sábado, 27 de novembro de 2021

Vitória em Turquel...

Turquel 2 - 3 Benfica

Regresso do campeonato, com vitória obtida a 1,23m do fim da partida!

“Cartão Azul” – Episódio 2


"Hoje o Polvo das Antas aborda as ligações entre o FC Porto e o Brasil através do Banco BMG.
Comecemos, então, pelo início. O Banco BMG chegou a patrocinar 40 clubes no futebol brasileiro e esteve envolvido no escândalo Mensalão em 2005. Este foi um escândalo de compra de votos que ameaçou derrubar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Só na principal divisão brasileira, este banco chegou a patrocinar, ou teve participação, em jogadores de 12 clubes diferentes.
Tal influência permitiu que o Banco BMG participasse diretamente em diversas negociações de jogadores com os clubes parceiros. Ricardo Guimarães, ex-presidente do Atlético-MG, vice-presidente do banco desde 1996, CEO entre 2004 e 2013 e atual membro do Conselho de Administração, criou o fundo BR Soccer em 2009, com registo na Comissão de Valores Mobiliários. Indiretamente passou a ter o controlo sobre o Coimbra Esporte Clube da terceira divisão de Minas Gerais. O clube é propriedade da empresa Vevent Empreendimentos e Participações, que por sua vez é detida em 99.95% pelo fundo BR Soccer.
O que é interessante constatar e começa a revelar a cortina da lavandaria, é o facto do fundo BR Soccer ter chegado a ter uma carteira com mais de uma centena de jogadores em 2013. Quanto ao Coimbra Esporte Clube, chegou ao cúmulo de, em 2014, ter um valor de mercado em atletas superior a clubes como Flamengo e Palmeiras. Nem sequer imaginamos a dor e sofrimento dos adeptos do Coimbra Esporte Clube ao constatarem que nenhum desses jogadores jogava, na realidade, no seu clube.
Isto significa que um clube que apenas disputava o Campeonato Mineiro e a Taça Belo Horizonte conseguiu, em tempo recorde, a proeza de ter um ativo superior a clubes que disputavam o Brasileirão e competições internacionais.
No ano seguinte, em 2015, a FIFA vetou a participação de terceiros em direitos de jogadores e deixou de se poder adquirir e vender direitos de atletas. De modo a contornar a proibição de partilha de passes de jogadores por terceiros, o FC Porto e o Banco BMG, através do Coimbra Esporte Clube, começaram a fazer negociatas de jogadores de futebol.
E quem é o Presidente do Coimbra Esporte Clube?
Marcus Vinícius Fernandes Vieira, que é - por coincidência - sócio da Vevent, e foi - também por coincidência - diretor jurídico do Banco BMG. Como se isso não bastasse, este chegou a defender o Banco BMG como advogado em diversas ocasiões.
Como entra o FC Porto no universo BMG?
O ponto de partida foi o museu do clube, onde acabou por encaixar 8 milhões de euros através de um contrato de publicidade e naming, o que levaria Ricardo Guimarães a receber um valioso Dragão de Ouro em 2013, na categoria de Parceiro do Ano. Recordamos que Pinto da Costa e Ricardo Guimarães chegaram a inaugurar o museu com pompa e circunstância. Contudo ficou uma questão no ar: qual a razão pela qual o Banco BMG decidiu investir tanto dinheiro no FC Porto, se não tem qualquer atividade comercial em Portugal?
Vejamos o caso do jogador Otávio.
Sabemos que o Banco BMG adquiriu 50% do seu passe por cerca de 1.35 milhões de euros, além de 15% a um fundo japonês, perfazendo os 65% que o Coimbra Esporte Clube detinha do jogador. Em 2014 o FC Porto comprou 33% do seu passe por 2.5 milhões de euros. Mais tarde, e sem explicação a ninguém, a SAD do FC Porto cedeu 0.5% do seu passe. Não sabemos é a quem, nem por quanto.
O que sabemos é que a transferência de Otávio teve o cunho de Adelino Caldeira e Reinaldo Teles, como comprova o seu contrato. Importa ainda dizer que um dos representantes do Banco BMG é o empresário Giuliano Bertolucci, que colocou no FC Porto jogadores como Éder Militão, Alex Telles, Felipe, Otávio, entre outros.
Isto tudo leva a concluir que a prospecção do FC Porto no mercado brasileiro é feita em conluio com o Banco BMG/Giuliano Bertolucci.
Segue-se um raciocínio de fácil compreensão:
Desde que existe o FC Porto B e até ao final de 2018, foram contratados pelo menos 23 jogadores a clubes brasileiros. E desses 23 jogadores, quantos chegaram à equipa principal até esse ano?
Um, tão e somente um. E qual jogador? O nosso caro e prezado Otávio, que acabou por custar €7.5 milhões de euros por 68% do passe, praticamente o mesmo que o patrocínio do Banco BMG no FC Porto. Curioso, não? O Banco BMG paga um patrocínio ao FC Porto e este compra jogadores do catálogo do Banco BMG pelo mesmo valor.
Façamos um exercício muito simples. Quantos desses jogadores chegaram à equipa principal? A resposta é desoladora, pois a percentagem de sucesso do Porto B em brasileiros foi de 4,34%.
Para que não restem dúvidas:
• 2012-13: Diogo Mateus, Víctor Luís, Anderson Santos, Guilherme Lopes, Sebá (via Cruzeiro), Dellatorre (via Desportivo Brasil/Traffic).
• 2014-15: Diego Carlos (via Desportivo Brasil fundado pela Traffic), Otávio, Roniel (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Anderson Dim.
• 2015-16: Rodrigo Soares (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Maurício (via Portimonense/Teodoro), Wellington Nascimento (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Ronan, Enrick Santos, Gleison (via Portimonense/Teodoro).
• 2016-17: Inácio (via Portimonense/Teodoro), Galeno (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport).
• 2017-18: Luizão, Danúbio (via Grêmio Anápolis controlado pela Promosport), Anderson Canhoto.
• 2018-19: Diego Landis (via Desportivo Brasil fundado pela Traffic), Emerson Souza e Ewerton Pereira (via Portimonense/Teodoro).
O que é feito destes jogadores?
- Guilherme Lopes, a título de exemplo, jogou um minuto na Segunda Liga e acabou a carreira aos 24 anos.
- Enrick Santos, infelizmente, ainda teve menos sucesso terminando a carreira prematuramente aos 20 anos de idade.
- Anderson Canhoto teve mais sorte e quando voltou ao Brasil foi jogar na quarta divisão. - Anderson Dim seguiu viagem para Freamunde e depois para o Coimbra MG. Entretanto mudou de profissão.
- Ronan, depois de 2 grandes jogos pelo Porto B, passou pelo Tombense, Nova Iguaçu, Santa Cruz e Natal e Cabrofiense. Não participou sequer em 10 jogos nestes "grandes" clubes.
- Danúbio pertence atualmente ao Moto Club MA, tendo estado emprestado ao Estoril pelo Grémio Anápolis.
- Ewerton Pereira, que chegou ao FC Porto em 1 de julho de 2018, voltou para o Portimonense em 24 de julho do mesmo mês, por empréstimo. Em janeiro de 2019 terminou o empréstimo, tendo ido posteriormente para o Japão. Entretanto andou a passear-se entre o FC Porto e o Portimonense em empréstimos e transferências que estão em investigação criminal.
Conclusão: existem jogadores que vêm passar férias a Portugal com tudo pago, numa autêntica lavandaria, e depois voltam para o Brasil para se dedicarem à pesca.
O Polvo das Antas pergunta:
- Haverá algum banco no mundo que patrocine clubes de futebol em países onde não exerça atividade e negoceie passes de jogadores em grande número, à exceção do Banco BMG? Quais as contrapartidas, sabendo que não há almoços grátis?
- É normal um banco ter um acordo com um clube onde diz, e citamos, «toda e qualquer negociação envolvendo possíveis reforços para os portugueses no Brasil tem de passar pelo BMG»?
- Podemos colocar o Banco BMG ao lado da Gestifute e Doyen, por exemplo?
Estas são perguntas às quais gostaríamos de ter respostas, e, para quem tanto pugna pela verdade desportiva, certamente que não haverá problema em esclarecer estas situações. Não é necessário responder já, nós continuaremos aqui e não temos pressa.
Como não podia deixar de ser, continuaremos a levantar a ponta do véu e a expor os intervenientes da operação “Cartão Azul”."

