sexta-feira, 23 de julho de 2021

Os 25 magníficos


"Que fique bem claro, desde já, que as mulheres que fazem parte da delegação de atletas do Sport Lisboa e Benfica aos Jogos Olímpicos de Tóquio são igualmente magníficas. O título desta crónica vai ao masculino só para facilitar a leitura. Eles e elas, do atletismo, judo, canoagem, andebol, taekwondo, triatlo e natação, são atletas de eleição.
Gente que abdicou de muito - e suas famílias - para concretizar um sonho ao alcance de poucos: participar numa edição dos Jogos Olímpicos. É certo que para alguns deles não é a primeira viagem, e outros até então entre os favoritos para um lugar entre os 16 primeiros. Ou entre os 8 excepcionais que têm direito a um diploma. Sem esquecer os iluminados que poderão de lá voltar com uma medalha. Todos são brilhantes e importantes.
É a maior delegação olímpica da história do Glorioso, e isso me envaidece. É resultado de um trabalho de anos que tem sido desenvolvido no Clube. O número 25 já era, em fevereiro deste ano, a previsão de participantes do Clube feita pela directora Ana Oliveira. Não foi atirado ao acaso, nada é a acaso na forma como o Projecto Olímpico do Benfica tem sido gerido.
Este quarteirão de talento equivale a quase um quarto do total da delegação portuguesa (fora os atletas estrangeiros do clube que irão representar o seu países) e os benfiquistas, mais do que exigir medalhas, devem sentir-se orgulhosos desta participação. Também eu, em adolescente, sonhei em correr nuns Jogos. Não o consegui, não tive qualidades nem espírito de sacrifício para lá chegar. Por isso, durante as próximas semanas, estes 25 magníficos e magnificas continuam a ter aqui um adepto incondicional. E a restante comitiva portuguesa também, como é óbvio."

Ricardo Santos, in O Benfica

Pouca sorte


"O Benfica não costuma ser feliz nos sorteios europeus. Não é preciso ir mais longe: na temporada passada disputámos a pré-eliminatória da Champions em jogo único, fora de casa, no terreno de um adversário cujo treinador conhecia bastante bem o futebol português. Ainda assim, há que o dizer, tínhamos obrigação de ter vencido. A verdade é que perdemos, e creio que esses factores terá sido preponderantes na eliminação.
No sorteio desta semana calhou-nos alguém que conhece bem não só o futebol português como o próprio Benfica. Rui Vitória esteve no clube entre 2015 e 2019, conquistou vários títulos, e orientou alguns dos jogadores do actual plantel. Não precisará de um estudo muito apurado para saber como joga a equipa de Jorge Jesus, para identificar os seus pontos fortes e os seus aspectos mais débeis.
É verdade que o Spartak de Moscovo está fora do top 50 do ranking da UEFA, e que o futebol russo já viveu dias mais empolgantes. Mas, além do conhecimento privilegiado de que o técnico ribatejano beneficiará, há que dizer que esta equipa - tal como o Benfica, a mais popular do seu país -, ficou em 2.º lugar na época passada, entrou a matar nesta pré-temporada somando goleadas atrás umas das outras, e vai começar o campeonato já amanhã, chegando à pré-eliminatória europeia com um ritmo competitivo tendencialmente superior ao dos nossos jogadores. Isto sem falar na distância geográfica, que será um factor adicional de desgaste - neste caso para ambos.
Preferia, com franqueza, Genk, Sparta de Praga ou Rapid Viena. Calhou-nos o Spartak. É o Spartak que teremos de ultrapassar."

