terça-feira, 4 de maio de 2021

Há mundo para lá do Bolhão


"Felizmente existe, hoje em dia, a possibilidade de recurso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que, lá em Estrasburgo, ignoram a importância de Pintos e de Costas e fazem cumprir as regras básicas do direito à opinião.

Durante três ou quatro anos, caminhei pacientemente para os tribunais de Gaia e do Bolhão porque o presidente do FC Porto não gostava que eu escrevesse sobre ele que usava uma linguagem chocarreira (segundo ele, chocarreiro vem de chocalho e faz lembrar cabras) e muito menos que o considerasse o campeão dos arguidos do futebol português. Eram tempos em que os seus sequazes em vez de deitarem as mãos aos fagotes de um câmara da CMTV, preferiam tentar atropelar fotógrafos, como aconteceu com José do Carmo, do Jornal de Notícias, ou telefonar-me a meio da noite com ameaças tão terríveis que eram mais para fazer rir do que para levar a sério. O homem era inimputável, como ainda hoje é.
O juiz do tribunal de Gaia, um fedelho sem qualificação sequer para juiz de linha, quando mais de Direito, dava azo à sua subserviência, lambuzando o homem de cima abaixo, tratando-o obsequiosamente por Senhor Presidente, como se o mamífero sentado no lugar de assistente estivesse apenas dois centímetros abaixo de Deus. Foi sem surpresa e sem choque que me vi condenado em todos esses processos, tanto na primeira instância como na Relação.
O tal rei da ironia, que se repete em larachas deprimentes e teve o descaramento de mentir em tribunal com os poucos dentes que ainda lhe sobram, mete medo, muito medo, a estes magistrados de trazer por casa, geralmente amarrados pela trela do poder, seja ele político ou até, popularmente, do pontapé na xinxa.
Felizmente existe, hoje em dia, a possibilidade de recurso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que, lá em Estrasburgo, ignoram a importância de Pintos e de Costas e fazem cumprir as regras básicas do direito à opinião. O campeão dos arguidos foi derrotado em toda a linha, mais pilhéria menos pilhéria, e ficou a saber que há mundo para lá do Bolhão e da Madalena. Pena que por cá não haja quem o ponha no seu lugar: de cócoras."

Quando a competição é esperança


"No Futebol de Formação, os últimos dias ficaram marcados pelo regresso à atividade dos diversos escalões e pelo surgimento em agenda dos denominados "Torneios Nacionais", lançados pela Federação Portuguesa de Futebol. Para o SL Benfica, trata-se do regresso à competição nacional dos escalões de Sub-19 e Sub-17, mais de um ano depois da interrupção registada em março de 2020, por força da crise pandémica.
Desde então, o Clube soube adaptar-se às limitações impostas pela COVID-19 e deu continuidade ao trabalho de referência no desenvolvimento de jovens jogadores, recorrendo à versatilidade e conhecimento de causa de uma estrutura habituada a grandes desafios: desde o foco no trabalho de desenvolvimento individual a estratégias de trabalho à distância, passando pelo projeto singular a nível nacional de estágios a norte e sul do país para jogadores oriundos de zonas longínquas de Lisboa. Todas as ferramentas foram colocadas ao serviço dos nossos jovens para que pudessem manter-se na "crista da onda" da sua progressão desportiva e pessoal.
E a competição não deixou de ser um cenário real para muitos jogadores das próprias gerações de Sub-19 e Sub-17. Mantendo a lógica já enraizada de proporcionar contextos competitivos de elevada exigência para jovens em idades precoces, mais de duas dezenas de jogadores destas idades têm tido oportunidade de competir esta época nos patamares de Sub-23 e Equipa B, acelerando o seu processo de crescimento e preparação para um dia cumprirem o sonho de vestir o Manto Sagrado na Equipa A. O recorde batido este fim de semana por Cher Ndour, ao tornar-se o jogador mais jovem de sempre a jogar pela Equipa B na Segunda Liga (com 16 anos e 279 dias), superando João Félix, foi apenas mais um sinal evidente desta estratégia de sucesso. A estes factos, há a acrescentar a brilhante participação benfiquista na última edição da UEFA Youth League.
Em suma, a conclusão é óbvia: apesar do contexto fortemente adverso e limitativo no que diz respeito à existência de competição, o Sport Lisboa e Benfica conseguiu proporcionar condições aos seus jogadores que não têm paralelo a nível nacional.
Desde o passado dia 19, em que foi reativada a atividade desportiva nos escalões de formação, e em formato coletivo, entrámos numa nova fase marcada pela alegria do treino e do jogo, pela esperança de voltar a viver uma realidade normalizada no futebol jovem.
Os Torneios Nacionais organizados pela FPF são mais um sinal de otimismo e uma iniciativa que o SL Benfica aplaude de forma convicta. No processo de formação de jovens futebolistas, nada consegue realmente substituir o jogo e as experiências que o mesmo oferece. Por isso, estas duas competições serão encaradas no Benfica Campus como uma oportunidade para proporcionar a realidade do jogo a mais jovens, beneficiando também de um quadro competitivo que dá garantias de exigência elevada, ao encontro dos objetivos formativos do Clube.
Além destes torneios, a agenda do Futebol de Formação benfiquista passa também a estar recheada de jogos particulares em todos os escalões, desde os Iniciados aos Petizes, desde as equipas a atuar em Lisboa (nos Pupilos do Exército) aos Centros de Formação e Treino espalhados pelo país (em Faro, Aveiro, Viseu, Braga e Vila Real), desde os jovens em atividade no Benfica Campus aos que se encontram nos estágios levados a cabo a norte (em Vouzela) e sul (em Lagoa) do país.
É tempo de respirar fundo e abraçar o futuro com um sorriso renovado, com a consciência de que os nossos jovens deram continuidade ao seu trajeto e estão preparados para os novos desafios. É tempo de competir! É tempo de esperança!"

