sábado, 10 de julho de 2021

SL Benfica | Um 11 feito de novelas de mercado


"Muitos nomes ficaram de fora por falta de espaço e não de mérito: Ansaldi ou Santíago Garcia, por exemplo, novelas de verão intermináveis e que não se chegaram a consumar no SL Benfica.
Seguem-se, então, onze representantes máximos das peripécias do mercado de transferências, sempre prodigioso na Luz, de ritmo acelerado onde os nomes se sucedem em catadupa e nunca há certezas até pisarem o relvado de camisola vestido – e mesmo assim.
Em jeito de 2-3-5, voltando ao primórdios do futebol jogado, obrigados pela acumulação de pontas de lança – pois há sempre mais para contar sobre os homens do golo que sobre aqueles que os evitam. Pelas naturais barreiras que o tempo impõe, não nos afastámos mais do que 1994, com 26 anos a separar o exemplo mais antigo do mais recente.

Guarda-Redes
Mattia Perin Bruno Lage reconhecia qualidades a Vlachodimos, mas avisava para a necessidade de não pôr o grego demasiado confortável. “A concorrência é muito interessante, porque nos ajuda a crescer, a ser mais competitivos e a aprender uns com os outros. Termos concorrência é sempre muito interessante. Ajuda a equipa a funcionar e a termos um plantel ainda mais rico. Por isso é muito importante haver concorrência não só para o Ody, mas para todos”.
Surge então o nome de Mattia Perín, terceiro guarda-redes da Juventus FC, como forte candidato e o processo da sua contratação é agilizado de forma célere. O italiano desembarca em Lisboa para os habituais testes médicos: ups, surgem problemas. Afinal o jogador está ainda a contas com um problema físico (lesão no ombro) e só estará disponível daqui a quatro meses, ou seja, em dezembro.
Numa primeira fase é noticiado que o negócio ficaria em ‘águas de bacalhau’ e que o SL Benfica esperaria pela recuperação do atleta para logo, então, integrá-lo nos seus quadros. O que acabou por não acontecer, obviamente, assim como nunca surgiu o tão pretendido concorrente de Vlachodimos, pedido expresso de Bruno Lage.
O grego faria época a grande nível e o treinador português seria despedido, mas o tempo dar-lhe-ia razão – Jesus chegou, analisou a perfomance do guarda-redes durante uns meses e não tardou em dar a titularidade a Helton Leite, o concorrente desejado por Lage que só chegou depois da sua saída.

Defesa-Direito
Dedé Uns anos antes já o SL Benfica se tinha interessado por um Dédé, aquele que cumpriria 13 anos ao serviço do Borussia Dortmund. Não deu, assim como não deu novamente noutra versão da novela – desta vez o Dédé era a promessa do Vasco da Gama, central duro que se distinguia no Brasileirão na viragem da década.
A sua novela com os encarnados alongou-se por três anos, até 2013, sempre com o seu nome a servir de alternativa à saída de David Luiz – porém, quando se consumou a sua venda, em janeiro de 2011 ao Chelsea FC, quem chegou foi Jardel, repescado ao SC Olhanense.
Sidnei subia na hierarquia e o capitão retirado há pouco mais de um mês ficaria com a vaga de suplente. Nesse verão chegava alternativa real – Ezequiel Garay, que passava à frente de Dedé, mantendo-se este no radar encarnado como alternativa à saída do argentino. Tanto se considerou o atleta brasileiro, tanta observação houve que se perdeu o timing – nunca se consumando o enlace entre clube e jogador.
Acumulou prémios nos primeiros anos de carreira, integrando o onze do ano do Brasileirão de 2010, 2011 e 2013, sendo considerado o “Zagueiro do Cariocão 2011”, ano em que venceu a Copa brasileira. Tanto sucesso adivinhava aventura europeia, fosse pelo SL Benfica ou por qualquer outro dos muitos interessados no Velho Continente.
Por razões pessoais, decidiu manter-se na América do Sul, tornando-se a maior contratação de sempre do Cruzeiro EC, em 2014 – 14 milhões de reais, qualquer coisa como 2,5 milhões de euros. Numa tentativa de justificar o amor incondicional aos vascaínos, alegou a saída como necessária para as contas debilitadas do clube.
Na Toca da Raposa, porém, chegariam as lesões e com elas perdeu-se todo o élan criado no inicio da carreira, ficando sempre longe das promessas de glória feitas pelo seu talento precoce. Seria 11 vezes internacional pelo Brasil.

