terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Balanço favorável


"Em fim de semana de goleada na Luz, o emblema do Benfica foi defendido em muitos outros palcos, com desfechos quase só favoráveis às nossas cores.
Além dos tais 7-1 ao Marítimo, verificou-se um desaire da nossa equipa B no Benfica Campus. O empate sem golos frente ao Vilafranquense penalizou a falta de eficácia e algum azar dos nossos jovens jogadores, num resultado manifestamente injusto face ao enorme volume ofensivo e às muitas oportunidades claras de golo criadas. Continuamos na liderança da prova, agora com quatro pontos de avanço sobre o Feirense.
Nos escalões mais abaixo, os Sub-23 concluíram a 1.ª fase – Série B da Liga Revelação com um triunfo ante o Sporting por 3-0. O primeiro lugar obtido garantiu a qualificação para a fase de apuramento do campeão, acompanhado por Estoril e Portimonense, do Sul, e Braga, Rio Ave e Leixões, do Norte. Os Sub-17 também bateram o Sporting, mas por 3-2, e lideram a Zona Sul. Já os Sub-15 perderam por 1-0 com o Sporting, em Alcochete, sendo a primeira vez, na presente época, que sofreram uma derrota.
Quanto à equipa feminina, na ressaca do fim da participação inédita na fase de grupos da Liga dos Campeões, foi a Albergaria-a-Velha e venceu por 0-4 na primeira mão dos quartos de final da Taça da Liga.
Nas restantes modalidades, e começando pelo andebol, o triunfo, por 24-31, no pavilhão do Avanca, deu o apuramento para os oitavos de final da Taça de Portugal. No basquetebol obtivemos duas vitórias: para a Taça de Portugal, em Coimbra frente à Académica, por 70-102, seguindo para os quartos de final, e para o Campeonato, em Guimarães, por 68-108. No hóquei em patins foi também jornada de Taça, vencemos, por 1-10, em Nafarros. No voleibol tivemos dupla jornada vitoriosa: 2-3 no reduto do SC Espinho e 3-1 ao Castêlo da Maia, na Luz. E, no râguebi, vencemos pela quinta vez nas últimas seis jornadas, desta feita em Coimbra, ante a Académica, por 15-21.
As equipas femininas de basquetebol, futsal e voleibol também disputaram partidas. Em basquetebol batemos o V. Guimarães por 82-63. No futsal ganhámos, por 0-6, ao Arneiros, em Torres Vedras. E, no voleibol, recebemos e derrotámos o Vilacondense, por 3-2.
Nota final para os jogos agendados para amanhã, dia 22. Em andebol recebemos o Águas Santas, na Luz, às 20h00. No futsal visitamos o Modicus, às 21h00. E, à mesma hora, em Ovar, entramos em campo no basquetebol."

