segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Remédio santo


"Já cansa, esta coisa de não haver jogo sem que a equipa principal de futebol do Sport Lisboa e Benfica seja prejudicada. São os foras de jogo posicionais, as cargas sobre os nossos defesas, os puxões aos nossos avançados dentro da área contrária, os amarelos e vermelhos que ficam por mostrar, as grandes penalidades que, a nosso favor, não merecem sequer a análise míope do VAR. Cansa mesmo.
Como adepto, sinto que entro para cada jogo com uma nuvem pesada por cima. Basta o árbitro apitar para o início da partida, e fico logo com a sensação de que algo de estranho se vai passar. Primeiro são as faltas não marcadas e meio-campo, depois é a complacência com o anti-jogo, seguem-se as leis da vantagem, a intensidade do contacto físico e, sem darmos por isso, conseguem encostar-nos às cordas com livres à medida do freguês ou do alcance de decibéis do adversário que teatraliza no relvado. Cansa tudo isto.
O Glorioso, através dos seus profissionais de futebol, só tem um caminho pela frente: jogar mais. Não é apenas aumentar a qualidade das exibições, apesar de esse passo também ser importante. Jogar mais é jogar mais do que os adversários: chegar primeiro, entrar mais forte, pensar mais rápido, aproveitar a qualidade e a criatividade, não ficar refém de esquemas táticos fáceis de desmontar. Se jogarmos mais e melhor do que os nossos adversários, se marcarmos mais golos, se formos mais eficazes, os consecutivos problemas da arbitragem têm tendência e desaparecer.
Num jogo de aflitos, com um golo solidário, qualquer erro (nosso e da arbitragem) pode ser a diferença entre zero, um ou três pontos. Num jogo desnivelado, onde toda a qualidade e excelência que são pedidas a quem veste de vermelho são postas em prática, não há forma de nos prejudicarem. Muitos destes jogadores já provaram em campo serem, como equipa, melhores do que todos os adversários. Está na hora de o fazerem novamente. No mínimo, têm, de tentar."

Ricardo Santos, in O Benfica

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