sábado, 2 de outubro de 2021

De todos!


"À medida que nos aproximamos do acto eleitoral, é notória a intenção unificadora de Rui Costa. O presidente do Benfica tem feito tudo para enquadrar as solicitações que têm sido feitas, designadamente por grupos de sócios descontentes com o processo eleitoral anterior.
Sendo legítimos tais cuidados, interessa também reflectir sobre outros aspectos que reforcem e protejam a tradição democrática do clube. Por exemplo: o modelo de assembleia geral, que continua a ser o mesmo do século passado.
Para o bem e para o mal, o mundo é hoje bastante diferente. As redes sociais (e não só) trouxeram a democratização do acesso à opinião, mas, com ela, a banalização do insulto. Há uma veemência crescente no modo como as pessoas pretendem exigir aquilo que julgam ser os seus direitos. E uma violência extremada na manifestação de opinião e verbalização de críticas. Sendo o futebol uma área particularmente sensível à conflitualidade, a discussão em seu redor tornou-se frequentemente sectária, incendiária e insultuosa. Se, com o Benfica a vencer, as assembleias já são o que são, no dia em que perdermos em campo, corremos sérios riscos institucionais, e até físicos.
Há também um evidente problema de representatividade quando a reunião magna não fomenta a participação de muitos sócios espalhados pelo país e pelo mundo. Tal deixa o clube permeável à representação desproporcional de um ou mais grupos organizados, que, no limite, até podem ser manipulados a partir do exterior. Há cinquenta anos não haveria esse risco. Hoje há.
O Benfica é de todos os sócios. Não apenas daqueles que gritam que é deles."

Luís Fialho, in O Benfica

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