum futebol fulminante, que traduziria um descomplexada relação com a baliza adversária, 98 golos em 38 jogos de Serie A. Arana, atrás de Gosens ou Castagne, fez… quatro jogos. 75 minutos.
Por mais bons treinos que experienciasse, continuava a faltar rotação de jogo ao brasileiro. A estadia na Europa estava a cumprir-se um fracasso, gerou-se a ideia de que tivera saído cedo demais do calor de Veracruz. Arana percebeu a ideia e aceitou esse passo que muitos consideram atrás para conseguir voltar mais forte.
Voltou para o grande projeto mineiro e acertou na mouche. Ele e o clube, que recrutou para as suas fileiras o melhor lateral do campeonato, que só não o foi destacado enquanto Jesus treinou Filipe Luís. O que se torna um elogio, dada a rodagem europeia do lateral ex-Chelsea e Atlético. Para Arana, rivalizar com alguém desse calibre é a confirmação de que a Europa tem lugar para si. Desta vez com outro compromisso.
O nível avassalador que apresenta tem chamado à atenção dos principais intervenientes do futebol europeu. Arsenal, Lyon, Tottenham. O SL Benfica era dos mais insistentes e agora, com a situação Grimaldo, ainda mais.
Depois de Mathías Olivera, craque uruguaio do Getafe, ter praticamente tudo acertado com o Nápoles, surge apenas o nome de Francisco Ortega, pérola do Vélez Sarsfield, como concorrente á vaga lisboeta. Mas na América do Sul… Arana é rei e senhor.
Estará o Benfica disposto a ir ao encontro das exigências mineiras, tendo consciência do ponto rebuçado em que se encontra Guilherme? Conseguirá o SL Benfica ter consciência da sua própria necessidade e das características inatas do brasileiro, as mais adequadas a um sistema como o de Roger Schmidt? Veremos que resposta teremos nas próximas semanas."

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