11.ª seguida...

Benfica 3 - 0 Leixões
25-23, 25-23, 25-11

Algumas desconcentrações, mas sempre a ganhar...

Vitória...

Benfica 7 - 1 Nun'Álvares

Começámos a perder, mas ganhámos tranquilamente... nas vésperas das decisões Europeias!

Objectivo: vencer!


""Com todo o respeito pelo adversário, o que nós queremos é vencer." Esta declaração de Jorge Jesus, proferida ontem na conferência de imprensa de antevisão à partida com o B SAD (Estádio Nacional, hoje, às 20h30), reflete, na perfeição, a mentalidade competitiva exigida a todos os profissionais do Benfica, hoje e sempre.
Vinte dias depois, o Campeonato está de regresso. Na jornada anterior vencemos, na Luz, o Braga, somar mais três pontos é o objetivo para esta noite.
A nossa equipa vem do empate obtido em Barcelona, que nos mantém na luta pelo apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, mas já pertence ao passado. "Agora, o foco tem de estar neste jogo, que é tão ou mais importante do que o da Liga dos Campeões, é do Campeonato português", lembrou Jorge Jesus.
Sobre o adversário, o nosso treinador considera que se espera "uma equipa defensivamente forte, tentando não dar espaços entre linhas, fechando a largura do jogo e procurando as saídas em contragolpe e surpreender na bola parada".
Para tentar ultrapassar a expectável cerrada teia defensiva adversária sabemos, de antemão, que Seferovic fará parte do onze inicial: "É o único que tem a certeza de que vai jogar", afirmou Jorge Jesus, acrescentando que o avançado "tem a confiança, como sempre teve, da equipa e do treinador, tanto é assim que vai jogar a titular."
Estão lançados os dados. Que esta seja uma noite vitoriosa para o nosso Benfica!"

Vitória nos descontos...!!!

Farense 2 - 3 Benfica

Kokubo; Tomé, Tó Silva, Bajrami, Domingues; N. Félix, Nascimento(H. Félix, 83'), Neves(Azevedo, 83'); Santos(Barrero, 63'), Moreira(Mauro, 63'); Resende(Semedo, 46')

Sempre a perder, com remontada concretizada nos instantes finais...
Não foi fácil a 'ressaca' Europeia!

Crónica de um Benfiquista em Barcelona


""Pá, não queres ir a Barcelona?"
A pergunta surgiu às 3h da manhã num bar em Alfama. Era a noite das eleições do Benfica e tínhamos escolhido aquele local para aguardar os resultados do processo eleitoral entre cerveja e amigos. Sem hesitar respondi logo que sim. Não sabia pormenores, valores ou disponibilidade de datas. Sabia sim que queria ir, claro que queria ir. Naquela noite ficou decidido que ia acompanhar o Benfica ao estrangeiro pela primeira vez.
As semanas seguintes foram feitas a preparar os pormenores. Liderados por um veterano destas andanças (esta ida a Barcelona foi o seu 28º away a jogos do Benfica!!), descobriu-se a preços baixos o plano de viagem: Avião até Barcelona na 2* feira e na 4ª regresso de comboio para Madrid e daí novo avião de volta à capital Portuguesa. Marcar 3 dias de férias para esse período? Check! Comprar bilhete para o jogo? Check! Estadia de duas noites num hostel? Check!
O encontro foi feito no aeroporto às 18h de 2ª feira. Seríamos cinco naquele voo e já lá na cidade condal juntar-nos-íamos ao resto do pessoal. Rapidamente percebi o quão sou amador nestas andanças: enquanto eu vinha de mala de rodas, todos eles traziam mochilas e até um saco de plástico! Claro, tão mais prático!
O voo até Barcelona correu sem peripécias até ao momento em que aterrou. Do nada, começa-se a ouvir ao longe o hino do Benfica a tocar! Seria algum adepto sentado no avião que se lembrou disso? Não, vem mesmo dos speakers do avião! Foi ideia do piloto! Mas a voz de Luís Piçarra é rapidamente abafada, pois a esmagadora maioria das pessoas presentes naquele avião tinham na sua alma a chama imensa e entoam a música a altos berros. Que chegada a Barcelona!
Sair do aeroporto, apanhar o bus para o centro da cidade, procurar o hostel, fazer o check in, pousar malas (aliás, mala, mochilas e saco de plástico) e arrancar para as Ramblas. Já passava da meia-noite, tudo fechado. Noite estragada? Claro que não, convívio feito numa das praças com vários Benfiquistas rodeados de vendedores ambulantes locais, a trocarem latas de San Miguel e Estrela Damn por 1 euro. O regresso ao hostel foi feito às 3h. Ou seriam 4h? Ou 5h? Quem sabe. Sei que chegamos divertidos aos beliches.
O dia do jogo não teve muito que saber. Acordar tarde e ir para o mercado "La Boqueria" comer tapas, beber cervejas e cantar, cantar muito, perante o espanto dos espanhóis, certamente todos adeptos do Barcelona. Todos? Todos não. Que o empregado de mesa veio ter connosco e disse "aqui estão em casa! Eu sou adepto do Real Madrid e os meus dois colegas lá dentro são do Espanyol". Retorqui-lhe "então todos queremos o mesmo, o Benfica a ganhar!". E a resposta dele virou o mote para aquela viagem: "Isto não é para ganhar...é para dar três!!". A vitória na Luz ainda presente na memória de todos...
Passagem por novo bar, o "L'Ovella Negra", onde encontramos novos dois adeptos do Espanyol e a eles oferecemos bilhetes para o jogo, já que dois dos nossos companheiros não tinham conseguido fazer a viagem à última da hora. Eles certamente quereriam que o Benfica ganhasse o jogo tanto como nós!
Viagem de metro até Camp Nou e aí começa o dilúvio. Chuva, chuva everywhere! Quando avistamos o relvado já o jogo começou. Olho para o imenso Camp Nou e recordo-me das mesmas sensações que tinha tido quando o visitei em 2009: "és gigantesco, mas estás a cair aos bocados. E a minha antiga Luz era ainda mais bonita e imponente que tu!" Mas agora era hora de concentrar no jogo, até porque o Benfica está-se a aguentar. Chega inclusive a marcar um golo, festejado imensamente até percebermos que tinha sido anulado. Mas anulado porquê? Impossível saber lá daquela incrível altura. O relvado está tão longe que parece que vemos o jogo num avião. O acrílico e as redes a separar o sector adversário das restantes bancadas também não ajudam nada à visibilidade. 
O grande momento do jogo já todos sabem. Ainda hoje me dói pensar no que teria sido se o Seferovic tem metido aquela bola dentro daquela rede. Que explosão teria sido! Quão épico teria sido! Aiiii Sefero...como foste falhar aquilo?
Bom, mais chuvada no regresso ao centro de Barcelona e aqui não houve ideias de festa. Toca a ir para o hostel dormir umas 3 ou 4 horas, porque havia comboio para apanhar às 6h45! Quando o despertador toca, percebo que terei que vestir umas calças e ténis ainda molhados. "Burro. Trazes uma mala, mas não te lembraste de trazer muda de roupa da cintura para baixo".
Duas horas depois estamos em Madrid. Passear pelo parque gigantesco da cidade, comer mais umas tapas, beber mais umas cervejas e arranque para o aeroporto e daí para Lisboa.
Estava feita a minha primeira ida ao estrangeiro com o Benfica. Que não será a última.
Agora que venha o Dínamo Kiev. E o Sporting. E o Porto para a taça. Que isto não é para ganhar. É para dar três!
(Mas Sefero...porra.)"