Os intensos primeiros passos do futsal benfiquista


"No seu primeiro mês de actividade, o futsal participou em 11 partidas, entre estreias, inaugurações e torneios

Desde Junho de 2001 que os adeptos benfiquistas aguardavam a chegada do futsal. O treinador Alípio de Matos encabeçava o projecto, apoiado pela Direcção. A apresentação dos jogadores aos sócios fez-se em 5 de Setembro de 2001, num treino realizado no pavilhão n.º 2 do antigo Estádio da Luz, e foram bem recebidos.
O primeiro jogo foi frente ao Miramar FC (D 2-3), em 13 de Setembro de 2001, estando o 'pavilhão preenchido com largas centenas de adeptos'! Criticou-se, então, o excesso de rigor da arbitragem sobre a equipa estreante. Até ao final do mês, o Benfica jogaria dez partidas.
Os dois encontros seguintes convenceram de que o caminho estava a ser bem traçado. Os futsalistas foram a Matosinhos para participar no seu primeiro torneio, o V Torneio Mário Brito, organizado pelo Freixieiro. Depois de um jogo renhido, que acabaram por vencer frente ao Atlético, os 'encarnados' disputaram a final com a equipa organizadora, que começou a partida com grande força e a vencer. Sentindo adversidades, os benfiquistas reagiram pela positiva e 'partiram para uma exibição de luxo, com golos extraordinários', que ditaram uma delirante vitória por 6-1 e o primeiro troféu para a nova modalidade do Benfica, em 16 de Setembro.
Seguiram-se jogos da estreia do GD Bons Dias e do CR Piedense e a inauguração do pavilhão de Góis, frente ao Sporting de Vilaverde. Parecia que, no futsal, era mote perder-se no dia de estreia, pois o Benfica venceu todos!
Decorreram outros dois torneios antes do final do mês. O Torneio Santo António dos Cavaleiros foi conquistado pelo Benfica em 23 de Setembro, apesar das dificuldades apresentadas ao Clube. No último dia de Setembro, o Benfica disputou três partidas na tarde desse domingo, para o Torneio Cidade de Almada, que acabou por conquistar depois de três vitórias frente ao CM Amora, ao Vilaverde e ao difícil Atlético, esta arrancada a penalidades.
O futsal, diferente do futebol, tem, efectivamente, uma maior intensidade, pela velocidade e dinâmica das jogadas, carregadas de pressão. Isso esteve patente nos primeiros jogos do futsal 'encarnado', tanto que estavam conquistados 3 troféus em menos de 3 semanas!
A semana seguinte foi de pausa. Aí, intensificaram-se os treinos e, em 8 de Outubro, deu-se a estreia do Benfica no Campeonato Nacional, frente ao Instituto D. João V (V4-3). Nessa edição, o Benfica alcançou o 2.º lugar, atrás do Freixieiro.
Conheça outras conquistas do futsal benfiquista na área 3 - Orgulho Eclético, no Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Rafa Silva | Um pequeno gigante na dinâmica encarnada


