Benfica ganha menos de metade dos jogos em que Taarabt é titular: ou é azar ou algo se passa


"Jorge Jesus tem de saber como capitalizar o médio dentro do onze, e até agora não o conseguiu fazer 

Tinha alguma curiosidade em perceber quais seriam os resultados do Benfica nos jogos em que Taarabt joga, por uma razão simples: o marroquino tem uma forma de jogar muito inflexível.
Basicamente só sabe jogar de uma maneira.
Ora a verdade é que os números não me defraudaram. O Benfica ganhou esta época menos de metade dos jogos em que Taarabt foi titular: o marroquino fez parte do onze em doze partidas, a equipa ganhou cinco, empatou quatro e perdeu três. Ou seja, ganhou 41 por cento dos jogos.
Em compensação, nos onze jogos em que Taarabt não foi titular, embora em quatro tenha entrado como suplente utilizado, o Benfica ganhou nove, empatou um e perdeu um. Ou seja, a equipa ganhou 82 por cento dos jogos em que o marroquino não esteve no onze inicial.
Mesmo olhando para as épocas anteriores, este registo não muda muito. Na época passada, por exemplo, ganhou apenas 53 por cento dos jogos em que Taarabt foi titular e venceu 70 por cento dos jogos em que o médio não esteve no onze. Há dois anos, o Benfica ganhou 50 por cento dos jogos em que foi titular e 72 por cento dos 56 jogos em que não esteve no onze.
São demasiados números, eu sei, mas servem para sublinhar uma ideia: ou Taarabt tem muito azar ou de facto alguma coisa se passa.
Eu inclino-me para a segunda hipótese.
Taarabt tem uma forma de jogar peculiar, que apresenta um preço muito alto sobretudo quando o marroquino alinha no meio campo: a vertigem por passes de rotura descompensa a equipa.
Trata-se de um jogador corajoso, que gosta de arriscar, que pega na bola, levanta a cabeça e tenta encontrar linhas de passe aventureiras. Taarabt só sabe jogar a desequilibrar, praticamente em todas as bolas em que pega quer fazer a diferença. Tem uma vertigem pelo risco.
O problema é que muitas vezes calcula mal o risco. Por exemplo quando a equipa está lançada para a frente, com os laterais muito subidos. Um passe arriscado nessa altura corresponde a um risco elevado de desequilibrar a equipa defensivamente e permitir a saída rápida do adversário.
Para além disso, recebe quase sempre a bola atrás da organização defensiva da outra equipa: recebe a bola, levanta a cabeça, procura um colega em passes verticais. Ora isto retira-o do jogo entre linhas, onde por vezes devia aparecer, para criar um desequilíbrio na organização adversária.
Por último, e também muito importante, Taarabt não é um médio de transição defensiva forte. É pouco agressivo, posiciona-se mal, recupera poucas bolas. Tem uma média, aliás, de 0,1 bolas recuperadas por jogo e 0,5 interceções de bola por jogo.
O que se torna mais grave quando joga ao lado de Weigl, também ele um médio pouco combativo e que gosta de se evidenciar sobretudo com a bola no pé.
Não se pretende com isto dizer que Taarabt representa todos os problemas do Benfica. Longe disso, a equipa tem muitos mais problemas, e porventura até bem mais graves. Mas os números não mentem e o marroquino traz um problema que Jorge Jesus tem que resolver.
A forma de jogar de Taarabt é esta que se conhece e até agora não tem sido bem aproveitada. Convém ao treinador saber capitalizá-la dentro do onze."