Defesa-Esquerdo
Timothee Atouba Na primeira época em que era responsável pela construção do plantel, José António Camacho pretendia reforçar o lado esquerdo da defesa. Ricardo Rocha, adaptado, tinha sido dono do lugar em 2002-03, fruto da inconsistência de Cristiano.
Timothee Atouba, do FC Basileia, e Júnior, campeão do mundo pelo Brasil na Coreia e Japão e jogador do Parma, eram as hipóteses em cima da mesa. Da Suíça respondiam às pretensões benfiquistas com uma etiqueta de cinco milhões de euros – de Lisboa houve resposta negativa, que não havia cofres para isso.
A 25 de julho, os suíços condescendiam com novo preço, cifrando o passe de Atouba nos 3,5 milhões e 20% de uma futura transferência. Voltaram a levar uma nega. A impaciência do jogador quanto ao desenrolar do processo vinha ao de cima no mesmo dia: “Eles não querem que eu saia, mas não podem prender-me aqui se eu não quiser ficar aqui. Há um mês que ando a falar nisto, que digo que quero ir para o Benfica e que não quero ficar mais aqui”, transcrevia o Público.
Já havia pré-acordo entre atleta e SL Benfica, no valor de 450mil euros por época, mas a intransigência suíça e as dificuldades financeiras encarnadas impossibilitaram a consumação do namoro. Seguiriam caminhos diferentes.
O SL Benfica esperaria até janeiro para recrutar Fyssas ao Panathinaikos AO; Atouba faria mais uma época no St. Jakob Park, sendo contratado no verão seguinte pelo Tottenham Hotspur, por quatro milhões de euros. Faria carreira por Inglaterra, Alemanha (Hamburgo SV), Holanda (AFC Ajax) e Espanha (UD Las Palmas), tendo sido 42 vezes internacional pelos Camarões.

Médio Ala Esquerdo
Christian WilhelmssonDe estrela em ascensão no RSC Anderlecht chegaria o seu nome à Luz como possibilidade de reforço das extremas atacantes, numa altura que tanto Simão como Geovanni não tinham alternativas credíveis.
Os responsáveis benfiquistas insistiam muito junto dos belgas e, coincidência, os mesmos calham em sorte aos portugueses na pré-eliminatória de acesso à Liga dos Campeões 2004-05. Zahovic assina o 1-0, que dava vantagem aos encarnados para a segunda mão, jogada uma semana depois num Constant Vanden Stock à pinha.
Num SL Benfica já pouco habituado àquelas andanças, não houve estofo para aguentar o ímpeto belga, suportado nas qualidades do sueco, de Aruna Dindane ou Baseggio: o 3-0 final era justo e pecava por escasso. O RSC Anderlecht rumaria à Fase de Grupos, acabando por cumprir recorde igualado pelo mesmo SL Benfica (seis derrotas). O interesse em Christian esfumava-se aí, naturalmente.
Wilhelmsson seria aposta do FC Nantes, um ano depois. Em França duraria apenas seis meses, sendo emprestado à Roma no mercado de janeiro. Nesse verão de 2007, piscava o olho ao SL Benfica – “Gostava de ter ido mas, infelizmente, os clubes não chegaram a acordo“, recordando o interesse inicial. Inconsequente, já que o SL Benfica tinha outras preocupações.
Seguiria para a Premier League, onde representaria o Bolton Wanderers FC, para logo depois rumar a sul, ao Deportivo. Estava mais perto de Lisboa e talvez isso tenha reacendido o interesse encarnado. No verão de 2008, enquanto chegavam Aimar, Reyes ou Suazo à Luz, a contratação do internacional sueco seria novamente cogitada nos seus corredores, já que o FC Nantes queria recuperar o investimento inicial.
Os mesmos 3,5 milhões que pagou ao RSC Anderlecht foram recuperados, entretanto, numa venda ao Al-Hilal FC, sem que o SL Benfica se chegasse verdadeiramente à frente. Era demasiado tarde e o interesse já não era tão forte.
Ao serviço da seleção sueca participou no Euro 2004 e no Mundial 2006, cumprindo 80 internacionalizações e nove golos.

