"A Luz nem sempre é sinónimo de vitórias para o SL Benfica…
A derrota inesperada contra o Portimonense SC fixou-se como a 44ª em 19 épocas da nova Luz, um número bastante positivo se considerarmos a quantidade de jogos ali disputados: 457.
Com 338 vitórias, a taxa de sucesso de 73% torna a Catedral num ‘bunker’, espaço reservado na sua maioria aos triunfos benfiquistas – são raras as equipas, descontando os principais rivais ou a elite europeia, que ali consegue sequer pontuar.
Há exceções inolvidáveis que confirmam essa ideia e decidimos reunir cinco das mais insólitas, tendo em conta todo o contexto que as envolveu, de forma cronológica.
Uma viagem que se inicia em 2003, na anticlimática inauguração oficial, e que se desenvolve até 2018, quando se deixou esfumar o sonho do “Penta”.
1. SL Benfica 2-3 Tondela (Primeira Liga, 2017-18)
A recuperação operada desde o princípio do ano colocava o SL Benfica no primeiro posto da tabela classificativa, depois da afirmação de Krovinovic no miolo enquanto consequência da aposta de Rui Vitória no 4-3-3, deixando para trás o 4-4-2 que lhe tinha dado dois títulos de campeão.
A equipa chegou ao jogo com o FC Porto na Luz em primeiro lugar, facto destruído pelo tiro de Herrera perto do fim. Interessava, pois, ao SL Benfica, neste contexto, continuar a pressionar o rival, sobretudo pelos 12 pontos ainda em disputa.
A missão parecia simples mas, duas jornadas depois, o CD Tondela de Pepa enterrou definitivamente aquele SL Benfica já ostracizado pela própria massa adepta, numa vitória de encher o olho e que confirmou o FC Porto como o grande campeão nacional e que manteve intacto o seu recorde do pentacampeonato, interrompendo o tetra benfiquista.
2. SL Benfica 3-3 Boavista (Primeira Liga, 2016-17)
Não é derrota, mas certamente contará como uma se atentarmos a todas as peripécias de uma partida aterrorizante para os encarnados – aos 25 minutos, o SL Benfica perdia por 0-3, inimaginável e irrepetível até mesmo contra adversários de maior respeito.
O SL Benfica sofria assim tantos golos como sofrera até aí na Luz (ou seja, na primeira volta inteira!) e presenteava os seus adeptos com uma demonstração de incompetência bem aproveitada por Iuri Medeiros, o elemento em destaque do lado dos axadrezados.
Foi muito pela famosa exibição na Luz que asseguraria a presença no plantel principal do Sporting CP, seu clube mãe, na época seguinte.
3. SL Benfica 1-2 Académica OAF (Primeira Liga, 2010-11)
A Briosa volta a constar na lista meritoriamente, ainda que seja preciso reconhecer que esta derrota, inesperadíssima à época, se tenha construído quase exclusivamente no instante que opôs o talento de Laionel e os problemas técnicos de Roberto.
O SL Benfica, campeão incontestável de 2009-10, tinha entrado com o pé esquerdo nessa temporada com a derrota na Supertaça contra o FC Porto de Villas Boas. Era convicção geral que os encarnados se vingariam na oportunidade seguinte: ou seja, às custas de uma Académica frágil que estreava Jorge Costa como treinador na divisão principal.
Na teoria, estavam reunidos os ingredientes necessários a uma tarde agradável de futebol na Luz, com direito a goleada e boa exibição – quase ninguém esperaria tamanho balde de água fria.
Mais escandalosa se torna a derrota encarnada se olharmos ao facto de que os ‘estudantes’ jogaram 40 minutos com menos um, devido à expulsão de David Addy no recomeço pós-intervalo.
A chapelada de aba larga do brasileiro Laionel, tão incrível quanto caricata, tornar-se-ia piada recorrente nos anos seguintes, agravada por novo golo do brasileiro na primeira jornada da época 2011-12, desta vez ao serviço do Gil Vicente FC e que voltou a custar pontos ao SL Benfica (num 2-2 em Barcelos).
4. SL Benfica 0-3 Académica OAF (Primeira Liga, 2007-08)
Em época de grande instabilidade institucional – três treinadores – e de graves atentados à reputação competitiva, o SL Benfica conseguiu repetir a pior derrota caseira de sempre: antes deste 0-3 com a Briosa, só Sporting CP (1938-39, 47-48) e Boavista FC haviam atingido a mesma marca.
Já depois do afastamento das competições europeias, impotente perante o atraente Getafe de Michael Laudrup, esta derrota pesada serviria de introdução a semana negra, já que nessa mesma quinta-feira o SL Benfica viria a ser atropelado pelo Sporting CP com aquele 5-3 nas meias-finais da Taça de Portugal.
A partir daí, ocorreria a definitiva queda livre até final de temporada, onde o único momento digno de registo foi a despedida de Rui Costa na última jornada da Primeira Liga.
5. SL Benfica 1-2 SC Beira-Mar (Primeira Liga, 2003-04)
Uma semana antes, os comandados de José António Camacho tinham batido o Nacional de Montevideu na inauguração da nova Luz por 2-1, em ambiente de grande festa.
Se calhar foi tanta que, exatamente uma semana depois (dois de novembro) o SC Beira-Mar de António Sousa viria estragar a inauguração “oficial” do novo coliseu encarnado, dando cambalhota no marcador em reação competente ao golo de Simão sobre o intervalo.
O extremo português já havia sido o autor do último golo na velha Luz e voltava a assinar, com destaque, o seu nome na história dos encarnados – ainda que desta vez não tenha sido suficiente para assegurar três pontos.
Melhor para os de Aveiro e para os do Porto, onde o FC Porto de José Mourinho se refastelava já numa poltrona de oito pontos no topo da tabela classificativa à passagem da décima jornada, posição confortável conquistada dois dias antes numa vitória magra (1-0) frente ao CD Nacional, no Dragão."
Curiosamente temos aqui cinco jogos de cinco épocas diferentes, uma delas é a que está a decorrer. Nas outras quatro, em duas delas (04/05 e (16/17) fomos campeões apesar do balde de água fria,/. Noutra fomos segundos a "anos-luz" do primeiro (10/11), mas caímos em duas meias-finais (Taça de Portugal e Taça UEFA), e ainda conquistámos um troféu oficial (Taça da Liga). Na outra (07/08) foi um descalabro, não havia ainda Taça da Liga, caímos nas meias-finais da Taça, e fomos quartos a "anos luz" do primeiro e a alguma distância do segundo. Claro que nessa época (07/08) a decisão do Camacho abandonar a equipa numa altura crucial da época, foi decisiva para uma recta final da época verdadeiramente miserável.
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