O brilho na Europa e o bem que Amorim faz


"Pode haver três equipas portuguesas nos oitavos da Champions. Não é absolutamente provável mas é verdadeiramente possível. E seria histórico, além de que só provaria algo que há muito me parece viável, mesmo que contrarie a ideia feita, sobretudo em momentos de desilusão na UEFA, de que as equipas portuguesas são apenas de Liga Europa, de uma espécie de segunda divisão europeia. Prova-se que não: uma equipa portuguesa com bons jogadores e bem treinada – e isso pode aplicar-se a qualquer dos grandes nesta altura - por bater-se com equipas de maior ambição, mesmo se construídas sobre orçamentos bem mais fermentados. O melhor exemplo é o Ajax, expoente de coerência no perfil do jogador que procura e de continuidade no trabalho de um treinador magnífico (Erik Ten Hag). Num país de perfil futebolístico semelhante, ainda não surgiu, em anos recentes, um Ajax, mas há três emblemas que exibem em simultâneo, e apesar das diferenças, uma competência de orgulhar. Por isso é que o Borussia de Dormund já caiu e o mesmo destino podem ter Barcelona, Atlético de Madrid e Milan. Não é coisa pouca.
E ainda nos falta deixar de (des)valorizar os jogadores em função da equipa onde crescem. A rivalidade ao limite leva, por exemplo, a que continue a custar a muitos que se diga que João Félix é um talento dos maiores ou que Francisco Conceição é muito mais que um cavador de penaltis. São dois craques. Como Fábio Vieira também é. Como Weigl está muito acima da média para o futebol português, Luis Díaz a caminho de um dos melhores da Europa e Pedro Gonçalves comprova ser de nível extraordinário, principalmente quando enquadra a baliza para finalizar. O talento não tem cor. Sobretudo não a da camisola, de certeza.
A maior infelicidade do Benfica para não estar já apurado na Champions não foi o desperdício de Seferovic, antes a mudança de treinador no Barcelona. Até porque é óbvio para todos que os encarnados não mereceram ganhar na Catalunha e até podem agradecer o empate esperançoso às exibições superlativas de Vlachodimos e, principalmente, Otamendi. Do outro lado esteve foi um Barça que regressa à melhor casa da partida, em que se cuida da bola como de um filho e o talento não se mede em palmos nem contabiliza pela idade. A melhor ideia para os jogadores e os melhores jogadores para a ideia. É a chave do sucesso. Ou a Xavi.
E por falar em treinadores que aproximam o sucesso, Rúben Amorim merece o mais vincado aplauso. Por razões técnico-táticas, na coerência e na convicção com que se agarra a uma ideia. Pela ambição doseada mas sempre crescente, de quem assume que o que já conquistou é apenas o início do caminho para um ponto mais alto, dele e do Sporting. Pela liderança de um grupo que se percebe unido como nenhum outro nem Portugal. Pela qualidade na mensagem com que agarra os adeptos até na hora da derrota e mais ainda pela humildade inteligente na hora da vitória, quando lembrou, por exemplo, que também Paulo Bento conseguira um apuramento idêntico já lá vão uns anos. Treinadores e principalmente pessoas como Amorim só fazem bem ao futebol."

Justiça, negócios e um recado para os bufos. (...): “O que se passa, afinal, com o nosso futebol?”