Weigl 🆚 Gabriel, o duelo que divide os adeptos


"A contratação de Julian Weigl há cerca de um ano, quando o Benfica liderava o campeonato, parecia ser mais um sinal de afirmação do clube “encarnado” como o “todo-poderoso” do futebol português. Internacional alemão em cinco ocasiões, e durante três temporadas um titular praticamente indiscutível do Borussia Dortmund, o médio-defensivo trazia ao futebol português um currículo raro, sobretudo num jogador que chegava na “flor da idade” (24 anos).
Não espantou por isso que tivesse entrada praticamente automática no “onze” de Bruno Lage. A 10 de Janeiro de 2020, o novo “camisola 28” era saudado na Luz perante o entusiasmo de 51 mil adeptos, e a sua estreia era mesmo a principal atracção de um jogo que se esperava sem grande história, frente ao último classificado, Desportivo das Aves. Mas o esse jogo teve história… Mohammadi bateu Vlachodimos ao minuto 20 e o Benfica foi para o intervalo a perder por 0-1. O novo meio-campo “encarnado”, composto por Weigl e Gabriel, estava longe de carburar e, ao minuto 61, Bruno Lage fez sair Weigl para a entrada de Franco Cervi. A história acabou por terminar bem para as “águias”, com golos de Pizzi e André Almeida a selarem a reviravolta, mas a estreia do novo reforço não correu como esperado.
Desde aí, muita coisa aconteceu. O Benfica acabaria por se ver ultrapassado pelo Porto e Bruno Lage foi, tal como Weigl, substituído à primeira oportunidade. No que se seguiu da temporada anterior, o alemão jogou quase sempre com Gabriel ao lado, mas após a entrada de Jorge Jesus ficou bem claro que só haveria lugar para um deles na sua posição 6, e a partir daí a parceria passou a “duelo”.
À medida que a época 20/21 foi decorrendo, foi-se percebendo que não era só o modelo de Jorge Jesus que só tinha lugar para um deles, o coração de cada adepto também. Hoje, as hostes benfiquistas polarizaram-se entre os preferem o alemão e os que têm o brasileiro nos favoritos. Entre os que criticam Gabriel pelas muitas perdas de bola e os que apontam o dedo a Weigl pelos poucos riscos que toma. Podem ambas as partes ter razão? Comecemos por aí mesmo, a forma como cada um constrói. 

Construção
Como a época actual ainda tem poucos jogos, usaremos para a análise as últimas duas temporadas e, desde logo, há algo que une os dois jogadores: o enorme volume de passes que tentam a cada jogo. Entre os 6/8 mais utilizados na Liga NOS neste período, só um jogador intromete-se entre eles no que toca a tentativas de passe. Filipe Augusto – curiosamente uma ex-“águia” – tenta uma média de 70,9 passes a cada 90 minutos, um pouco menos que Gabriel (71,9) e um pouco mais que Weigl (65,6), mas as semelhanças param aí.

                                            Gabriel Pires Julian Weigl
Tentativas de passe                     71.9            65.6
Eficácia de passe                        80%            92%
Passes falhados                          14.4             5.5
Distância média / passe             18.8            18.1
Progressão vertical / passe          4.8             3.2
Rácio de passes verticais            35%           25%
Eficácia de passe vertical           62%            74%
Passes longos para último terço 5.9              1.4
Passes ofensivos valiosos          2.5               1.0
Passes para finalização              0.7               0.1
[ Médias por 90 minutos na Liga NOS 19/20 + 20/21 ]

Salta à vista a enorme quantidade de entregas falhadas por Gabriel. Não, não é um mito. Apesar de a eficácia de 80% estar apenas um pouco abaixo da média da Liga NOS para a posição (81%), o facto de ser o médio do campeonato que mais passes tenta a cada jogo leva a que a sua média de entrega falhadas seja de quase 15 por jogo, quase o dobro do normal num médio em Portugal (7,7 / 90m), e quase o tripo das de Weigl (5,5).
Mas que tipo de passes são esses? Olhando com mais atenção, é fácil verificar que Gabriel arrisca bastante mais. Cada passe certo seu aproxima directamente a equipa da baliza em mais 1,6 metros do que cada passe certo de Weigl. Só um jogador em toda a Liga tem maior progressão vertical por passe (João Pedro do Tondela, com 5,4 metros) do que Gabriel, e o rácio de passes verticais (35%) – que têm menor probabilidade de sucesso – é bem maior que o rácio de Weigl (25%).
Como é fácil de entender, há consequências positivas e negativas em cada uma das abordagens. Weigl dificilmente vai colocar a equipa em risco com perdas de posse. Apenas 9,3% das vezes em que tem a bola o alemão acaba por cedê-la ao adversário, registo em que se superioriza a todos os médios da Liga NOS, mas o outro lado da moeda são os escassíssimos 0,1 passes para finalização que regista a cada 90 minutos, um ranking em que também é líder, mas pela negativa. Vejamos um gráfico com todos os passes de cada um deles que geraram directamente finalizações do Benfica nas últimas duas edições da Liga NOS.


