quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

SL Benfica 3-0 SC Covilhã: De Lisboa a Leiria são três saltinhos serranos


"A Crónica: Rafa e Darwin Deitaram Abaixo As Cerradas Linhas Dos Serranos
O Queijo da Serra também tem buracos. Aproveitou tais buracos o SL Benfica para se colocar na final-four da Taça da Liga 21/22, deixando os serranos e Vitória SC fora da competição. As águias aguardam agora o desenrolar da partida no Estádio do Bessa, entre Boavista FC e SC Braga – um destes conjuntos será o adversário dos encarnados.
O SL Benfica precisava de marcar três golos e, como tal, a única oportunidade (dupla) dos primeiros 20 minutos pertenceu ao… SC Covilhã. Aos 19´, um remate forte do capitão Gilberto, às portas da área benfiquista, obrigou Helton a ceder canto.
Do canto a nova oportunidade de golo foram dois toques: bola batida para a zona da pequena área e cabeceamento de Jô. Valeu aos encarnados a trave da baliza estar aos regulamentares 244 cm de distância da relva.
Felizmente para os primodivisionários, as que vão à trave não contam. Contam, sim, as que entram e aos 28 minutos entrou a primeira. Livre descaído para a esquerda. Apelativo para um bom batedor. Todavia, com Grimaldo de fora, escasseavam os bons batedores no onze das águias. “Olha, vai jogada estudada”, pensou João de Deus. E pensou bem.
A bola foi tocada para Pizzi que tocou para Gonçalo Ramos. O formando do Benfica Campus só teve que tocar para o lado para servir o parceiro de ataque, Haris Seferovic, deixando desde logo o guardião serrano fora do enquadramento. Desta vez, o suíço marcou. Quem não marcou foi Ramos, cara a cara com Léo. O brasileiro saiu bem da baliza e fez uma grande mancha.
Uma grande mancha… mas não tão grande como a de Tembeng. O médio do SC Covilhã viu o amarelo aos 19 minutos e tomou-lhe o gosto. Terá pensado: “se gostei do amarelo, do vermelho ainda devo gostar mais”. Aos 39´, numa dividida com Everton, acabou por pisar o brasileiro e Gustavo Correia deu-lhe o cartão encarnado a provar.
A águia baixou sobre a Serra e aproximou-se em voo rasante da baliza covilhanense. Não obstante, até intervalo nada digno de registo surgiu e foi com um 1-0 no marcador que as equipas recolheram aos balneários.
O carro encarnado (esta noite, longe de ser um Ferrari) veio dos balneários com uma nova caixa de velocidades (Rafa), um novo carburador (Paulo Bernardo) e um novo motor (Darwin), mas precisou de 23 minutos para ir dos zero aos cem. Todavia, foi graças a Rafa e Darwin que alcançou velocidade cruzeiro.
Aos 67´, o português conquistou uma grande penalidade em duelo com Gilberto – com algum infortúnio para o capitão covilhanense, que parece ter escorregado – e o uruguaio converteu-a. Ora bem, em velocidade cruzeiro é sempre mais fácil. Cinco minutos volvidos e vantagem ampliada – alcançava o SL Benfica os três golos de que necessitava.
Desta feita, a dupla em destaque não destaque não foi a de Darwin e Rafa, mas a de Darwin e Léo. “Eu vim de longe, de muito longe”, cantava a bola chutada por Darwin a caminho da baliza serrana.
O guardião forasteiro fez questão de a receber não de braços abertos, mas de pernas abertas. O esférico atravessou o Túnel da Serra da Estrela e do outro lado encontrou as redes.
O SL Benfica “puxou” de um balde com água morna e deixou o jogo em banho-maria até final – o resultado servia-lhe. O 3-0 não mais saiu dos placares do Estádio da Luz e o SL Benfica garantiu que terá uma visita de estudo a Leiria em janeiro.

A Figura
Darwin Núñez É uma distinção entregue um pouco por exclusão de partes. Nos entrefolhos de um jogo de sentido único, o avançado uruguaio acabou por entrar para ser o “melhorzinho”. Fez dois golos e ajudou Rafa a agitar o jogo. Não fez muito mais, é certo, mas ninguém fez. Darwin acaba por dar seguimento aos três golos alcançados em Vila Nova de Famalicão (com mais brilhantismo) e soma cinco em duas partidas.