Luís Fialho, in O Benfica

A caminhada europeia


"Será em Moscovo que iniciaremos a grande caminhada que nos levará à disputa da fase grupos da Liga dos Campeões. Ditou o sorteio que nos calhasse em sorte o histórico Spartak da capital russa, clube com larga experiência nos competições da UEFA. Serão dois jogos com grau de exigência máxima, duas verdadeiras finais, num mês alucinante que poderá implicar a disputa de oito jogos.
Esta eliminatória ficará marcada pelo reencontro com Rui Vitória, que nesta época ingressou no vice-campeão russo. Será curioso ver em campo os dois treinadores obreiros do tetra. É verdade que o Spartak poderá beneficiar do facto de o seu treinador conhecer muito bem o SL Benfica. Mas também é verdade que os moscovitas devemo temer o maior clube português, treinado pelo melhor treinador nacional da actualidade e um dos melhores do mundo. Jorge Jesus dispensa apresentações e frente a equipas russas tem conseguido vitórias importantes, como aconteceu com o Zenit, actual campeão russo.
E se é verdade que acabou a regra da importância dos golos fora, o facto de o segundo jogo ser em nossa casa pode beneficiar-nos em caso de empate. Estamos a 11 dias da primeira final, precisamente frente ao Spartak, equipa com três internacionais russos e cuja grande estrela é o avançado nigeriano Vítor Moses, que triunfou no Chelsea, tendo ajudado o actual campeão europeu a conquistar um campeonato e duas Ligas Europa. Com 220 jogos na Premier League, Moses exigirá todas as atenções. Até lá, mais dois testes importantes, ontem, frente ao Lille, campeão francês, e neste domingo, a recepção ao Marselha, clube que é, neste momento, o rei do mercado europeu, com oito contratações, grande candidato às conquistas do campeonato e da Liga Europa."

Pedro Guerra, in O Benfica

Walking Football de volta


"Obrigado à ciência pelo milagre das vacinas. Em meio ano, os seniores passaram de principais vítimas desta pandemia a primeiros imunizados, e com isso ganharam uma liberdade de movimentos de que há muito não desfrutavam.
Nem as limitações que a boa regra ainda nos impõe, e que nós seguimos à risca na Fundação, chegaram para estragar a alegria do convívio à volta de uma bola que rola, que finalmente rola! Foi tal o ambiente vivido no regresso do Walking Football, sob a forma de 'Challenge', que nos encheu a alma. As amizades há muito feitas saltaram dos ecrãs e do anonimato das chamadas telefónicas para a realidade palpável do campo com sons, movimento e tudo o que palpita no futebol jogado. E claro, os benefícios do Walking Football também regressaram aos corpos e mentes dos felizes praticantes desta modalidade benéfica a todos os títulos que começa, por isso, a despertar o interesse de cada vez mais especialidades médicas na esferas cardiovascular e da saúde mental. É bom ver isso acontecer, mas na realidade já o sabíamos quando criámos este projecto, porque o desporto, sobretudo o que se pratica em equipa, e o futebol em particular, tem uma capacidade de juntar as pessoas em torno de objectivos comuns e de lhes proporcionar a conquista dando-lhes a beber da taça da vitória. Um verdadeiro néctar dos deuses que poucas vezes nos é oferecido na vida. Ou, por outro lado, levando-nos a assumir com honra a condição dos vencidos, que sempre se motivam para a superação e vitórias futuras. Parabéns, por isso, a todas as pessoas que participaram, mas sobretudo parabéns à vida, que de forma tão bela se celebra no Walking Football!"

Jorge Miranda, in O Benfica

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"3
Continuamos a dar cartas na canoagem, com 3 dos nossos atletas (Messias Baptista - K1 200m; Fernando Pimenta - K1 1000m; João Ribeiro - K1 500m) a sagrarem-se campeões nacionais;

4
Ao fim de 2 jogos particulares*, são 4 os estreantes absolutos pela equipa da honra: Gil Dias, João Mário, Rodrigo Pinho e Paulo Bernardo. Destaque para este último, que tendo alinhado numa posição que não a sua e na qual não me recordo de o ver jogar, foi inexcedível no empenho e demonstrou a sua enorme qualidade;

25
É a maior 'delegação' benfiquista de sempre nuns Jogos Olímpicos, com 25 atletas em representação das suas selecções, cerca do dobro do anterior recorde, estabelecido em 1992, em Barcelona;

29
Com o golo marcado ao Almeria, Pizzi tornou-se no 29.º mais goleador de sempre de águia ao peito. Soma 97 golos em 359 jogos (incluindo particulares) e está a 2 de Magnusson e Jorge Tavares;