Claro fica o gosto de Gabriel em pisar zonas mais adiantadas no terreno e de tentar criar desequilíbrios através de entregas para o último terço. Ao todo foram 17 as vezes em que últimos passes seus resultaram em remate, contra três de Weigl, todos eles para finalizações de fora da área.
Analisadas as (enormes) diferenças no que ao tipo de entregas diz respeito, é desde logo estranho como uma mesma equipa pode ter dois jogadores tão diferentes para a mesma posição. É preciso uma grande capacidade de adaptação dos jogadores que estão à volta para a “esquizofrenia” que é passar de Weigl num jogo para Gabriel no outro, e vice-versa. Desde logo o tipo de movimentos que se exigem aos extremos e aos avançados, mas também a preparação para a perda da bola que o médio que acompanha Weigl ou Gabriel tem que ter. A escolha entre um estilo e outro será sempre uma questão de gosto, mas podem os processos de uma equipa “gostar” de um e de outro, logo na posição que mais bola tem no modelo “encarnado”?

Desequilíbrio com bola
Se para já nos focámos naquilo que cada um oferece através do passe, convém dizer que não ficam por aí as possibilidades de desequilibrar com bola. O Benfica, por exemplo, tem num dos seus médios um dos maiores desequilibradores no que toca a transportar a equipa para a frente. Adel Taarabt é, de longe, o médio que mais dribla na Liga NOS (2,4 eficazes por jogo) e consegue uma média de 2,5 progressões com bola por jogo, número também bastante acima da média. Neste aspecto, Weigl e Gabriel são bem diferentes do marroquino, mas ainda assim com ligeira prevalência para o brasileiro.

                                                   Gabriel Pires Julian Weigl
Tentativas de drible                             2.3              1.5
Eficácia de drible                              71%               88%
Progressões com bola                          1.1              0.7
Faltas sofridas                                      2.4              1.4
Remates (lances de bola corrida)         0.7              0.1
Remates (lances de bola parada)          0.5             0.3
Total de remates enquadrados              0.4              0.1
Acções na área adversária                    1.0              0.2
Envolvimento directo em golos           11%             3%
Envolvimento directo em finalizações 13%             5%
[ Médias por 90 minutos na Liga NOS 19/20 + 20/21 ]

Mais uma vez, Weigl oferece maior fiabilidade, concretizando uma maior percentagem dos dribles que tenta, mas Gabriel acaba por se envolver muito mais em acções de desequilíbrio, o que resulta num muito maior contributo para situações de finalização e golos. Entre todos os médios da Liga NOS desde a época passada, só Idrissa Doumbia (Sporting) contribuiu menos (4%) do que Weigl para as finalizações da equipa (último passe ou remate), sendo que, de bola corrida, Weigl tem mesmo o registo mais fraco (2,8%) entre os 49 médios em análise.

Contributo defensivo
Outro dos problemas apontados a Weigl desde que chegou ao Benfica é alguma falta de agressividade e contributo defensivo, algo que até Jorge Jesus já lhe apontou como ponto a melhorar, mas será verdade? Na realidade, nem por isso. Nos 28 jogos que fez pelos “encarnados” na Liga NOS, o alemão registou uma média de 6,5 acções defensivas, número superior ao da maioria dos médios do campeonato, e está bastante acima da média na capacidade para bloquear passes (1,2 / 90m), nos cortes dentro da área (1,4 / 90m) e na eficácia nos duelos aéreos defensivos (69%). O problema, na comparação com Gabriel, é que o brasileiro tem números ainda superiores.

                                                                 Gabriel Pires Julian Weigl
Acções defensivas                                             7.8              6.5
Acções defensivas no meio-campo adversário 3.3              1.7
Tentativas de desarme                                       5.4              5.3
Eficácia de desarme                                         54%             42%
Dribles consentidos                                          1.5               1.5
Intercepções                                                      2.2              1.2
Bloqueios de passe                                            1.3              1.2
Recuperações posicionais de posse                   8.5             6.8
Duelos aéreos defensivos disputados                2.9             1.5 %
Duelos aéreos defensivos ganhos                    70%             69%
[ Médias por 90 minutos na Liga NOS 19/20 + 20/21 ]

No total de acções defensivas, só quatro médios superam o registo do brasileiro (Fábio Pacheco, Mikel Agu, Mohamed Diaby e Anderson Carvalho), mas Gabriel é, a larga distância, aquele que mais vezes o faz no meio-campo adversário. Uribe (2,4) tem o segundo registo mais elevado, mas ainda assim bastante longe das 3,3 do “camisola 8” do Benfica. A capacidade de reacção à perda da bola e o contributo que dá nos momentos de pressão são um dos pontos fortes de Gabriel, e contribuem sobremaneira para um raio de acção difícil de igualar quando mapeamos todas as suas acções defensivas no último ano e meio.