Médio Ala Direito
Alexander Hleb Ramires e Di María tinham saído naquele verão de 2010 e alas vertiginosos eram imprescindíveis no losango de Jesus. Ao SL Benfica, já com Gaitán assegurado, interessava ter mais alternativas e surgia o nome de Hleb – que era descartável para Guardiola no seu Barça, depois de ter sido contratado ao Arsenal FC por 15 milhões de euros dois anos antes.
Tinha passado 2009-10 emprestado ao Estugarda, clube que anteriormente o revelara para ribalta europeia, e procurava agora nova colocação. A novela envolvendo jogador e SL Benfica começa com uma notícia do Sport, jornal catalão com ligações inquestionáveis aos Culés, datada de 26 de agosto.
Ou seja, a novela não foi longa, mas as peripécias que se sucederam até ao fecho de mercado, dia 31, e especialmente pela dimensão do nome e pela correspondência entre o talento e as necessidades da equipa tornaram Hleb na grande esperança dos benfiquistas naquele verão – até ser anunciado, nos últimos instantes, que o Bielorusso preferia continuar a sua carreira ao serviço do Birmingham City FC. O SL Benfica teria que se contentar com o empréstimo de Eduardo Salvio, contratado seis meses antes pelo Atlético de Madrid ao CA Lanús. O resto é história.

Médio Ofensivo/Avançado
Francesco TottiEsta história começa a 15 de agosto de 1999, era Jupp Henyckes treinador e Vale e Azevedo o presidente. O Record noticiava, em primeira mão, que Totti e Sávio (Real Madrid CF) interessavam ao SL Benfica, numa operação de charme que envolvia José Manuel Capristano, por estes dias comentador televisivo, e à altura vice-presidente para a área desportiva.
A expectativa era imensa, o universo encarnado entrou em polvorosa com a possibilidade de recrutar um dos melhores jogadores do mundo. Era Totti quem recolhia toda a atenção mediática, dizia-se por aí que a transferência até podia ser feita por valores acessíveis – isto apesar do jogador italiano ser um dos grandes nomes do Calcio, a melhor liga do mundo. Aparentemente, tinha-se deixado render pelo ambicioso projeto encarnado. Era um sonho tornado realidade.
Surpreendentemente, cinco dias depois, a 21 de Agosto, chegava à Luz um tal de Tote, um “prodígio” do Real Madrid CF que vinha para a Luz ganhar experiência. Tinha cumprido 23 jogos na época anterior pela equipa B madridista, assegurando nove golos. Na Luz faria três em 11 jogos, não jogando a seu favor as caricatas circunstâncias da sua contratação.

Médio/Extremo Esquerdo
Robinho 27 de outubro de 2004. O Record anunciava que o SL Benfica, por intermédio de José Veiga, tinha chegado a acordo com o Santos FC para a transferência da sua maior pérola, tendo inclusive recusado uma proposta do 20 milhões do PSV por, supostamente, não ser do agrado do jogador prosseguir carreira na Eredivisie.
Os encarnados, à semelhança do negócio Luisão, garantiriam apenas uma percentagem do passe – sendo o resto assegurado por um fundo. Do Brasil vinham notícias que apontavam a um modelo de negócio em tudo semelhante ao praticado na contratação de Ramires uns anos depois, com o jogador a fazer uma época de ambientação à Europa antes de seguir para Londres, onde o esperavam os responsáveis do Chelsea FC.
Robinho era uma das principais figuras do grande Santos campeão brasileiro 2002 e finalista da Libertadores 2003, junto de outros craques como Diego, Léo ou o capitão Paulo Almeida – que entretanto já estava na Luz, o lateral chegaria no ano seguinte – sendo dos últimos a manter-se no Vila Belmiro, retardando a sua saída à procura do contrato perfeito.
A histeria em volta da história foi tanta que chamou à atenção do Real Madrid CF, que se intrometeu e provocou a queda do acordo entre lisboetas e paulistas, como reconheceu o jogador em 2020.
“É verdade. O Benfica foi um dos primeiros clubes a fazer-me uma proposta, quando eu tinha 20 anos e jogava no Santos. Antes de chegar ao Real Madrid, quase fui jogador do Benfica! Esperei um pouco, depois apareceu o Real Madrid. Com todo o respeito pelo Benfica, mas o Real Madrid naquele momento era um clube com maior visibilidade. Eu cheguei até a estudar o Benfica, a olhar o número de adeptos, de benfiquistas. O Benfica tem uma “torcida” muito grande em Portugal, mas acabou por não dar certo”.
Em 2010, nova aproximação: desta vez já Robinho era estrela internacional, jogador do Manchester City FC. O salário era incomportável para aquele SL Benfica e o jogador seguiu então até Milão, para representar o AC Milan.