A oportunidade de ficar na história


"Apesar de não ser um protagonista, contribuiu para um feito inimaginável

'É melhor estar preparado para uma oportunidade e não ter nenhuma do que surgir uma oportunidade e não estar preparado'. Num plantel com tantos jogadores, mas em que apenas onze jogam de início, assumir o papel de protagonista é reservado a uma minoria. O facto de as regras do futebol não incluírem a possibilidade de substituições, na década de 50 e inicio da década de 60, vedava por completo a oportunidade de alcançar o protagonismo a qualquer jogador que ficasse de fora do onze.
Em Setembro de 1955, Mário João cumpriu o sonho de ingressar no Benfica, envolvido na transferência de Arsénio dos encarnados para CUF. O jogador, que alinhava pelas reservas, tinha despertado a atenção ainda como júnior, e a sua troca devia-se a ter 'características muito semelhantes às do ex-interior encarnado - tão semelhantes, que, no Barreiro, se diz, com certo espírito, que o Benfica trocou um Arsénio por outro Arsénio'.  Em 1 de Novembro, realizou a sua primeira partida de águia ao peito ao serviço das reservas, frente ao Belenenses. Instado a comentar, referiu: 'Jogar no Benfica é uma honra, o sonho de muito rapazinho novo que 'sente' vir a ser um ídolo do público, como as 'estrelas' que, ainda de calção, agarrado à vedação do campo, via deslizar nos campos'. Mas de pronto assumiu que se tratava de uma tarefa complicada: 'Por agora penso apenas em trabalhar para ver se consigo chegar, um dia, à categoria principal. É humano, não?'
Em 2 de Fevereiro, de 1958, o jogador provou que o sonho era alcançável, estreando-se frente ao Lusitano. Apesar de ter alinhado numa posição diferente da habitual, actuando como médio, mereceu elogios pela forma como anulou Cardona, avançado eborense. Conquistou um lugar no plantel e, no final da temporada seguinte, aproveitou a ausência de Ângelo para entrar no onze, como defesa. Contribuiu para a vitória na Taça de Portugal e manteve-se entre as opções iniciais na temporada seguinte. Com excelentes exibições, foi uma das peças-chave na conquista do Campeonato Nacional, jogando 24 das 26 jornadas. As suas prestações foram merecedoras da chamada à selecção nacional, realizando a primeira partida pela equipa das quinas frente à Jugoslávia, em 22 de Maio de 1960.
Na época 1969/61, perdeu espaço  no onze com o regresso de Ângelo, alternando entre a equipa de honra e as reservas. Ainda assim, participou na fantástica campanha europeia do Benfica, jogando inclusivamente a final. Na temporada seguinte, voltou a ser peça influente nos encarnados, sagrando-se bicampeão europeu e vencedor da Taça de Portugal.
Em Outubro de 1962, após ter cumprido o sonho de jogar de águia ao peito e atingir o topo europeu, até então inimaginável, a seu pedido regressou à CUF, deixando para trás o seu nome gravado nas páginas douradas do futebol nacional e europeu.
Saiba mais sobre a carreira deste excepcional jogador na área 22 - De Águia ao Peito, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Especialistas em Palha!!!


"Tanto chinfrim, e, no derradeiro momento, apenas o dragão de ouro da BSAD e os paladinos da justiça leoninos - os tais que se gabam de ter amigos juízes colocados em todos os tribunais - votaram a favor de uma ILEGALIDADE, que é a retroatividade, a qual nem consta nos regulamentos.
Mas ainda mais engraçado foi ver a cartilha de Aníbal Pinto e dos paineleiros do FC Porto em sintonia com todos os lagartos, em plena CMTV, contra os representantes do Benfica. Bem sabemos que tudo tentaram, então da parte da Cofina foi o vale tudo.

E no meio disto tudo quem se riu foi Pinto da Costa, que mandou o banana do Sporting fazer figura de urso e de burro, e, no final, deixou as sardaniscas com o rabo na boca e um fardo de palha, mostrando-lhes o dedo do meio e votando contra.
Lá se vai a retórica toda pelo ralo a baixo, uma vez mais. Daqui a nada é preciso um piaçaba para desentupir aquelas cabeças.
Bem dizemos e é verdade. O futebol português é uma comédia."