                   [ O mapa de acções defensivas de Gabriel e Weigl na Liga NOS, desde 19/20 ]


Vale lembrar que no período em análise, Gabriel tem mais 267 minutos (cerca de três jogos) do que Weigl, mas ainda assim é notória uma diferença, sobretudo no corredor central do meio-campo ofensivo, zona muitas vezes decisiva para chegar mais rapidamente à baliza adversária, e de onde saem muitos dos passes para finalização de Gabriel (ver gráfico anterior).
Aqui não estão incluídas as recuperações posicionais de posse, pois são acções defensivas passivas e apenas dependentes de uma boa colocação no terreno nos momentos em que o adversário cede a bola através de alívios ou bolas mal controladas, mas também aí Gabriel tem números de destaque e até tem o melhor registo da Liga portuguesa (8,5 / 90m).

Impacto directo nos resultados
Chegados até aqui, quase se pode atribuir a preferência entre Gabriel e Weigl a uma questão de gosto. A nível táctico e até estético, Julian Weigl será sempre um médio mais agradável de observar. A fiabilidade nas acções de construção, resultantes de uma inteligência e qualidade de passe acima da média, são indiscutíveis, enquanto Gabriel aproxima a equipa de uma maior insegurança em posse e as suas acções negativas acabam por sobressair muito, sobretudo ao olhar dos adeptos menos pacientes, pelos riscos que toma e até pela morfologia algo pesada, que o faz parecer lento e pouco reactivo. No entanto, quem aprecia jogadores que corram riscos, gostará sempre mais do brasileiro, porque quando as coisas lhe saem bem é bastante mais decisivo.
Ainda assim, numa análise que abrange cerca de 30 jogos para cada um dos jogadores, os números podem ajudar-nos a perceber qual aquele que, com a sua presença em campo, mais impacta positivamente nos resultados do Benfica.

                                 Com Gabriel em campo Com Weigl em campo
Golos marcados                          2.3                               1.6
Golos marcados de bola corrida 1.8                               1.3
Golos sofridos                            0.6                                1.1
Golos sofridos de bola corrida   0.4                                0.6
Remates                                   16.5                               14.9
Remates na área                       11.3                               10.2
Remates permitidos                   9.2                               10.2
Remates na área permitidos       5.0                                6.1
[ Médias por 90 minutos na Liga NOS 19/20 + 20/21 ]

É caso para dizer que talvez o risco compensa. O Benfica marca quase mais um golo por jogo quando tem Gabriel em campo, e sofre cerca de metade do que quando tem Weigl. Se o facto de a equipa rematar mais e, consequentemente, marcar mais, não surpreende por aquilo que se viu acima, os números defensivos dão que pensar.
A equipa parece ficar bastante mais segura quando tem Gabriel em campo, aproximando-se dos registos de golos sofridos que são normais num candidato ao título. Mesmo cingindo o espaço temporal de análise ao último ano, período de maior instabilidade também por outras razões, a média de golos sofridos com Gabriel é de 0,76, ou seja, menos um terço dos golos sofridos com Weigl em campo (1,14).
O jogo com o Aves já tinha deixado o prenúncio, e a tendência nunca mudou verdadeiramente, pelo menos até agora. Gabriel não é necessariamente melhor que Weigl, mas é objectivo dizer que a equipa rende mais com o brasileiro em campo. Resta saber se será Jorge Jesus a conseguir colocar a qualidade do alemão ao serviço do colectivo. Para já, não tem sido esse o caso."




Empate em Guimarães...

Guimarães 2 - 2 Benfica
Gerson, Semedo


Início da 2.ª fase, da Taça Revelação, com um empate fora, num jogo em que fomos melhores na 1.ª parte, mas acabámos por conseguir 'aguentar' o pontinho no final!!!
Nota para a muita juventude presente nesta equipa... sendo que do outro lado as idades eram parecidas, ao contrário do que acontece com a maior parte dos adversários neste escalão!


Mistério pouco misterioso!!!