3907
Distância em quilómetros entre Lisboa e Moscovo. Preferia um adversário mais próximo geograficamente, mas assim ditou o sorteio. Acredito que eliminaremos o Spartak e, pelo meio, teremos os 3 pontos de Moreira de Cónegos na primeira jornada do Campeonato. Houve apenas 3 desafios entre Benfica e os moscovitas: o jogo de apresentação na temporada 1989/90 (2-3) e os 2 relativos à fase de grupos da Liga dos Campeões 2012/13 (derrota por 2-1 em Moscovo e vitória, na Luz, por 2-0). Em 20 jogos com clubes russos a contar para competições europeias, reina o equilíbrio: 8 vitórias, 4 empates e 8 derrotas: analisando somente as eliminatórias, a balança pende a nosso favor: em 6 passámos 5, 3 na Liga dos Campeões (1 no antigo formato, com o Torpedo, e 2 mais recentes com o Zeni).

*Não inclui o Benfica-Lille"

João Tomaz, in O Benfica

Editorial


"1 - O Benfica vai defrontar o Spartak de Moscovo, na 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Será o reencontro com o treinador Rui Vitória mas apenas isso. Será uma eliminatória disputada entre duas valorosas equipas, e não um embate entre treinadores. Apesar do compreensível frenesi mediático em torno destes dois jogos, será em campo que se decidirá o vencedor da eliminatória. Que todos esperamos que seja o Benfica.
2 - Em entrevista ao programa Protagonista, Ana Vitória, uma das melhores jogadoras da liga feminina de futebol, descreveu a forma como já era benfiquista antes mesmo de integrar o plantel do Benfica, em 2018/19. Um enlace que começou em 2014, quando visitou o Estádio da Luz, enquanto jogadora da selecção de sub-15 do Brasil, de visita a Portugal. Um benfiquismo que a levou a recusar várias propostas de outros clubes, nacionais e estrangeiros, para renovar pelo Benfica.
3 - Estão quase a começar os Jogos Olímpicos, no Japão, onde vai competir a maior representação olímpica de sempre de atletas do Benfica. São legítimas as expectativas de medalhas, nuns casos, e de excelentes resultados internacionais, noutros. Esta representação, além de história, confirma a excelência do projecto olímpico do Clube, que assegura aos nossos atletas condições ímpares, em Portugal, de continuidade e de evolução.
4 - Fim de semana vitorioso para as nossas equipas de sub-23 de polo aquático feminino, de sub-19 de voleibol masculino e ainda para a equipa B de hóquei em patins masculino. Parabéns a todos os jovens atletas, pelas suas conquistas, pelo seu talento e pelo seu contributo para tornar o Benfica ainda mais eclético e vencedor."

José Marinho, in O Benfica

Foi Feitiço


"A pré temporada segue e o Benfica de Jesus promete entrar na época oficial em 4x4x2, afinal assim tem-se apresentado em praticamente todos os testes mais complicados, como o foi o desta noite perante o campeão francês.
- No momento defensivo duas ideias chave:
Pressing a todo o instante – Que demasiadas vezes estendeu por completo a equipa encarnada no relvado, chegando a ter seis elementos sobre a área adversária, com espaço muito largo nas costas – Basta um erro na contenção, isto é, um adversário driblar um dos seis dos dois sectores avançados, e uma auto estrada se abrirá no meio campo encarnado:


- Mesmo em momento de Controlar, e fechar o espaço no seu tradicional 4x4x2, o espaço entre sector médio e defensivo sempre largo – Sem um médio capaz de o fechar rapidamente – Weigl e João Mário não são jogadores de deslocamentos largos. Será Meité? – muito sofrerá a linha defensiva encarnada.

Embora tenha dado espaços, Vertonghen e Lucas Veríssimo resolveram com qualidade as situações defensivas com que se depararam e o Benfica não sofreu defensivamente no primeiro período, à excepção de um lance que Pizzi não foi capaz de interceptar uma bola longa que encontrou o avançado do Lille.
Com bola, a velocidade de circulação foi baixa e as entradas no último terço foram escassas. Apenas Rafa por um par de vezes depois de receber entre linhas oponentes, foi capaz de acelerar o jogo do Benfica, mas sem efeitos práticos em termos de criação.