"A chuva e o cinzento do céu não são propriamente potenciadores de serotonina, o que de algum modo ajuda a justificar a propensão emocional para a crónica de hoje.
Podia escrever-vos sobre muitas coisas. O que não faltam por aí são temas atuais e interessantes, que poderíamos dissecar em conjunto. Mas há coisas que nos afligem mais, que nos tocam de forma diferente. E eu - que tenho o privilégio de poder exprimir-me publicamente, sem cortes nem censuras - sinto-me compelido a abordá-las neste texto.
Queria convidar-vos a refletir sobre a constante intromissão da justiça nos negócios do futebol.
Vamos tentar perceber os porquês:
- O que terá o futebol português de tão errado que convide a tantos raides por parte das autoridades? Haverá fumo sem fogo a toda a hora? Ou há, de facto, ilícitos relevantes que devem ser apurados? As suspeitas da justiça portuguesa não passarão disso mesmo? Ou, no fim de tanta neblina, haverá acusações formais?
O que se passa, afinal, com o nosso futebol?
Início de raciocínio: assim, de cabeça, conseguem contar quantas ações foram levadas a cabo desde o horribilis Apito Dourado, em 2004?
Eu não, por isso googlei.
Sem qualquer tipo de ordem cronológica e apenas contabilizando iniciativas judiciais (não as eventuais consequências jurídicas), encontrei:
- "Apito Dourado", o "Caso Cardinal", a operação judicial decorrente da divulgação não autorizada de dados pessoais de árbitros e observadores, o "Caso dos Emails", o "Caso dos Vouchers", o "Caso E-Toupeira", o "Jogos Viciados", o "Mala Ciao", a "Operação Lex", o "Saco Azul", a "Operação Fora de Jogo", a "Operação Cartão Vermelho", a "Operação Cartão Azul", o "Apito Final", o "Cashball", o "Jogo Duplo" e a operação "Covid Free".
Sou capaz de jurar que me escaparam uns quantos e, a ter acontecido, foi por manifesta incompetência na busca ou porque as ditas operações tiveram menor notoriedade mediática.
Há uma conclusão que salta logo à vista: isto não é normal! Não assim, não com esta frequência. Concordam?
E essa conclusão levanta outras questões: então mas acontece porquê?
As pessoas ligadas à indústria não são, por princípio, sérias e íntegras? Não atuam dentro da legalidade, como devem e têm de atuar? A tentação será assim tão grande ao ponto de criarem estratégias para contornar a lei?
E a justiça... será leviana ao ponto de autorizar e realizar buscas (ou até efetuar detenções), sem bases fortes nesse sentido? Será inconsciente ao ponto de arriscar operações com aparato público, sem indícios fortes? Não terá noção que, não havendo seguimento judicial posterior, a sua imagem e credibilidade ficarão fortemente beliscadas?
E o papel do Estado/Governo e das instâncias que regulam o futebol? Foi tudo feito no sentido de prevenir qualquer tipo de criminalidade e de punir eficazmente quem prevarica? Os mecanismos de controlo de questões mais sensíveis (como a transferência de jogadores ou o pagamento de comissões) são suficientes? São eficazes? Tudo o que pode ser feito em matéria legislativa e desportiva foi feito?
Se sim... porquê esta eterna suspeita das autoridades em negócios no futebol? Porquê?
Porque é que a esmagadora maioria dos adeptos tem uma visão descrente em relação à idoneidade de alguns dos agentes do jogo? Será por mera rivalidade desportiva? Será porque ouvem os canais errados? Ou será porque dia sim, dia não, conhecem novas alegações e novos casos cinzentos?
A indústria terá noção que, cá fora, reina uma sensação de desconfiança generalizada, que dura há décadas? O jogo mudou, os meios e ferramentas evoluíram e as suspeitas mantêm-se. Aumentaram até. Porquê? É suposto ser este um dano colateral inevitável? É assim em todos os outros campeonatos?
Há respostas para serem dadas e a verdade é que elas não podem vir de um só lado.
Como já perceberam, esta reflexão nada tem a ver com clube A ou B, com dirigente C ou D, com empresário E ou F.
Não metam clubismos nem rivalidades desportivas num tema maior, que toca em questões mais profundas e estruturais. Nesta matéria aliás quase ninguém fica a rir de ninguém.
O que se pede e espera é que tudo se resolva com celeridade, justiça e eficácia. Se há negócios ilegais ou comportamentos ilícitos, que sejam punidos em sede própria. Rapidamente. Se não há, que se restitua aos atingidos o direito ao seu bom-nome, entretanto atropelado em praça pública.
Mas que se faça rápido e bem. E que se mudem instrumentos, práticas e se preciso, pessoas. Quem está à frente do jogo não é o jogo. Esse vai continuar a existir, para bem de todos nós, que o adoramos.
Nota final - Convinha também que a própria justiça tentasse resolver esse enorme problema chamado bufos.
É vergonhosa a forma como meia dúzia de ratos de esgoto insistem em colocar cá fora informações que estão em segredo e que destroem meses de preparação, dando tempo aos bandidos para se precaverem.
Não há nada como arrumar bem a casa antes de ir visitar a dos outros."

Os soldados choram à noite


"Poesia em prosa como dizia o jornalista Jesús Ramos sobre Vicente, aquele que dançava com uma bola nos pés como saltasse a fogueira dos demónios e quem deram a alcunha de La Bruja.

