sexta-feira, 18 de março de 2022

Basquetebol encarnado à deriva | SL Benfica


"O que é que achas que tem de mudar no basquetebol encarnado?

A temporada da equipa masculina de basquetebol encarnado tem sido uma verdadeira desilusão. O último campeonato foi conquistado na temporada 2016/2017 e o último troféu foi a Taça Hugo dos Santos na temporada 2017/2018. E a verdade, é que após a saída de Carlos Lisboa, a equipa não tem mostrado qualquer tendência ascendente nesta temporada.
A equipa teve um início de época positivo, qualificando-se para a primeira fase de Grupos da FIBA Europe Cup, tendo liderado o seu grupo com cinco vitórias em seis jogos. Os problemas começariam a acentuar-se a partir do mês de Dezembro, com a equipa a sofrer quatro derrotas em seis jogos na Segunda Fase de Grupos da competição europeia.
Para além disso, viria também a perder a final da Taça da Liga para o Sporting com uma derrota consentida nos minutos finais, perdeu todos os jogos contra os rivais nesta época e teve ainda algumas vitórias inesperadamente suadas contra equipas que não lutam pelo título.
No meio desta situação, os reforços sonantes contratados a meio da época (Frank Gaines, Ivan Almeida e Wendell Lewis) não estão a inverter o rumo dos acontecimentos, bem pelo contrário.
Ao ver esta equipa a jogar, verificamos que um dos problemas é a tremenda inconsistência que o conjunto de Norberto Alves demonstra ao longo dos 40 minutos de jogo. Por um lado, têm momentos do jogo em que se superiorizam ao adversário de uma forma natural, mas por outro lado, têm outros momentos em que se desligam completamente do jogo, fazendo sucessivos turnovers ridículos e ficando vários minutos sem encestar.
Na minha opinião, estas quebras constantes de desempenho se devem essencialmente à falta de ambição e de atitude competitiva da equipa. Salvo raras excepções, vejo jogadores reputados e pagos a peso de ouro que estão pouco comprometidos com a equipa, aos quais não importa se a bola cai ou não no cesto ou se o jogo está ganho ou não.
Quanto ao treinador Norberto Alves, começo por dizer que estaria a mentir se disse que não acreditava que eles iria recolocar o basquetebol encarnado nos eixos. Apesar de não ser a minha preferência, Norberto Alves trata-se de um treinador experiente, com competência e provas dadas no basquetebol nacional e com um estilo e uma ideia de jogo que valoriza o coletivo.
Mas a realidade é que o técnico de 53 anos esbarrou num contexto e numa realidade muito diferentes daqueles que tinha encontrado na UD Oliveirense. No geral, vemos um Norberto perdido no banco, sem saber o que fazer e que várias vezes comete falhas claras na gestão do plantel e nos timings para mandar parar o jogo. Para além disso, parece ter claras dificuldades em gerir os egos dos jogadores com maior estatuto no plantel.
Quanto à estrutura que dirige a modalidade, continua claro e evidente que esta não tem um rumo e uma linha de pensamento definidas. A sua estratégia passa por atirar mais dinheiro para cima dos problemas em vez de arranjar soluções para procurar melhorar e criar um contexto mais propício para a equipa.
O SL Benfica continua a ser o clube mais titulado na história do basquetebol masculino em Portugal, mas nos últimos anos, tem vindo a perder cada vez mais terreno para os adversários diretos. Sendo a modalidade com o maior orçamento no clube há vários anos, lutar para ganhar em todos as frentes não deve ser visto como um objetivo, mas sim como uma obrigação.
Ao todo, são quatro anos sem conquistar qualquer troféu, e apenas uma vitória nos últimos 15 jogos contra os clubes rivais. O basquetebol encarnado urge cada vez mais por uma revolução, não só em termos estruturais, mas também a nível da mentalidade.
Não se pode investir tanto na equipa e depois arranjar sucessivas desculpas para o insucesso. É preciso assumir os erros e as responsabilidades e trabalhar para fazer crescer a modalidade."

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