Contra 4x4x2, Saída a 3 para superioridade sobre os 2, e 2o médio (João Mário) de frente para dupla de médios adversários preparando saída em Transição Defensiva

As ideias no posicionamento não trazem novidades. Weigl baixou para a linha dos centrais para construir, desta feita surgiu preferencialmente sobre o lado direito, dando a Lucas o espaço central, e João Mário sempre de frente para os médios adversários, para que após a perda pudesse sair rápido e abafar saída adversária.
Num jogo sem lances de registo, o golo encarnado só poderia ser: a) de bola parada; b) marcado pelo feiticeiro. Começa a crescer uma curiosidade para acompanhar a temporada de Gonçalo Ramos. O miúdo que é apelidado de feiticeiro pelos próprios colegas porque parece estar sempre no sítio certo para atirar para as balizas adversárias, começa a demonstrar argumentos para ser já a opção número um do ataque encarnado.
A segunda parte somente trouxe novidades com a entrada de Taarabt para as costas de Seferovic. O marroquino elevou bastante o nível da posse encarnada – é incrível a sua eficiência técnica – e num posicionamento mais alto não compromete o jogo defensivo. Taarabt, muito pela sua própria condição física, tem condições óptimas para ser uma excelente opção partindo do banco. Menos impacto positivo terá quando tiver de somar mais minutos.

Destaques Individuais:
João Mário – Tem sido sempre o mais esclarecido de todos os encarnados. Sai da pressão girando com grande leveza e ligando o jogo mais à frente. Pausa, define, controla o ritmo, define com qualidade, paciência e critério. Procura um grande “seis” para se soltar ainda mais ofensivamente;
Gonçalo Ramos – Não é um primor técnico, mas antes um monstro físico com uma capacidade tremenda de antecipar decisões na grande área adversária. De bola parada, no ar onde é extraordinário, voltou a deixar a sua marca. O Feiticeiro é sinónimo de golo;
Lucas Veríssimo – Veloz, bem posicionado, sempre bem orientado para sair à frente ou atrás da linha defensiva, venceu todas as bolas que disputou e foi fundamental para que o Benfica não sofresse golos. Ofensivamente, não treme e demonstra uma qualidade de passe na ligação rara entre centrais. Tem condições para uma temporada soberba;
Taarabt – Menos preocupação defensiva, mais preponderância ofensiva. A qualidade do seu gesto técnico seja o passe ou a recepção é um hino ao jogo. Bem fisicamente, sobretudo quando os jogos estiverem mais cansados pode ser um joker na época encarnada. De início e como médio, terá sempre dificuldades para acompanhar o jogo e manter clareza de decisões ofensivas, e capacidade defensiva."
Lateral Esquerdo, in Lateral Esquerdo