Ponta de Lança
Edinson Cavani Dois meses de pura adrenalina. Vem, não vem, afinal está quase para depois estar longe. Seguiram-se trajetos de aviões, analisaram-se ao pormenor diretos de Instagram à procura do detalhe exclusivo, surgiram fontanários a cada esquina que confirmavam a transferência – “Chega quarta feira!”, foi previsão que se tornou slogan.
Alguém impaciente foi esperá-lo ao aeroporto com o icónico cartaz onde se lia “Tazonde, Cavani?”, horas intermináveis de debates televisivos sobre o futuro do jogador e como ia Jorge Jesus aproveitá-lo. A novela da década do futebol português que acabou na subtileza e descontração do Manchester United FC e de Solskjaer, a confirmarem o jogador já depois do fecho de mercado – e que, desconfiados da condição física do craque, lhe ofereceram apenas um ano de contrato: entretanto já prolongado, após 17 golos em 39 jogos.

Ponta de Lança
John Dahl Tomasson Nome de respeito no futebol europeu, campeão da Taça UEFA pelo Feyenoord em 2001-02 e recrutado pelo AC Milan logo a seguir, Jon Dahl Tomasson passaria em San Siro três intermitentes épocas: na última, cumpriria os 90 minutos apenas cinco vezes em 30 participações, derivado da competição apertada com Shevchenko ou Pippo Inzaghi.
O SL Benfica, recém-campeão português, iniciava 2005-06 com aspirações europeias. Trapattoni tinha saído e para o seu lugar tinha sido recrutado Ronald Koeman. A pré-época encheu-se de grandes jogos, como aquele contra a Juventus FC ou o de apresentação, frente ao Chelsea FC de José Mourinho. Luís Filipe Vieira, com intenções de tornar a festa ainda mais grandiosa, prometia apresentar dois craques mundiais. Um deles era Léo, lateral do Santos FC, e o outro seria Jon Dahl Tommasson. Faltava confirmar o segundo.
Foi uma semana muito atarefada para José Veiga, a que principiou a 11 de julho, sábado. O jogo com o Chelsea FC era a 17, domingo, portanto a contratação do avançado dinamarquês era uma corrida contra o tempo: Galliani, chefe-executivo do AC Milan, pedia 5 milhões de euros pelo passe do jogador, valor incomportável para o SL Benfica, que pensava noutro tipo de manobras financeiras que se tinham de moldar também ao salário principesco – 3,5 milhões por época.
A operação foi avançando a bom ritmo, chegou-se a acordo total com o clube italiano a 14, terça feira, por valores a rondar os 3 milhões. Faltava acordo com o jogador e Galliani determinou sábado como prazo final para os benfiquistas: depois disso, seriam ouvidas outras propostas.
Paralelamente, Trappatoni, agora treinador do Estugarda, não se tinha esquecido de Liedson e procurava substituto para Kevin Kuranyi, de malas feitas para Gelsenkirchen (Schalke 04). O avançado leonino tinha sido melhor marcador do campeonato ganho pelo técnico, com 25 golos, tendo ajudado o Sporting CP a alcançar a final da UEFA – era, portanto, peça invejada por toda a Europa.
O técnico tentou usar a sua influência para convencer os antigos rivais, mandou o Estugarda oferecer 8 milhões pelo ‘Levezinho’ – mas o Sporting foi intransigente no seu “não”.
É aqui que se dá o golpe de teatro. O SL Benfica continuava sem conseguir convencer Tomasson, que hesitava, matreiro, esperando outras propostas de campeonatos mais vistosos (era ano de Mundial e não convinha perder o comboio da seleção). Juntou-se a fome à vontade de comer: no sábado, 16, rebenta a bomba – Trapattoni, resignado com a nega de Liedson, roubava Jon Dahl ao SL Benfica pelos mesmos 8 milhões oferecidos ao Sporting CP.
Todos os envolvidos satisfeitos menos o SL Benfica que, no jogo com o Chelsea FC, apresentou Léo e… mais ninguém. O avançado de classe internacional pretendido chegaria em cima do fecho de mercado, um gigante de 1,68m de altura emprestado pela Juventus FC. Chamava-se Fabrizio Miccoli. 

