domingo, 27 de março de 2022

O regresso do incompreendido | SL Benfica


"Achas que o regresso do alemão à seleção é merecido?

Há pouco mais de semana atrás, ainda com as emoções à flor da pele após o apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões, o universo benfiquista recebeu outra notícia positiva que deixou muita gente surpreendida: cinco anos após a sua última convocatória, Julian Weigl voltava a ser chamado para representar a seleção alemã.
O médio alemão está no SL Benfica há pouco mais de dois anos, mas no entanto, Julian Weigl ainda não é um jogador que reúna plena consensualidade por parte dos adeptos encarnados.
O médio defensivo contratado ao Borussia Dortmund chegaria ao SL Benfica ainda sob o comendo técnico de Bruno Lage, tendo-se tornado titular indiscutível assim que chegou ao clube. No entanto, seria pouco depois da sua entrada que a equipa então orientada pelo atual técnico do Wolverhampton começaria a cair de rendimento, o que não ajudou a que o médio alemão caísse nas boas graças dos adeptos.
Para quem veja os jogos do SL Benfica com “olhos de ver”, não é difícil perceber que Julian Weigl é uma vítima do contexto da equipa em termos técnico-táticos. No entanto, é preciso analisar e aprofundar um pouco mais este contexto de modo a perceber os motivos que levam o médio a ser criticado por alguns adeptos.
Julian Weigl é um médio defensivo com uma classe inquestionável, dono de uma apurada visão de jogo, com uma capacidade criativa incrível que faz dele uma peça importante na construção de jogo de qualquer equipa.
Contudo, esse não é o perfil de médio defensivo que os adeptos estão habituados a ver no futebol português. Weigl tem um perfil criativo e construtivo, tal como outros jogadores como Busquets, Jorginho ou Kimmich.
Só que para os adeptos portugueses no geral, um médio defensivo deve-se preocupar mais em destruir do que em construir jogo, tem de ser um jogador possante fisicamente e que denote uma grande capacidade para recuperar bolas. Ou seja, tem de ser um jogador que jogue mais com o físico do que com o cérebro.
Outra questão que deve ser tida em conta é o modelo de jogo e as dinâmicas do Benfica em comparação com as da equipa do Borussia Dortmund onde jogava.
Na maioria das equipas alemãs que jogam em sistemas tácticos com quatro defesas, os laterais não costumam ter uma participação muito ativa no ataque, o que dá mais liberdade criativa a um jogador como Weigl, dá-lhe mais liberdade para se aventurar em zonas mais adiantadas do terreno, bem como lhe dá mais cobertura em situações de transição defensiva.
Por outro lado, a equipa do SL Benfica nos últimos anos tem jogado sempre com uma dinâmica muito ofensiva, jogando com os dois laterais projetados na frente e com os extremos posicionados em zonas interiores do terreno de jogo, deixando no máximo, quatro elementos (os centrais e os médios) mais recuados para a transição defensiva.
Juntando os factos, Julian Weigl nunca foi o perfil de médio defensivo que muitos adeptos apregoam, não sendo aquele “trator” que recupere um número incontável de bolas e que tenha a estampa física de um segurança de discoteca e que, em virtude das dinâmicas da equipa, acaba por ficar muito exposto em situações de transição defensiva.
Moral da história, Julian Weigl é um jogador com uma qualidade indiscutível, mas não está inserido num contexto que o torne num jogador mais regular e mais consensual por parte dos adeptos encarnados."

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