"O Sport Lisboa e Benfica está a realizar uma boa reta final na Primeira Liga e muito se deve à subida de rendimento não só da equipa, mas também de um jogador em especial. Rafa Silva tem sido um dos melhores da parte encarnados e o impacto que causa em campo não está espelhada na estatística, ou pelo menos não em golos.
A derrota frente ao Gil Vicente FC foi um duro golpe nas aspirações das águias pelo título nacional, contudo o SL Benfica tem obtido excelentes resultados. São dez vitórias nos últimos onze jogos e não fosse o desaire caseiro frente aos gilistas, este seria um registo perfeito que relançaria as pretensões dos encarnados ao título. Realisticamente falando, o SL Benfica tem ainda para disputar não só a final da Taça de Portugal, como o segundo lugar da tabela classificativa que garante o acesso direto à Liga dos Campeões na próxima temporada.
Jorge Jesus tem apostado num esquema de três centrais o que ao, contrário do que muita gente pensa, traduz-se num SL Benfica mais ofensivo com os laterais a juntar-se ao último terço do terreno de jogo para ajudar a equipa. Rafa Silva tem estado em grande plano e está a cumprir aquilo que se espera de um jogador deste calibre.
Ao português não lhe é pedido que só marque golos ou que faça o último passe, é lhe pedido que garanta o desequilíbrio da equipa adversária e nisso Rafa tem sido simplesmente fantástico. Claro que se pelo meio meter umas bolas no fundo da baliza e somar umas assistências nenhum adepto ficará desapontado. O internacional português tem sido, sem qualquer dúvida, dos melhores jogadores da equipa da Luz nesta ponta final da Primeira Liga.
A facilidade com que Rafa se liberta das marcações torna-se preponderante para criar “buracos” nas defensivas adversárias e é nisto em que é exímio. Desta feita, permite que surjam outros jogadores livres de marcação prontos para marcar golo. Incansável na luta pela bola, sem ela é capaz de ser tão ou mais importante ainda para o jogo encarnado.
A dupla Seferovic – Rafa Silva tem dado frutos, estando mesmo a ser uma das melhores fases da temporada no plano ofensivo dos encarnados. Seferovic tem sido o “homem-golo” de serviço e Rafa Silva tem sido um dos principais “culpados” do bom momento de forma do avançado helvético.
O extremo regista, na sua conta pessoal nesta temporada, nove golos e nove assistências em 42 jogos, destacando-se como um dos pêndulos do processo ofensivo da equipa. Não sendo a temporada com os melhores números da conta pessoal, é das melhores em termos de desempenho, sobretudo numa fase em que a equipa necessita do contributo de todos os jogadores.
Com a temporada quase a terminar, o Sport Lisboa e Benfica tem ainda pelo que jogar. Os planos saíram furados, uma vez que o título parece cada vez mais uma miragem, a campanha europeia foi um desastre e neste momento só a Taça de Portugal e a entrada direta na Liga dos Campeões poderão salvar uma época apática por parte das águias."

Everton – A história de um Desequilibrador que se tornou “Definidor”


"O elevado valor da transferência trouxe-lhe o peso da responsabilidade, e embora seja experienciado em contexto internacional, continua a ser um miúdo de 24 anos pela primeira vez fora do seu país. Mas nem por isso as criticas a que vem sendo sujeito são justas. Não é por ser o jogador com mais assistências da Liga – a par de Grimaldo, ou por ser atrás de Gauld e excluindo os pontas de lança, o homem com melhor registo entre Golos e Assistências da Época em Portugal.
É provavelmente porque de Everton se esperava desequilíbrio em forma de “Folclore”. Os dribles estonteantes que em tempo o mundo assistiu com a camisola da “canarinha” estarão bem presentes entre todos quanto esperavam mais de Cebolinha. O problema é que Everton evoluiu para um jogador diferente. É mais um definidor que um desequilibrador. E os primeiros têm naturalmente mais valor – Para se perceber a distinção, insira Rafa na segunda categoria. Everton tornou-se um jogador eficiente mesmo que não espetacular. Recebe bem, percebe os momentos de acelerar ou refrear ímpetos ofensivos e sobretudo, no último terço define com muita qualidade. A percentagem de lances com sucesso em que participa é naturalmente muito superior a praticamente todos os jogadores da liga em Portugal. Se há espaço para acelerar e condições para ser perigoso, se vai nos pés de Everton… provavelmente levará mesmo perigo. Se não há, não força, não vai para cima. Refreia os ímpetos, e não é isso que o “povão” espera daquele driblador que nas madrugadas de Copa América nos entrava pela TV adentro.
De todos os homens do ataque do Benfica, Everton é o melhor jogador encarnado, e quanto mais confortável estiver, maior diferença fará.
Em Tondela fez tudo simples. Contudo, sempre que o contexto o proporcionou, o simples guiou o Benfica ao perigo."

