terça-feira, 15 de março de 2022

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"O CIES revelou nesta semana que a Liga Portugal surge na antepenúltima posição no rácio entre faltas cometidas por jogo e tempo de paragem devido às faltas. Não só é a terceira com mais faltas assinaladas (30,1) como é a 11.ª no tempo gasto para que o jogo recomece após as faltas (32,1"").
Há várias razões para estes dados, nem todas necessariamente negativas, mas qualquer adepto identificará pelo menos a excessiva complacência de árbitros para com faltas duras; propensão para que todo e qualquer toque seja assinalado; uma inusitada queda para o teatro por parte dos jogadores e tolerância de árbitros para com a mesma.
Este estudo, combinado com outros também publicados pelo CIES, evidencia o que todos constatamos, semana após semana, sobre a liga portuguesa: os bons espetáculos escasseiam.
Só para mencionar os recentes: no top 25 das equipas com mais distância média percorrida em sprint não há portuguesas. Na distância média da circulação de bola há um português no top 20; no ranking das oportunidades de golo criadas consta um clube português nos 30 melhores (a média por jogo de todas as equipas está em 25.o). Temos a 31.ª liga em tempo útil de jogo.
Nada disto tem que ver com competitividade interna, o argumento sempre alardeado em prol da suposta necessidade de se centralizar a negociação dos direitos televisivos: muitos clubes de campeonatos com menor competitividade interna - e de países muito pior posicionados no ranking europeu - têm desempenho bem mais satisfatório nos indicadores, e o mesmo se aplica ao confronto de ligas.
Isto é particularmente relevante quanto à centralização dos direitos televisivos. Não há negociação, seja em que moldes for, que resista à qualidade inferior do produto. É nesta temática, do futebol jogado à qualidade dos relvados e afluência de público, que se deveria centrar esforços, ao invés de se pretender construir a casa pelo telhado."

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