Vicente Piera não foi soldado, mas viveu a guerra. Essa terrível Guerra Civil de Espanha que somou mais de 500 mil mortos, tantos deles fuzilados pelo exército franquista ao qual ninguém conhecia a piedade. Mas isso foi mais tarde. Nascido em 11 de junho de 1903, em Barcelona, Vicente Piera Pañella foi sempre um libertário. Tinha o futebol no sangue. Era apenas um garoto quando começou a jogar no Centre d’Esports de Sants. O seu pé direito era desconcertante. A bola colava-se a ele como se fosse coberto de resina. E só ele lhe dava ordem para prosseguir o seu caminho a partir do momento em que considerava que ela fazia falta noutro lado, sobretudo no fundo da baliza dos adversários.
Em 1922, com apenas 19 anos, estava em Lisboa. Portugal recebia a Espanha e o selecionador espanhol, Julián Ruete mandou que doze jogadores se aprontassem e saíssem para o aquecimento. Em cima da hora do jogo ter início decidiria qual deles seria descartado da equipa principal. Foi, de certa forma, uma revolução. Porque Ruete, no último minuto, disse com a sua voz autoritária: «Santiago Bernabéu, tú no juegas!». E enquanto o peso do descarte caía sobre o vaidoso jogador que viria a ser o presidente do Real Madrid, a alegria do jogo foi entregue a Vicente que, ao minuto 60, fez um dos dois golos espanhóis da vitória.
Desde que se transformara em jogador que Piera parecia, muitas vezes, não entender o jogo de conjunto. Chamavam-lhe Cavalo Bravo, Cavalo à Solta, podia ter sido uma personagem desses escritores catalães de imaginação prodigiosa, Eduardo Mendoza, Mercè Rodoreda, Manuel Váquez Moltalbán. Ou melhor ainda, personagem rebelde da mestra das rebeldes personagens, Ana María Matute, nascida em 1925, relatadora de batalhas e do que ia por dentro dos que combatiam nessa guerra entre irmãos, autora de Primera Memoria, Los Soldados Lloran de Noche, La Trampa, atravessando a estrada da novela para o conto com Los Niños Tontos, Tres y un Sueño, El Verdadero Final de la Bella Durmiente e Al niño que se le Murió el Amigo. Poesia em prosa como dizia o jornalista Jesús Ramos sobre Vicente, aquele que dançava com uma bola nos pés como saltasse a fogueira dos demónios e quem deram a alcunha de La Bruja.
O rebelde Piera não ouvia nada do que os mestres que lhe queriam ensinar. No Centre d’Esports de Sants arranjou um conflito sério porque se recusava a jogar a extremo direito. Quando, aos 17 anos, foi contratado pelo Barcelona, escutou com os nervos a bulirem-lhe como agulhas de pinheiro o presidente Juan Gamper gabar-se para a imprensa: «Hemos encontrado el extremo derecho que estábamos buscando hace tiempo».
O treinador, o inglês Greewell, olhou para o seu físico meio raquítico, para as suas pernas que pareciam caniços, e impôs-lhe um trabalho diário para aumentar decisivamente a sua capacidade de choque. Vicente limitou-se a responder: «A mí que me den una pelota y me dejen de tonterías y cuentos tártaros». Num jogo amigável contra o Sparta de Praga, depois de ter passado meia-hora a fazer gato sapato do defesa que o marcava, estoirou como uma castanha e passou a hora seguinte a ser massacrado com cargas sucessivas de pancadaria que o deixaram de rastos. Foi aí que percebeu que não lhe bastava ser La Bruja. O Cavalo à Solta chorou à noite como os soldados Ana María Matute. E mudou de vida, fez corpo, tomou conta do lado direito do ataque do Barcelona até 1933, três anos antes de começar La Cruzada.
Durante umas festividades locais, o Barcelona defrontou o Vic que pedira emprestado ao adversário o seu guarda-redes lendário Ricardo Zamora, o rei das zamoranas. Por ordem de Garcia, o capitão, de cada vez que os avançados do Barça se aproximavam da baliza onde estava o seu companheiro de equipa, voltavam para trás, recusando-se a chutar ao golo. Zamora impunha um respeito impossível de contrariar. Não seriam os seus apoderados do Barça a sujeitá-lo a ir buscar bolas dentro da baliza. O público enfureceu-se. Ou, como dizem em Espanha, cabreou-se. A confusão não tardou a instalar-se no estádio, houve alguns que ameaçaram entrar em campo para agredir os jogadores da própria equipa, Zamora tentava apaziguar toda a gente com a sua figura grande, vestida de negro, Vicente Piera saltitava de um lado para o outro como um galito de combate, as farripas do cabelo caindo-lhe sobre os olhos que brilhavam de contentamento perante o caos que se abria na sua frente. Atingia o ponto mais alto da sua incontrolável rebeldia. A Guardia Civil entrou em ação e tratou de acusar os jogadores do Barcelona de boicotarem um espetáculo para o qual muitas centenas de pessoas tinham pago o seu bilhete. Toda a equipa foi parar à esquadra e passou a noite no cárcere como castigo para a trafulhice. Esgotada a excitação, Vicente Piera, o rebelde dos rebeldes, dormiu tranquilo como se nada se passasse..."

Teses sobre o desporto: datadas ou actuais?


"Na revista francesa “Quel corps?” (criada por militantes marxistas e simpatizantes da Liga Comunista Revolucionária), de abril-maio de 1975, Marc Perelman, arquiteto, docente na Universidade Paris-Nanterre e autor de vários livros, entre os quais “Le sport barbare: critique d'un fléau mondial” (2008), publicou um artigo interessante, intitulando-o “vinte teses sobre o desporto”. O autor assume que as suas teses apresentam lacunas. A sua intenção era lançar o debate na sociedade. Pela sua pertinência, destacamos aqui algumas das suas principais ideias:
· É falso considerar que o desporto é “velho como o mundo”. Como instituição, o desporto é o produto de uma rutura histórica e é a consequência do desenvolvimento de forças produtivas capitalistas. É também o produto da diminuição do tempo de trabalho, da urbanização e da modernização dos transportes.
· O desporto assume um significado diferente segundo as classes sociais.
· A Inglaterra exportou as suas práticas desportivas, ao mesmo tempo que as suas mercadorias. A constituição do desporto mundial é paralela à consolidação do imperialismo.
· O desporto atual é um desporto monopolista de Estado, inteiramente controlado e centralizado. Uma perspetiva reformista é ilusória.
· A instituição desportiva insere-se no sistema capitalista.
· O atleta de competição é um trabalhador que vende a sua força de trabalho, capaz de produzir um espetáculo, atraindo multidões, a um patrão.
· A competição pelo lucro é completada pelo lucro da competição. · Os escândalos múltiplos e repetidos (fraudes fiscais, transferências de atletas ilegais, corrupção, dopagem, etc.) abanam o sistema desportivo, traduzindo a crise do capitalismo monopolista de Estado.
· A competição económica internacional cristaliza em torno da luta pela organização de grandes eventos desportivos, em particular os Jogos Olímpicos.
· As desigualdades sociais são reproduzidas de forma alargada e mascarada por uma pseudoigualdade entre os participantes.
· O espetáculo desportivo opera uma “cretinização” das massas. A maior parte dos média (imprensa, televisão, etc.) está saturada de crónicas de faits divers e de eventos desportivos fúteis.
· O desporto é um vetor da ideologia dominante. Ele conforta a mulher na sua forma dominada.
· O campeão dopado torna-se o modelo. Os fãs constituem, por seu turno, uma força de pressão na aceitação da dopagem, que não é considerada como uma vergonha, mas como um aspeto adquirido no desporto e a sua defesa torna-se legítima.
Para quem a desconhece, é preciso dizer que esta revista tinha por objetivo denunciar a ilusão propagada da ideologia dominante através da crítica radical do desporto, mas foi descontinuada. Em dezembro de 1996, os seus abonados receberam uma carta a anunciar: “não é mais um rumor, mas um facto: Quel corps? (1975-1995) foi pulverizada pela auto-dissolução”.
Sabemos que o desporto ocupa um espaço importante nas sociedades, sobretudo a “futebolização”. Estas teses de Perelman, e outras, mereciam um debate alargado na sociedade portuguesa."