A nova história de Lázaro e Jesus | SL Benfica


"“´Lázaro, levanta-te e anda!` E Lázaro andou”. Já o negócio de Lázaro não andou e aparenta não andar nem por milagre. De acordo com o agente do próprio, Valentino Lázaro deseja ficar no FC Internazionale Milano, numa clara relação unilateral, dado o desinteresse que o campeão italiano demonstra nutrir pela permanência do austríaco com raízes angolanas.
O SL Benfica vai insistindo e persistindo, como a amante que acredita que ele vai deixar a atual para assumir a nova relação. É triste um clube desta dimensão prestar-se a este papel? Não, não… Oh, é lá triste… Não, não… Vá, é um bocadinho. É um bocado. É. Se Lázaro não quer vir, não vem. Por mais qualidade que assista o jogador.
No entanto, a nova direção encarnada parece andar cega de amor pelo internacional austríaco de 25 anos. Apartando as questões mais subjetivas relacionadas ao amor (mormente a ideia que defende que este reside no ser amante mais do que no ser amado), indaguemos: o que é que Rui Costa e companhia veem de tão magicamente belo e apaixonante em Valentino Lando Lázaro?
Experiências em ligas de renome, qualidade técnica, características físicas interessantes, potencial rendimento financeiro e suprimento de uma lacuna do plantel. Lázaro já conheceu quatro campeonatos – o austríaco e três do top-5 das ligas europeias (Alemanha, Itália e Inglaterra). Como tal, o penta campeão austríaco tem granjeado várias experiências enriquecedoras.
Além disso, em todos os clubes que já representou (Red Bull Salzburg, Hertha BSC, FC Internazionale Milano, Newcastle United FC e Borussia VfL 1900 Mönchengladbach) Lázaro mostrou sempre competências técnicas notáveis, sobretudo no um para um ofensivo. Contudo, Valentino também goza de faculdades técnicas defensivas razoáveis. Falta-lhe, claro está, a consistência necessária para se estabelecer e estabilizar num só clube.
Às qualidades técnicas o jogador que fez dois golos em 28 encontros pelos alemães do Borussia M´gladbach em 20/21 alia traços físicos interessantes para um homem de corredor (neste caso, direito). O seu metro e oitenta e os seus 72 quilos permitem-lhe estar no ponto ideal para congregar poderio físico, agilidade e velocidade e fazem dele um lateral/ala à medida (e com as medidas) de Jorge Jesus.
Rui Costa e demais “estrutura” olharão com igual agrado para o aspeto financeiro do negócio. Aos 25 anos, é plausível que Lázaro, caso se torne jogador do SL Benfica, renda uns bons milhões quando deixar de o ser.
Com um valor de mercado atual de dez milhões de euros (de acordo com o Transfermarkt) e tratando-se de um futebolista que já esteve avaliado em 19 milhões (idem), é fácil acreditar que um eventual êxito desportivo se fizesse acompanhar de lucro financeiro.
Por fim, Valentino Lázaro viria suprir uma lacuna que se mantém no plantel das águias, apesar dos bons desempenhos de Diogo Gonçalves na segunda metade da época transata. Ideal para um sistema de três centrais, o austríaco cumpriria com sucesso também no 4-4-2 que tem sido escolha de JJ na atual pré-temporada.
Com Diogo Gonçalves lesionado, a titularidade de Valentino seria ainda mais um dado adquirido. E, então, com o português recuperado e com o austríaco em forma, o SL Benfica ficaria finalmente abastecido de laterais/alas direitos com a propensão ofensiva que se exige num clube que goza da posse de bola a larga maioria do tempo na larga maioria dos jogos.
Assim, compreendo até certa extensão a paixão que a “estrutura” do clube tem por Valentino Lázaro. Não compreendo, todavia, que se torne uma obsessão. Há mais Lázaros na Terra e, parafraseando Florbela Espanca, “o melhor de todos os Lázaros não merece um fanatismo”. Reiterando e resumindo, se não quer vir…"

O Rei de Copas nasceu duas vezes


"Orsi em italiano quer dizer ursos. Raimundo não tinha nada desses plantígrados. Pelo contrário, podia passar por tísico