"SL Benfica e Vitória SC com surtos de Covid19 após jogos com o FC Porto, que estranhamente tinha apenas um caso reportado durante toda a pandemia. E isto numa das zonas do País mais afetadas.

Eis que se levantaram algumas vozes sobre tamanha coincidência, e miraculosamente surge um novo caso de Covid19, novamente num jogador reserva. Loum e Cláudio Ramos são o histórico do clube.

Quem se segue? Carraça e Nanu?
A isto juntamos um laboratório dirigido pelos filhos de Fernando Gomes (Presidente da FPF e ex-dirigente do FCP) e Luís Filipe Menezes (ex-Presidente de uma câmara serviçal do FCP), com histórico de resultados errados em equipas que iam jogar com o FC Porto.

Investigue-se!"

O que vai mal no Benfica


"Há algum tempo que venho a dizer que o Benfica não está bem - e sei bem que não sou o único. Acho que esta é uma boa altura de voltar atrás e resumir tudo o que nos trouxe até aqui. Do meu ponto de vista, tudo começou no verão de 2017. Tínhamos acabado de ganhar o Tetra. O onze base era Ederson, Nélson Semedo, Lindelof, Luisão, Eliseu/Grimaldo, Fejsa, Pizzi, Salvio, Cervi, Jonas e Mitroglou. Do banco saiam jogadores como Guedes, Samaris, Carrillo e Jimenez. Desde aí, foi um chorrilho de más decisões.

Falta de Liderança no Balneário.
Rui Vitória não era um homem que motivasse os seus jogadores. Mas esta equipa tinha fibra e jogadores que sentiam de facto o clube. Luisão, Eliseu, Fejsa, Samaris e Salvio eram jogadores que mantinham os padrões de motivação altos. Mitroglou, Jimenez e Jonas eram competitivos por natureza. Havia ainda Ederson, Nelson Semedo, Lindelof e Guedes que vinham da formação e davam a frescura e ambição de quem está a dar os primeiros passos. É tudo o que não temos agora. Agora temos um grupo de bons rapazes. Pizzi, André Almeida e Rafa não são líderes de balneário. Jardel não tem peso na equipa. Samaris está limitado a um papel secundário. No capítulo dos jovens, só há Gonçalo Ramos que também não tem grande protagonismo. E quem é que sente o clube do nosso 11 inicial? O Rafa e o Taarabt talvez. Há ali algum jogador que daqui a uns anos apareça de mota nas celebrações de um título em pleno relvado?

Anos Consecutivos de Má Prospecção.
Há algo que tenho referido vezes intermináveis que pouca gente tem falado. Não é normal a quantidade de reforços que o Benfica tem falhado. Vejamos só a posição de ponta de lança, aquela onde gastamos mais dinheiro. Em três anos, o Benfica contratou Haris Seferovic, Facundo Ferreyra, Nicolas Castillo, RDT, Carlos Vinícius, Dyego Sousa e Darwin Nuñez. O tempo médio destes jogadores no clube é inferior a um ano. E esta é só uma posição. Têm noção quantos jogadores já passaram pela posição de lateral direito para substituir o Nélson Semedo desde que saiu? Pedro Pereira, Mato Milos, Douglas, Ebuehi, Corchia, Tomás Tavares, João Ferreira e Gilberto. OITO! É absurdo. Se formos a ver os jogadores que se contrataram nestes três anos e que ainda cá estão sobram-nos os reforços do verão de 2020, o Seferovic, o Vlachodimos, o Gabriel, Chiquinho e o Weigl. E tirando uma excepção ou outra, são jogadores claramente inferiores ao que tínhamos no ano do Tetra. Vlachodimos e Gilberto são muito inferiores a Ederson e Nélson Semedo. Lindelof e Luisão eram uma dupla mais segura que Vertonghen e Otamendi são. Fejsa e Pizzi complementavam-se de uma maneira que nenhuma dupla no Benfica neste momento consegue. Salvio, Carrillo e Cervi não são mais talentosos que Rafa, Pedrinho e Everton, mas conseguiam dar uma estabilidade defensiva à equipa que não temos neste momento e que nos leva a sofrer tantos golos, sem prejudicar a capacidade ofensiva da equipa que colectivamente era muito mais forte do que a atual. Mitroglou, Jimenez, Jonas e Guedes faziam mais golos a dormir que Darwin, Waldschmidt e Seferovic depois de tomarem cinco cafés. Além disto tudo, há ainda o extra que é a fatura. É que o plantel do Benfica atualmente custa quase o dobro mais do que o plantel do Benfica em 2017 em salários.