A tirania dos regulamentos


"A competição, ou antes, a vitória na competição, mede-se por critérios objectivos e/ou por critérios subjectivos. É uma avaliação. Para designar vencedores e vencidos é imprescindível essa medição. Em relação aos primeiros temos as medidas de comprimento, de peso, de tempo, os golos ou os pontos marcados… No que se refere aos segundos temos a atribuição de notas ou uma pontuação… Tudo isto está plasmado em regulamentos, que muitas vezes não são éticos mas são legais. E quando a lei está em conflito com a ética, é raro prevalecer a ética, até porque se antes os homens necessitavam de ‘panus et circenses’, teremos de dizer que actualmente a necessidade se baseia no ‘panus, argentum et circenses’...
Se concordamos em atribuir uma maior fiabilidade aos critérios objectivos porque a isso estamos habituados – erros de percepção, enviesamento e ruído são frequentes nos juízos subjectivos – teremos de desmistificar no entanto essa atribuição porque nem sempre é verdadeira.
Vejamos dois casos concretos!
Em 2007 Naide Gomes participou nos Mundiais de atletismo de Osaca. Na sua qualificação fez um salto de 6,96 metros, apurando-se de imediato para a final, pois a marca a ser transposta era de 6,85 metros. Na final, só a vencedora, a russa Tatyana Lebedeva, ultrapassou os 7 metros. Nenhuma das outras medalhadas (2º e 3º lugares) superou aquela marca da atleta portuguesa – a russa Lyudmila Kolchanova saltou 6,92 metros e a sua compatriota, Tatyana Kotova, fez um salto de 6,90 metros. Tendo feito 6,87 metros na final, Naide Gomes ficou-se pelo quarto lugar… mas nas eliminatórias, repetimos, tinha feito 6,96 metros. Tudo isto aconteceu na mesma prova, embora em etapas diferentes: eliminatórias e final. Um salto superior num antes e um inferior num depois… mas decisivo este último.
Nos Mundiais de ginástica artística ‘all around’ de 2021, em Kitakyushu, Filipa Martins terminou na 7ª posição com 52,199 pontos, muito perto da classificada em 5º lugar com 52,832 pontos. No entanto, esta ginasta na qualificação para a final obteve um 6º lugar com uma pontuação superior à da final: 53.032 pontos. Tudo isto aconteceu também na mesma prova, embora em etapas diferentes: eliminatórias e final. Uma pontuação superior num antes e uma inferior num depois… mas decisiva esta última.
Verificamos assim que os regulamentos desportivos, nas provas com qualificações e final, permitem que um competidor que tem um melhor tempo, uma melhor marca ou uma melhor pontuação numa eliminatória (qualificação para a final), possa ser derrotado na final por outro competidor com um tempo ou uma marca inferior nessa mesma prova.
Detenhamo-nos agora um pouco numa mera hipótese académica…
No ténis se um jogador vencer o primeiro ‘set’ por 7-5, após empate (5-5), e se perder o segundo por 1-6 terá de disputar um terceiro ‘set’. Se neste último o resultado lhe for favorável por 6-4, ele será o vencedor, pois vence dois ‘sets’ e perde um. Mas se contabilizarmos o número de jogos, verificamos que esse jogador venceu 14 enquanto o derrotado venceu 15 jogos… Por força dos regulamentos, o jogador que ganhou o maior número de jogos acaba por ser o derrotado…
Passemos a um outro campo paralelo, o dos contratos. Porque no desporto tudo se compra e tudo se vende, tudo é regulado pela oferta e pela procura… no desporto tudo se negoceia (grande é o “comércio”, apesar de haver muitos – e alguns com responsabilidades educativas, organizacionais, políticas, institucionais – que nos querem instrumentalizar fazendo-nos crer que o desporto é uma “indústria”)… no desporto o “deus dinheiro” é dono e senhor da mercadoria!
Em Dezembro de 2016, no combate de Mixed Martial Arts entre Ronda Rousey e Amanda Nunes, a primeira foi derrotada ao fim de 48 segundos. Nesse combate, a derrota rendeu a Ronda Rousey a quantia de mais de dois milhões e quinhentos mil euros. A vitória rendeu a Amanda Nunes cerca de dois milhões de euros. Um provável título para este evento: quando a derrotada ganha mais do que a vencedora! Questões de negócio… mas que marcam a diferença entre uma vitória e uma derrota.
Numa época de mercantilização do desporto, encontramo-nos na presença de um sistema ilusório embora não um sistema de ideias falsas. Os actuais ideais desportivos tornam-se assim social e politicamente eficazes, todavia os mesmos encontram-se divorciados das suas condições sociais da emergência e da natureza da competição. Parafraseando Ortega y Gasset, poderemos dizer que “o maior crime está não no erro, mas na convicção das pessoas de que o errado está certo”."

Ouro


6.º Ouro da carreira da Telma Monteiro em Grand Slam's, terminando a época em 5.º lugar no ranking mundial!
Grande Telma...

"Cartão Azul" – Episódio 1

"Quem é Pedro Pinho?
Pedro Pinho é proprietário da empresa PP Sports, sendo também representante de vários jogadores. Apesar de não ser um agente com uma grande “carteira” de jogadores, conseguiu colocar ao longo dos anos vários jogadores no FC Porto, entre os quais Brahimi - em parceria com Nélio Lucas (administrador executivo do fundo de investimento Doyen Sports), Herrera, Militão, entre outros. Pedro Pinho foi, igualmente, intermediário no negócio do patrocínio com a atual dona da MEO, a Altice, no qual terá ganho valores que rondam os 20 milhões de euros.
Este é o único agente que consegue comprar e vender jogadores diretamente do FC Porto.
Para além disto, Pedro Pinho teve ainda uma sociedade com Alexandre Pinto da Costa, filho de Jorge Nuno Pinto da Costa, chamada Soccer Energy. Alexandre Pinto da Costa, enquanto sócio de Pedro Pinho, conseguia fazer alguns negócios na instituição FC Porto e usufruir de comissões chorudas. Contudo estes acabariam por se separar, e, após essa separação, o filho de Pinto da Costa terá sido afastado da maioria dos negócios do clube. Pedro Pinho foi o grande beneficiário.
A título de exemplo, uma comissão de um jogador normalmente é de 10%, qual o motivo de o FC Porto pagar 8.5 milhões de euros por Militão quando o custo do jogador por 90% do passe foi de 4 milhões? Se 1.5 milhões foram para encargos como refere o R&C consolidado da SAD portista de 2018/2019, para onde terão ido os restantes 3 milhões?
Os empresários de Militão são agentes do Banco BMG, parceiro do FC Porto no Museu e fiador do clube. Estes são os únicos que podem tratar de negócios do FC Porto no Brasil.
Pedro Pinho é, em conjunto com outro empresário português, o representante oficial deste grupo em Portugal. O porquê desta coincidência? Porque só através dele conseguiram e conseguem fazer negócios com o FC Porto e usufruir das comissões milionárias.
Suspeita-se que Pedro Pinho tenha, alegadamente, pago a jogadores para facilitarem nos jogos em prol do FC Porto. Diz-se que Vágner, a título de exemplo, poderá ter recebido 150 mil euros de Pedro Pinho para facilitar no Boavista - FC Porto, há algumas épocas atrás. Mas não só, existiram também suspeitas de manobras de bastidores utilizando António Perdigão - antigo árbitro-assistente, arguido do “Apito Dourado” e ex-analista de arbitragem do Porto Canal - para condicionar os árbitros dos jogos, como Vasco Santos, no célebre Estoril - FC Porto.
Recordam-se das ameaças e agressão a um repórter da TVI na época passada? Pedro Pinho foi o responsável pela investida.
Nas buscas mais recentes à sua moradia, Pedro Pinho, por obra divina, não se encontrava presente. Porquê? Porque tinha viajado para a Roménia dias antes, quando, muito provavelmente, terá sido avisado de que seria alvo de buscas. O mesmo, presumivelmente sabendo de antemão aquilo que se iria passar, viajou para a Roménia, alegadamente por “motivos de caça”. Fica a nota curiosa sobre o destino escolhido pelo empresário: não existe acordo de extradição entre a jurisdição portuguesa e romena.
Esta é uma das personagens em investigação pela justiça portuguesa neste processo que se adivinha longo.
Iremos, ao longo dos dias que se seguirão, abordar um por um dos intervenientes no processo “Cartão Azul” e expor a teia, recorrendo a dados concretos que temos em nossa posse.
Amanhã seguir-se-á o Banco BMG."