Raimundo Bibiani tinha um diminutivo: Mumo. O seu nome de família era Orsi Iuturriaga. Nasceu duas vezes. Primeiro em Mendoza, na Argentina, no ano de 1901. Depois, quando, mais tarde, resolveu jogar no Flamengo, no Rio de Janeiro, em 1939, descobriram que, ao contrário do que se escrevia nas suas biografias, viera ao mundo em 1904, em Avellaneda, nos subúrbios da grande Buenos Aires.
Para ele ia dar no mesmo. Tinha o descaramento divino de desafiar o tempo. O seu primeiro clube foi o Independiente, em 1920, o último o Santiago Nacional, do Chile, em 1943. Pelo caminho foi o menino bonito de clubes tão grandes como a Juventus, o Boca Juniors, o Flamengo e o Peñarol. Brilhava fosse em que estádio fosse. Encostado à esquerda, tão sobre a linha que, muitas vezes tinha de contornar o fiscal para ir apanhar a bola do outro lado, tirava cruzamentos como nunca ninguém antes dele, descrevendo elipses perfeitas na direção da cabeça dos seus avançados. Depois, de vez em quando, fartava-se de ficar lá na esquerda, e surgia no meio para marcar golos. Muitos, muitos golos. E muitos golos não lhe chegavam. Adotou um estilo acrobático de disparar bolas para as balizas adversárias: pontapés de bicicleta, pontapés de moinho, remates de primeira sem deixar a bola tocar o chão.
Em italiano, a palavra Orsi significa ursos. Raimundo não se parecia minimamente com um desses plantígrados com tendência natural para serem peludos e brutos. Fisicamente passava por um tísico. Depois, quando corria, tornava-se praticamente invisível, uma sombra desdobrando-se em ziguezagues por entre defesas que procuravam pará-lo a patadas. Ganhou a alcunha de Rei de Copas. Era o seu trunfo. No quinteto atacante do Independiente, tinha a companhia ilustre de Zoilo Cabavery, na ponta-direita, Alberto Lalín como interior-direito, Manoel Seoane, interior-esquerdo, e Luis Ravaschino, a ponta-de-lança. Eram Los Diablos Rojos.
Em 1924, com 17 ou 20 anos, depende das versões, El Mumo vestiu pela primeira vez a camisola da seleção argentina. Um empate de zero-a-zero com os vizinhos uruguaios. A seu lado, estreou-se também Luis Monti. Dez anos mais tarde seriam amigo inseparáveis.
Orsi tinha jeito de vencedor. Depois de conquistar o campeonato argentino que há anos fugia ao Independiente, fez parte da equipa da Argentina que ganhou a Copa América em 1927, no Peru, com uma vitória inesquecível frente aos peruanos por 5-1. No ano seguinte esteve em Amesterdão, no torneio de futebol dos Jogos Olímpicos, perdendo a final para o Uruguai (1-2) na finalíssima de desempate. Ganhou outra alcunha: El Cometa de Amsterdam!
Se na Argentina o futebol continuava profundamente amador, na Itália já se pagavam fortunas pelos grandes jogadores do mundo. Ainda por cima se tivessem antecedentes italianos, como Orsi, cujos avós tinham emigrado para a América do Sul. Abriu-se uma guerra entre o Independiente e a Juventus por causa de Mumo. Este já tinha assinado com o clube de Turim um contrato no valor de 100 mil liras e um automóvel da marca FIAT, a empresa a que o clube pertencia. A FIFA meteu-se ao barulho. O Rei de Copas ficaria um ano fora do baralho.
Entre 1931 e 1935, a Velha Senhora foi uma colónia de argentinos: além de Orsi e do seu grande amigo Luis Monti, havia Renato Cesarini, Juan Maglio e Eugenio Castellucci. Em 1934, com a camisola da Itália vestida, Mumo tornou-se campeão do mundo e marcou um golo na final. Monti jogara a final do Mundial de 1930, no Uruguai – seria o único jogador da história a jogar duas finais com duas camisolas diferentes. Os italianos não estavam nem aí para o assunto: se tivesse um trisavô italiano, qualquer jogador podia envergar a camisola da ‘squadra azzurra’. A estreia de Orsi pela Itália foi contra Portugal – vitória por 6-1 com dois golos marcados por ele.
Eram chamados de ‘oriundi’, esses netos e bisnetos de italianos chamados à equipa nacional do país de Mussolini. Il Duce, que resolvera fazer da nação um império, lançando-se na estapafúrdia guerra da Etiópia e da Abissínia, declarou que, como italianos, estavam disponíveis para o serviço militar. A fuga foi maciça.
Raimundo regressou ao Independiente e a Juventus passou 16 anos sem ser campeã. Mas não voltou apenas ao clube. Voltou também à seleção da Argentina. Em 1936, com a camisola das risquinhas azuis-claras e brancas, venceu o Uruguai por 1-0. Foi olá e adeus.
Orsi já não era nenhum garoto, tivesse nascido em 1901 ou 1904. Como veterano foi jogando aqui e ali, mas não prescindido dos grandes emblemas, como os do Boca Juniors, Peñarol e Flamengo. O Flamengo era como a Juventus: Agustín Cosso, Arcadio Lopéz, Atmio Villa, Agustín Valido, Francisco Provvidente e Raimundo Orsi. Um mundo argentino. «Estou velho», dizia ele. «Mas o futebol é um canto de sereia ao qual não consigo resistir...»."

