segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Faltam 1.054 dias para Paris 2024


"Faltam 1054 dias para o início dos Jogos Olímpicos (JO) Paris 2024. Corrijo. Faltam SÓ 1054 dias!
Polémicas à parte, estes JO, realizados em condições que nunca imaginamos serem possíveis, acabaram por ser um sucesso. Para os atletas presentes, porque puderam enfim expressar toda a beleza e arte do desporto nas pistas, nos ringues, nos campos, nos terrenos de jogo, no mar. Para o país organizador, porque, apesar de todos os obstáculos, conseguiu que a essência dos JO prevalecesse e deu ao mundo mensagens poderosas. De esperança num futuro onde possamos voltar a viver vidas ditas normais.
Mas também num mundo onde a igualdade de género seja uma realidade. Ou questões delicadas como a saúde mental possam ser abordadas sem tabus. Ou ainda que se possa discutir seriamente a importância do pós-carreira destes milhares e milhares de atletas que, dos quatro cantos do planeta, se entregam de corpo e alma a uma vida de tão curta duração, mas que, tantas vezes, condiciona a sua existência enquanto mulheres e homens inseridos numa sociedade, até ao fim dos seus dias.
Pessoalmente, integrado que estive na Missão de Portugal aos JO de Tóquio, foi um privilégio poder acompanhar de perto as incríveis atuações dos nossos atletas, que resultaram na melhor participação de sempre de Portugal neste evento. Foi também uma descoberta para mim. Mas apesar do tanto que aprendi, em todos os momentos, com todos os atletas e modalidades, encontrei um traço comum. Uma paixão pelo fenómeno desportivo nas suas mais diversas manifestações, num colorido multicultural, unidos num mesmo evento, alicerçado em princípios e ideais com os quais todos nos identificamos.
Assim, estou profundamente agradecido pela oportunidade que me foi dada pessoalmente, mas também pelo voto de confiança que foi transmitido à Comissão de Atletas Olímpicos — CAO, que esteve presente em Tóquio com o seu Presidente e com o Coordenador do Gabinete do Atleta, o Açoriano Ricardo Bendito.
Importa ressalvar que outros elementos da CAO estiveram presentes, mas na qualidade de atletas, como sejam o Emanuel Silva (canoagem), o João Pereira (triatlo), o João Silva (triatlo) e o Rui Bragança (taekwondo). Em Portugal, ficaram a acompanhar-nos o David Rosa (BTT), a Jéssica Augusto (atletismo), a Susana Feitor (atletismo) e a Telma Santos (badminton). Foi a primeira vez na história do Movimento Olímpico Nacional que a CAO esteve incluída na Missão a uns JO. Tudo fizemos para estar à altura do desafio.
E agora?
Agora é tempo de celebração! De vivermos, cada um à sua maneira, o que foram estes JO. De homenagearmos os vencedores, de respeitarmos todos os outros e, muito importante, de descansarmos! Deixarmos a poeira assentar calmamente no chão, permitirmos ao nosso corpo e mente que relaxem. Absorver todas as emoções, processá-las e deixar o tempo curar as feridas.
Mas a vida continua a sua inexorável caminhada. A roda da vida não parou depois destes JO. Passado este período, que o verão convida a aproveitar, outro momento tem de surgir. O da reflexão, do debate, da discussão, não só do que se passou, mas também, aproveitando os ensinamentos deste ciclo, corrigir o que for necessário, alterar o que não esteve bem, cimentar o que funcionou corretamente.
Acredito que vamos assistir a passos que nos permitam, a médio e longo prazo, conduzir a sociedade portuguesa a uma maior multiculturalidade desportiva, com reflexos nos níveis de excelência dos nossos atletas. Tenho esperança que a perceção da importância que o desporto tem na sociedade portuguesa venha a crescer. Seja na opinião pública em geral, seja ao nível dos decisores políticos. Também seria importante ver os atletas cada vez mais envolvidos na construção e desenvolvimento do Movimento Desportivo. Com competências cada vez maiores, estes estão prontos para esse passo. E querem-no.
Existe a abertura para os receber no seio dos centros de decisão e estou convicto de que será uma mais-valia para todos. Por um lado, o conhecimento que têm do fenómeno desportivo, das suas nuances, necessidades, desafios, peculiaridades, é inestimável e deve ser aproveitado. Por outro, para os próprios, certamente dará ainda mais sentido às suas vidas, dedicadas ao desporto. Seja quando ainda estiverem no ativo, seja quando terminarem as suas carreiras desportivas.
O nosso compromisso enquanto Comissão de Atletas Olímpicos é o de também contribuir para esse debate. Para tal, iremos organizar o Encontro Nacional de Atletas Olímpicos, já em setembro, convidando todos os atletas Olímpicos a participar neste derradeiro capítulo dos JO de Tóquio 2020, mas também o primeiro de Paris 2024. Os seus contributos serão extremamente importantes para a forma como o Projeto Olímpico Paris 2024 será moldado. Sem a partilha das suas experiências, sem as suas sugestões, recomendações e críticas, aquele será sempre um projeto incompleto.
Umas palavras finais para quem agora começa a preparar Paris 2024. Por mais palavras que escreva, nunca conseguirei fazer jus ao que significa representar o nosso país, Portugal, no maior evento multidesportivo do planeta. Como seria possível que combinações de palavras, por mais rica que seja a nossa língua materna, pudessem expressar a magia de uma vida com significado? Descubram por vocês mesmos. Vale a pena! Vale mesmo a pena! Felicidades!"

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