domingo, 26 de dezembro de 2021

O Passado Também Chuta: Karel Poborsky


"Karel Poborsky, uma luz no meio da escuridão?

No dia 23 de Junho de 1996, Portugal e República Checa defrontaram-se nos quartos-de-final do Europeu de Futebol que se realizou em Inglaterra.
Num jogo bastante disputado e com incerteza de quem iria passar à fase seguinte, eis que ao minuto 53 um jovem checo de 24 anos desconhecido para a maioria dos portugueses, “tirou um coelho da cartola” e marcou o único golo da partida, carimbando a passagem da sua seleção às meias-finais da prova, onde viria a ser finalista vencida.
Falamos, claro está, de Karel Poborsky, jogador nascido na cidade de Jindrichuv Hradec. A boa prestação individual no Euro ’96 e o tal golo marcado a Portugal fizeram a sua cotação subir em flecha, o que despertou de imediato a atenção dos “tubarões” europeus.
Ironia ou não, o que é certo é que Poborksy não saiu mais de Inglaterra, pois o Manchester United FC não perdeu tempo e contratou o extremo direito. Nos Red Devils nunca se afirmou em definitivo, até porque tinha um tal de David Beckham como concorrente direto na sua posição.
Ainda fez a primeira época completa, mas na seguinte (1997/1998) saiu no mercado de Inverno e foi neste período que entrou o SL Benfica. Contratado pelo clube da Luz na altura pelo Presidente João Vale e Azevedo, a transferência do jogador checo iria dar muito que falar anos mais tarde pelos piores motivos devido aos valores envolvidos no negócio com o clube inglês.
A estreia de Karel Poborsky com a camisola do SL Benfica aconteceu no dia três de janeiro de 1998 e logo num clássico sempre escaldante frente ao FC Porto, no então Estádio das Antas.
O FC Porto venceu a partida mas o jogador checo deixou boas indicações, o que lhe valeu a titularidade para o que restava da temporada. Poborsky era um extremo direito de características muito ofensivas, com uma capacidade técnica acima da média, gostava de atuar junto à linha e a velocidade era o seu maior trunfo.
A boa segunda volta da turma encarnada no Campeonato Nacional, na altura orientada pelo treinador escocês Graeme Souness, em muito se deveu ao futebolista checo, embora o “menino bonito” da Luz continuasse a ser João Vieira Pinto.
Fez 23 jogos e apontou cinco golos, dois dos quais na goleada (1-4) frente ao Sporting CP no antigo Estádio José de Alvalade e na vitória caseira (3-0) diante do FC Porto já campeão. Mas a melhor época de Poborsky no SL Benfica foi, sem dúvida, a de 1998/1999, tendo feito o gosto ao pé por seis vezes e assistido os seus companheiros para golo em 11 ocasiões.
Novembro de 1998 foi mesmo o seu mês mágico, com o primeiro momento de magia a acontecer no dia 15 desse mês, no duelo com o SC Braga em jogo da 11.ª jornada do campeonato.



Aos 33 minutos, o espírito de Diego Maradona invadiu o antigo Estádio da Luz e entrou no corpo de Poborsky, que pegou na bola na defesa encarnada, tirou todos os adversários que encontrou pelo caminho e só parou dentro da grande área bracarense para rematar com êxito.
Um golo soberbo que, de certeza, ele e todos os benfiquistas nunca mais irão esquecer. Dez dias depois, num encontro a contar para fase de grupos da Liga dos Campeões, o SL Benfica derrotou em casa os alemães do Kaiserslautern por 2-1.
Poborsky não marcou, mas ofereceu os golos a Nuno Gomes e João Pinto em dois lances de pura classe do checo maravilha. Haveria ainda de marcar novamente ao Sporting CP no empate a três na última jornada do campeonato.
Foi, de facto, uma grande temporada a nível individual para o extremo direito, mas o SL Benfica não atingiu (mais uma vez) o seu objetivo principal que era ser campeão nacional, acabando por ficar em terceiro lugar.
Na época seguinte houve uma revolução no comando técnico dos encarnados, com o alemão Jupp Heynckes a ser contratado para suceder a Graeme Souness que havia sido despedido nas últimas jornadas do campeonato anterior.
Com o novo treinador, Poborsky também realizou a maior parte dos encontros mas baixou um pouco a sua produtividade com menos golos e menos assistências. O SL Benfica voltou a ficar em terceiro lugar no campeonato e o jogador checo ficou ainda ligado à pior derrota sofrida pelo clube (7-0) nas competições europeias no célebre pesadelo de Vigo.
Com a chegada da época 2000/2001, chegou também o último ano de contrato de Poborsky, que não quis renovar com as águias.
Com o SL Benfica a precisar urgentemente de fazer dinheiro face à crise financeira que já se vinha a arrastar há vários anos, a vontade do clube era vender o jogador antes do contrato terminar para não sair prejudicado no negócio.
Ainda participou em 17 jogos, mas no início de 2001, a Lazio de Roma acenou com 300 mil contos (valor na altura) e levou o jogador checo.
Esteve na Lazio época e meia e regressou ao seu país natal para ingressar no Sparta Praga. Em 2004 ainda regressou a Portugal mas para disputar o último Europeu pela sua seleção. Terminou a carreira de futebolista em 2007 com as cores do Ceske Budejovice.
Pese embora a importância que tinha no SL Benfica, Poborsky chegou, por vezes, a ser um jogador algo irregular, oscilando no rendimento das suas exibições entre o bom e o razoável.
Fez 112 jogos pelo emblema encarnado e marcou 17 golos. Saiu sem ter vencido qualquer título, mas ainda hoje continua a ser um ídolo dos adeptos encarnados que o viram jogar, pelos vários momentos de magia que proporcionou ao longo dos três anos que passou na Luz."

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