Vamos viver a emoção, as lágrimas de alegria e desilusão. Agora é a hora do tudo ou nada


"“Declaro abertos os Jogos Olímpicos Tóquio 2020!” - esta frase mágica, que vai ser dita em Portugal às 12h00 de 23 de julho de 2021, faz arrancar os Jogos Olímpicos mais especiais de sempre, os da resiliência, do esforço em organizar competições desportivas em condições muito difíceis.
Para estes Jogos os nossos atletas levam a mascote Infante, por isso os podemos considerar leais descendentes do Infante D. Henrique, aquele que também nos lançou na aventura de conquistar o Mundo.
Os atletas que vão estar nestes Jogos têm todos muita experiência competitiva, mas precisam de sentir o nosso apoio, a nossa força, mesmo à distância.
Mesmo com as dúvidas que temos:
Será que a ausência de público vai ter impacto nas competições? Será que o adiamento por um ano vai ter resultados muito diversos? A ausência de alguns beneficia os outros? A paixão da competição e a dúvida sobre o que acontecerá no grande momento vão estar na mente de todos quando as competições começarem.
Tudo isto a multiplicar por 17 modalidades em que a Equipa Portugal estará presente, desde já um recorde da variedade, também conseguido com quase 40% de atletas mulheres. Que resposta aos longos meses de pandemia e da falta de apoio adicional a combater todas as dificuldades!
É o tudo ou nada.
Tudo fica para trás (pandemia incluída) e só vai contar o número de medalhas, o número de diplomas, a contabilidade pura e dura dos resultados. As condições em que cada um parte para este momento não contam para nada.
Mas como em todas as competições, vamos viver a emoção, as lágrimas de alegria e desilusão, o ritmo acelerado do nosso coração, que quer muito que tudo corra na perfeição aos atletas da Equipa Portugal.
É essa paixão que nos move, a loucura de ver a nossa bandeira acima de todas, o desejo de ir sempre mais longe.
Agora é a hora do tudo ou nada! Vamos Portugal!"

A sociologia e o desporto


"A sociologia é uma ciência que nos permite olhar para o mundo social, encarando diversos pontos de vista. Aliás, quando muitos alunos começam a estudar a “física social”, na perspetiva de Auguste Comte (1798-1857), ficam muito perplexos com a diversidade de abordagens teóricas. Alguns, até a consideram abstrata e aborrecida. Todavia, ela tem implicações práticas. Se conseguirmos compreender como os outros vivem, também adquirimos uma melhor compreensão dos seus problemas. Por outro lado, a investigação sociológica também nos fornece dados sobre as iniciativas políticas. Não devemos é conceber a sociologia como uma ciência que apenas ajuda os políticos a tomar as melhores medidas.
Se Auguste Comte, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber são as figuras fundadoras da sociologia, é preciso não esquecer e ter em consideração que existem outros importantes pensadores. Ninguém fala dela, mas Harriet Martineau (1802-1876), jornalista e ativista, foi chamada de “primeira mulher socióloga”. Nasceu e cresceu em Inglaterra. Considera-se que introduziu a sociologia na Grã-Bretanha. Defendia que no estudo de uma sociedade é preciso ter em conta todos os seus aspetos (políticos, religiosos, sociais, económicos…) e insistia que, nesta análise, se deve incluir a vida das mulheres.
Os indivíduos são o produto de uma educação, que é decisiva ao longo da vida. E apoia-se numa pluralidade de atividades. A atração pela prática desportiva, excede amplamente a sua dimensão motriz. Praticar desporto não é apenas correr, nadar, lançar, saltar, marcar golos, etc. É também o reconhecimento do outro (“adversário”) e o respeito pelas regras do jogo. Neste sentido, o desporto não é apenas uma prática. É também uma ética. Portador de mensagens implícitas e explícitas, o desporto constitui um suporte de formação dos jovens e dos menos jovens.
Em Portugal, dever-se-ia organizar uns “Estados Gerais sobre o Desporto”, procurando fazer o “estado de arte” sobre os seus princípios, valores, modos de organização, políticas, etc. O desporto é, claramente, um elemento de enriquecimento pessoal e coletivo. E os sociólogos, sobretudo os do desporto, deveriam ser os promotores desse evento. É preciso sair do estado soporífero em que nos encontramos em matéria desportiva, bem como em muitas outras. E há mais práticas desportivas do que o futebol e o estado da justiça dos negócios. Finalmente, uma última nota: o atual ministro da Educação, numa audição na comissão Parlamentar da Educação, no passado dia 14 de julho, anunciou que vai ser lançada uma nova oferta de escola, intitulada “Desporto escolar-Escola activa”, com o propósito de desenvolver práticas não competitivas destinadas a alunos entre os 10 e os 14 anos. Com esta oferta, pretende-se que alunos assumam um compromisso de respeito pela “ética e o fair-play”. Não se percebe esta oferta, nem o que complementa relativamente às tradicionais aulas de educação física."