A responsabilidade social do desporto


"O conceito de responsabilidade social das empresas (RSE), está a se integrar, cada vez mais, no mundo do desporto. Não existe uma definição universal deste conceito, mas comporta a ideia de que a empresa não é apenas a garantia da maximização do lucro pelos seus acionistas. Ela deve ser uma fonte de benefícios para o conjunto da sociedade. Do ponto de vida da Comissão Europeia (CE), a RSE é a integração voluntária de preocupações sociais e ecológicas das empresas nas atividades comerciais e nas relações alargadas do seu campo de aplicação às organizações em geral (CE, 2001). Grosso modo, a RSE articula-se em torno de quatro dimensões: obrigações económicas, legais, filantrópicas e éticas. A norma ISO 26000 possui diretrizes sobre a RSE.
A transposição do conceito RSE no campo do desporto profissional é recente. Nasce, sobretudo, da pressão das ligas desportivas profissionais americanas nos anos 1970. As contribuições (artigos científicos) norte-americanas referem que os clubes e as ligas desportivas profissionais foram durante muito tempo os motores da realização de práticas sociais incarnadas pela cultura “giving back”, ela mesma inscrita nos valores éticos protestantes dos EUA no início do século XX (François, 2013). Essas ligas criaram numerosas atividades de “caridade business”, permitindo recolher massivamente fundos, por forma a financiar programas de educação e de integração nas comunidades.
Ancorado no movimento geral do desenvolvimento durável, a responsabilidade social (RS) tornou-se parte dos discursos de alguns dirigentes das organizações desportivas. Mas bem que os seus princípios fundamentais sejam inscritos no desporto, as organizações desportivas ainda têm muitas dificuldades em integrar esta nova conceção nos seus projetos, na sua gestão e nas suas práticas. O desporto tornou-se, no entanto, um setor de atividade essencial na vida dos territórios, respondendo a problemáticas das sociedades, como a educação, a integração social, a saúde, o desenvolvimento económico e o emprego. É certo que já se vê uma série de iniciativas a favor da integração da RS nas lógicas de funcionamento das organizações desportivas, mas muito há para fazer e explorar. Em matéria de iniciativas sociais, notamos que grandes instituições mundiais e europeias se dotam de programas de RS específicos ao tratamento de problemas societais. É, por exemplo, o caso da Federação Internacional de Futebol (FIFA), com o seu “Football for hope”. Enquanto ferramenta de comunicação estratégica, a RS deve ser planeada e tida em consideração. Pode ser utilizada como um meio de lutar contra as derivas ligadas às externalidades negativas no desporto: dopagem, corrupção, apostas ilegais, etc. Os “consumidores” desportivos, e não só, tendem a desenvolver uma opinião mais favorável aos “produtos”, sobretudo quando se apoiam instituições de solidariedade social ou causas. Em Portugal, os estudos sobre a RS no âmbito desportivo são muito escassos. E os que vão sendo publicados partem do postulado de que o desporto é um vetor natural de RS (Moreira, 2016; Pinho, 2017). Deixo aqui a sugestão de realização de um estudo: aplicar um inquérito por questionário e entrevistas semiestruturadas aos dirigentes de clubes desportivos, por forma a conhecer a perceção que os atores têm da RS e a forma como as práticas que se inserem neste conceito são operacionalizadas. Por outro lado, era importante saber se promovem a avaliação das práticas de RS que são levadas a cabo e os seus resultados."