O Fora de Jogo
Tembeng O SC Covilhã foi a Lisboa cumprir calendário, mas o médio camaronês de 30 anos não cumpriu sequer o horário de trabalho. Foi convidado a sair aos 39 minutos, com um vermelho direto e um amarelo sob o seu nome. Obrigou os colegas a um esforço extra por força da sua curta e infantil exibição e deixou a sua equipa, a seis minutos do intervalo, com uma serra para escalar.

Análise Tática – SL Benfica
A turma benfiquista apresentou-se para este jogo num 3-5-2/5-3-2. No ataque posicional dos encarnados, percebia-se que Meïté era o elemento de meio-campo que desempenhava funções mais defensivas (até sair ao intervalo), resguardando as costas de Taarabt e Pizzi.
Desta forma, o médio marroquino e o médio português podiam movimentar-se em terrenos mais avançados e entre as linhas defensiva e média dos serranos, possibilitando que ambos dessem asas à criatividade e colocassem em prática (sobretudo Pizzi) a boa capacidade de decisão no último terço que possuem.
Com as entradas de Paulo Bernardo e Rafa ao intervalo – para os lugares de Meïté e Pizzi -, o SL Benfica conseguiu sufocar ainda mais o adversário, tendo mais qualidade com bola pelos pés de Paulo Bernardo e tendo mais um jogador de vocação iminentemente ofensiva (Rafa) no auxílio a Ramos e Darwin.
Na frente, Gonçalo Ramos e Seferovic eram fiéis a si mesmos – o primeiro mais móvel, o segundo mais fixo. Pelas alas, Everton jogava pela direita e Gil Dias pela esquerda.
Ambos têm feito carreira nos corredores contrários (maioritariamente), sendo os movimentos de fora para dentro característicos de ambos, mas jogando no corredor “do seu pé” os dois futebolistas tinham ordens para contrariar essa tendência e procurar a linha de fundo.
Fazia sentido, uma vez que com três médios em campo as águias conseguiam povoar o meio-campo de forma suficiente e conquistar essa porção de terreno com alguma facilidade, não necessitando de movimentos interiores dos alas. Todavia, Everto e Gil Dias acabaram mesmo por trocar de lado.
Na linha de três, foi Tomás Araújo o central pela direita, Morato o pela esquerda e Ferro foi o elemento do meio. Era notória a teoria traçada por Jorge Jesus/João de Deus para os centrais: saída com bola e procura vertical dos homens da frente. Na prática, nem sempre aconteceu.

11 Inicial e Pontuações
Helton Leite (5)
Everton (5)
Tomás Araújo (5)
Ferro (5)
Morato (4)
Gil Dias (5)
Meïté (3)
Taarabt (5)
Pizzi (6)
Gonçalo Ramos (5)
Seferovic (5)
Subs Utilizados
Paulo Bernardo (6)
Rafa (7)
Darwin (8)
Yaremchuk (4)
André Almeida (-)

Análise Tática – SC Covilhã
Leonel Pontes escalou a sua equipa num 4-5-1 muito híbrido. Jô era o primeiro a defender e o mais perigoso a atacar. A linha de cinco no meio-campo desmontava-se com regularidade, uma vez que era comum um dos elementos saltar na pressão sobre os homens da primeira fase de construção do SL Benfica, auxiliando assim o seu avançado.
A expulsão de Tembeng obrigou os serranos a cerrarem ainda mais as suas linhas e baixarem e compactarem o seu bloco. A linha de cinco começou a surgir com mais frequência na defensiva.
Assim, do 4-5-1 inicial o SC Covilhã passou a ver-se mais em 5-3-1, ainda que por vezes, sobretudo quando tentava esticar a equipa na pressão, se dispusesse em campo num 4-4-1.
Num jogo em que os serranos não tiveram muita posse e, por inerência, não usufruíram de ataque posicional, e num jogo em que a turma de Leonel Pontes teve que alterar a sua postura a sensivelmente meio do jogo, a única constante do seu alinhamento tático-estratégico foi o homem da frente, isolado na pressão e nas raríssimas saídas para o ataque.

11 Inicial e Pontuações
Léo (4)
Jean Felipe (4)
Héliton (6)
Jaime Simões (4)
David Santos (4)
Gilberto (5)
Sena Yang (4)
Tembeng (2)
Arnold (4)
Devid Silva (5)
Jô (6)
Subs Utilizados
André Almeida (5)
Felipe Dini (4)
Ryan Teague (4)
Ahmed Isaiah (4)
Tiago Moreira (-)"

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