Vermelhão: Terceiras impressões... contra o Campeão Francês!

Benfica 1 - 0 Lille
Ramos(28')


Terceiro jogo (em 'sinal aberto'), desta vez com uma rotação mais a 'sério', sem o esquema de duas equipas, uma para cada parte!
Destaque para o 433 após as substituições aos 58 minutos, com o Weigl, o Adel e o João Mário a fazerem um triângulo no meio, parece-me ser uma antevisão daquilo que poderá acontecer no jogo de Moscovo com o Spartak...!!!
Individualmente, além do destaque merecido ao Gonçalo, que somou mais um golo... destaco a exibição do João Mário: o Benfica tem muitos jogadores que gostam de correr com bola, o João Mário às vezes até parece exagerar na vontade de jogar de primeira, mas acaba por marcar a diferença com os toques de primeira, dando velocidade à circulação de bola e critério... outro problema do 'Benfica-recente'!!! Outro jogador que merece destaque é o Gedson: começou a época praticamente com o empréstimo/venda certo, mas agora parece-me seguro no plantel... Uma última nota para o patinho feio: o Gilberto está a fazer uma boa pré-época!!!


Um Samaris a ferro e fogo na Luz | SL Benfica


"Andreas Samaris chegou ao SL Benfica em 2014. O médio grego que passou de titular para a bancada, devido a uma lesão no tendão de Aquiles, e está, neste momento, num “braço de ferro” com o clube. Há um tempo para cá, começou a falar-se do contrato de Samaris e, durante esta semana, esse tema parece ter ganho ainda mais destaque.
A comunicação social começou a dizer que o clube queria rescindir o acordo que tem com o jogador até 2023 e que este se recusa a aceitar essa rescisão. Samaris quer, alegadamente, cumprir o contrato que tem com os encarnados. Face a esta intransigência, o grego foi posto a trabalhar com a equipa “B”.
Ao que tudo indica, o grego não entra nos planos de Jorge Jesus para a próxima época. Primeiro, porque as opções para o meio campo são muitas: Pizzi, Taarabt, Weigl, João Mário, ou até mesmo, Paulo Bernardo, Florentino ou Gedson. Segundo, porque a lesão que o acompanha desde a época de 2019/20 ainda não está totalmente curada (na passada quinta-feira, o jogador foi a Madrid para ser avaliado pelo médico que o operou em março).
Esta é mais uma situação que tem dividido o universo benfiquista: uns concordam com o grego, outros opõem-se. Para alguns adeptos é importante manter Samaris na equipa, ou até mesmo na estrutura, porque é um bom exemplo, quer para os miúdos, quer para os mais graúdos, do que é ser um benfiquista “de alma e coração”.
Uma vez que este espírito se tem perdido cada vez mais, com a saída de jogadores como Rúben Dias e Cervi, é fulcral preservar os jogadores que sentem o verdadeiro peso de vestir o manto sagrado.
No entanto, como diz a antiga expressão “existe sempre o outro lado da moeda”, e é nesse lado que estão os que são contra o jogador. Para esses, o salário que Samaris ganha, tendo em conta os minutos que tem somado, é um autêntico balúrdio.
Com a rescisão de contrato, o médio poderia continuar a carreira noutro clube e o SL Benfica poderia apostar na contratação de outros jogadores que fossem úteis e que trouxessem novas dinâmicas para a equipa.
Samaris ainda tem mais dois anos de contrato e, com 32 anos, pode estar muito perto de pôr um fim na carreira. Assim sendo, a questão que agora se coloca é: será que o grego vai chegar a acordo com o clube e terminar a carreira no SL Benfica, ou até mesmo ser vendido, ou irá este “braço de ferro” prolongar-se até ao final do contrato?"