"Apesar de não ser um protagonista, contribuiu para um feito inimaginável
'É melhor estar preparado para uma oportunidade e não ter nenhuma do que surgir uma oportunidade e não estar preparado'. Num plantel com tantos jogadores, mas em que apenas onze jogam de início, assumir o papel de protagonista é reservado a uma minoria. O facto de as regras do futebol não incluírem a possibilidade de substituições, na década de 50 e inicio da década de 60, vedava por completo a oportunidade de alcançar o protagonismo a qualquer jogador que ficasse de fora do onze.
Em Setembro de 1955, Mário João cumpriu o sonho de ingressar no Benfica, envolvido na transferência de Arsénio dos encarnados para CUF. O jogador, que alinhava pelas reservas, tinha despertado a atenção ainda como júnior, e a sua troca devia-se a ter 'características muito semelhantes às do ex-interior encarnado - tão semelhantes, que, no Barreiro, se diz, com certo espírito, que o Benfica trocou um Arsénio por outro Arsénio'. Em 1 de Novembro, realizou a sua primeira partida de águia ao peito ao serviço das reservas, frente ao Belenenses. Instado a comentar, referiu: 'Jogar no Benfica é uma honra, o sonho de muito rapazinho novo que 'sente' vir a ser um ídolo do público, como as 'estrelas' que, ainda de calção, agarrado à vedação do campo, via deslizar nos campos'. Mas de pronto assumiu que se tratava de uma tarefa complicada: 'Por agora penso apenas em trabalhar para ver se consigo chegar, um dia, à categoria principal. É humano, não?'
Em 2 de Fevereiro, de 1958, o jogador provou que o sonho era alcançável, estreando-se frente ao Lusitano. Apesar de ter alinhado numa posição diferente da habitual, actuando como médio, mereceu elogios pela forma como anulou Cardona, avançado eborense. Conquistou um lugar no plantel e, no final da temporada seguinte, aproveitou a ausência de Ângelo para entrar no onze, como defesa. Contribuiu para a vitória na Taça de Portugal e manteve-se entre as opções iniciais na temporada seguinte. Com excelentes exibições, foi uma das peças-chave na conquista do Campeonato Nacional, jogando 24 das 26 jornadas. As suas prestações foram merecedoras da chamada à selecção nacional, realizando a primeira partida pela equipa das quinas frente à Jugoslávia, em 22 de Maio de 1960.
Na época 1969/61, perdeu espaço no onze com o regresso de Ângelo, alternando entre a equipa de honra e as reservas. Ainda assim, participou na fantástica campanha europeia do Benfica, jogando inclusivamente a final. Na temporada seguinte, voltou a ser peça influente nos encarnados, sagrando-se bicampeão europeu e vencedor da Taça de Portugal.
Em Outubro de 1962, após ter cumprido o sonho de jogar de águia ao peito e atingir o topo europeu, até então inimaginável, a seu pedido regressou à CUF, deixando para trás o seu nome gravado nas páginas douradas do futebol nacional e europeu.
Saiba mais sobre a carreira deste excepcional jogador na área 22 - De Águia ao Peito, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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