5 históricas remontadas do SL Benfica


"Descobre quais são as 5 históricas remontadas do SL Benfica!

Como foi prodigiosa a resistência pacense na Luz. O 4-1 final não transparece a urgência do SL Benfica em recorrer dos seus míticos ‘15 minutos’ para ultrapassar mais uma eliminatória da Taça: Jorge Simão alimentou preparação competente e só uma remontada daquele nível o poderia derrotar naquela noite.
Inspirados pela mesma, tentámos uma exercício de memória – que nunca o é quando tivemos o azar de nascer tarde, obrigado somos a vasculhar tudo e mais alguma coisa movidos pela sede de conhecimento do mundo da bola.
Como Jorge Simão, fomos explorar e estudar as fragilidades do monstro contrário – a história do SL Benfica oferece surpresas a cada página, jogos tão míticos que, aos tempos de hoje, fica difícil assimilar o impacto na época, por força do contexto que os envolveu e que nos é desconhecido.
A curiosidade nasce precisamente aí, no que contribuiu para o resultado dentro e fora do pelado, as incidências que transformaram um jogo normal numa ‘remontada’ que marcou uma geração – que, tristemente, a força do tempo vai colocando nas profundezas da memória coletiva.
Eis cinco reviravoltas épicas do palmarés encarnado prontas a ser revividas por quem se interessa pelas origens do benfiquismo e de como chegámos nós até aqui.

1. FC Porto 1-2 SL Benfica (Taça de Portugal 2003-04 – final)
O FC Porto de Mourinho era titular da Taça UEFA e preparava a final da Liga dos Campeões, jogada daí a duas semanas em Gelsenkirchen. Nas bancadas do Jamor, a massa encarnada empunhava tarja curiosa que se lia “Apoiamos as nossas cores: força Mónaco”, provocando o topo contrário e aquecendo ainda mais os ânimos daquele clássico.
O SL Benfica de Camacho tinha ganho o segundo lugar à ‘rasca’ ao Sporting CP de Fernando Santos com uma vitória em Alvalade na penúltima jornada e a chegada à final da Taça representava hipótese de conquistar um troféu… oito anos depois.
Sobre tudo isso, um objetivo e pensamento muito mais prioritário – honrar Miklos Féher, que se tinha despedido em janeiro dessa época, oferecendo-lhe aquela Taça. Era missão sacramental e sentido de dever moral de um grupo atordoado ainda pela maior das infelicidades.
O golo de Derlei na primeira metade foi provocação ainda maior ao brio daquele conjunto de jogadores – Fyssas empatou ainda antes do interregno e Simão concretizou, em chapéu de aba larga a Vítor Baía, o 2-1 final já no prolongamento.
Camacho, banhado pela fúria competitiva transformada em suor, era um homem feliz e realizado. Adorado por todos, não resistiria ao chamamento do seu primeiro amor – o Real Madrid CF – e sairia nesse verão, iluminado por uma aura de Messias.

2. FC Porto 1-3 SL Benfica (Campeonato 1971-72, 1ª jornada)
No segundo ano de Jimmy Hagan ao comando dos encarnados começava-se a desenhar equipa e sistema que permitiria ser campeão invicto em 1972-73.
Se 70-71 tinha sido em crescendo, com o salto para a frente da classificação apenas à 22ª jornada – ultrapassando o Sporting CP – interessava agora manter a toada e garantir a liderança desde o tiro de partida.
A 12 de setembro de 1971 o SL Benfica ia às Antas estrear-se no campeonato, o FC Porto esperava o campeão sedento de vingança: e começou bem, indo para intervalo a ganhar 1-0.
Mas uma segunda parte avassaladora dos encarnados – que jogaram com menos um desde os 55’ (!) por expulsão de Humberto Coelho – confirmaria a ideia que se concretizaria em maio seguinte: o SL Benfica de Hagan era a equipa mais competente do país e poucos se conseguiam bater de igual contra ela.
Só o surpreendente Vitória setubalense comandado por Pedroto, segundo classificado final, tentou ingloriamente intrometer-se na luta pelo título.

3. SL Benfica 5-4 Sporting CP (Taça de Portugal 1951-52 – final)
O SL Benfica perdia 3-4 aos 71’. No Jamor suava-se de ansiedade pela enxurrada de golos e constante trocas de vantagens. Em jogo estava o brio encarnado: em caso de vitória, alcançar-se-ia o recorde leonino de três consecutivas.
Águas faz o 4-4 aos 72’, nem permitindo grandes festejos e remete o jogo para período de monotonia até aí desconhecido. Rogério Pipi, o homem das finais de Taça (marcou em todas que participou, 15 golos) desfez a igualdade aos 89’- redimindo-se, já que havia falhado grande penalidade ainda na primeira parte.
“Quando o Águas me passou a bola, tive um pressentimento, via a Taça na minha frente (…) pareceu-me que a bola levou um século a chegar ao fundo da baliza”.
Levantou a taça o mítico capitão Francisco Ferreira. A última ocasião em que o fez, já que teria a sua despedida em setembro do mesmo ano.

4. Vitória FC 3-8 SL Benfica (Campeonato da Liga 1944-45)
No último campeonato disputado por apenas dez clubes – passaria a 12 em 45/46 – e a 18 rondas, o SL Benfica foi campeoníssimo: 79 golos marcados, média de 4,3 por jogo e oito goleadas (onde marcou cinco ou mais golos).
Além deste 8-3 no Campo dos Arcos em Setúbal, outros para a troca foram o 11-3 ao Salgueiros ou o 7-2 ao FC Porto, quarto classificado.
Nas margens do Sado, o SL Benfica foi para intervalo a perder por… 3-1, abalroando o frágil Vitória FC apenas nos segundos 45’, nos quais Espírito Santo assinou hattrick para responder ao do sadino Rodrigues.

