terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Benfica ganha menos de metade dos jogos em que Taarabt é titular: ou é azar ou algo se passa


"Jorge Jesus tem de saber como capitalizar o médio dentro do onze, e até agora não o conseguiu fazer 

Tinha alguma curiosidade em perceber quais seriam os resultados do Benfica nos jogos em que Taarabt joga, por uma razão simples: o marroquino tem uma forma de jogar muito inflexível.
Basicamente só sabe jogar de uma maneira.
Ora a verdade é que os números não me defraudaram. O Benfica ganhou esta época menos de metade dos jogos em que Taarabt foi titular: o marroquino fez parte do onze em doze partidas, a equipa ganhou cinco, empatou quatro e perdeu três. Ou seja, ganhou 41 por cento dos jogos.
Em compensação, nos onze jogos em que Taarabt não foi titular, embora em quatro tenha entrado como suplente utilizado, o Benfica ganhou nove, empatou um e perdeu um. Ou seja, a equipa ganhou 82 por cento dos jogos em que o marroquino não esteve no onze inicial.
Mesmo olhando para as épocas anteriores, este registo não muda muito. Na época passada, por exemplo, ganhou apenas 53 por cento dos jogos em que Taarabt foi titular e venceu 70 por cento dos jogos em que o médio não esteve no onze. Há dois anos, o Benfica ganhou 50 por cento dos jogos em que foi titular e 72 por cento dos 56 jogos em que não esteve no onze.
São demasiados números, eu sei, mas servem para sublinhar uma ideia: ou Taarabt tem muito azar ou de facto alguma coisa se passa.
Eu inclino-me para a segunda hipótese.
Taarabt tem uma forma de jogar peculiar, que apresenta um preço muito alto sobretudo quando o marroquino alinha no meio campo: a vertigem por passes de rotura descompensa a equipa.
Trata-se de um jogador corajoso, que gosta de arriscar, que pega na bola, levanta a cabeça e tenta encontrar linhas de passe aventureiras. Taarabt só sabe jogar a desequilibrar, praticamente em todas as bolas em que pega quer fazer a diferença. Tem uma vertigem pelo risco.
O problema é que muitas vezes calcula mal o risco. Por exemplo quando a equipa está lançada para a frente, com os laterais muito subidos. Um passe arriscado nessa altura corresponde a um risco elevado de desequilibrar a equipa defensivamente e permitir a saída rápida do adversário.
Para além disso, recebe quase sempre a bola atrás da organização defensiva da outra equipa: recebe a bola, levanta a cabeça, procura um colega em passes verticais. Ora isto retira-o do jogo entre linhas, onde por vezes devia aparecer, para criar um desequilíbrio na organização adversária.
Por último, e também muito importante, Taarabt não é um médio de transição defensiva forte. É pouco agressivo, posiciona-se mal, recupera poucas bolas. Tem uma média, aliás, de 0,1 bolas recuperadas por jogo e 0,5 interceções de bola por jogo.
O que se torna mais grave quando joga ao lado de Weigl, também ele um médio pouco combativo e que gosta de se evidenciar sobretudo com a bola no pé.
Não se pretende com isto dizer que Taarabt representa todos os problemas do Benfica. Longe disso, a equipa tem muitos mais problemas, e porventura até bem mais graves. Mas os números não mentem e o marroquino traz um problema que Jorge Jesus tem que resolver.
A forma de jogar de Taarabt é esta que se conhece e até agora não tem sido bem aproveitada. Convém ao treinador saber capitalizá-la dentro do onze."

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