sábado, 29 de maio de 2021

SL Benfica | O Franco (que não) Cervi para Jesus


"Namoro duradouro, casamento adiado em janeiro e consumado no verão. Pode ser este um dos resumos da temporada 2020-2021 de Franco Cervi, um dos dispensáveis para Jorge Jesus na preparação da nova época.
Para o técnico, o argentino nunca passou de um recurso para a ala esquerda, quer em 4-4-2 quer em 3-4-3 – como o demonstram as 21 presenças, a maioria na fase complicada do surto de Covid-19 no plantel. A Galiza espera-o, num pedido expresso de Eduardo Coudet, treinador do RC Celta de Vigo e responsável pela afirmação de “Chucky” no CA Rosario Central, em 2015.
Transferência praticamente consumada no mercado de inverno por valores razoáveis (quatro milhões de entrada, mais quatro em variáveis), o episódio viral que condicionou a equipa em meados de janeiro adiou a partida para Espanha, gerando a urgência em fazer ressurgir o pequeno argentino nos terrenos da titularidade.
Das nove que cumpriu em toda a temporada, seis foram nessa fase – entre 20 de janeiro, na meia-final da Taça da Liga contra o Sporting de Braga (fez os 90 minutos) e 8 de fevereiro, quando jogou 62 minutos contra o FC Famalicão, com o CD Nacional (1-1), Belenenses SAD para a Taça de Portugal (3-0 e um golo, o único da época), Sporting CP (0-1) e Vitória SC (0-0) pelo meio, ciclo infernal onde foi importante e acumulou muito tempo de jogo, dadas as circunstâncias.
A partir daí, com a recuperação das opções habituais, o argentino desapareceu novamente – e, com isso, patente ficou o sacrifício que cumpriu pelo clube, adiando, em prol da equipa, a oportunidade de rumar à La Liga ou à MLS, neste caso ao New York City FC, que surgiu como um dos grandes pretendentes à compra do seu passe.
Os norte-americanos chegaram a ter tudo certo com o SL Benfica, mas a vontade expressa de Cervi em rumar aos Balaídos e/ou manter-se na Europa afastou essa hipótese. Jorge Jesus impediu a assinatura e empurrou o negócio para a próxima janela de transferências, já que a equipa precisava de Cervi, sendo fundamental até meados de fevereiro. Mas, a partir daí, e tal como na fase inicial, não foi mais do que nota de rodapé no contexto encarnado.
Chegado a Lisboa em 2016, a sua carreira na Luz ficou marcada por altos e baixos em termos de consistência individual e destaque no seio da equipa. Se em 2016-17 se assumiu entre os titulares (41 jogos), mesmo tendo Carrillo, Zivkovic ou Rafa como concorrentes diretos, participando na grande época encarnada e na aceitável participação europeia, é em 2017-18 que se inicia a estagnação do seu rendimento – faz ainda 37 jogos, mas Rafa começava a ganhar-lhe terreno, o que ficou consumado em 2018-19.
Nessa grande época do português (44 jogos, 21 golos) Cervi remeteu-se a papel de alternativa direta, representando auxílio importante em jogos de maior exigência física pela sua abnegação dentro de campo. Em 2019, esteve para sair – subiu Jota, chegou Caio Lucas, e o argentino era visto como ‘transferível’ – mas durante a difícil temporada encarnada mostrou-se o elemento mais confiável, acabando entre as escolhas iniciais (35 jogos). Mas os sinais estavam lá e com a chegada de Jorge Jesus, mesmo com a transformação para opção de recurso a Grimaldo, a lateral, viu a sua utilização diminuir acentuadamente, sendo este o fim de linha na sua ligação a Lisboa, muito provavelmente.
À sua espera está Eduardo ‘El Chacho’ Coudet, treinador argentino que o treinou no CA Rosário Central, que aspira à qualificação europeia com o seu RC Celta de Vigo no próximo ano – em 20/21 ficaram a cinco pontos do sétimo classificado, o Villareal, último lugar de Liga Europa – e para isso necessita urgentemente do poder fogo que Chucky pode empregar.
O pequeno argentino estreou-se nos AA dos Los Canallas em 2014, pela mão de Miguel Ángel Russo, atual treinador do CA Boca Juniors – e, em 2015, quando Coudet chegou, viu nele o talento necessário onde basear o seu sistema de 4-1-4-1 e levar aquele surpreendente Rosario Central ao top três da Liga Argentina e à final da Copa.
O técnico argentino aposta agora na mesma fórmula para levar o RC Celta de Vigo às provas da UEFA: neste momento, é equipa combativa à sua imagem, mas são precisos mais municiadores de confiança para aproveitar a totalidade da capacidade finalizadora de Iago Aspas. Franco Cervi, que consigo alcançou sete golos e 11 assistências, representaria a contratação ideal, em reencontro necessário para ambos.
Porém, todo o processo de mudança demora a ser confirmado. A situação arrasta-se com o SL Benfica a manter o braço-de-ferro, subindo a parada em termos financeiros – manobra que não agradou aos responsáveis espanhóis, sobretudo a Mouriño, presidente do emblema espanhol. Da sua parte, as negociações mantêm-se no mesmo ponto que há cinco meses: quatro mais quatro em milhões de euros, valor que o SL Benfica pretende subir para ajudar à reconstrução do plantel."

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