terça-feira, 19 de abril de 2022

Um só povo


"Quando, como está a acontecer nesta guerra incompreensível, a tragédia gratuita e sem sentido atinge famílias, velhos e crianças indiscriminadamente, dizimando aldeias, vilas e cidades, toca-nos e dói-nos particularmente. É certo que, desde há muito, a violência nos entra diariamente pela televisão e pelos smartphones adentro, vulgarizando imagens de horror e sofrimento, mas quando a tragédia se dá na Europa e se agiganta desta forma, revemo-nos nela de uma forma mais impactante e desenterramos os fantasmas do passado como se os velhos livros de história reganhassem vida. Subitamente, os radicalismos deixaram de abrir sorrisos condescendentes para cerrarem os nossos semblantes com genuína preocupação. Afetam-nos o custo de vida galopante, a incerteza no futuro e o medo de que a guerra escale, a violência alastre e se repitam os horrores que pensávamos ultrapassados e perdidos no tempo. Abanam os pilares das democracias, e os povos tocam a reunir em defesa dos valores da civilização da liberdade, da igualdade e da fraternidade entre os povos que pensávamos garantidos desde a revolução francesa e que os tiranos hoje ameaçam. Ameaçam, mas não vencem, porque a história já demonstrou sem margem para dúvida que a Europa defende os seus valores e sabe ser um só povo mesmo quando falamos línguas tão diferentes. E os benfiquistas têm demonstrado isso exemplarmente na sua ação solidária e na sua recepção calorosa aos ucranianos que visitam o Estádio da Luz."

Jorge Miranda, in O Benfica

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