Ponta de Lança
Sigurd Rushfeldt Era a figura daquele Rosenborg, presença assídua na fase de grupos da Liga dos Campeões. Rushfeldt tinha sido o melhor marcador das duas edições anteriores da Eliteserien e procurava provar habilidades noutro futebol mais técnico. Jupp Heynckes pedia a José Capristano um ponta-de-lança de área, fulcral para o seu 4-2-3-1, e a aproximação deu-se naturalmente.
Noticiado por Record a 27 de junho, da Noruega pedia-se 750 mil contos pelo passe – e é neste valor que começa a história rocambolesca. O acordo parece ter sido alcançado pouco antes do dia 12 de julho, dia em que Sigurd chega a Lisboa e é anunciado como jogador do SL Benfica. Veste a camisola entregue por Vale e Azevedo e vai com o presidente ao relvado, dar os habituais toques na bola perante centenas de adeptos. Logo a seguir parte para a Áustria, onde já estagiava a equipa principal.
Uma semana depois, o escândalo – o Rosenborg tinha ido a Viena buscar o avançado, alegando não existirem garantias bancárias. Ao que parece, os responsáveis encarnados tinham adiado os pagamentos relativos à transferência do jogador, ignorando os prazos impostos, e, portanto, os direitos desportivos mantinham-se na posse do clube norueguês. O caso chegou à FIFA, arrastou-se por semanas e acabou num sequência de atitudes incompreensíveis dos responsáveis encarnados, que tentavam a todo o custo disfarçar o calote.
O dinheiro nunca tinha chegado aos cofres noruegueses, claro. Primeiro, a de José Capristano, que contextualizaria a situação de forma caricata, alegando que afinal tinha sido o SL Benfica a desistir da transferência.
O SL Benfica, supostamente, tinha enviado um fax ao Rosenborg a informar isso mesmo, no dia 13 de agosto, ao 12h30: “Devido às burocracias, a verba não chegaria ao Rosenborg antes das 14h30. O dinheiro ia via Nova Iorque e demoraria dois ou três dias a chegar à Noruega. Mas o Rosenborg foi irredutível, pressionou e o meu presidente é radical neste tipo de situações. Foi isto que aconteceu. Se fosse ao contrário, preferia receber em ‘cash’ daqui a dois dias do que esperar pelas garantias bancárias. Para mim, era suficiente saber que o montante estava depositado. Foi falta de confiança deles. Não estou a dizer que foi combinado, mas é de um rigor…”
Segundo, aquela tomada por Vale e Azevedo, de forma a responsabilizar o jogador pelo fracasso: organizou uma conferência de imprensa onde afirmou, sem qualquer pudor, que todas as complicações se tinham originado no momento em que Rushfeldt, nervoso com a dimensão do clube, tinha feito “chichi nas calças” em plena apresentação!
“O Benfica não ficou com o jogador não por não haver garantias bancárias, que as havia. Mas por outra razão, que revelo agora pela primeira vez: dois ou três dias antes da partida para estágio da equipa, o Rushfeldt é apresentado na Luz. Passa pelo campo número três e, pela pressão de ver três mil espectadores à frente, faz chichi pelas pernas abaixo. Antes da apresentação na sala de Imprensa, chorou que nem uma madalena”.
Sigurd acabaria por assinar pelo Racing Santander, onde não foi feliz. Ao serviço da seleção seriam 38 jogos e 7 golos marcados.

Ponta de Lança
Jürgen KlinsmannA hipótese Klinsmann no SL Benfica surge em 1994, depois de uma época abaixo do esperado sob comando de Ársene Wenger no AS Mónaco. Diz-se que quando Gaspar Ramos propôs a contratação do alemão a Artur Jorge, este lhe respondeu de pronto que “com esse dinheiro vamos buscar meia dúzia de bons reforços”, juntando assim a nega a outras, dadas descomplexadamente a Kennet Anderson ou Zamorano.
À Luz chegaria Cannigia, por intermédio da Parmalat, e Jürgen rumaria a White Hart Lane, com o Tottenham a pagar 2 milhões de libras pelo seu passe. Um ano passou. Em 1995, um SL Benfica já em processo de desmaterialização da mística qualificava-se para a terceira ronda da Taça UEFA.
Pelo caminho ficavam Lierse e Roda e o próximo adversário, ditava o sorteio, era o FC Bayern Munchen. O ‘9’ dos bávaros? Sim, era Jurgen, regressado à pátria mãe depois de uma curta mas agradável estadia em Inglaterra. Vingando-se da rejeição, conscientemente ou não, Klinsmann esmerou-se no ataque à baliza de Preud’Homme – poker na primeira mão (4-1), mais um bis na segunda (3-1) e a este esfrangalhar da águia reagiu a imprensa portuguesa: Kataklinsmann!"

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