Fraca Evolução de Jogadores.
Nós não temos uma equipa de jogadores de 35-40 anos. Temos dois jogadores com mais de 32 anos e só um é que joga. O esperado é que os nossos jogadores evoluíssem ano após ano ou pelo menos não ficassem muito piores. Alguém se lembra do Rui Patrício no início da carreira e hoje? Houve uma evolução notória e se puxarem um pouco pela cabeça vão encontrar dezenas de exemplos. Aqui no Benfica não. Há algum jogador que esteja a jogar melhor agora do que jogava antes? Ainda na ontem pensei nisto. Nós temos um ataque com um internacional português, um internacional uruguaio, um internacional alemão e um internacional brasileiro, e eu estava todo borrado com o Crysan e o Diogo Salomão. Os jogadores não desaprendem. Por algum motivo foram jogadores de seleção e agora são jogadores que a jogar assim nem no Santa Clara tinham lugar. E isto não foi um mau dia. Tem sido constantemente assim. Isto é resultado mau treino. E já vem de bem de trás, porque não começou anteontem.

Volatilidade nas Decisões da Direcção.
Temos um Presidente que em meio ano passou de dizer que era possível uma equipa composta por jogadores da formação lutar pelo topo da classificação da Liga, para contratar tudo o mexe. O resultado é muito simples. O plantel atual tem jogadores que foram pedidos por três treinadores diferentes, está atolado de tralha que se foi amontoando consoante os treinadores foram rodando. A formação praticamente morreu porque se nem jogadores que custaram 5-7 milhões jogam, como é que há espaço para dar minutos aos mais novos? Isto cria desmotivação no plantel - “para que é que vou correr se tenho três à frente de mim?” -, retira competitividade nos treinos, desvaloriza os jogadores e dá prejuízo ao clube. O Benfica de uma vez por todas tem que decidir se tem um modelo com uma Estrutura ou um modelo com um treinador. A diferença é muito simples. O modelo de treinador, pressupõem que o treinador fica mais do que 1-2 anos e que se contratam jogadores de acordo com os desejos do treinador. É o modelo do Manchester United de Ferguson. Se o Manchester United ficasse em 5º ou 6º, o treinador não era despedido, porque aqueles foram os jogadores que ele escolheu e a equipa está desenhada para aquele treinador específico. Alternativamente há o modelo Estrutura, onde a Estrutura é que decide o plantel, não interessando o treinador. Isto permite trocar o treinador praticamente todas as épocas porque o plantel está desenhado de acordo com as ideias da Estrutura e é o treinador que se tem que ajustar a essas ideias. É o modelo da Juventus, por exemplo. Se repararem, têm três treinadores nos últimos três anos. Nós temos um híbrido. Mas depois como trocamos de treinador quase todas as épocas - vamos em três treinadores em quatro anos - e temos uma dificuldade assustadora de fechar ciclos com jogadores de treinadores anteriores, dá o resultado que temos este ano. Além de que temos um treinador com um contrato de dois anos. Vamos pagar balúrdios para ter jogadores escolhidos por este treinador que no máximo fica cá dois anos? E depois quando este treinador for embora, o que fazemos a estes jogadores?"

Resultado amargo


"Ontem, na visita ao reduto do Santa Clara, o resultado ficou aquém do desejado e esperado, não tendo a nossa equipa conseguido mais do que um empate a uma bola.
O remanescente da partida (foi retomada perto dos cinco minutos de jogo) teve duas partes distintas, conforme explicado por Jorge Jesus: "A primeira parte foi muito boa, com muita qualidade. Fizemos um golo bonito, houve também algumas situações de jogo bonitas, dominámos praticamente todos os momentos do jogo. Na segunda parte, quando o Gilberto saiu, a equipa quebrou defensivamente. Nos últimos quinze minutos voltámos à normalidade, mas já não fomos um conjunto tão perigoso. Controlámos, mas não criámos grandes oportunidades. O Santa Clara fez o golo e defendeu-se bem." 
Encerrada a partida, o foco foi imediatamente redirecionado para o jogo seguinte, que será realizado na próxima sexta-feira, dia 8, na Luz frente ao Tondela, no âmbito da 13.ª jornada da Liga NOS.
Hoje a nossa equipa já se prepara para esse embate, tendo por objetivo, como não poderia deixar de ser, o regresso aos triunfos e, se possível, a redução da distância pontual para o primeiro classificado, que dispõe agora de quatro pontos de vantagem.
Estando ainda por disputar praticamente dois terços da Liga NOS, tudo está em aberto na competição. A vasta experiência e a inegável competência, assim como o compromisso e carácter, já demonstrados inúmeras vezes nesta e noutras temporadas pela nossa equipa técnica e jogadores, oferecem-nos a garantia de que serão dados os passos certos para que tenhamos a possibilidade de voltar ao lugar que todos ambicionamos.
De Todos Um, o Benfica!