A competência de opinar


"“Perry limpou a cerveja entornada com um guardanapo. – Desculpa, mas fico lixado quando os árbitros se põem a decidir quem vai ganhar em vez de os deixarem jogar. – A vida é cruel e injusta, meu amigo – disse Bill. – Ninguém escapa às injustiças da vida, nem mesmo no mundo do desporto.” (1)
Se a vida é cruel e injusta, se o mundo do desporto não escapa às injustiças da vida, é tudo uma questão de perspectiva. Que o digam grandes administradores desportivos, gestores de topo ou agentes de jogadores de futebol. Principalmente estes últimos com um total pago aos mesmos em comissões pelos clubes no ano de 2021 de 443,5 milhões de euros… mais 0,7% que no ano anterior.
Fomos habituados a olhar para o futebol, e a falar dele, como estando a olhar para o desporto e a dele falar. Nada de mais errado! Somos educados futebolisticamente, somos formatados para darmos um pontapé numa bola e julgarmos que estamos a jogar futebol, crescemos numa cultura em que discutimos futebol estando convencidos que nos encontramos no centro de um debate sobre desporto. E os ‘media’ possuem a sua quota-parte de responsabilidade neste assunto: na TV o futebol ocupa as transmissões em directo, os programas com painéis de comentadores, os noticiários… 28 de 32 páginas de um diário desportivo são preenchidas com esta modalidade… e as restantes que nem visibilidade possuem também são as que menos espectadores possuem ao vivo e aquelas que menos dinheiro movimentam e menos lucro dão a certos sectores da sociedade. Filhas de deuses menores!
Recentemente, Gabriel Albuquerque foi campeão mundial de trampolins. Telma Santos foi igualmente campeã mundial de badminton. Uma equipa feminina de goalball portuguesa sagrou-se campeã do mundo. Não abriram noticiários, não vimos entrevistas, não sabemos se foram ou irão ser condecorados pelo PR, não receberam nenhuma bola de ouro ou qualquer outro prémio badalado na comunicação social! Filhos de deuses menores!
Na infância, inúmeros são os brinquedos com a forma de uma esfera. Talvez por ser o único objecto que não possui vértices e arestas e por isso mesmo ser aquele que menos acidentes poderá suscitar com as crianças. Talvez por ser aquele que com mais facilidade perde o seu equilíbrio estável. Crianças que são as mais propensas para serem influenciadas por pais, familiares e amigos para “darem um pontapé na bola”… e logo de seguida instigadas a “serem” deste ou daquele clube (futebolístico, entenda-se!). Uma questão hereditária e, como tal, transmissível, a qual se vai inculcando no indivíduo.
Passa-se a seguir à fase do “jogar à bola” e depois ao querer ser como este ou como aquele jogador de topo. Daí à escolinha de futebol é só um passo… mas nem todos saem de lá craques. Concomitantemente vai-se formando o espectador, vai-se cultivando a paixão, vai-se exacerbando o fanatismo – é a fase em que “os árbitros se põem a decidir quem vai ganhar”. E, como disse Denis Diderot (1713-1784), filósofo francês do iluminismo, “ do fanatismo à barbárie é só um passo”…
Surge então a etapa em que a narrativa do próprio se circunscreve ao recurso à ética, à verdade desportiva (seja lá o que isso for), à necessidade da prevenção da violência no desporto, à luta contra o ‘doping’,à luta contra a corrupção. No entanto olvida inúmeros outros aspectos porque só acredita naquilo em que quer acreditar e, pior que um cego, só vê aquilo que quer ver – é a confirmação do «viés de confirmação».
É este, em traços gerais, o deslocamento do acento tónico na “vida do desportista”, quer seja praticante ou não. Há um padrão na construção da “cultura” desportiva do indivíduo e que revela a longo prazo a sua iliteracia neste domínio.
É costume aferir-se o grau de desenvolvimento desportivo ou o nível de cultura desportiva de um país pelo medalheiro nas várias modalidades (e nos J. O.) ou pelos índices de prática desportiva e de actividade física dos seus cidadãos. O “desenvolvimento desportivo” é um conteúdo completamente diferente do conteúdo “cultura desportiva”. O primeiro, mais abrangente, tem a ver com instituições e formas organizativas – e, consequentemente com resultados desportivos a nível internacional. O segundo está relacionado com valores e com os conhecimentos que a maioria dos indivíduos possuem sobre o fenómeno desportivo e, como tal, sobre as suas competências para emitirem opiniões sobre o fenómeno desportivo. O problema não está no facto de possuírem opinião… uma opinião especializada sobre um só determinado aspecto do fenómeno desportivo ou uma opinião global e abrangente do mesmo… o problema está no facto de só serem detentores de uma opinião superficializada, de não possuírem uma opinião fundamentada e alicerçada no conhecimento – que normalmente não buscam – pois seria isso que lhes poderia dar a competência de ou para opinarem…

(1) Sigler, Scott, 2009. “Infecção”. Col. 1001 Mundos, Lisboa: Gailivro."