Não à violência!


"Na sequência dos acontecimentos ocorridos esta tarde, envolvendo adeptos do Benfica e do Sporting, a direção do Sport Lisboa e Benfica reafirma o seu total repúdio e distanciamento face a qualquer ato de violência.
Sejam provocados por adeptos do Benfica ou de qualquer outro clube, não deixam de ser isso mesmo, atos de violência, nos quais não nos revemos e que prejudicam a imagem do futebol português e do desporto nacional.
Deixamos igualmente claro que tais acontecimentos devem ser devidamente punidos pelas autoridades competentes e não podem ser imputados a quem se pauta por uma postura sã e correta na sua atividade desportiva."

Quais os pilares que sustentam o desempenho internacional do desporto Português?


"O sucesso desportivo dos países tem sido um tema muito estudado por bastantes investigadores (De Knop; Dufy; Gibbons; Green, entre outros). Porém, a visão mais esclarecida para procurar explicar porque é que algumas nações têm desempenhos desportivos de sucesso de uma forma duradoura (e não apenas picos de resultados pontuais circunstanciais) tem sido fornecida por Veerle De Bosscher, professora da Universidade Livre de Bruxelas. Da Bélgica não se conhecem elevados desempenhos desportivos internacionais. Por exemplo, o número de medalhas em Jogos Olímpicos mais recentes: Atenas 2004 – 3 medalhas; Pequim 2008 – 2; Londres 2012 – 3; Rio de Janeiro 2016 – 6; Bélgica: total = 14; Portugal: total = 7 medalhas.
O modelo proposto por De Bosscher é o designado S.P.L.I.S.S. (Sports Policy Factors Leading to International Sporting Success). Em traços gerais defende que o sucesso internacional de uma nação depende de um conjunto de fatores. Ou seja, depende fortemente das políticas desportivas desenvolvidas em nove pilares. Uns pilares são de base: 1) Financiamento; 2) Organização, departamentos e estrutura integrada das políticas desportivas; 3) Iniciação desportiva e participação desportiva da população; Outros pilares são intermédios: 4) Sistema de identificação e desenvolvimento de talentos; 5) Apoios aos atletas e ao pós-carreira desportiva; 6) Instalações desportivas para treino; 7) Sistema de formação e desenvolvimento de treinadores; 8) Competições inter(nacionais), e por último, o pilar 9) Investigação cientifica aplicada ao desporto.
Para realizar uma análise ao sistema desportivo de uma dada nação é medido quão cada pilar está desenvolvido, quais são as políticas, quais são os programas, projetos e medidas em execução para conduzir aos objetivos do sucesso desportivo internacional.
Poucos saberão que o sistema desportivo de Portugal, em 2015, foi objeto de uma investigação internacional para avaliar o seu nível e compará-lo nos nove pilares do modelo SPLISS com outros países de quatro continentes. Uns países eram da Europa, p. ex: Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Espanha; outros da América: Brasil e Canadá; outros da Ásia: Coreia do Sul, Japão e da Oceânia: Austrália.
Em nenhum dos nobe pilares do modelo SPLISS Portugal obteve uma cotação acima da média dos outros 14 países. Os quatro maiores problemas do sistema Português, evidenciado pelo afastamento face à média dos outros países, foram os seguintes: 1) Pilar – Financiamento; 2) Pilar – Organização, departamentos e estrutura integrada das políticas desportivas, e; 3) Pilar – Iniciação desportiva e participação desportiva da população. Todos pilares da base: 1, 2 e 3.
A natureza deste espaço não permite uma análise com detalhe. Destacamos os três pilares mais relevantes do estudo realizado em 2015, nos quais no nosso entendimento é necessário apostar sério: 1) Aumentar o suporte financeiro (em 2015 Portugal investiu cerca de metade da média dos outros países); 2) Melhorar a organização e o alinhamento estratégico entre os departamentos do nível central e o nível das autarquias locais, no que concerne à execução integrada das políticas desportivas, e; 3) Melhorar as oportunidades, a qualidade e os níveis da iniciação desportiva das crianças e jovens e da participação desportiva da população adulta. Precisamos de ouvir a ciência. Para um futuro melhor do desporto nacional que nos poderá conduzir a melhores desempenhos é necessário escutar a ciência. Precisamos de políticas duradouras que preencham os nove pilares do modelo SPLISS."