P.S.: Assinalam-se hoje sete anos do falecimento da maior figura da história do Sport Lisboa e Benfica, Eusébio da Silva Ferreira. É com enorme saudade e profunda gratidão que nos recordamos do nosso "Rei", cujo extraordinário legado e exemplo ímpar de benfiquismo a todos nos motiva ainda mais a servir apaixonadamente o nosso querido Clube."

Havia um empate na ilha – curtas do Benfica


"Mudou-se o tempo, mudou-se o dia, mas o Benfica pouco mudou. A equipa de Jesus voltou a ser medíocre, desta vez perante o Santa Clara.
- O Santa Clara apresentou-se num 4-4-2, com o bloco muito baixo e as linhas muito juntas, ocupando na perfeição o seu último terço. Com os extremos a acompanharem os laterais do Benfica quando estes subiam, o conjunto de Daniel Ramos fechou bem o lado da bola, bem como o corredor central.
- O Benfica demonstrou muita dificuldade em imprimir velocidade ao seu jogo, como já havíamos referido anteriormente. Circulação muito lenta e à largura, dando tempo suficiente aos açorianos para se ajustarem.
- Quando assim é, torna-se essencial atacar o espaço, ora para arrastar e desposicionar, ora para receber e finalizar. Num dos lances em que Waldschmidt trabalhou bem em espaço curto (este alemão, sim, tem condições técnicas para jogar o triplo!), saiu o golo do Benfica: qualidade no passe, velocidade na desmarcação e recurso ao primeiro toque! Só assim se consegue desmontar uma organização defensiva como a do Santa Clara no primeiro tempo!
- Na segunda parte, o Santa Clara arriscou mais. Subiu o bloco, concedeu mais espaço ao Benfica e a toada da partida permitiu chegadas mais rápidas ao último terço por ambas as equipas.
- Com o jogo mais partido, foi notória a dificuldade que o Benfica tem em acautelar a perda da bola, dadas as características de Taarabt (muito predisposto para correr, mas não chega para 90min, calcula mal os tempos de entrada e nem sempre está bem posicionado) e Weigl (falta-lhe passada e a tal agressividade que Jesus disse há dias que lhe estava a tentar incutir).
Resumindo, os problemas continuam, e só o tempo dirá se os jogadores se conseguem adaptar ao que Jesus quer, ou se será o técnico das águias a mudar algo no seu xadrez.

Destaques individuais
Vertonghen – num Benfica com tantas intermitências, o experiente belga tem sido dos mais regulares. Hoje, teve um corte absolutamente decisivo, quando Patrick seguia embalado para a baliza de Vlachodimos. Nunca comprometeu, oferecendo um nível de segurança com e sem bola que poucos na equipa conseguem, neste momento, dar."

5 hipóteses de reforços para o SL Benfica


"Chegamos, por fim, a janeiro. O primeiro mês do ano traz consigo não só muito frio, mas também o mercado de transferências de Inverno. O SL Benfica atravessa uma altura complicada da época. Os resultados escasseiam e as exibições não impressionam ninguém.
É um dado adquirido que a equipa encarnada se vai reforçar neste mercado. Como tal, elaborei uma lista de boas (e realistas) contratações para a realidade do SL Benfica. Alguns destes jogadores já foram associados ao clube das águias, outros são apenas sugestões algo fora do baralho, mas que acrescentariam muito à equipa.
As posições que considero mais necessitárias, defesa central, defesa direito e médio centro com características de transporte, influenciaram, naturalmente, as escolhas.