5. SL Benfica 2-1 Sporting CP (Campeonato de Portugal 1934-35 – final)
No terceiro Campeonato de Portugal – que depois se tornou Taça – ganho pelos encarnados, a primeira final frente aos rivais leoninos: e por isso também se escreveu história.
Como comprovativo do prestígio da ocasião, Marechal Carmona fez-se representar enquanto Presidente da República, gerindo as celebrações que levaram ao Estádio do Lumiar 30 mil adeptos, um recorde.
Aquele SL Benfica, comandado pelo carismático Ribeiro dos Reis, fora para o intervalo a perder por causa de um golo de Mourão (41’). Contudo, bastaram cinco minutos no início da segunda metade para se proceder à reviravolta – Lucas e Valadas, aos 50′ e aos 55′, deram o troféu à equipa.
A temporada 1934-35 ficaria marcada pela primeira ocasião em que Campeonato de Portugal e o da Liga se disputaram paralelamente."

Comissão de Estatutos


"Desde que assumiu o cargo da presidência, Rui Costa tem procurado, em cada uma das suas intervenções públicas, promover o diálogo e o confronto interno de ideias, num discurso conciliador e agregador, eivado de benfiquismo e subordinado a um dos traços na nossa divisa E pluribus unum, que reflete, na tradução livre dos nossos fundadores, o mote 'Um por todos, e todos por um'.
Todos contamos nesta fabulosa quimera benfiquista, na perseguição utópica do clube perfeito e na defesa do ideal que nos une na paixão e na vontade.
O Benfica é, por definição, um clube incompleto, sempre aquém do idealizado. Todos almejamos um Benfica cada vez maior e melhor, somos insaciáveis e temos uma noção difusa do que desejamos, imperando a mutabilidade dos objectivos conforme as circunstâncias e em que a única constante nos remete para a ambição por um Benfica em permanente superação.
Todos somos muitos, cada um com a sua ideia de Benfica e visões distintas sobre o Clube, muitas vezes conflituantes. A divergência quanto aos caminhos que devemos trilhar é inevitável, mas salutar. A unidade, bem diferente do unanimismo fortalece, recentra o foco e obsta às investidas adversárias, assumidas ou camufladas.
Os apelos à união têm sido comuns por parte de Rui Costa, deixando sempre bem claro que nenhum benfiquista, independentemente da sensibilidade em que se revê, é dispensável.
Mas as 'palavras são com as cantigas, leva-os o vento', já dizia Florbela Espanca, que, por isso, escreveu também que relevava os factos em detrimento das 'palavras por bonitas que sejam'.
Foram muitos os sócios que clamaram por maior abertura e democraticidade no Clube, e Rui Costa assumiu o compromisso de fazer desses valores uma das suas bandeiras, içando-a agora bem alto. Passou das palavras dos actos, é factual.
Assim, é da mais elementar justiça que se elogie e enalteça a composição da Comissão de Estatutos. Estre os seis consócios que a integram, figuram candidatos ou apoiantes de listas derrotadas nas últimas eleições. Não se trata de um mero pormenor, antes de um sinal inequívoco e uma visão inclusiva do Benfica, de uma liderança legitimada por muitos, mas que conta com todos.
Muito bem!"

João Tomaz, in O Benfica

Deixa passar esta linda brincadeira


"Quando o SL Benfica se constipa, há uma pandemia de tuberculose nos media. Quando é a vez de Sporting CP e FC Porto darem um espirro, é só uma corrente de ar e passa rápido, com um Melhoral. Quando há buscas das autoridades, sejam policiais ou tributárias, a qualquer espaço ou elemento relacionado com o Sport Lisboa e Benfica, Portugal para. Há diretos nas televisões, últimas horas nos sites, as redes sociais enchem-se de memes e comentários jocosos, prevê-se logo o 'fim de uma era', 'o grande buraco' e o 'descalabro'. No minuto a seguir há há comentadores com alguma ligação afetiva ao clube a falar de 'vergonha', 'escândalo' e 'fechar de um ciclo'. Quando as mesmas buscas e os mesmos processos chegam aos outros, o caso muda mesmo de figura.
Ou os intervenientes fogem para Vigo avisados pelas mesmas autoridades, ou o caso é secundarizado pela comunicação social. Não tem apenas que ver com o 'respeitinho', este desinteresse. No fundo, é porque a coisa não vende, a dimensão dos clubes não é - num nunca será - a mesma. Fala-se dois ou três minutos do assunto (em vez de duas ou três horas se o caso envolvesse o Glorioso) e avança-se logo para os resumos do futebol internacional, porque é muito aborrecido falar de perdões da banca, vice-presidentes envolvidos em pagamentos a árbitros e empresários, suicídios no estádio, pressões sobre árbitros e atletas das modalidades, corrupção activa e passiva, dividas astronómicas, comissões de jogadores marteladas, trocas de atletas para efeitos contabilísticos ou agressões a jornalistas e profissionais do próprio clube.
No SLB, tudo é esmiuçado. Nos outros, tudo é analisado pela rama. Sim, a audiências não ajudam, mas também convém ver que o assunto, quanto toca aos rivais, não é do interesse de quem dirige e edita os conteúdos. Afinal, como todos sabemos há muitos anos, a culpa é sempre do Benfica."

Ricardo Santos, in O Benfica

Empate com sabor a empate


"Pedro Soares, Manuel Luís Goucha, José Cid e Eunice Muñoz. Estes são os nomes de quatro pessoas que provavelmente teriam conseguido empurrar a bola para dentro da baliza do Barcelona naquele último minuto de jogo. Não quero, obviamente, que o Seferovic se sinta culpado, mas também não lhe fazia mal nenhum se a esposa o deixasse a dormir no sofá durante uma semana.
Foi uma oportunidade de ouro para o Benfica ganhar em Camp Nou, no entanto a qualificação ainda se mantém em aberto depois de uma exibição fantástica dos nossos homens. O Otamendi, por exemplo, não só merece dormir no quarto como seria justo que a esposa lhe proporcionasse o maior dos desejos de qualquer homem: ir uma semana de férias para casa dos pais para o Nico poder estar sossegado sem ninguém lhe dizer que o calçado não é para deixar no chão da sala. E o Gilberto? Se eu acabei o jogo cansado, imagino que o Gilberto precise de um ou dois anos para recuperar energias. Por esta altura, o Jordi Alba ainda deve andar com medo de que a qualquer momento o Gilberto lhe apareça pela frente de rompante - é natural, eu também dispenso bem ter um rottweiler em permanência a ranger os dentes em cima de mim. O André Almeida esteve a um nível soberbo, o Vlachodimos encheu novamente a baliza, e o resto da equipa nunca se encolheu num estádio onde é raro a equipa da casa ficar em branco. Ficámos todos em sentido quando entrou o Dembelé - admito que no final do jogo tive de mandar os boxers para lavrar -, mas à entrada para a última jornada continuamos na luta pela qualificação.
O novo treinador do Barcelona é o Xavi, e espero que ninguém se lembre de chamar o Iniesta para adjunto antes do jogo com o Bayern."

Pedro Soares, in O Benfica