1. Augustín Almendra
20 anos
Médio Centro/ Médio Defensivo
Argentino
Boca Juniores
Valor de mercado: 11M€
Para mim, Almendra era o jogador ideal para o meio campo do SL Benfica. O jovem argentino encaixava como uma luva nas ideias de Jorge Jesus. Almendra é um médio muito potente com uma excelente capacidade de transporte de bola. Augustín é capaz de ultrapassar a pressão do adversário, seja em transporte ou em espaço curto, fazendo-se valer da sua agilidade e qualidade no 1×1. A sua capacidade de passe é boa e acaba sempre beneficiada pela sua boa maturidade no momento da decisão.
Defensivamente, o jovem médio não se esconde e contribui muito sobretudo na transição defensiva. Apesar do elevado número de desarmes (1,8 por jogo), Almendra comete muito poucas faltas, demonstrando o seu bom timing de desarme.
Almendra parecia estar de malas feitas para a MLS, mas acabou por permanecer em Buenos Aires. É uma oportunidade para o SL Benfica.

2. Mahmoud Dahoud
25 anos
Médio Centro/Médio Defensivo
Alemão
BVB Dortmund
Valor de Mercado: 10M€
Desta lista pode parecer o jogador mais irrealista, mas se analisarmos a situação até parece uma situação credível. Dahoud tem tido pouquíssimos minutos esta temporada. Figurou apenas em cinco jogos da liga alemã. Uma saída para ter mais minutos não é, de todo, descabida.
Do ponto de vista desportivo, Dahoud pode acrescentar muito ao SL Benfica com a sua qualidade de passe e transporte de bola. Dahoud realiza 1,3 passes chave por jogo, tendo uma eficácia impressionante no passe longo. O internacional sub-21 alemão é um jogador com capacidade para desempenhar um papel de médio box-to-box. Tem alguma chegada á área, mas também contribui bastante no momento de transição defensiva.
Dahoud pode parecer um alvo inalcançável, mas a desvalorização do jogador e a sua vontade de ter mais minutos pode provocar uma situação semelhante à de Weigl, do ano passado.

3. Brandon Soppy
18 anos
Lateral Direito
Francês
Stade Rennes FC
Valor de mercado: 5M€
Fecho as minhas propostas para lateral direito com o jovem Brandon Soppy. O lateral francês captou a minha atenção depois de uma grande exibição, num jogo de pré-época, precisamente frente ao SL Benfica. Soppy é um jogador velocíssimo e forte fisicamente. Consegue conciliar as excelentes capacidades atléticas com uma boa capacidade técnica. É um jogador forte no drible e com boa qualidade de passe. Os cruzamentos precisam de ser melhorados.
Defensivamente, muito fruto do seus atleticíssimo e da sua inteligência, Soppy é um um jogador difícil de ultrapassar. Efetua 2,8 desarmes por jogo.
Soppy entrava de caras no 11 do SL Benfica, tendo ainda uma margem de progressão brutal.

4. Reggie Cannon
22 anos
Lateral Direito
Estados Unidos da América
Boavista FC
Valor de mercado: 3M€
Reggie Cannon chegou apenas este verão ao Boavista FC, vindo do Dallas FC, mas já vai impressionando. O lateral norte americano é um autêntico ala completo. É muito rápido com ou sem a bola. Cannon é um jogador dotado tecnicamente, o que, aliado à sua velocidade, lhe permite ultrapassar os jogadores adversários. Tem uma excelente capacidade de cruzamento e é capaz de visar a baliza com os seus remates de longe.
Defensivamente, é um jogador muito competente e que nunca dá um lance por perdido. Esta época realizou 1,7 interceções e 1,8 desarmes por jogo.
Cannon tem potencial para evoluir muito mais.

5. Victor Nelsson
22 anos
Defesa Central
Dinamarquês
FC Copenhaga
Valor de mercado: 3M€
O SL Benfica parece já ter contratado Lucas Veríssimo ao Santos FC, mas Victor Nelsson teria sido uma excelente opção para a equipa de Jorge Jesus.
Nelsson é um jovem central que pode jogar também no meio campo. O dinamarquês é um jogador forte fisicamente, mas sente-se muito confortável com a bola nos pés. É uma mais valia na construção, sendo 33% dos seus passes (total de 61,36 por jogo), passes progressivos.
Defensivamente, é muito forte no 1×1 e tem um bom sentido posicional, realizando poucos carrinhos por jogo."